RUBEM VALENTIM (1922, Salvador, BA - 1991, São Paulo, SP)

BIOGRAFIA:

Formou-se em Odontologia, área que abandonou para dedicar-se à pintura em 1948. Em 1957 transferiu-se para o Rio de Janeiro. Em 1962 conquistou o prêmio de viagem à Europa no Salão Nacional de Arte Moderna e pequena medalha de ouro no Salão Paulista de Arte Moderna. Então viajou para a Europa: Inglaterra, França, Holanda, Bélgica, Alemanha, Áustria, Espanha, Portugal e Itália. Residiu em Roma de 1964 a 1966, quando voltou para o Brasil. Participou da Bienal de Veneza e diversas vezes da Bienal de São Paulo (de 1955 a 1998, prêmio de aquisição em 1967 e 1973, sala especial em 1998). Em 1994, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, montou uma grande retrospectiva de sua obra. Em longo texto que escreveu para o catálogo/livro dessa exposição, Frederico Morais aponta com lucidez o caráter inovador da obra de Rubem Valentim: "Valentim chegou em certos momentos de sua arte à pureza do design, porém na correta interpretação que Lúcio Costa deu ao termo: riscadura brasileira. Um design caboclo, brasileiro, latino-americano. (...) Enfim, o que ele quis foi projetar/desenhar um Brasil que não se envergonhasse de sua cor, de seu caráter mestiço e mulato, da generosidade e ludicidade de seu povo, de sua capacidade de arriscar aquilo que é seu, seu próprio destino." Recentemente, sua obra foi objeto de salas especiais (1996, Bienal de São Paulo; 1998, Parque de Esculturas do Museu de Arte Moderna da Bahia) e de duas novas retrospectivas: Pinacoteca do Estado de São Paulo (2001) e Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (2002).

 

Considerando a qualidade e força expressiva da obra do artista, sua obra ressurge com força em exibição retrospectiva no MASP, São Paulo, SP. Artista ímpar na cultura brasileira, sua obra é vista em revisão de sua totalidade significativa seja na abordagem religiosa, estética, ética e política. "Um dos importantes aspectos negligenciados pela história canônica da arte brasileira diz respeito a um entendimento político da obra de Rubem Valentim. Para isso contribuiu a insistência em enquadrá-lo, um tanto que à força, no contexto das correntes construtivas canônicas, forjadas no chamado eixo Rio-São Paulo, apartando das reflexões os sentidos religioso, espiritual e social, portanto político, que são parte integrante da conformação de seus trabalhos e de sua vida como artista. Há também um certo descaso com o próprio discurso de Valentim, sua militância por uma arte brasileira e popular, ideias que divulgava regularmente em seus textos e nas entrevistas que concedia à imprensa", afirma Fernando Oliva, curador da exposição “Rubem Valentim: Construções afro-atlânticas", retrospectiva do artista realizada no MASP, São Paulo, entre novembro de 2018 e março de 2019.

 

REFERÊNCIA:

Cinco mestres brasileiros: pintores construtivistas (Kosmos, 1977), de Roberto Pontual; O Brasil por seus artistas (MEC, 1979), de Walmir Ayala; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Dacoleção: os caminhos da arte brasileira (Júlio Bogoricin Imóveis, 1986), Rubem Valentim: construção e símbolo (CCBB, 1994) e Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Arte construtiva no Brasil: coleção Adolpho Leirner (DBA, 1998), coordenação editorial de Aracy Amaral; Os primórdios da arte moderna na Bahia (Museu de Arte Moderna da Bahia, 1998), de Sante Scaldaferri; Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes (4 Estações, 1998), de Olívio Tavares de Araújo; Tridimensionalidade: arte brasileira do século XX (2. ed. revista e ampliada Itaú Cultural/Cosac & Naify, 1999), de Annateresa Fabris, Fernando Cocchiarale e outros; Textos sobre arte (Museu de Arte Moderna da Bahia, 2000), de Almandrade; Rubem Valentim: o artista da luz (Pinacoteca, 2001), organização de Bené Fonteles e Wagner Barja; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; O olhar amoroso (Momesso, 2002), de Olívio Tavares de Araújo.

Texto: Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin/Renato Rosa