RAYMUNDO FELICÍSSIMO COLARES (1944, Grão Mogol, MG - 1986, Montes Claros, MG)

BIOGRAFIA:

Pintor e desenhista autodidata, iniciou-se em arte em sua cidade natal. Com bolsa de estudos da SUDENE, estudou em Salvador na Escola de Engenharia. Transferiu residência para o Rio de Janeiro em 1965, onde trabalhou como desenhista de letras, guia turístico e publicitário. Em 1966 estuda na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; conhece os artistas Hélio Oiticica e Antônio Manuel, dos quais torna-se amigo. Abandona a Escola de Belas Artes em 1967. Frequenta o Ateliê Livre de Ivan Serpa. Participa de exposições coletivas como a “Nova Objetividade Brasileira”, MAM- Rio e Salão Esso de Artistas Jovens, no qual recebe o segundo prêmio em pintura. A partir de 1968 produz a série de “Gibis”, álbuns montados com recortes de papéis coloridos através dos quais explorava as cores e as dobraduras dos papéis; essas obras exigiam a participação do público. Passa a lecionar, em 1969, no Ateliê Livre do MAM – Rio, recebe o primeiro prêmio em pintura no I Salão do Transporte, Rio, RJ e realiza sua primeira exposição individual na Galeria do Copacabana Palace. Realiza exposição individual em Washington. Em 1970 recebe o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão Nacional de Arte Moderna e viaja para Nova Iorque, Trento e Milão. Em 1971, participa da exposição coletiva “Arte/Brasil/50 anos/Depois/Hoje”, organizada pelo crítico Roberto Pontual que assim referia-se naquela ocasião: “...O trabalho de Colares firmou-se desde logo através da apreensão, pela pintura, de uma estreita faixa da iconografia urbana contemporânea, com seus apelos a toda uma escala de novas visualidades. Há, nele, a exigência de manter-se explicitamente coerente em torno do tema central: a interpenetração dos ritmos visuais que sintetizam os movimentos de veículos automóveis no trânsito de uma cidade grande, expulsando por completo não só a presença do ser humano, bem como, mais recentemente, a própria figuração da realidade exterior ao quadro...”. Voltando ao Brasil passa a residir em Montes Claros, MG, e a partir de 1981, reside em Teresópolis, RJ. Retorna como professor do ateliê do MAM- Rio. Em 1983 sua obra é reunida em uma retrospectiva e neste ano volta a lecionar no Ateliê do MAM - Rio. È de Roberto Pontual em 1987, mais um comentário objetivo sobre a obra e a pessoa de Raimundo Colares em “Entre Dois Séculos – Arte Brasileira do Século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand”: “...Após os primeiros trabalhos em superfície plana, buscou também saída consequente no espaço tridimensional, através de algumas pinturas sobre chapas de alumínio, à feição de verdadeiros retalhos comentados de carrocerias. O lado criticamente “industrial” de sua obra se fazia então mais do que nunca nítido na limpa e perfeita emulsão da tinta sobre o suporte....Tudo, neles, entrava na suspensão do sufocamento, tal como o próprio artista passara a conhecer depois de deixar Minas pelo mundo. Sufocamento que, no seu caso pessoal, se acentuou ao extremo e terminou por ajudar a cortar-lhe a vida muito antes do tempo...É verdade que, quando ele se foi de vez, a sua obra já andava meio parada, presa aos próprios modelos que havia instaurado para si nos poucos anos de exercício mais profícuo, entre 1967 e o início da década de 70. Os Gibis – livros de pura visualidade, com recortes precisos nas páginas armando planos/cores de equilíbrio e surpresa sempre renovados – e alguns trabalhos com dobraduras muito simples de papéis em branco, caminhando para a dimensão da escultura, completaram o seu percurso criador. Tudo até por volta de 1978, antes de um vasto silêncio paralisante o pusesse à margem como quem prefere ouvir soar calado a hora”. Seu nome recebeu ao longo do tempo diversas grafias: Raymundo Collares; Raimundo Collares; até que fixou-se como Raymundo Colares.

REFERÊNCIA:

PONTUAL, ROBERTO, “Dicionário das Plásticas no Brasil”, Editora Civilização Brasileira, 1969; Pontual, ROBERTO, “Arte/Brasil/50 Anos Depois/Hoje”, edição Collectio, 1973; PONTUAL, ROBERTO, “Entre Dois Séculos – Arte Brasileira do Século XX na Coleção Gilberto Chateaubriand”, Editora JB, 1987; Site Itaú Cultural; SEFRIN, ANDRÉ, catálogo Bolsa de Arte, 2007. Jessica Morgan and Flavia Frigeri, The ey Exhibition - "The World Goes POP", Tate Publishing, London, England, 2015

Texto: Bolsa de Arte/Renato Rosa