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AGENDA CULTURAL

Intervenções em japonês

Chama-se “Intervenções gráficas em japonês” a exposição individual de Téti Waldraff em cartaz até o dia 09 de agosto no Studio Clio, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS. A mostra, com curadoria de Blanca Brittes e Paula Ramos, reúne trabalhos desenvolvidos nos últimos cinco anos, a partir de folhas de calendário com reproduções fotográficas de “ikebanas”, a arte japonesa de arranjos florais. A artista iniciou esta pesquisa em seu ateliê em Faria Lemos, pequena cidade localizada na Serra Gaúcha, no interior do estado do Rio Grande do Sul. Lá, movida pela energia e os ciclos da Natureza, começou a desenhar, pintar e intervir sobre as imagens, prolongando e alterando ramagens e flores, e os afetos, em um colorido vívido e singular. Téti Waldraff tem nos jardins um dos principais motes de sua poética. A artista é um dos jovens valores da geração de arte contemporânea revelados na década de 1980 em seu estado. Possui em seu currículo incontáveis participações em exposições coletivas de relevância no Brasil – como o Itaú Cultural, SP – , e individuais realizadas em museus e no exterior.

 

 

A palavra da artista

 

Porque faço intervenções gráficas em calendários?

 

Começa no tempo da Téti professora: pegava os calendários para marcar feriados, marcar datas de obrigações de entrega de documentos de trabalho, datas festivas. Mas, sobretudo, ao “abrir” um calendário enquanto professora, marcar os feriados, tanto para pensar em aliviar a tensão, como para poder fazer coisas necessárias para o trabalho com os alunos no tempo previsto… no calendário! Assim, vi, vivi, recolhi e continuo recolhendo calendários bonitos e estimulantes para marcar os dias e as coisas especiais!

 

Então, lá em 2012 ou 2013, em Faria Lemos, veio um amigo, o Márcio Chieramonte (um engenheiro eletrônico sensível!!!) com muitos e muitos calendários com imagens de Ikebana para mim: “Te trouxe… sei que és artista e vais saber fazer alguma coisa com eles.” Viva o Márcio! Então, olhei e deixei de “molho” lá no ateliê de Faria Lemos. Muitas ideias vindo e indo… Já era linda cada folhinha do calendário… Estava tudo pronto! Aí, um dia, lá em Faria Lemos, comecei a riscar, rabiscar, interagir, intervir nas folhinhas! Ora, ora… calendários Ikebana… folhinhas prontas. Elas me encantaram. Assim, botei, gravei, desenhei nelas os meus encantos! Foi uma delícia que levei a sério como trabalho, partindo da ideia de intervenção.

 

Ao começar cada trabalho, já estou embebida de cores, sabores, formas de flores arranjadas de um jeito singular! Um desafio que dá frio na barriga… Vou escolhendo as cores dialogantes, vou me estendendo no arranjo, até arranjar o arranjo do meu desejo! No meu trabalho, com meu trabalho, quero repartir alegria, quero repartir harmonia, indicar um lugar mais bonito pra olhar e se lambuzar de cor, linha e forma. Coisas bonitas pra olhar com “olhos de ver”, coisas pra nos puxar para o alto, coisas pra dar um salto, pra poder sempre ver, sempre admirar a vida no prumo da natureza, das flores com suas cores e formas! Fazer para poder sonhar no tumulto cotidiano, no avesso da pátria nossa, no avesso das coisas que são feitas sem nosso olhar, sem nossa participação! Quem dá atenção pra arte neste tumulto cotidiano? Quem consegue parar pra ver a singularidade e a exuberância de uma flor, de um vaso de flor, de um canteiro, de um jardim? Pois eu gostaria que todos pudessem se permitir olhar para o encanto das flores! Flores a todos, arranjadas de um modo singular! Sou assim, Téti flor e cor! Intervenções feitas nas flores arranjadas!

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