Mostra de Fernanda Gomes

26/nov

A Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, sob a curadoria do crítico Fernando Cocchiarale,  a exposição individual de Fernanda Gomes. Há mais de vinte anos, a artista  vem construindo uma obra singular, inclassificável dentro dos parâmetros tradicionais das artes visuais, com repercussão Brasil e no exterior. O trabalho de Fernanda Gomes é muito particular, diferente de tudo a que se está acostumado, mas seu currículo demonstra que ela é incensada mundo afora. Um exemplo: o Centre Pompidou (Beaubourg), Paris, acabou de adquirir uma obra da artista que em suas palavras, “dá importância ao que a maioria acha banal”.

 

Fernanda Gomes realizou mostras individuais e coletivas em quase todos os países da Europa, além dos Estados Unidos, México, Austrália, Nova Zelândia e Japão. Participou das bienais internacionais de São Paulo, 1994, Istambul, 1995, Sydney, 1998 e Veneza, 2003. Neste momento, participa da Bienal Internacional de São Paulo. Seu trabalho faz parte, entre outras, das coleções do Miami Art Museum, Tate Modern, Fundación/Colección Jumex, Vancouver Art Gallery, MAM-Rio e Museu Serralves, em Portugal, onde também desenvolveu escultura permanente para o parque do museu.

 

A palavra da artista

 

“Penso uma exposição como um momento preciso em uma atividade contínua, aberto para uma dimensão comum a todos. Inclui o lugar, em toda sua amplitude. O espaço da galeria é também lugar, território ao mesmo tempo mítico e familiar, Ipanema! Inclui a praia, a rua, a praça, o morro. Expande-se esta dimensão na experiência do encontro, em um espaço da cidade, para a cidade, com possibilidades infinitas e imprevisíveis.”

 

“Será uma exposição que parte mais de princípios do que de projetos, como me agrada fazer. Sem temas ou sistemas determinados, mas pensando também no desenho como início de tudo. Desenho: verbo e substantivo. Desenho que é também risco na superfície do mundo, ação e tempo, o inseto e seu trajeto e o vento na areia. Registro de vôo, mapas, cartas de navegação, marcas que tentamos apagar, nódoas nos tecidos, aquarelas da umidade dos dias, e o pó, terra, ferrugem! Ver as coisas, todas as coisas, em sua beleza. Desenho que é pensamento plástico essencial, vocabulário ancestral que cria outros roteiros para a imaginação. Todos desenhamos quando crianças. Porque tantos param de desenhar?”

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

José Rufino na Casa França-Brasil

Um gigantesco corpo de herói – 193 m³ -, construído a partir de memórias físicas, traços e materiais coletados, empreende na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, uma odisseia particular, concebida pelo artista visual José Rufino, em cuja obra o passado e o presente se enfrentam permanentemente. O “Ulysses” de José Rufino ocupará todo o vão central do prédio da Casa França-Brasil. Seu corpo, impregnado de vivências, sentimentos e essências da cidade – cuja Baía de Guanabara se transforma, por comparação, na costa da Grécia por onde Ulysses viajou – é uma ponte entre os muitos passados e os futuros possíveis para um Rio ao mesmo tempo heroico e comum, eterno e presente no aqui e agora.

 

A baía de Guanabara se transforma na Grécia de Ulysses pelas mãos de José Rufino, artista contemporâneo que é também paleontólogo, e tem uma relação permanente com o passado. O convite da Casa França-Brasil levou-o a imaginar uma nova Odisseia, em que os traços do Rio – madeiras, pedras, ferros, concreto, conchas, cerâmicas etc. – são recombinados para compor o corpo do herói. A composição deste novo e monumental Ulysses demanda toda uma logística que começa com a coleta de materiais. Desde setembro, José Rufino tem vindo ao Rio para esse garimpo pessoal das memórias impressas nas matérias recicladas e reutilizadas, que carregam suas próprias memórias.

 

José Rufino começa seus trabalhos muitas vezes a partir do lugar que ocupará. Uma obra de tal magnitude não poderia ser elaborada sem testes muito rigorosos. O espaço ideal para a primeira fase de montagem foi conseguido através de uma parceria do artista com o Galpão Aplauso, espaço cultural e social que funciona no Santo Cristo, e que prepara jovens artistas para as várias facetas que compõem o mundo do espetáculo.

 

Até 17 de fevereiro de 2013.

Aluísio Carvão na Caixa Cultural Rio

23/nov

A Caixa Cultural Rio de Janeiro inaugura a exposição “Aluísio Carvão – Mestre das Cores”, reunindo cerca de 80 obras de diversas fases do artista. Além das pinturas, a exposição apresenta objetos, capas de livros e revistas criadas pelo artista, formando um panorama completo da obra de um dos mais conceituados pintores brasileiros.

 

A mostra, com curadoria de Denise Mattar, faz um percurso afetivo e retrospectivo da obra do artista. As obras serão apresentadas em núcleos temáticos. No primeiro ficarão obras da fase construtivista. Esse núcleo também contemplará as obras do Neoconcretismo. Da mesma época são as capas para os cadernos de Jornalismo e Comunicação do Jornal do Brasil.

 

O segundo núcleo reúne a série intitulada “Pipas”, dos anos 1980, com trabalhos que lembram o movimento e as cores de sua infância, e as obras dos anos 1990, em que a cor adquire densidade, sensualidade e movimento. As cores têm concretude e se fundem, formando imagens alegres, dando intensidade, criando limites e espaços.

 

No terceiro núcleo, será apresentada uma cronologia ilustrada do artista. “Sua obra é luminosa, suas cores fortes ou suaves passam a sensação do equilíbrio e de alegria. É uma festa para os olhos. Sua arte, no entanto, não seguiu um curso natural de evolução, foi marcada principalmente por uma necessidade fremente de experienciar a cor e as formas”, afirma a curadora Denise Mattar.

 

Sobre o artista

 

Aluísio Carvão iniciou sua trajetória como pintor ainda menino, em Belém do Pará. Em Belém, e a seguir no Amapá, sua pintura era figurativa, de cores vibrantes e sólidas. A luz dos trópicos o influenciou profundamente. Ao adotar o Rio de Janeiro, em 1949, entra no curso de Ivan Serpa e com ele participou do movimento construtivista. Aluísio foi um dos criadores do “Grupo Frente”, junto com Ivan Serpa, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape e Ferreira Gullar, expoentes do movimento construtivista brasileiro. Dedicou-se a uma pintura abstrata, em que as questões da forma e da cor são preponderantes, mas foi com o movimento Neoconcreto que o artista aboliu a diferenciação entre forma, cor e fundo.

 

Até 13 de janeiro de 2013.

Modernismo no Centro Cultural Correios

16/nov

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Mário de Andrade – Cartas do Modernismo”. A mostra, com curadoria de Denise Mattar, encerra as comemorações dos 90 anos da Semana de Arte Moderna, traçando um panorama da implantação e expansão do Modernismo no Brasil através de obras de arte, cartas, imagens, fotos e textos do escritor que, junto com Oswald de Andrade, foi um dos principais impulsionadores do movimento artístico. Em exibição, obras assinadas por Di Cavalcanti, Segall, Cícero Dias, Ismael Nery, Portinari, Zina Aita, Augusto Rodrigues, Portinari e Enrico Bianco, artistas do primeiro e segundo modernismo, expoentes da melhor arte moderna brasileira.

 

A correspondência de Mario de Andrade é reconhecida por seu expressivo volume e pela qualidade dos interlocutores envolvidos. Os mais importantes poetas, escritores, músicos, teóricos e artistas desse período trocavam cartas com ele. O estudo delas revela o ideário modernista do autor, que se constitui como tema central da exposição, mas apresenta também o lado humano das pessoas envolvidas, suas dores, amores, brigas, disputas, picuinhas e brincadeiras.

 

O foco central das cartas apresentadas na exposição são as artes plásticas. O tema é abordado nas correspondências trocadas com Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Enrico Bianco, Cícero Dias e Victor Brecheret e também nas missivas entre o escritor e Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e Henriqueta Lisboa. Um especial destaque é dado ao período, muito pouco conhecido, em que Mário de Andrade viveu no Rio de Janeiro, e também à sua amizade com Portinari. Neste segmento são apresentadas cartas originais de Mário de Andrade a Portinari, mantidas no Projeto Portinari.

 

Devido à sua fragilidade a maioria das cartas será apresentada em fac-símile. Considerando também a dificuldade de compreensão da caligrafia antiga, parte delas foi transcrita e impressa para facilitar a leitura. Parte delas está disponível em áudio, na voz do ator João Paulo Lorénzon, o que além de estimular uma compreensão emocional do material, estende a abrangência da mostra aos deficientes visuais.

 

Há ainda uma instalação interativa, criada pelo cenógrafo Guilherme Isnard, que permite ao visitante recompor virtualmente as cartas juntando letras que estarão flutuando projetadas na sala. Outra atração é a possibilidade de levar uma carta de Mário Andrade para casa. Para isso basta deixar escrita uma carta para a produção da mostra, para os Correios ou mesmo para o escritor Mário de Andrade. A exposição é complementada por uma cronologia de Mário de Andrade e um vídeo que contextualiza aquele período para o público através de fotos de época.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Inéditos de Burle Marx

13/nov

Burle Marx

O Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe com exclusividade a  exposição “Roberto Burle Marx: a figura humana na obra em desenho”. A mostra apresenta 138 obras produzidas desde 1919 (quando o artista tinha 10 anos), até a década de 1940. São desenhos que registram cenas familiares, retratos e nus feitos sobre papel, utilizando carvão, grafite, nanquim, lápis de cor, crayon, giz de cera, canetas hidrocor e guache.  Trata-se de material inédito, parte integrante do acervo exclusivo do Sítio Roberto Burle Marx/IPHAN/MinC.

 

Enfocando estritamente as figuras humanas regionais ou familiares e suas cenas diárias, os trabalhos transitam desde o mais fino traço experimental a uma forma abstrata de retratar o ser humano. Do preto e branco a uma delicada utilização das cores, as obras demonstram o desenho acadêmico na formação de Burle Marx. A exposição é dividida em dois núcleos, no primeiro são apresentados os “Retratos” e os “Nus”, que são uma constante no acervo e no segundo, exemplares da série “Cenas de bar”, variados cenários, vistos de ângulos diferentes.

 

Para esta apresentação, no Centro Cultural Correios, acrescentaram-se 17 obras ao primeiro núcleo, predominantemente em nanquim, com o intuito de enfatizar não só o desenvolvimento de uma linguagem própria em seus desenhos, como também referências culturais ligadas á cidade do Rio de Janeiro, como o Pão de Açúcar e a vida boêmia na Lapa e adjacências nas décadas de 1930 e 1940. Duas dessas obras, por exemplo, têm o mesmo tema – pessoas sentadas ao lado de outra deitada, com paisagem ao fundo – desenhado em grafite e em nanquim, ao passo que outro par se compõe de estudos de 1938 para a sua conhecida pintura “Fuzileiro”. Curadoria: Yanara Costa Haas – Sítio Roberto Burle Marx.

 

Sobre o artista

 

Conhecido essencialmente como um dos maiores paisagistas do século XX, Roberto Burle Marx era um artista completo,  de múltiplas artes, como pintura e escultura. Visionário e fundamentalmente moderno, temos em seus desenhos a primeira expressão material como artista plástico. Chamado de “Poeta dos Jardins” por Tarsila do Amaral, Burle Marx projetava suas áreas verdes como quem pinta um quadro. O Rio de Janeiro ostenta a exuberância de seus jardins nos mais belos cartões postais como no Aterro do Flamengo, no Leme e no Outeiro da Glória. O terraço-jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema, no Centro, é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro. Burle Marx adquiriu de sua mãe, a exímia pianista e cantora pernambucana Cecília Burle, o gosto pela música e pelas plantas, e de seu pai, Wilhelm Marx, um alemão comerciante de couros, o dom artístico. Um exemplo desta herança genética encontra-se exposto através do desenho “Menino de Turbante” de autoria do senhor Wilhelm. Roberto Burle Marx morreu em 1994, com 89 anos. Além de seus trabalhos, legou ao mundo o Sítio Roberto Burle Marx, a mais preciosa parte de sua produção. São mais de três mil objetos de arte, entre eles desenhos, mobiliário, pinturas em diversos suportes (tela, tecido, madeira e cerâmica) e esculturas em vidro, madeira e cerâmica. Adquirido em 1949, tornou-se residência definitiva do artista em 1973, que, preocupado em preservar o resultado de suas pesquisas, doou, em 1985, a propriedade ao Governo Federal, que através da Fundação Pró Memória (hoje IPHAN), reconheceu o grande valor de sua obra e dispôs-se a manter o Sítio depois do desaparecimento de seu criador.

 

Até 06 de janeiro de 2013.

Luz de Pedra no MAM-Rio

12/nov

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Maria-Carmen Perlingeiro – Luz de Pedra”, com trabalhos da artista carioca que vive em Genebra, Suíça. A mostra reúne oito obras diferentes: “Dois irmãos”, “Corações”, “Solados”, “Hot Ice”, “A bela e a fera”, “Micas”, “As Horas” e “Os Cones”, cada uma delas composta por vários elementos, totalizando 79 peças. A artista retorna ao MAM 30 anos depois de sua exposição “Bicho de 7 cabeças”, realizada em 1982.

 

A exposição reúne obras produzidas nos últimos anos, várias inéditas. A curadoria é de Cristina Burlamaqui, que salienta o “caráter artesanal” das esculturas, “seu envolvimento espacial instigante, alcançado por meio da transparência das pedras esculpidas e perfuradas, numa diluição provocada pela luz”.

 

Para a historiadora e crítica de arte Lionnel Gras, que assina o texto de apresentação da exposição, o público verá um “…panorama ao mesmo tempo denso e preciso do trabalho prolífico desenvolvido há vários anos pela artista na área da escultura…Com uma coerência constante e um rigor absoluto, a artista pratica intuitiva e metodicamente seu ofício em Genebra há mais de vinte anos”.

 

Grande parte das obras é produzida em alabastro – pedra que a artista vem utilizando há bastante tempo em seu trabalho – e folha de ouro. Algumas obras têm, além desses elementos, pele de cabra. Também será apresentada uma série de trabalhos intitulada “Hot Ice”, com obras produzidas entre 2010 e 2011, em selenita e ouro. Na série “Hot Ice”, a artista fura e grava em ouro em uma alquimia de sintonia intuitiva. As peças materializam o vazio, e a luz perpassa a solidez da selenita como um Menir, monólito pré-histórico, que incorpora a escala monumental não pelo tamanho, mas pela sua translucidez, quando a peça se agiganta em uma efêmera experiência de tempo-espaço.

 

A instalação inédita “Cones”, de 2012, composta por 18 peças em alabastro, com medidas variadas, também fará parte da mostra. A exposição terá, ainda, trabalhos da série “As horas”, com esculturas feitas em alabastro e folhas de ouro que formam uma espécie de ponteiro que marca as horas.

 

A série de obras “Solado”, “estruturas que lembram pés descalços subindo os paredões crus de cimento do museu, tentando galgar o impossível”, como define Cristina Burlamaqui, estarão na entrada da exposição. Serão apresentados onze trabalhos dessa série, produzidos entre 2002 e 2012.

 

Também estarão na exposição sete painéis de acrílico, de 100cm x 70cm, com pedras Mica agrupadas. “

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, 1952, vive e trabalha em Genebra, Suíça. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduou-se na École Supérieure d’Art Visuel, onde mais tarde veio a lecionar. Na década de 1980 mudou-se para Nova York, onde estudou na Art Student’s League. Ao visitar o ateliê de Sergio Camargo em Carrara, Itália, apaixonou-se pela densidade, resistência e peso do mármore. Na década de 1990 descobriu o alabastro, em Volterra, na Toscana, cuja transparência e camadas onduladas dão origem a obras de séries como “Lunáticas”, “Montanhas” e “Piercings”.

 

Em 1996 conquistou o primeiro prêmio em concurso internacional para intervenção artística no prédio do UNI Dufour, em Genebra. Em 2000 recebeu o 1º Prêmio no concurso “Lausanne Jardins 2000”, com o projeto paisagístico “As Lanças de Uccello”. Em 2007, a editora suíça InFolio lançou um livro com textos de Ronaldo Brito e Michael Jakob, registrando a produção de Maria-Carmen desde a década de 1980.

 

Dentre as principais exposições individuais estão as mostras no Scantinatti della Pinacoteca Civica di Volterra e Artrium, em Genebra; Espace Topographie de l’art, Paris, e no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, ambas em 2007; no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 2006; Centro Cultural Banco do Brasil, em 1999; Château de Villa, Sierre, em 1991, entre outras.

 

As principais exposições coletivas são: “Réflexion forme lumière”, na Galeria Denise René Paris, este ano; a mostra no Espace Topographie de l’art, em Paris, em 2011; na Fonte de San Felice, em Volterra, em 2005; no Museo Cantonale d’Arte, Lugano Art for the World, em 2002; no MAM São Paulo, em 2001; no Musée de la Croix Rouge, em Genebra, em 2000; no Musée Rath e no Musée d’art et d’histoire, ambos em Genebra, em 1999; no Palais de l’Athénée, em Genebra, em 1991; na Escola de artes visuais, Parque Lage, e 1978; XIV Bienal  International de São Paulo, em 1977, e XIII Bienal  International de São Paulo, em 1975, entre outras.

 

De 10 de novembro de 2012 a 13 de janeiro de 2013.

Nuno Ramos na Anita Schwartz

Nuno Ramos inaugura na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “O globo da morte de tudo”. A mostra recebeu o mesmo nome de um trabalho de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, dois dos mais inventivos e múltiplos artistas da cena contemporânea, amigos e parceiros de filmes e de canções. Este trabalho ocupará todo o grande espaço térreo da galeria, com 200 metros quadrados de chão e pé direito de mais de sete metros. No segundo andar expositivo, Nuno Ramos mostrará cinco desenhos inéditos da série “Schreber”, em tinta a óleo, folhas de ouro e prata, carvão e tecido sobre papel.

 

“O globo da morte de tudo” é um projeto que vem sendo pensado há dois anos, a partir do ritual da dádiva, da oferenda, existente em sociedades primitivas. O grande salão térreo da galeria abrigará dois globos da morte, em aço, comprados de um circo, e colocados de tal forma que haverá uma interseção de cerca de 60cm entre eles, “formando um oito tombado, o símbolo do infinito”, como explica Nuno Ramos. Estes globos estarão conectados a quatro paredes de prateleiras de aço, com seis metros de altura, onde serão depositados mais de 1.500 objetos, comprados e coletados nos últimos seis meses. Esses objetos serão agrupados em quatro categorias: “Cerveja”, que conterá objetos da vida mais imediata e cotidiana; “Nanquim”, objetos associados à morte; “Porcelana”, objetos ligados ao luxo; e “Cerâmica”, ligado a coisas arcaicas e ancestrais. Cada um desses grupos será perpassado – “atravessado”, como explica Nuno –, por um líquido próprio de cada categoria: cerveja (vida imediata), tinta nanquim preta (morte), uma mistura de talco branco e água (luxo), e barro diluído (vida arcaica).

 

Algumas semanas depois da abertura da exposição, em um evento fechado ao público, dois profissionais de circo acionarão as motocicletas dentro dos globos da morte. Com o ruído provocado pelos motores e a trepidação, os objetos despencarão parcialmente das prateleiras e se espatifarão no chão. A exposição terá então dois momentos: o antes e o depois da performance das motos.

 

De 13 de novembro de 2012 a fevereiro de 2013.

Mostra de Eduardo Vieira da Cunha

09/nov

Pintor, fotógrafo, desenhista e gravador, Eduardo Vieira da Cunha realiza exposição individual que integra uma série chamada “Percurso do Artista”, Sala João Fahrion, Reitoria da UFRGS, Porto Alegre, RS. A mostra é voltada para a idéia da viagem, do deslocamento, elementos sempre presentes na obra do artista. Essa exibição marca os 30 anos de uma carreira que começou com participações e premiações em salões na década de 1980 e mostras realizadas em Nova Iorque e Paris, cidades onde residiu.

 

São 32 pinturas, oito desenhos e cinco gravuras, além de fotografias e ilustrações escolhidas em torno da idéia de metáfora de viagem produtiva. O pintor recolhe exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da viagem: sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas que ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

A viagem imaginária começa com desenhos e fotos de um navio, navegando em um mar de areia, em um lugar qualquer no litoral do Rio Grande do Sul. O artista busca através de um personagem, um homem solitário que habitava o navio e que durante o dia se dedicava à infinita tarefa de pintar de preto o casco para evitar os danos da maresia. E que à noite, descia ao porão para revelar velhos negativos fotográficos. Esse homem que esperava remete à imagem representada pela ampulheta, aquele mar de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento.

 

Do litoral desértico do Rio Grande do Sul, Eduardo Vieira da Cunha buscou na animada, iluminada e extravagante cidade de Nova York dos  anos 80 e 90 resgatar imagens de sua autoria  que ilustraram frases da coluna “Diário da Corte”, do jornalista Paulo Francis  publicadas no jornal gaúcho Zero Hora até 1997. A cidade surge ali como um objeto de desejo, contraditória, ora como um firmamento, uma galáxia, um céu radiante, ora como um inferno. Esse estado de perpétua animação e crise da cidade-ilha é refletida nos textos de Francis.

 

A palavra do artista

 

À procura de uma sombra do viajante

 

“Odeio viagens e viajantes”. Com esta frase, um negativo da viagem, Claude Lévy-Strauss se vacinava logo ao abrir o grande poema que representa “Tristes Trópicos”. Um livro do deslocamento filosófico, da filosofia em negativo. O que talvez o etnólogo odiasse mesmo era o desafio de descobrir o noturno do trópico, em vencer seus desafios, penetrar no escuro da mata e passar necessidades, sede e fome. O ganho, entretanto, era a obra em se fazendo.

 

Viagem, ficção e filosofia. Percursos.  Já que outros filósofos pareciam incólumes a tais dissabores dos viajantes, como Platão e Pitágoras, e se entregavam com prazer às deambulações da viagem didática e de compartilhamento do conhecimento, um terceiro grupo onde incluo também homens de letras se aborrecia com as viagens e o trato com o estrangeiro. Isso porque talvez eles não precisassem procurar o desafio do desconhecido. Encontravam o fascínio da viagem ali mesmo, dentro da própria cidade: Sócrates, que preferia viajar pelas ruas e as praças de Atenas. E Machado de Assis e Mario Quintana, flâneurs do Rio de Janeiro e Porto Alegre, respectivamente.

 

…Escolho exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da  viagem. Se é muito difícil tratá-los em um texto, muito mais o seria em uma singela exposição. Em todo o caso, sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

…A imagem desse homem que esperava, esperando talvez a oscilação improvável do corpo do navio enterrado na areia, começou a me perseguir em desenhos e pinturas, além das fotografias.  O emblema de Borges é a ampulheta, aquele rio de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento (da areia). Navegando na areia, o homem poderia ter como livro de cabeceira um livro de Borges com o poema Elogio das sombras: “(…) tantas coisas. Agora posso esquecê-las. Chego ao meu centro. À minha Álgebra, meu código. Ao meu espelho. Logo saberei quem sou.”

 

A fotografia é feita de reflexos, de espelhos e de sombras. Depois desse ocioso exílio do litoral desértico, passei a procurar em outras viagens, reflexos e sombras perdidos:  Busquei na animada, iluminada e extravagante Nova York do final dos  anos 80, e na Paris de matérias sombrias e opacas, cidade noturna dos flâneurs  surrealistas. Não achei nem no lado do otimismo tecnológico, nem no lado da inquietante estranheza. Por isso insisto tentando na pintura. E parafraseando Cortázar, adoto sua máxima: a obra talvez importe, mas não impede de andar.

 

 

Até maio de 2013.

Dois em Ribeirão Preto

José Carlos Machado

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta as exposições de José Carlos Machado e Guto Lacaz. Os dois projetos são divididos em salas distintas: na sala 01 as esculturas produzidas desde a década de 80 por José Carlos Machado, cujos trabalhos são construídos em madeira, ferro, metal, imã e água. Em seus trabalhos há “… uma busca pela instabilidade do objeto, seja construindo peças onde o ponto de equilíbrio é a sutil ação de repulsa entre duas peças, seja pelo momento onde a água quase transborda de um espaço de contenção. As peças mantêm uma perspectiva formal que é desestabilizada pelos possíveis campos de energia”. Na sala 02, a galeria apresenta o recente trabalho de Guto Lacaz, que consiste em livros de sua biblioteca pessoal abertos em páginas onde aparecem personagens que são ícones das artes visuais e da ciência como Marcel Duchamp, Nam June Paik, Tesla e Rodchenko; neles são construídos mecanismos analógicos que ativam ações específicas em cada obra.

 

Sobre os artistas

 

José Carlos Machado vive e trabalha em São Paulo, SP. Graduado em arquitetura pela FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP. Participou de diversas exposições coletivas a partir da década de 80 como o Projeto Macunaína, 19ª Bienal Internacional de São Paulo e outras.

 

Guto Lacaz vive e trabalha em São Paulo, SP. Graduado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos. Desde os anos 70 participa de exposição e bienais em diversas partes do mundo.

 

De 09 de novembro a 01 de dezembro.

 

Jaildo Marinho na Pinakotheke Cultural

29/out

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique”, com obras produzidas nos últimos dez anos pelo artista nascido em Pernambuco, em 1970, e radicado na França desde 1993. A curadoria é de Max Perlingeiro. “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique” foi apresentada em Paris, de março a junho deste ano, na Maison da América Latina, com curadoria do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do diretor da Pinakotheke Cultural, Max Perlingeiro.

 

Serão apresentadas 39 obras, dentre pinturas e esculturas, produzidas entre 2002 e 2012, algumas inéditas. Jaildo Marinho faz um permanente diálogo com o construtivismo. Suas esculturas, em mármore branco de Carrara e de Thassos, têm formas geométricas, algumas com a utilização da cor em tinta acrílica. As pinturas são em tinta acrílica sobre madeira e fio de algodão.

 

Na abertura da exposição será lançado um livro com a qualidade que marca a Editora Pinakotheke, com 157 páginas, trilíngue (português/inglês/francês), com textos do poeta Lêdo Ivo, do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do jornalista e escritor Mario Hélio Gomes, além do registro fotográfico das esculturas e pinturas realizadas nos últimos quinze anos.

 

Sobre o artista

 

Jaildo Marinho teve sua formação artística na Universidade Federal de Pernambuco.Viajou para Paris em 1993, onde trabalha e vive com a família. Em 1999, iniciou um trabalho como professor no ateliê de escultura e fundição da ADAC Ville de Paris. Na França, conheceu Carmelo ArdenQuin e passou a fazer parte do Grupo MADI. O reconhecimento pelo seu trabalho veio com o titulo de cidadão parisiense concedido pelo Governo francês em 2008.

 

Realizou exposições individuais nos seguintes espaços: Hungarian Academy of Sciences – Centre for Regional Studies, 2010; Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Galeria Manuel Bandeira – ABL, Rio de Janeiro, 2008; Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, Brasília, DF, 2007; Palais Omnisports de Paris Bercy, Paris, 2006; Casa do Brasil,  Espanha, Bibliothèque Historique de la Ville de Paris, ambas em 2004; Centre Culturel Franco-Brésilien, 1999 e 2003 e Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, 2002, entre outras.

 

As principais exposições coletivas foram no Musée d’Art et d’Histoire de la Ville de Cholet, França, Palais de Glacê, Buenos Aires, em 2011; Castel  dell’Ovo, Itália, 2010;  Conservatoire des Arts Plastiques de Montigny-le-Bretonneux e no Grand Palais, Maison de L’Amérique Latine, França; Spazio Arte Pisanello, Itália, 2008; Satoru Sato Art Museum, Japão, 2007; Moscow Museum of Contemporary Art, Moscou; Ludwig Museum,  Alemanha, Fondation Nationale des Arts Graphiques et Plastiques, França, em 2001, entre outros.

 

Recebeu os seguintes prêmios: Medalha de Ouro do Festival Internacional de Mahares, Tunísa, em 1995, e 3º Prêmio em escultura da Bienal de Malta, em 1999.

 

De 30 de outubro a 08 de dezembro.