JOAQUIM TORRES-GARCIA (1874 , Montevidéu, Uruguai - Montevidéu, Uruguai, 1949)

BIOGRAFIA:

Pintor, desenhista e muralista. Estudou desenho na Escola Noturna de Artes e Ofícios de Mataró, Uruguai. Em 1892 transferiu residência para Barcelona, Espanha, onde em 1894 freqüentou a Academia Baixas. Por volta de 1900 passou a colaborar para revistas como desenhista, trabalho que desenvolveu durante muitos anos. Viveu em diversas cidades européias, como Paris, Gênova e Madri. Entre 1920 e 1922 estabeleceu-se em Nova York. Em 1934 retornou definitivamente a Montevidéu. Em 1938 realizou o “Monumento Cósmico”, no Parque Rodó, e no ano seguinte publicou o livro “Historia de mi vida”. Em 1944 recebeu do governo do Uruguai o Grande Prêmio Nacional de Pintura. Em 1994, a Bienal de São Paulo apresentou uma retrospectiva de sua obra de 1917 a 1948. Em 1996, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, inaugurou a exposição “A Vanguarda no Uruguai: Barradas e Torres-García”. Segundo Angel Kalenberg, “a coerência interna na pintura de Torres-García é tão poderosa como poderosas são as dúvidas que assaltam sua obra escrita. Todos os elementos plásticos que utiliza vão encontrando um sentido que lhes parecia estar predestinado. (...) Muitas de suas pinturas estão construídas à maneira das estruturas construtivas das muralhas incas de Cuzco e das paredes e muros de Macchu Picchu. De um modo orgânico, sensível. (As pedras incaicas, já se afirmou, reproduziriam formas em barro.) Retângulos desiguais (a pedra de 12 ângulos), superpostos assimetricamente (como entre os construtores incas), separados por uma espessa linha negra, no lugar da argamassa, que os incas não empregavam. Como nas pirâmides astecas, esses retângulos contêm seu alfabeto pictográfico, seus logogramas, para empregar uma feliz expressão de Bayón. Mas se negam à profundidade. Torres-García dá, em contrapartida, a sombra das incisões, evitando o claro-escuro. Por isto, seus quadros, sobretudo os pintados em branco, preto e cinzento, traduzem melhor sua concepção e estabelecem a medida de uma arte construtiva: assemelham-se a pedras gravadas. E suas pedras gravadas, a exemplo do Monumento Cósmico - a mais importante escultura de seu tempo, na América - são, na verdade, versões monumentais do que poderia ter sido um de seus quadros.” Para Wilson Coutinho, “o rigor geométrico de Torres-García, aberto para outras camadas simbólicas e, por isso, chamado de ‘geometria sensível’, acabou por marcar profundamente a arte latino-americana.” Em 2012, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, realizou retrospectiva em sua sede, exibindo obras do acervo da Fundación Torres-Garcia, Montevidéu.

REFERÊNCIA:

América Latina: Geometria sensível, Edições Jornal do Brasil, 1978, coord. Roberto Pontual; Artes plásticas na América Latina: do transe ao transitório, Civilização Brasileira, 1979, de Frederico Morais; Torres-García, MASP, 1979, texto de Pietro Maria Bardi; The Museum of Modern Art, catálogo, New York, 2.ª edição 1985, vários autores; Forma e percepção estética: textos escolhidos II, Edusp, 1996, de Mário Pedrosa, org. Otília Arantes; Arte na América Latina, Cosac & Naify, 1997, de Dawn Ades; Colecção Berardo, Centro Cultural de Belém, 2000; Twentieth-Century Art of Latin America, University of Texas Press, Austin, USA, de Jacqueline Barnitz, 2001.

Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin/Renato Rosa