CÂNDIDO TORQUATO PORTINARI (1903, Brodowski, SP - 1962, Rio de Janeiro, RJ)

BIOGRAFIA:

Em 1918, chegou ao Rio de Janeiro, onde ingressou na Escola Nacional de Belas Artes. Na Escola teve como professores Lucílio de Albuquerque, Rodolfo Amoedo e Batista da Costa. Em 1922, participou pela primeira vez do Salão Nacional de Belas Artes, no qual conquistou o prêmio de viagem à Europa em 1928. Fixou-se então em Paris, visitando Itália, Inglaterra e Espanha. Retornou ao Brasil em 1930. Em 1936, iniciou os trabalhos para o Ministério da Educação e Saúde, afrescos e painéis de azulejo que concluiu em 1945. Ainda em 1936, lecionou pintura mural no Instituto de Arte da Universidade do então Distrito Federal. Em 1939, inaugurou exposição retrospectiva de seus trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes. Ainda em 1939, realizou os painéis para a Exposição da Feira Mundial de Nova York. Em 1940, exposição individual no MoMA e, no ano seguinte, executou os painéis para a Biblioteca do Congresso, em Washington. A exposição na Galerie Charpentier, em Paris, 1946, consagrou-o. Foi quando recebeu do Governo Francês a Legião de Honra e conquistou a crítica francesa: René Huyghe, Germain Bazin, Jean Cassou, Michel Floorissone, entre outros. De 1944 data a dramática série Retirantes. Em 1944 e 1945, realizou painel de azulejos sobre a vida de São Francisco de Assis e a Via Sacra para a igreja da Pampulha. Em 1948 e 1949, os murais Primeira Missa no Brasil, para o Banco Boavista, e Tiradentes, para o Colégio de Cataguases, em Minas Gerais. Participou da XXV Bienal de Veneza, em 1950. Em 1956, viajou para Israel, onde reeditou, nas palavras de Guilherme Figueiredo, “a imensa aventura de pintar uma pátria”, ao retratar a saga judaica. 1957 foi o ano dos famosos murais Guerra e Paz, para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Foram diversos prêmios conquistados, entre eles a menção honrosa na Exposição Internacional do Instituto Carnegie (Nova York, 1935), atribuída à tela Café (1934), hoje pertencente ao acervo do Museu Nacional de Belas Artes; o Internacional da Paz, concedido pelo painel Tiradentes (Varsóvia, Polônia, 1950); e o de melhor pintor do ano do International Fine Arts Council (Nova York, 1955). Em 1959 e 1960, ilustrou obras de Graham Greene e André Maurois para as prestigiosas edições Gallimard, em Paris. Seu percurso expositivo pelo mundo é seguramente um dos mais vastos da arte brasileira. Entre as diversas exposições realizadas após a sua morte, cumpre destacar a de 1970, no Museu de Arte de São Paulo, Cem Obras-Primas de Portinari, retrospectiva das diversas fases do artista. No livro que publicou sobre Portinari, escreveu Antonio Callado: “Não haverá artista que não viva a vida inteira sob o signo da infância. Mas no caso de Portinari, com todo seu êxito mundial (...) e a influência de seu nome no Brasil, com seu sucesso artístico e financeiro, com todos os sinais externos de uma vida de triunfos, dessas vidas que podem ser vividas exclusivamente no presente, com tudo isso viveu apaixonadamente voltado para as nuvens brancas do céu alto de Brodowski.”

REFERÊNCIA:

Portinari: his life and art (Universidade de Chicago, 1940), textos de Rockwell Kent e Josias Leão; Mestres da pintura no Brasil (Francisco Alves, 1950), de Francisco Acquarone; Origens e fins (Casa do Estudante do Brasil, 1953), de Otto Maria Carpeaux; Retrato de Portinari (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1956, 2. ed. Paz e Terra, 1978), de Antonio Callado; Israel: disegni di Candido Portinari (Harry N. Abrams/Guanabara Koogan, 1957), textos de Eugenio Luraghi e Arie Aroch; A cultura brasileira (3.ª ed. Melhoramentos, v. 2, 1958), de Fernando de Azevedo; Vida, forma e cor (José Olympio, 1962), de Gilberto Freyre; Exposição de arte: temas gerais e artes plásticas no Brasil (Tempo Brasileiro, 1965), de José Paulo Moreira da Fonseca; A infância de Portinari (Bloch, 1966), de Mário Filho; Cadeira de balanço (José Olympio, 1966, p. 135-7), Discurso de primavera e algumas sombras (José Olympio, 1977, p. 38) e O observador no escritório (Record, 1985, p. 14, 26 e 186), de Carlos Drummond de Andrade; Colóquio unilateralmente sentimental (Record, 1968), de Manuel Bandeira; Gentíssima (Record, 1968), de Maria Ignez Corrêa da Costa; O nariz do morto (JCM, 1970, p. 118) e Degustação (José Olympio, 1994), de Antonio Carlos Villaça; Portinari (Brunner, 1972), de Luís Martins e Antonio Bento; D. Quixote: Cervantes/Portinari/Drummond (Diagraphis, 1972); Candido Portinari (Editora Três, 1974), de Marcos Moreira; De Anita ao museu (Perspectiva, 1976), de Paulo Mendes de Almeida; Pintura moderna brasileira (Record, 1978), de José Roberto Teixeira Leite; O Modernismo no Brasil (Sudameris, 1978), de P. M. Bardi; Portinari: o menino de Brodósqui (Livroarte, 1979, 2. ed. O Boticário, 2001), de Candido Portinari; O Brasil por seus artistas (MEC, 1979) e Arte brasileira (Colorama, 1985), de Walmir Ayala; Brasil: festa popular (Livroarte, 1980), de Cáscia Frade e outros; Portinari (Léo Christiano, 1980, 2.ª ed. revista e ampliada, 2003), de Antonio Bento; Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília (Perspectiva, 1981), de Mário Pedrosa; Arte sacra de Portinari (Alumbramento, 1982), de Alceu Amoroso Lima; A querela do Brasil: a questão da identidade da arte brasileira: a obra de Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari: 1922-1945 (Funarte, 1982; 2.ª edição Relume Dumará, 1997), de Carlos Zilio; Nordeste histórico e monumental (Odebrecht, v. 1 e 3, 1982 e 1983), de Clarival do Prado Valladares; O político Candido Torquato Portinari (Edições Populares, 1983), de João Batista Berardo; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Seis décadas de arte moderna na coleção Roberto Marinho (Pinakotheke, 1985), texto sobre Portinari de autoria de Cláudio Valério Teixeira; Chão da vida (Léo Christiano, 1985), de Jayme de Barros; Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand (JB, 1987), de Roberto Pontual; Dacoleção: os caminhos da arte brasileira (Júlio Bogoricin Imóveis, 1986), Azulejaria contemporânea no Brasil (Editoração Publicações e Comunicações Ltda, 1988) e Monumentos urbanos: obras de arte na cidade do Rio de Janeiro (Prêmio, 1999), de Frederico Morais; 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; Museus Castro Maya (Agir/Banco Boavista, 1994); Portinari, amico mio: cartas de Mário de Andrade a Candido Portinari (Mercado de Letras, 1995), organização, introdução e notas de Annateresa Fabris; Portinari, pintor social (Perspectiva/Edusp, 1990) e Candido Portinari (Edusp, 1996), de Annateresa Fabris; Imagens negociadas (Companhia das Letras, 1996), de Sergio Miceli; Arte na América Latina (Cosac & Naify, 1997), de Dawn Ades; Candido Portinari (Grupo Velox, 1997), texto de Antonio Callado; Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III (Edusp, 1998), de Mário Pedrosa, organização de Otília Arantes; Pintura brasileira do século XX: trajetórias relevantes (4 Estações, 1998), de Olívio Tavares de Araújo; Portinari devora Hans Staden (Terceiro Nome, 1998); Pintura latinoamericana (Fundação Finambrás, 1999), textos de Aracy Amaral, Roberto Amigo e outros; Arte internacional brasileira (Lemos, 1999), de Tadeu Chiarelli; Coleção Aldo Franco (Pinakotheke, 2000), de Jacob Klintowitz; Arte brasileira na Coleção Fadel: da inquietação do moderno à autonomia da linguagem (A. Jakobsson, 2002), de Paulo Herkenhoff; O olhar amoroso (Momesso, 2002), de Olívio Tavares de Araújo; Candido Portinari: pinturas e desenhos (Pinakotheke, 2002); A milésima segunda noite da Avenida Paulista (Companhia das Letras, 2003), de Joel Silveira; Portinari: o pintor do Brasil (Boitempo, 2003), de Marília Balbi; O olhar modernista de JK (MAB/FAAP, 2004), organização de Denise Mattar; Candido Portinari: catálogo raisonné (Projeto Portinari/Petrobras, 2004).

Texto: Bolsa de Arte/André Seffrin