Mostra de Alexandre Brandão

08/abr

Exposição individual “Fardo mole, Penca Rama” de Alexandre Brandão 3ncontra-seem cartaz na Galeria Casanova, São Paulo, SP, até 13 de abril.

Texto de apresentação por Miguel Chaia

Alexandre Brandão – Nos Entrecruzamentos da Arte

Os trabalhos do artista Alexandre Brandão – inclusive aqueles agora apresentados na Galeria Casanova – contém e afirmam as características que embasam a sua concepção de arte e o seu modo de produzir as obras. Estas especificidades do fazer artístico de Brandão podem ser percebidas em três dimensões que se misturam para formarem as bases de uma poética sistemática e reflexiva no manuseio de suportes, técnicas e materiais: são elas a multiplicidade, a simultaneidade e experimentação.

1.Multiplicidade – o artista se utiliza das mais diferentes linguagens, preferencialmente a escultura ou tridimensional, sem deixar de incursionar pelo desenho, vídeo, arte postal e específicas formas de pintura ao lidar com as bordas deste suporte. Certas estratégias de produção das obras exigem o esforço corporal, a lentidão e a persistência da espera para se obter os resultados desejados – uma performance demorada. Um bom exemplo é o rito performático para cobrir com musgos dois grandes vasos de cimento cuja técnica inclui terra, cimento, argila, musgo desidratado e base de ferro (Bulbo, 2023). Recorrer a múltiplas possibilidades é algo estrutural no fazer de Brandão, por isso a seleção, a escolha de materiais e suas propriedades recebem a atenção e o esforço do artista. Entretanto, face a tantas opções de matéria prima, o raciocínio procura dar sentido à diversidade, almejando uma unidade formal. Assim, Brandão se locomove entre as farturas dadas pela natureza e os restos industriais deixados pela superprodução capitalista que gera descartes de mercadorias. Da natureza, Brandão recolhe a terra bruta, seus pigmentos, sua textura; se interessa pela vegetação nas mais diferentes formas como folhas, musgos, frutos, sementes; coleta a água, líquido valorado em si mesmo ou para misturar elementos. E, como um bom mineiro de BH, é atraído pelos minérios – suas qualidades e beleza. O uso dos mais diferentes materiais, nas suas diferentes formas, faz Brandão transitar entre natural e o industrial; entre o cultural e o tecnológico; entre o perecível e o permanente; entre o etéreo e o pesado. Assim, os trabalhos de Brandão podem ter por base a água e a terra; a luz e o ferro; a folha e o tecido; o vidro e o cimento; a fruta e a linha de costura; argila expandida e arame; … Esta determinação dos materiais na trajetória de Brandão encontra um correlato em outro mineiro, Carlos Drummond de Andrade, que marca a sua poesia também pela insistência em entender e criticar a mineração em Minas Gerais. Como se entendeu e escreveu Drummond (e, talvez como se vê o artista Brandão) no poema Confidência do Itabirano: “…Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. / Noventa por cento de ferro nas calçadas. / Oitenta por cento de ferro nas almas…”. Drummond desdobra-se nas artes plásticas no artista Amílcar de Castro. A presença constante destes materiais naturais e industriais em Brandão será determinante para o artista aproximar arte e ciência, ao necessitar entender e realizar experiências químicas e físicas.

2.Simultaneidade – essas três dimensões básicas estão interligadas. Assim, a simultaneidade no uso de múltiplos materiais na mesma obra é um aspecto marcante em Brandão, levando o artista a manipular, na mesma obra, diferentes matérias como metal/luz, cimento/produtos orgânicos, sumo de frutos/tecido de algodão…Em paralelo a este processo diversificado, o artista se utiliza de várias formas de conhecimento ou saber para estruturar uma obra. Para tanto, ele recorre aos princípios da física, da química e até da biologia no seu fazer artístico. Há em Brandão um esforço para buscar soluções nas relações entre arte e ciência, e aproximações com a alquimia. Por tais aspectos, coexistem em alguns trabalhos de Brandão o visível e o invisível, o permanente e o transitório. Um bom exemplo é o processo para obter a obra Rama (2024) que na sua produção leva suco de limão, reagindo sobre tecido de algodão em função da alta temperatura emitida por um ferro de passar roupa.

3.Experimentação – imbricada com as dimensões anteriores, destaca-se sob vários aspectos a experimentação como um fundamento da prática artística de Brandão, uma vez que indica a importância da atividade manual na sua forma de produzir arte. Destaca-se, desta forma, algumas particularidades deste artista: o manuseio sistemático com as mãos para controlar a matéria prima que ergue a obra; o esforço ativo para reordenação dos materiais e a descoberta das melhores relações entre diversas matérias e fenômenos; e o estabelecimento de critérios ou compreensão de associações conceituais que imprimem outro significado ao resultado final. Em resumo, pode-se entender que Brandão, em cada realização de uma obra, gera um processo com diferentes fases (sem garantia de sucesso de cada uma delas) que incluem observação, classificação, pesquisa das características de coisas da natureza e do mundo urbano-industrial e muitas experimentações. Trata-se de um processo pessoal e subjetivo, associado a critérios factuais de se apropriar das coisas do mundo – próprio da arte. Neste contexto, o tempo (e espaço) torna-se uma categoria relevante no fazer artístico de Brandão – principalmente porque o artista torna-se dependente das propriedades dos materiais, das reações científicas, dos fracassos e novas tentativas de acertos e outras formas de manipulação dos materiais. Brandão age no entrecruzamento de possibilidades e de tempos. Além do mais, ele traz em alguns trabalhos o registro de tempos passados ao arquivar e desenhar percursos que executou em espaços geográficos – é o caso de Volta (NYC), de 2014, arte postal utilizada para ele enviar a si próprio as suas andanças por cidades.

São Paulo, fevereiro de 2024

Miguel Chaia é mestre e doutor em Sociologia pela USP. Professor de Política no Curso de Ciências Sociais e no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, da PUC-SP. Pesquisador e coordenador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp). Autor de artigos e livros sobre filosofia política e arte brasileira.

Sobre o artista

Alexandre Brandão nasceu em 1979, em Belo Horizonte, MG. Vive e trabalha em São Paulo, SP, Brasil. Utilizando-se de técnicas como desenho, escultura, vídeo, obras com luz, objetos e instalações, sua prática embaralha processos da natureza e da cultura e combina acaso, temporalidade, processos físicos e químicos com métodos artesanais de produção. Tem participado de exposições incluindo “In Memoriam” (Rio de Janeiro, RJ, 2017); “66º Salão Paranaense” (Curitiba, PR, 2017); “Bolsa Pampulha 2015/2016″ (Belo Horizonte, MG, 2016); “Some False Moves” (Nova York, EUA, 2015); “Taipa Tapume” (São Paulo, SP, 2014); “18º e 17º “Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC Videobrasil” (SP, 2013 e 2011); “Bienal de Filmes de Arte de Colônia” (Alemanha, 2005). Entre as exposições individuais que realizou estão “Experimentos com o acaso” (Paris, França, 2016), “Chão” (São Paulo, SP, 2015); “Efeito sem causa” (São Paulo,SP, 2013) e “Quase sombra” (São Paulo, SP, 2012). Em 2010 foi premiado na 5ª Bienal Interamericana de Videoarte (Washington DC, EUA) e em 2014 ganhou o prêmio Bolsa de Residência Artística ICCo/SP-Arte na instituição Residency Unlimited, em Nova York. Em 2018, integrou o programa de residência Pivô Pesquisa, no espaço Pivô (Edifício Copan, São Paulo).

Alexandre Vianna inaugura o Copan ArtProject

“Quantum”, de Alexandre Vianna, inaugura o Copan Artproject, espaço independente de experiências artísticas e site-specifics no centro de São Paulo. A abertura acontece no sábado, dia 06 de abril, durante a semana da SP-Arte, no icônico edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, Av. Ipiranga, 200, Espaço 10, Centro Histórico de São Paulo. O site-specific pode ser visitado até o dia 20 de abril.

Alexandre Vianna foi o artista convidado para inaugurar o Copan ArtProject. Em “Quantum”, projeto criado sob medida para o espaço, o artista paulista mistura fotografia, pintura e projeções audiovisuais, foco de sua pesquisa com fotografia expandida. Em seu trabalho artístico, Alexandre Vianna investiga a fusão da fotografia com diferentes materiais, como a pintura, e em variados suportes, como folhas de ouro. Sua pesquisa volta-se para os limites entre linguagens, numa busca de ressignificação da arte fotográfica e figurativa por meio de múltiplas camadas, físicas e simbólicas. Em suas colagens e projeções, Alexandre Vianna utiliza fotografias de corpos humanos impressas em materiais inusitados, misturadas a camadas de tinta e tecidos, remetendo ao processo de desvanecimento da memória. “Na opacidade das figuras busco retratar a força da essência humana. No distanciamento da identidade, procuro estimular a reflexão e a fuga dos sentidos”, diz Alexandre Vianna.

Além de projeções sobre tecidos que pendem do teto, o site-specific de Alexandre Vianna reúne telas onde ele mistura pintura acrílica e folhas de ouro ou prata, sobre as quais imprimiu fotografias com tintas arquiváveis. “Nos retratos, a partir de silhuetas busco retratar a força invisível que envolve o indivíduo, na busca de sentimentos profundos. São imagens que se contrapõem aos padrões midiáticos contemporâneos de estética, beleza e pasteurização, buscando capturar a essência da força humana”, diz o artista.

Sobre o artista

Nascido no Irã em 1974, Alexandre foi registrado na embaixada do Brasil como brasileiro nato. Aos 12 anos, em São Paulo, encontrou no skateboard um mundo de contracultura e de arte urbana dos anos 1990, do qual fez parte, criando sua identidade criativa. Estudou fotografia e arte, formou-se em Comunicação Social e Roteiro de Cinema, e participou de Masterclass em Cinematografia, em Los Angeles, na ASC – American Society of Cinematographers. Realizou diversas exposições coletivas e colaborativas. Em 2012, lançou seu livro e exposição individual, intitulado “Streeteiro”, no Museu Paço das Artes, SP. Em 2017, foi premiado como melhor diretor de videoclipe do ano no VMF, Festival de Video Music. O trabalho artístico de Alexandre Vianna teve início na fotografia, a partir de experiências com papéis, tintas, tecidos, vídeos e projeções, mesclados aos processos fotográficos tradicionais. Além de realizar seu trabalho autoral, atua como diretor de fotografia na indústria cinematográfica, trazendo a bagagem da narrativa e da luz cinematográfica.

Intervenção artística no Instituto Ling

04/abr

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS,  recebe a artista paraense Bárbara Savannah, para realizar uma intervenção artística inédita em uma das paredes do centro cultural. De 08 a 12 de abril, o público poderá acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, observando as escolhas, os gestos, as técnicas e os movimentos da artista. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até 08 de junho, sempre com entrada franca.

A atividade faz parte da terceira temporada do projeto LING apresenta, que em 2024 conta com a curadoria de Vânia Leal, atual diretora de Projetos da Bienal das Amazônias e membro do grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo. A artista Bárbara Savannah irá comentar a experiência e o resultado em bate-papo com o público e a curadora, no dia 13 de abril, sábado, às 11h, em frente à obra. Você poderá fazer sua inscrição sem custo.

Amazônias, no tremor das vidas

Uma narrativa histórica da arte na Amazônia brasileira compreende muitas “Amazônias”, pois resguarda realidades diversas. Neste cenário, surge o projeto LING apresenta: Amazônias, no tremor das vidas, como um disparador nessa perspectiva plural, com artistas que desentravam a compreensão da interculturalidade, dos contatos, das provocações e das possibilidades nesses espaços imensos quando a Amazônia se torna o centro de preocupação da humanidade. O tremor das vidas nas Amazônias está nas placas tectônicas, no tremor das pororocas, do jambu na boca e nos sentidos, no treme das aparelhagens, no tremor do mundo, no negacionismo da ciência, nas narrativas dos povos da floresta, no pó de paricá e no transe como parte da ancestralidade florestânica…A partir dessas provocações, a mostra aponta caminhos e impasses da arte compostos por artistas do continente amazônico. Estes discutem, por meio de investigações e territorialidade, as relações afetivas, políticas, sociais e culturais de identidades e de pertencimento, assim como o “imaginário geográfico”. Defende-se que a arte não pode se limitar à expropriação dos valores simbólicos e saberes materiais dos ribeirinhos, povos indígenas, quilombolas, assentados, afro-indígenas, castanheiros e de todo sujeito que mobiliza a sensibilidade de qualquer artista. É importante também ressaltar que, historicamente, esses sujeitos seguem elaborando estratégias criativas de sobrevivência como protagonistas, por meio de tecnologias ancestrais à manutenção da vida que pulsam nesses lugares poéticos e políticos. Entre o “bom selvagem” idealizado de uma visão romântica e o “inferno verde”, a Amazônia quase mitológica é o ambiente em que cabe ao artista criar pontes críticas com o real, dar asas ao imaginário e fortalecer o simbólico coletivo. Este é o desejo para esta edição do projeto LING apresenta.

Vânia Leal/Curadora

Sobre a artista

Bárbara Savannah é uma artista originária da Ilha do Marajó, no Pará, e tem dedicado sua expressão artística a transmitir e desfragmentar elementos da cultura popular amazônica desde 2018. Já residindo em Belém, participou de exposições coletivas como Mãe do corpo (2019), do coletivo Vênus, na galeria Benedito Nunes (Fundação Cultural do Pará), e Mulher ser Mulher (2020), na Fundação Cultural de Ilhabela – FUNDACI – SP, além de realizar a exposição individual Universo entre folhas (2021) na galeria Izabel Aquino. Destacando-se no muralismo, sua arte saudosista ecoa nas paredes das cidades, trazendo a temática amazônica e ribeirinha para o cenário urbano. Participou ativamente de projetos como Igarapé da Paz (2022) e Semana de Arte e Muralismo (2022) na Sede da Fundação Cultural do Pará, em Belém. Além de sua prática artística, Bárbara Savannah é aluna do curso de Arte-Educação no CEFART – Fundação Clóvis Salgado, em Minas Gerais.

Sobre a curadora

Vânia Leal Machado nasceu em Macapá, no Amapá, e vive e trabalha em Belém, no Pará. É mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura e atua na área de curadoria e pesquisa em Artes, tendo participado de júris de seleção e premiação e organizações de salões. Foi Curadora Educacional do Projeto Arte Pará e fez a curadoria de exposições como Mastarel: Rotas Imaginais (2019) de Elaine Arruda no Banco da Amazônia, Tecidos de Certeza (2019) de Elisa Arruda na Galeria Elf, Coleção Eduardo Vasconcelos (2021) nas Galerias Theodoro Braga e Benedicto Nunes no Centur, A Inversão do cotidiano (2022) de Elisa Arruda na Galeria Ruy Meira, Nhe Amba (2022) de Xadalu Tupã Jekupe no SESCParaty, Gravado na Alma (2023) de Eduardo Vasconcelos no Banco da Amazônia, entre outras. Também foi curadora da primeira Bienal das Amazônias em 2022-2023. Atualmente, é diretora de Projetos da Bienal das Amazônias e faz parte do grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo.

Acontece em BH

01/abr

A Galeria Albuquerque Contemporânea, Savassi, Belo Horizonte, MG, inaugura a primeira exibição individual de Froiid. O artista apresenta trabalhos realizados a partir de sua pesquisa relacionada ao jogo. Intitulada “Mundaréu”, a exposição estabelece um diálogo com o escritor, ator, jornalista e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999) e as suas “Histórias das Quebradas do Mundaréu” (1973).

Ao explorar o universo confabulado de uma mesa de bar e referências ligadas às dinâmicas do jogo, Froiid, artista multidisciplinar, constrói uma narrativa visual, sonora e sensorial a partir de temas como crime, samba, rap, futebol, torcidas organizadas, inteligências artificiais e violência.

“Com esta sala de estar, marcada pelo seu carácter identitário, Froiid desdobra o tempo livre e nos chama para nos aproximarmos mais uns dos outros, para não perdermos as redes sociais físicas e para apreciarmos a profundidade e riqueza do conhecimento popular”, aponta Ana Salazar Herrera no texto curatorial.

A exposição é concebida como um jogo. Ao percorrer a galeria, encontramos obras jogáveis, com destaque para a instalação “É Hora da Onça Beber Água” (2020), uma mesa de bilhar com cerca de 13 metros, que convida o público a criar e jogar com suas próprias regras. A produção de Froiid se estabelece com uma diversidade de materiais e técnicas, como pinturas, fotografias, desenhos, vídeos e instalações sonoras que exploram a riqueza cultural do Brasil.

Em cartaz até 27 de abril.

Elza & Gerson na Galatea São Paulo

27/mar

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, em exposições individuais com textos de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo estará em cartaz até 11 de maio na Galatea, Jardins, São Paulo, SP. A exposição coloca em diálogo a produção dos artistas entre os anos de 1950 e 1990, tendo como eixo as múltiplas e diversas formas de existir, narradas no trabalho da dupla.

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, reúne um conjunto de 42 obras produzidas entre 1950 e 1990 pelo casal pernambucano, destacando os pontos de convergência no olhar artístico da dupla. Com texto crítico de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo, a mostra se alinha com o propósito da galeria de fomentar o reposicionamento histórico e resgatar artistas que foram negligenciados pelas narrativas predominantes e pelo mercado da arte. Cinco décadas após a última exposição conjunta realizada na galeria Oca, no Rio de Janeiro, em 1970, “Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, retoma o diálogo da produção do casal e toma emprestada a frase que Gerson grafava no verso de suas pinturas, que dá, aqui, o fio da abordagem curatorial, voltada às múltiplas e diversas formas de existir, narradas em seus trabalhos.

Ao se estabelecerem no Rio de Janeiro, em 1946, encontraram inspiração para retratar, por meio da pintura e cores vibrantes, a boemia carioca e a vida cotidiana da cidade; cenas de carnaval e figuras religiosas; além de composições de tom onírico e surreal. Após conhecer o multiartista Augusto Rodrigues, Gerson passa a estudar desenho e gravura na Escolinha de Arte do Brasil, expondo seu trabalho a partir de 1959 já em mostras importantes como a 5ª Bienal de São Paulo. Elza, por sua vez, desenvolve sua produção após estudar com Ivan Serpa no MAM Rio entre 1962 e 1963. Dali em diante, seguiram-se entrevistas coletivas e individuais no Brasil e no exterior, como a mostra “Lirismo Brasileiro” que itinerou pela França, Portugal e Espanha entre os anos de 1968 e 1969.

Com a sensibilidade lírica característica de Elza e a habilidade de Gerson em retratar a rudez humana em suas obras, o trabalho do casal se complementava de maneira única. Enquanto Gerson percorria as ruas da Lapa capturando o olhar das pessoas com uma notável capacidade de fazer com que suas figuras parecessem falar diretamente com o espectador, Elza adicionava uma camada de sutileza às suas criações. A identidade da dupla ficou marcada pela capacidade de resgatar de forma original, a essência da brasilidade e as profundas raízes do cotidiano.

“A complementariedade do trabalho dos dois sempre existiu, sobretudo, pela centralidade da figura humana. Essa foi o grande molde da vida dos dois, que não eram pintores de paisagem, tampouco retratistas, eram pessoas que criavam seus personagens observando pesquisando e sentindo a realidade. Eram pessoas que estavam mais preocupadas com a construção do presente. Então, as figuras vinham do imaginário e do fruto de uma pesquisa, de um olhar para o cotidiano, pessoas comuns, trabalhadores, pescadores, as noivas”, afirma o pesquisador e colecionador de arte Luiz Fernando Pontes. Hoje o trabalho de Elza integra o acervo de instituições como o MAM Rio e o MASP. Em 2007, Gerson realizou sua última exposição individual em vida: uma grande retrospectiva no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Seu trabalho integra coleções como a do Musée d’Art Naïf et d’Arts Singuliers, em Laval, na França.

Caleidoscópio

08/mar

Diálogos entre Barroco Contemporâneo, Pintura Clássica e os Ecos Urbanos

Bolsa de Arte & William Baglione

Exposição com início dia 29/03/2024 (Sábado) tem previsão de término em 30 dias. Contará com cerca de 40 pinturas em diferentes técnicas e dimensões.

A exposição “Caleidoscópio” destaca o talento pictórico de quatro jovens artistas contemporâneos: Rafael Hayashi, Ramon Martins, Thiago Nevs e Cripta Djan. Convida-nos a explorar a riqueza dos diálogos artísticos que transcende épocas e movimentos. Ao imergirmos nesse universo visual, somos desafiados a refletir sobre a continuidade da expressão artística ao longo do tempo, observando sua evolução e reinvenção nas interseções entre passado e presente, clássico e contemporâneo, urbano e sublime.

Assim como um caleidoscópio cria padrões dinâmicos a partir de fragmentos simples, a exposição revela uma multiplicidade de perspectivas, influências e estilos entrelaçados.

Os ecos urbanos permeiam as pinturas de maneira expressiva. A rebeldia e autenticidade desses movimentos dialogam com a sofisticação do barroco e da pintura clássica, proporcionando um contraponto fascinante com a arte popular e a estética da Pixação paulista. Essa última já conquistou reconhecimento em eventos como as Bienais de São Paulo e Berlim. As marcas urbanas são reinterpretadas como expressões de uma arte que pulsa no meio do caos e da ordem.

Artista participantes

Cripta Djan

Djan Ivson ou Cripta Djan como é conhecido nas ruas e no mudo das artes é pixador, artista e ativista, além de documentarista sobre temas que envolvem a pixação nos espaços urbanos e no campo das artes. Fora das ruas ele age como um agente externo representando a figura do pixador no campo político, acadêmico, das artes e cinema. A qualidade da obra de Djan, produzida em estúdio, está justamente no contraponto entre as palavras Cripta e Djan: o social e o singular, o habitus e a psique. Djan assume como linguagem um código que o distingue socialmente. Ao usar a letra reta e monocromática da pixação como inspiração, é possível notar as fronteiras entre o desenho e a escrita, a forma e a contraforma, o legível e o ilegível, o certo e o errado. A natureza de suas composições com base em um estilo tipográfico vernacular, legitimamente brasileiro e contraventor, nos permite questionar os limites da apreciação estética, algo sempre em construção no campo da arte. A partir de 2014 Djan iniciou sua produção artística intitulada por ele ”Criptografia Urbana”, que apresenta uma seleção de diferentes séries e obras com etapas dessa evolução: A série “Manifesto Periférico” Djan faz transcrições de manifestos criados por ele mesmo executando parágrafos em cada tela. Já a série “Manuscrito Urbano” traz reflexões sobre luta de classes, fazendo analogias sobre a luta dos povos bárbaros das antiguidades com as lutas de classes de hoje. A série “Urban City”, consiste de paisagens urbanas e periféricas letradas que trazem a semiótica da relação entre o indivíduo pixador com a cidade. “Código de Conduta” é uma série que traz palavras guia do contrato social das ruas entre os pixadores. A produção “Criptografia Urbana” já foi apresentada em exposições individuais dentro e fora do Brasil. Em 2016 Cripta Djan fez sua primeira exposição individual “Da Periferia para o Centro” em Nova York, no mesmo fez sua estreia em São Paulo com a exposição “Em Nome do Pixo”. Em 2018 Djan fez sua estreia na Europa e Reino Unido com as exposições “In The Name of PIXO” Birmingham (UK) e ” Caligrafia Marginal” na Kallenbach Gallery em Amsterdam.

Rafael Hayashi

Rafael Hayashi, artista inserido na vibrante cena contemporânea, explora os conflitos entre sociedade e indivíduo em suas obras. Nascido e residente em São Paulo, Brasil, sua arte é enraizada nas complexidades dessa metrópole, onde ele enfrenta e extrai inspiração para suas ideias. Suas pinturas são um mergulho no presente, onde as formas emergem em meio a grandes massas de tinta. A manipulação tátil do meio é evidente, moldando volumes, movimento e luzes. Utilizando as mãos, pedaços de tecido e outros materiais, Hayashi cria uma interação visceral entre os elementos, refletindo não apenas um diálogo visual, mas também uma batalha entre o artista e sua cidade. Ao olhar para a estética de mestres como Lucian Freud e Francis Bacon, além do próprio barroco brasileiro, Hayashi encontra um farol inspirador. Esses artistas, com suas explorações intensas da figura humana, servem como guias para suas experimentações. Em um ato de coragem, Rafael se coloca como modelo e objeto de experimento para seus filhos, trazendo uma dimensão pessoal e única à sua prática artística. Influenciado pela arte oriental, especialmente o ukiyo-e (gravura japonesa), e pela pintura contemporânea, Hayashi combina força, precisão e expressividade em seus trabalhos. Referências como Cai Quo Quiang, Hiroshige, Yang Shaobin, e outros, contribuem para a riqueza visual e conceitual de suas criações, reafirmando sua posição no panorama artístico contemporâneo.

Ramon Martins

Nascido em 1981, na vibrante São Paulo, Ramon Martins destaca-se como um artista brasileiro inserido na arte contemporânea, cujo trabalho ressoa com uma mistura vibrante de culturas, experiências e expressões artísticas. Sua jornada artística, desde os primórdios em Barra Longa, Minas Gerais, até projeções em festivais internacionais renomados, é uma narrativa rica em cores, texturas culturais e uma busca incansável pela expressão autêntica. Infância Bucólica e Rebelião Adolescente: Nascido em São Paulo, Ramon foi posteriormente criado por sua avó viúva em Barra Longa, imerso em uma paisagem bucólica que serviria como a semente de sua conexão com a natureza. Sua adolescência foi marcada por uma densa rebelião e introspecção, influenciada pela figura paterna desconhecida, um ambiente doméstico instável e a busca incessante por identidade. Seu encontro com a cultura urbana, especialmente com o graffiti, moldou de maneira singular sua perspectiva artística contemporânea, permeada pela pesquisa de elementos da moda e da cultura pop no cenário urbano, refletindo a diversidade e a busca de identidade essencialmente brasileira, representada no multiculturalismo.

Thiago Nevs

Thiago Nevs, renomado artista visual e calígrafo contemporâneo, emergiu das origens humildes da periferia paulista para se destacar nas artes visuais, especialmente na expressão urbana. Inspirado por suas vivências como filho de um caminhoneiro, Nevs transmite fragmentos de suas memórias através de suas obras, caracterizadas por pinceladas vibrantes e traços simétricos. O toque vernacular em sua caligrafia complementa sua expressão artística, oferecendo uma narrativa visual única. A harmonia em suas pinturas transcende o aspecto estético, fortalecendo os valores enraizados na cultura tradicional, realçando a relevância de sua preservação. Sua incursão no universo da caligrafia, com um toque peculiar, trouxe um tom distintamente brasileiro às suas obras, amalgamando tradição e contemporaneidade. Thiago Nevs é reconhecido pelas suas criações marcantes, exibidas em prestigiadas feiras de arte e participação em exposições nacionais e internacionais. Seu compromisso com a expressão autêntica e a celebração da cultura brasileira posicionam-no como uma figura proeminente no cenário contemporâneo das artes plásticas.

William Baglione

Curadoria

William Baglione fundou o coletivo de nome Famiglia Baglione (2005-2012) e administrou a carreira de 8 artistas. Assinou curadorias em exposições e projetos especiais no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia. Como curador independente assinou projetos culturais a convite da Embaixada Brasileiras em Moscou (2008 e 2009) e no ano de 2013, co-curou a exposição com leilão beneficente SOS Racisme no Palais de Tokyo, em Paris, tendo o Brasil como grande homenageado. Além de sua atuação como curador, William Baglione se destaca há mais de uma década como fotógrafo, expondo trabalhos autorais em cidades da França, Estados Unidos, Itália e Brasil. Trabalha também como consultor na aquisição de obras de arte e é sócio na marca e editora Afluente.

Allan Weber no mezanino do IAB

A Galatea em parceria com a Central Galeria tem o prazer de apresentar a exposição individual do artista Allan Weber no mezanino do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil.

“Allan Weber: Novo balanço”, acontece no IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, Vila Buarque, São Paulo, SP,  até 27 de março. O artista ocupa os dois andares do mezanino do edifício modernista icônico projetado por Rino Levy. Weber apresentará desdobramentos de sua pesquisa sobre as lonas utilizadas em bailes funks do Rio de Janeiro, além de uma nova instalação site specific da série “Passinhos” e um conjunto de obras inéditas.

A exposição é uma parceria entre a Galatea, galeria que representa o artista, e a Central Galeria, com sede no subsolo do IAB. Texto crítico de Jean Carlos Azuos.

Bruno Novelli representado pela Galatea

A Galatea, São Paulo e Salvador, anuncia a representação do artista Bruno Novelli. Fortemente inspirado pela exuberância do mundo amazônico e nutrindo interlocução de longa data com os artistas indígenas Huni Kuin, Novelli traz em suas pinturas composições ricas em cor e complexas padronagens figurando animais fantásticos e visões oníricas da Natureza. Também lhe interessa colocar em tensão o olhar europeu na representação da paisagem tropical e o embate entre a Natureza e a sua dominação pelo homem. Fazendo cohabitar em seu trabalho referências que vêm desde o bestiário da pintura medieval, do renascimento, passando por expoentes da equivocadamente chamada “Art naïf”, do Surrealismo e da Pop art, Bruno Novelli alcança um estilo único dotado de figuras e padronagens inconfundíveis que nos capturam para dentro da tela.

Sobre o artista

Bruno Novelli nasceu em 1980, em Fortaleza, CE, cresceu em Porto Alegre, RS, e hoje vive e trabalha em São Paulo, SP. Concentrando a sua produção atual na pintura, estudou desenho, em 2003, no Atelier Livre da Prefeitura, em Porto Alegre, e formou-se em design gráfico em 2014 pela ESPM, em São Paulo. No início da sua trajetória artística criou, em Porto Alegre, a Universidade Autoindicada por Entidades Livres, uma série de encontros e programas coletivos que promoveram, entre 2003 e 2007, abordagens artísticas interdisciplinares. Produzindo há cerca de duas décadas, Bruno Novelli expôs em diversas instituições nacionais e internacionais, com destaque para: Siamo Foresta (Coletiva, Fondation Cartier pour l’art contemporain na Triennale Milano, Milão, Itália, 2023); Les Vivants (Living Worlds) (Coletiva, Fondation Cartier pour l’art contemporain na Lille3000, Lille, França, 2022); Tesouro das feras (Individual, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS, Porto Alegre, Brasil, 2021); 1981/2021: Arte contemporânea brasileira na coleção de Andrea e José Olympio Pereira (Coletiva, CCBB Rio de Janeiro, Brasil, 2021).

Pinturas de Carlos Muniz

Expoente da arte abstrata brasileira, Carlos Muniz apresenta trabalhos recentes na Galeria Patricia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Vanda Klabin. Passadas quase quatro décadas desde quando estiveram juntos em uma exposição nos idos dos anos 1980, Carlos Muniz, Patrícia Costa e Vanda Klabin voltam a se encontrar profissionalmente na individual “Carlos Muniz: O Olhar Abstrato”, com abertura marcada para o dia 04 de abril. A relação dos três profissionais de arte vem de longa data: antes da galerista Patrícia Costa, Carlos Muniz foi representado pela galeria de Paulo Klabin, então casado com a curadora e historiadora (e onde Patrícia também trabalhava). Para celebrar esse revival, foram selecionadas duas obras desta época, pertencentes ao acervo pessoal do artista. A mostra estará em cartaz até 30 de abril.

Da produção recente de 2023, ele mostrará um recorte com cerca de 15 obras inéditas em tinta acrílica, incluindo dípticos, trípticos e polípticos de grandes e médios formatos – alguns chegam a medir até três metros. A contraposição dos planos, as linhas paralelas simétricas que exploram cores primárias, sempre com muita precisão, são características marcantes em sua trajetória. Carlos Muniz se divide entre a residência em Montes Claros e o Rio de Janeiro, onde mantém ateliê em Botafogo. Sua filha Lúcia Muniz, cantora que foi revelação no programa “The Voice Kids” em 2019, fará uma apresentação no dia da abertura, às 19h, ocasião em que será lançado um filme documentário sobre a carreira do artista, dirigido pelo cineasta Pedro Paulo Mendes.

“Carlos Muniz compõe a sua nova gramática visual no zigue-zague dos padrões anunciados pela geometria e pelas vibrações cromáticas. Passamos a observar o mundo através desses exercícios geométricos coloridos, que trazem uma nova irradiação do seu olhar abstrato. A pintura e suas infinitas possibilidades se imbricam no amplo leque de experimentações que caracteriza a arte contemporânea. Uma geometria transitiva sempre antecedeu as suas pinturas, seja na elaboração do quadrado, do círculo ou do triângulo, repletos de um forte cromatismo, seja pela evidência de segmentos desiguais que revelam um acento existencial e trazem à tona, as assimetrias do mundo, o que contribui efetivamente para o florescimento de seu pensamento visual”, diz a curadora, Vanda Klabin.

Sobre o artista

Natural de Montes Claros (MG), Carlos Muniz é artista visual e cirurgião plástico. Começou retratando o bucólico interior mineiro, aderiu à sua tendência espontânea com o traço geométrico, passando a pintar quadrados e retângulos. Há mais de 15 anos começou a executar esculturas tridimensionais em aço com pintura automotiva. Uma delas se encontra exposta no Parque da Catacumba, na Lagoa, no Rio de Janeiro. O artista já participou de 30 salões de arte, quase 30 exposições individuais e cerca de 40 exposições coletivas no Brasil e em países como Japão, Portugal, Estados Unidos e África do Sul. Ao longo da carreira como artista, recebeu diversos prêmios: V Bienal Nacional (Santos/SP), XII Salão Nacional de Arte Plásticas FUNARTE/IBAC (Rio de Janeiro e Brasília), Salão de Arte Biosintética (São Paulo), entre outros. Sob influência da pintura de Raymundo Colares – artista renomado e seu conterrâneo -, suas obras alcançam o minimalismo abstrato, com um geométrico claro e intenso. Suas formas abstratas e concretas já haviam ocupado o espaço urbano durante a Copa do Mundo de 2014, com esculturas de grandes proporções na Praça Paris. Carlos Muniz já expôs suas obras em países como Japão (“Quatro Pintores Geométricos Brasileiros”, com Manfredo de Souzanetto, Ronaldo Macedo e Luiz Dolino), Estados Unidos (“Gallery 54″), Portugal (“Fundação Medeiros e Almeida”) e Londres (“Galeria 32/Embaixada do Brasil”), começou pintando há mais de 40 anos e fez parte da Geração 80.

As gravuristas brasileiras

Mostra em São Paulo, SP, traz um mapeamento de mulheres que pesquisam o corpo a partir da gravura e de processos gráficos no Brasil contemporâneo. A exposição reúne o trabalho de 28 artistas abrindo no dia 27 de março no Bananal Arte e Cultura Contemporânea, na Barra Funda e pode ser visitada até 21 de abril.

O mote propulsor dessa exposição é o corpo de trabalho de Käthe Kollwitz (1867-1945), desenhista, escultora e gravadora alemã, que em um cenário entre a I e a II Guerra Mundial, teve um papel fundamental nos movimentos antiguerra. Seus trabalhos trazem figuras femininas como protagonistas dos horrores causados pelo período bélico. São mães protegendo seus filhos, mulheres enfrentando a morte cercando seus entes queridos e a fome e a miséria provenientes das crises econômicas. No Brasil, o trabalho de Käthe Kollwitz ganhou projeção nacional no início do século XX, impulsionado pela crítica especializada e Mario de Andrade, Flávio de Carvalho e Mário Pedrosa foram críticos e escritores que escreveram importantes análises sobre sua obra.

Tendo como inspiração as investigações de gravuristas mulheres sobre o corpo feminino, a exposição é dividida em três eixos. Um deles é “Onde cabe o corpo”, que traz trabalhos que questionam as relações do corpo perante a sociedade, o meio ambiente e a natureza, com obras de artistas como Natali Tubenchlak, Andrea Hygino e Marina De Bonis. Outro núcleo é “Representação ou Autorrepresentação”, com trabalhos de artistas que investigam a própria imagem a partir das artes gráficas, incluindo obras de Ana Calzarava, Gabriela Noujaim e Cleiri Cardoso. O terceiro grupo chama-se “Narrativas gravadas” exibe peças desenvolvidas a partir de obras literárias, contos, poesias ou que tenham em sua essência a construção narrativa. Nesse grupo estão os trabalhos de Nara Amélia, Leya Mira Brander, Hully Roque, entre outras.

O projeto é resultado da pesquisa da curadora, que estuda a presença feminina na gravura nacional. “O Brasil é uma referência mundial na gravura, sendo muito conhecido internacionalmente pela produção entre as décadas de 1940 e 1970, mas que nos últimos anos tem visto nos espaços contemporâneos cada vez menos trabalhos e artistas que exploram essa linguagem. Essa mostra é uma espécie de mapeamento que visa reunir importantes nomes da gravura contemporânea em conjunto. Além disso, carrega a ambição de ampliar o conhecimento tanto do público, como também de pesquisadores, críticos, curadores e agentes do sistema da arte sobre gravadoras que têm pesquisas sólidas em gravura”, conta Ana Carla Soler.

 

Artistas que participam da exposição:

Anabel Antinori (SP), Ana Calzavara (SP), Ana Clara Lemos (RJ), Ana Fátima Carvalho (MG), Andrea Hygino (RJ), Andrea Sobreira, Angela Biegler, Barbara Sotério, Beatriz Lira, Bruna Marassato, Camila Albuquerque, Catarina Dantas, Cleiri Cardoso, Elisa Arruda, Eneida Sanches, Gabriela Noujaim, Hully Roque, Julia Bastos, Julia Contreras, Letícia Gonçalves, Leya Mira Brander, Luciana Bertarelli, Luiza Nasser, Marina De Bonis, Nara Amélia (RS), Natali Tubenchlak, Patricia Brandstatter.