Intervenção artística no Instituto Ling

04/abr

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS,  recebe a artista paraense Bárbara Savannah, para realizar uma intervenção artística inédita em uma das paredes do centro cultural. De 08 a 12 de abril, o público poderá acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, observando as escolhas, os gestos, as técnicas e os movimentos da artista. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até 08 de junho, sempre com entrada franca.

A atividade faz parte da terceira temporada do projeto LING apresenta, que em 2024 conta com a curadoria de Vânia Leal, atual diretora de Projetos da Bienal das Amazônias e membro do grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo. A artista Bárbara Savannah irá comentar a experiência e o resultado em bate-papo com o público e a curadora, no dia 13 de abril, sábado, às 11h, em frente à obra. Você poderá fazer sua inscrição sem custo.

Amazônias, no tremor das vidas

Uma narrativa histórica da arte na Amazônia brasileira compreende muitas “Amazônias”, pois resguarda realidades diversas. Neste cenário, surge o projeto LING apresenta: Amazônias, no tremor das vidas, como um disparador nessa perspectiva plural, com artistas que desentravam a compreensão da interculturalidade, dos contatos, das provocações e das possibilidades nesses espaços imensos quando a Amazônia se torna o centro de preocupação da humanidade. O tremor das vidas nas Amazônias está nas placas tectônicas, no tremor das pororocas, do jambu na boca e nos sentidos, no treme das aparelhagens, no tremor do mundo, no negacionismo da ciência, nas narrativas dos povos da floresta, no pó de paricá e no transe como parte da ancestralidade florestânica…A partir dessas provocações, a mostra aponta caminhos e impasses da arte compostos por artistas do continente amazônico. Estes discutem, por meio de investigações e territorialidade, as relações afetivas, políticas, sociais e culturais de identidades e de pertencimento, assim como o “imaginário geográfico”. Defende-se que a arte não pode se limitar à expropriação dos valores simbólicos e saberes materiais dos ribeirinhos, povos indígenas, quilombolas, assentados, afro-indígenas, castanheiros e de todo sujeito que mobiliza a sensibilidade de qualquer artista. É importante também ressaltar que, historicamente, esses sujeitos seguem elaborando estratégias criativas de sobrevivência como protagonistas, por meio de tecnologias ancestrais à manutenção da vida que pulsam nesses lugares poéticos e políticos. Entre o “bom selvagem” idealizado de uma visão romântica e o “inferno verde”, a Amazônia quase mitológica é o ambiente em que cabe ao artista criar pontes críticas com o real, dar asas ao imaginário e fortalecer o simbólico coletivo. Este é o desejo para esta edição do projeto LING apresenta.

Vânia Leal/Curadora

Sobre a artista

Bárbara Savannah é uma artista originária da Ilha do Marajó, no Pará, e tem dedicado sua expressão artística a transmitir e desfragmentar elementos da cultura popular amazônica desde 2018. Já residindo em Belém, participou de exposições coletivas como Mãe do corpo (2019), do coletivo Vênus, na galeria Benedito Nunes (Fundação Cultural do Pará), e Mulher ser Mulher (2020), na Fundação Cultural de Ilhabela – FUNDACI – SP, além de realizar a exposição individual Universo entre folhas (2021) na galeria Izabel Aquino. Destacando-se no muralismo, sua arte saudosista ecoa nas paredes das cidades, trazendo a temática amazônica e ribeirinha para o cenário urbano. Participou ativamente de projetos como Igarapé da Paz (2022) e Semana de Arte e Muralismo (2022) na Sede da Fundação Cultural do Pará, em Belém. Além de sua prática artística, Bárbara Savannah é aluna do curso de Arte-Educação no CEFART – Fundação Clóvis Salgado, em Minas Gerais.

Sobre a curadora

Vânia Leal Machado nasceu em Macapá, no Amapá, e vive e trabalha em Belém, no Pará. É mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura e atua na área de curadoria e pesquisa em Artes, tendo participado de júris de seleção e premiação e organizações de salões. Foi Curadora Educacional do Projeto Arte Pará e fez a curadoria de exposições como Mastarel: Rotas Imaginais (2019) de Elaine Arruda no Banco da Amazônia, Tecidos de Certeza (2019) de Elisa Arruda na Galeria Elf, Coleção Eduardo Vasconcelos (2021) nas Galerias Theodoro Braga e Benedicto Nunes no Centur, A Inversão do cotidiano (2022) de Elisa Arruda na Galeria Ruy Meira, Nhe Amba (2022) de Xadalu Tupã Jekupe no SESCParaty, Gravado na Alma (2023) de Eduardo Vasconcelos no Banco da Amazônia, entre outras. Também foi curadora da primeira Bienal das Amazônias em 2022-2023. Atualmente, é diretora de Projetos da Bienal das Amazônias e faz parte do grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo.

Homenagem para Rochelle Costi

“Corações à Desmedida”  é uma exposição proposta pelo Solar dos Abacaxis (Rio de Janeiro), em parceria com a Casa do Povo e a Casa de Cultura Mario Quintana (Porto Alegre), que cria um gesto coletivo de homenagem à artista Rochelle Costi no marco de um ano de sua passagem ocorrida em novembro de 2022.

A artista Rochelle Costi (1961-2022) conquistou e nutriu muitos corações e amizades, colocando o amor e as relações de afeto no centro de sua prática artística. A obra “Coleção de artista”, uma coleção de corações reunidos ao longo de 30 anos, é uma síntese desta prática e a inspiração desta exposição.

Por meio de convocatória pública, 336 artistas de todo o Brasil doaram obras em formato de coração feitos em tributo a Rochelle Costi, inspirados por sua obra “Coleção de Artista”. Os corações foram expostos junto à fotografia original da artista, na sede do Solar dos Abacaxis em novembro de 2023.

A exposição desta vez chegou a São Paulo na ocasião da SP-Arte 2024 com uma programação pública nas datas da abertura e encerramento. Abertura – 23 de março

Encerramento em 06 de abril.

Ndikung o novo curador da 36ª Bienal de São Paulo

A Fundação Bienal de São Paulo anunciou que Bonaventure Soh Bejeng Ndikung será o curador geral da 36ª Bienal de São Paulo, programada para o segundo semestre de 2025. 🎉

Nascido em 1977 em Yaoundé, Camarões, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung é uma figura proeminente na cena da arte contemporânea global. Sua trajetória única e interdisciplinar combina construção institucional como prática, práxis curatoriais com ênfase na performatividade, artes sonoras, instalativas e visuais, teoria crítica e discurso com formação acadêmica em biotecnologia médica e biofísica.

O compromisso de Ndikung com a intersecção entre arte e ciência, juntamente com sua visão inovadora, culminou em sua nomeação como diretor e curador geral do Haus der Kulturen der Welt (HKW) de Berlim a partir de janeiro de 2023, após ter atuado como diretor fundador do SAVVY Contemporary. Ndikung também é professor na weißensee academy of art berlin. Segundo o curador, “a Bienal de São Paulo me parece um sismógrafo que não apenas registra os diferentes tremores que o mundo está experimentando socioeconômica, geopolítica e ambientalmente, mas esses registros também nos oferecem possibilidades de moldar um futuro mais justo e humanitário para todos os seres animados e inanimados deste planeta”. 🌍

Para Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, “em seu trabalho curatorial, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung atua como uma força motriz que desafia fronteiras e contribui para moldar o futuro da arte contemporânea global. Tenho certeza de que a 36ª Bienal de São Paulo continuará desempenhando seu papel provocador e atento às questões atuais, dando prosseguimento aos desenvolvimentos trazidos por nossas edições mais recentes”.

Acontece em BH

01/abr

A Galeria Albuquerque Contemporânea, Savassi, Belo Horizonte, MG, inaugura a primeira exibição individual de Froiid. O artista apresenta trabalhos realizados a partir de sua pesquisa relacionada ao jogo. Intitulada “Mundaréu”, a exposição estabelece um diálogo com o escritor, ator, jornalista e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999) e as suas “Histórias das Quebradas do Mundaréu” (1973).

Ao explorar o universo confabulado de uma mesa de bar e referências ligadas às dinâmicas do jogo, Froiid, artista multidisciplinar, constrói uma narrativa visual, sonora e sensorial a partir de temas como crime, samba, rap, futebol, torcidas organizadas, inteligências artificiais e violência.

“Com esta sala de estar, marcada pelo seu carácter identitário, Froiid desdobra o tempo livre e nos chama para nos aproximarmos mais uns dos outros, para não perdermos as redes sociais físicas e para apreciarmos a profundidade e riqueza do conhecimento popular”, aponta Ana Salazar Herrera no texto curatorial.

A exposição é concebida como um jogo. Ao percorrer a galeria, encontramos obras jogáveis, com destaque para a instalação “É Hora da Onça Beber Água” (2020), uma mesa de bilhar com cerca de 13 metros, que convida o público a criar e jogar com suas próprias regras. A produção de Froiid se estabelece com uma diversidade de materiais e técnicas, como pinturas, fotografias, desenhos, vídeos e instalações sonoras que exploram a riqueza cultural do Brasil.

Em cartaz até 27 de abril.

Um certo espírito POP

27/mar

 

A Fundação Vera Chaves Barcellos destaca caracteristicas da Pop Art em nova exposição intitulada “Sem Metáfora”, mostra coletiva na Sala dos Pomares, em Viamão, RS, na mesma ocasião, haverá o lançamento do material educativo e do catálogo da mostra, que ficará  em cartaz até o dia 10 de agosto.

Essa mostra coletiva destaca produções com caracteristicas da Pop Art, englobando cerca de 70 obras de 42 artistas nacionais e internacionais. A seleção abrange diversas linguagens, como videoarte, fotografia, colagem, assemblage, serigrafia, pintura, desenho, escultura, objeto, gravura, livro de artista, instalação e arte postal, entre outras.

Romanita Disconzi (1940) será homenageada na mostra com um dos espaços do mezanino da sala, por ser uma artista essencialmente pop na concepção de suas obras como pinturas, gravuras, desenhos e objetos.

Nas palavras de Vera Chaves Barcellos (1938), organizadora da exposição: “Partindo da ideia de “um certo espírito pop”, Sem Metáfora evoluiu para a escolha de uma série de obras que são uma derivação das diversas caracteristicas do movimento da Pop Art em seu momento primeiro. Esta, que a nosso ver marca em grande número a produção das gerações futuras de artistas, tem como uma das principais caracteristicas a ausência de metáfora, utilizando-se de uma representação direta do mundo concreto do tempo em que se vive. Os inúmeros e variados aspectos abordados pelos artistas desta mostra se caracterizam por uma forma de linguagem denotativa, pela predominância da objetividade e, consequentemente, de imediata apreensão por parte do espectador.”.

Além das obras do Acervo Artístico da Fundação Vera Chaves Barcellos, Sem Metáfora conta com obras de coleções particulares do Instituto Dalacorte, Renato Rosa e Romanita Disconzi.

Para facilitar o deslocamento até a Sala dos Pomares (Rodovia Tapir Rocha, 8480 – parada 54, em Viamão), serão oferecidos dois horários de transporte gratuito de ida e volta (POA – Viamão – POA), por ocasião da abertura, no dia 13 de abril, com saída ás 10h30 e ás 14h, em frente ao Theatro São Pedro, na Praça da Matriz, no Centro Histórico de Porto Alegre, mediante inscrição prévia (formulário disponível no site fvcb.com.br)

 

Artistas participantes

 

Ana Miguel, Anna Bella Geiger, Antonio Caro, Artur Lescher, Avatar Moraes, Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Carmen Calvo, Cinthia Marcelle, Claudio Goulart, Denis Masi, E. F. Higgins III, Edgardo Vigo, Flavio Pons, Guglielmo Achille Cavellini, Hans-Peter Feldmann, Helena d’Ávila, Henrique Fuhro, Hudinilson Jr., Jesus Escobar, Joan Rabascall, Judith Lauand, Mara Alvares, Magliani, Mário Röhnelt, Mary Dritschel, Milton Kurtz, Neide S, Nelson Wilbert, Patricio Farias, Pedro Geraldo Escosteguy, Richard John, Rogério Nazari, Romanita Disconzi, Rubens Gerchman, Sandro Ka, Telmo Lanes, Téti Waldraff, Tony Camargo, Vera Chaves Barcellos, Victor Grippo, Wlademir Dias-Pino.

Yoshitaka Amano no Brasil

O Farol Santander São Paulo, Centro Histórico de São Paulo, 23° e 24° andares, exibe até 16 de junho a exposição de Yoshitaka Amano: Além da Fantasia. Com a curadoria de Antonio Curti (Aya Studio), serão exibidas mais de 90 obras produzidas nas últimas três décadas, incluindo litografias, pinturas, ilustrações e objetos. Além de uma área imersiva com projeção em 360° das obras do mestre, criando uma experiência única para os visitantes. Dentre as obras em destaque a exposição conta com seus trabalhos mais influentes como em Final Fantasy, Vampire Hunter D, Tatsunoko Production, Candy Girl, Devaloka e as suas colaborações em projetos: Sandman, de Neil Gaiman, DC Comics, Magic: The Gathering e Vogue. Amano nos convida para embarcar na sua jornada no meio da imaginação e da fantasia.

Sobre o artista

Yoshitaka Amano é um artista, designer, cenógrafo e figurinista japonês. Ficou conhecido pelos seus trabalhos em Final Fantasy da Square Enix, uma das maiores franquias de videogames da indústria, Amano foi o principal designer de personagens e a maioria dos inimigos para a série. O artista iniciou sua carreira aos 15 anos no estúdio Tatsunoko Production em 1967, onde trabalhou com alguns clássicos do anime como: Gatchaman (1972), Tekkaman the Space Knight (1975) e Neo Human Casshern (2004). A partir dos anos 80 ele deixou o mundo do anime para ilustrar romances, entre eles temos Guin Saga de Kaoru Kurimoto e a série Vampire Hunter D de Hideyuki Kikuchi, ambos fizeram muito sucesso no Japão. O designer busca as suas influências no ocidente, como por exemplo no movimento da art nouveau com os artistas europeus Gustav Klimt, Arthur Rackam e Kay Nielson. Seu trabalho utiliza as técnicas da gravura, xilogravura e litografia, para atingir o ukiyo-e, gênero japonês de xilogravura que teve seu período de ascensão nos séculos XVII e XIX. Os temas mais populares abordado pelo ukiyo-e são a beleza feminina, o teatro kabuki, cenas históricas, lendas populares, entre outros. Além de suas ilustrações, o artista também explora meios como pintura, cerâmica, estampas de kimonos, figurinos para o teatro kabuki e design de joias. Amano foi premiado por quatro anos consecutivos (1983-1987), no Prêmio Nebula, concedido pela Science Fiction and Fantasy Writers of America, considerado o Oscar da Literatura ele é destinado para romances de ficção científica ou de fantasia publicados em inglês nos Estados Unidos. Também foi premiado pelo Bram Stoker (1999) pela sua colaboração em Sandman: The Dream Hunters de Neil Gaiman. Além disso, conquistou o Prêmio Eisner, Prêmio Dragon Con, e o Prêmio Julie por suas pinturas. Em 2010, Amano fundou o Studio Devaloka, uma empresa cinematográfica.

Elza & Gerson na Galatea São Paulo

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, em exposições individuais com textos de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo estará em cartaz até 11 de maio na Galatea, Jardins, São Paulo, SP. A exposição coloca em diálogo a produção dos artistas entre os anos de 1950 e 1990, tendo como eixo as múltiplas e diversas formas de existir, narradas no trabalho da dupla.

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, reúne um conjunto de 42 obras produzidas entre 1950 e 1990 pelo casal pernambucano, destacando os pontos de convergência no olhar artístico da dupla. Com texto crítico de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo, a mostra se alinha com o propósito da galeria de fomentar o reposicionamento histórico e resgatar artistas que foram negligenciados pelas narrativas predominantes e pelo mercado da arte. Cinco décadas após a última exposição conjunta realizada na galeria Oca, no Rio de Janeiro, em 1970, “Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, retoma o diálogo da produção do casal e toma emprestada a frase que Gerson grafava no verso de suas pinturas, que dá, aqui, o fio da abordagem curatorial, voltada às múltiplas e diversas formas de existir, narradas em seus trabalhos.

Ao se estabelecerem no Rio de Janeiro, em 1946, encontraram inspiração para retratar, por meio da pintura e cores vibrantes, a boemia carioca e a vida cotidiana da cidade; cenas de carnaval e figuras religiosas; além de composições de tom onírico e surreal. Após conhecer o multiartista Augusto Rodrigues, Gerson passa a estudar desenho e gravura na Escolinha de Arte do Brasil, expondo seu trabalho a partir de 1959 já em mostras importantes como a 5ª Bienal de São Paulo. Elza, por sua vez, desenvolve sua produção após estudar com Ivan Serpa no MAM Rio entre 1962 e 1963. Dali em diante, seguiram-se entrevistas coletivas e individuais no Brasil e no exterior, como a mostra “Lirismo Brasileiro” que itinerou pela França, Portugal e Espanha entre os anos de 1968 e 1969.

Com a sensibilidade lírica característica de Elza e a habilidade de Gerson em retratar a rudez humana em suas obras, o trabalho do casal se complementava de maneira única. Enquanto Gerson percorria as ruas da Lapa capturando o olhar das pessoas com uma notável capacidade de fazer com que suas figuras parecessem falar diretamente com o espectador, Elza adicionava uma camada de sutileza às suas criações. A identidade da dupla ficou marcada pela capacidade de resgatar de forma original, a essência da brasilidade e as profundas raízes do cotidiano.

“A complementariedade do trabalho dos dois sempre existiu, sobretudo, pela centralidade da figura humana. Essa foi o grande molde da vida dos dois, que não eram pintores de paisagem, tampouco retratistas, eram pessoas que criavam seus personagens observando pesquisando e sentindo a realidade. Eram pessoas que estavam mais preocupadas com a construção do presente. Então, as figuras vinham do imaginário e do fruto de uma pesquisa, de um olhar para o cotidiano, pessoas comuns, trabalhadores, pescadores, as noivas”, afirma o pesquisador e colecionador de arte Luiz Fernando Pontes. Hoje o trabalho de Elza integra o acervo de instituições como o MAM Rio e o MASP. Em 2007, Gerson realizou sua última exposição individual em vida: uma grande retrospectiva no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Seu trabalho integra coleções como a do Musée d’Art Naïf et d’Arts Singuliers, em Laval, na França.

Caleidoscópio

08/mar

Diálogos entre Barroco Contemporâneo, Pintura Clássica e os Ecos Urbanos

Bolsa de Arte & William Baglione

Exposição com início dia 29/03/2024 (Sábado) tem previsão de término em 30 dias. Contará com cerca de 40 pinturas em diferentes técnicas e dimensões.

A exposição “Caleidoscópio” destaca o talento pictórico de quatro jovens artistas contemporâneos: Rafael Hayashi, Ramon Martins, Thiago Nevs e Cripta Djan. Convida-nos a explorar a riqueza dos diálogos artísticos que transcende épocas e movimentos. Ao imergirmos nesse universo visual, somos desafiados a refletir sobre a continuidade da expressão artística ao longo do tempo, observando sua evolução e reinvenção nas interseções entre passado e presente, clássico e contemporâneo, urbano e sublime.

Assim como um caleidoscópio cria padrões dinâmicos a partir de fragmentos simples, a exposição revela uma multiplicidade de perspectivas, influências e estilos entrelaçados.

Os ecos urbanos permeiam as pinturas de maneira expressiva. A rebeldia e autenticidade desses movimentos dialogam com a sofisticação do barroco e da pintura clássica, proporcionando um contraponto fascinante com a arte popular e a estética da Pixação paulista. Essa última já conquistou reconhecimento em eventos como as Bienais de São Paulo e Berlim. As marcas urbanas são reinterpretadas como expressões de uma arte que pulsa no meio do caos e da ordem.

Artista participantes

Cripta Djan

Djan Ivson ou Cripta Djan como é conhecido nas ruas e no mudo das artes é pixador, artista e ativista, além de documentarista sobre temas que envolvem a pixação nos espaços urbanos e no campo das artes. Fora das ruas ele age como um agente externo representando a figura do pixador no campo político, acadêmico, das artes e cinema. A qualidade da obra de Djan, produzida em estúdio, está justamente no contraponto entre as palavras Cripta e Djan: o social e o singular, o habitus e a psique. Djan assume como linguagem um código que o distingue socialmente. Ao usar a letra reta e monocromática da pixação como inspiração, é possível notar as fronteiras entre o desenho e a escrita, a forma e a contraforma, o legível e o ilegível, o certo e o errado. A natureza de suas composições com base em um estilo tipográfico vernacular, legitimamente brasileiro e contraventor, nos permite questionar os limites da apreciação estética, algo sempre em construção no campo da arte. A partir de 2014 Djan iniciou sua produção artística intitulada por ele ”Criptografia Urbana”, que apresenta uma seleção de diferentes séries e obras com etapas dessa evolução: A série “Manifesto Periférico” Djan faz transcrições de manifestos criados por ele mesmo executando parágrafos em cada tela. Já a série “Manuscrito Urbano” traz reflexões sobre luta de classes, fazendo analogias sobre a luta dos povos bárbaros das antiguidades com as lutas de classes de hoje. A série “Urban City”, consiste de paisagens urbanas e periféricas letradas que trazem a semiótica da relação entre o indivíduo pixador com a cidade. “Código de Conduta” é uma série que traz palavras guia do contrato social das ruas entre os pixadores. A produção “Criptografia Urbana” já foi apresentada em exposições individuais dentro e fora do Brasil. Em 2016 Cripta Djan fez sua primeira exposição individual “Da Periferia para o Centro” em Nova York, no mesmo fez sua estreia em São Paulo com a exposição “Em Nome do Pixo”. Em 2018 Djan fez sua estreia na Europa e Reino Unido com as exposições “In The Name of PIXO” Birmingham (UK) e ” Caligrafia Marginal” na Kallenbach Gallery em Amsterdam.

Rafael Hayashi

Rafael Hayashi, artista inserido na vibrante cena contemporânea, explora os conflitos entre sociedade e indivíduo em suas obras. Nascido e residente em São Paulo, Brasil, sua arte é enraizada nas complexidades dessa metrópole, onde ele enfrenta e extrai inspiração para suas ideias. Suas pinturas são um mergulho no presente, onde as formas emergem em meio a grandes massas de tinta. A manipulação tátil do meio é evidente, moldando volumes, movimento e luzes. Utilizando as mãos, pedaços de tecido e outros materiais, Hayashi cria uma interação visceral entre os elementos, refletindo não apenas um diálogo visual, mas também uma batalha entre o artista e sua cidade. Ao olhar para a estética de mestres como Lucian Freud e Francis Bacon, além do próprio barroco brasileiro, Hayashi encontra um farol inspirador. Esses artistas, com suas explorações intensas da figura humana, servem como guias para suas experimentações. Em um ato de coragem, Rafael se coloca como modelo e objeto de experimento para seus filhos, trazendo uma dimensão pessoal e única à sua prática artística. Influenciado pela arte oriental, especialmente o ukiyo-e (gravura japonesa), e pela pintura contemporânea, Hayashi combina força, precisão e expressividade em seus trabalhos. Referências como Cai Quo Quiang, Hiroshige, Yang Shaobin, e outros, contribuem para a riqueza visual e conceitual de suas criações, reafirmando sua posição no panorama artístico contemporâneo.

Ramon Martins

Nascido em 1981, na vibrante São Paulo, Ramon Martins destaca-se como um artista brasileiro inserido na arte contemporânea, cujo trabalho ressoa com uma mistura vibrante de culturas, experiências e expressões artísticas. Sua jornada artística, desde os primórdios em Barra Longa, Minas Gerais, até projeções em festivais internacionais renomados, é uma narrativa rica em cores, texturas culturais e uma busca incansável pela expressão autêntica. Infância Bucólica e Rebelião Adolescente: Nascido em São Paulo, Ramon foi posteriormente criado por sua avó viúva em Barra Longa, imerso em uma paisagem bucólica que serviria como a semente de sua conexão com a natureza. Sua adolescência foi marcada por uma densa rebelião e introspecção, influenciada pela figura paterna desconhecida, um ambiente doméstico instável e a busca incessante por identidade. Seu encontro com a cultura urbana, especialmente com o graffiti, moldou de maneira singular sua perspectiva artística contemporânea, permeada pela pesquisa de elementos da moda e da cultura pop no cenário urbano, refletindo a diversidade e a busca de identidade essencialmente brasileira, representada no multiculturalismo.

Thiago Nevs

Thiago Nevs, renomado artista visual e calígrafo contemporâneo, emergiu das origens humildes da periferia paulista para se destacar nas artes visuais, especialmente na expressão urbana. Inspirado por suas vivências como filho de um caminhoneiro, Nevs transmite fragmentos de suas memórias através de suas obras, caracterizadas por pinceladas vibrantes e traços simétricos. O toque vernacular em sua caligrafia complementa sua expressão artística, oferecendo uma narrativa visual única. A harmonia em suas pinturas transcende o aspecto estético, fortalecendo os valores enraizados na cultura tradicional, realçando a relevância de sua preservação. Sua incursão no universo da caligrafia, com um toque peculiar, trouxe um tom distintamente brasileiro às suas obras, amalgamando tradição e contemporaneidade. Thiago Nevs é reconhecido pelas suas criações marcantes, exibidas em prestigiadas feiras de arte e participação em exposições nacionais e internacionais. Seu compromisso com a expressão autêntica e a celebração da cultura brasileira posicionam-no como uma figura proeminente no cenário contemporâneo das artes plásticas.

William Baglione

Curadoria

William Baglione fundou o coletivo de nome Famiglia Baglione (2005-2012) e administrou a carreira de 8 artistas. Assinou curadorias em exposições e projetos especiais no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia. Como curador independente assinou projetos culturais a convite da Embaixada Brasileiras em Moscou (2008 e 2009) e no ano de 2013, co-curou a exposição com leilão beneficente SOS Racisme no Palais de Tokyo, em Paris, tendo o Brasil como grande homenageado. Além de sua atuação como curador, William Baglione se destaca há mais de uma década como fotógrafo, expondo trabalhos autorais em cidades da França, Estados Unidos, Itália e Brasil. Trabalha também como consultor na aquisição de obras de arte e é sócio na marca e editora Afluente.

Allan Weber no mezanino do IAB

A Galatea em parceria com a Central Galeria tem o prazer de apresentar a exposição individual do artista Allan Weber no mezanino do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil.

“Allan Weber: Novo balanço”, acontece no IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, Vila Buarque, São Paulo, SP,  até 27 de março. O artista ocupa os dois andares do mezanino do edifício modernista icônico projetado por Rino Levy. Weber apresentará desdobramentos de sua pesquisa sobre as lonas utilizadas em bailes funks do Rio de Janeiro, além de uma nova instalação site specific da série “Passinhos” e um conjunto de obras inéditas.

A exposição é uma parceria entre a Galatea, galeria que representa o artista, e a Central Galeria, com sede no subsolo do IAB. Texto crítico de Jean Carlos Azuos.

Bruno Novelli representado pela Galatea

A Galatea, São Paulo e Salvador, anuncia a representação do artista Bruno Novelli. Fortemente inspirado pela exuberância do mundo amazônico e nutrindo interlocução de longa data com os artistas indígenas Huni Kuin, Novelli traz em suas pinturas composições ricas em cor e complexas padronagens figurando animais fantásticos e visões oníricas da Natureza. Também lhe interessa colocar em tensão o olhar europeu na representação da paisagem tropical e o embate entre a Natureza e a sua dominação pelo homem. Fazendo cohabitar em seu trabalho referências que vêm desde o bestiário da pintura medieval, do renascimento, passando por expoentes da equivocadamente chamada “Art naïf”, do Surrealismo e da Pop art, Bruno Novelli alcança um estilo único dotado de figuras e padronagens inconfundíveis que nos capturam para dentro da tela.

Sobre o artista

Bruno Novelli nasceu em 1980, em Fortaleza, CE, cresceu em Porto Alegre, RS, e hoje vive e trabalha em São Paulo, SP. Concentrando a sua produção atual na pintura, estudou desenho, em 2003, no Atelier Livre da Prefeitura, em Porto Alegre, e formou-se em design gráfico em 2014 pela ESPM, em São Paulo. No início da sua trajetória artística criou, em Porto Alegre, a Universidade Autoindicada por Entidades Livres, uma série de encontros e programas coletivos que promoveram, entre 2003 e 2007, abordagens artísticas interdisciplinares. Produzindo há cerca de duas décadas, Bruno Novelli expôs em diversas instituições nacionais e internacionais, com destaque para: Siamo Foresta (Coletiva, Fondation Cartier pour l’art contemporain na Triennale Milano, Milão, Itália, 2023); Les Vivants (Living Worlds) (Coletiva, Fondation Cartier pour l’art contemporain na Lille3000, Lille, França, 2022); Tesouro das feras (Individual, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS, Porto Alegre, Brasil, 2021); 1981/2021: Arte contemporânea brasileira na coleção de Andrea e José Olympio Pereira (Coletiva, CCBB Rio de Janeiro, Brasil, 2021).