Mestre Didi no Inhotim

26/mai

A exposição temporária “Mestre Didi – os iniciados no mistério não morrem” chega à Galeria Praça a partir do dia 27 de maio, com curadoria de Igor Simões, curador convidado, e da equipe curatorial do Inhotim, MG. A exibição de cerca de 30 obras da coleção do Instituto Inhotim de Deoscóredes Maximiliano do Santos (1917-2013), o Mestre Didi, faz parte do Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra e apresenta ao público o universo múltiplo onde as atividades de artista, intelectual e liderança religiosa no Candomblé se encontram.

As esculturas expostas utilizam fibras de dendezeiro, búzios, contas, sementes, tiras de couro e outros símbolos que remetem às tradições iorubá. Além de artista, Mestre Didi foi sacerdote supremo do culto aos ancestrais Egungun e fundou, nos anos 1980, a Sociedade Religiosa e Cultural Ilê Asipá, em Salvador, BA. A mostra busca compreender as diversas vivências de sua trajetória, da intelectualidade ao sagrado, sempre em diálogo com as experiências afro-diaspóricas.

Integram ainda a exposição trabalhos de Rubem Valentim, Ayrson Heráclito e comissionamentos do Ilê Asipá. As inaugurações na Galeria Praça de 2023 são patrocinadas pela Shell, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Sobre o artista

Deoscóredes Maximiliano dos Santos (Salvador, Bahia, 1917-2013), mais conhecido como Mestre Didi, foi um sacerdote-artista, filho de Arsênio dos Santos, um grande alfaiate baiano, e de Maria Bibiana do Espírito Santo, conhecida como Mãe Senhora por seu papel de Ialorixá no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, em Salvador. Didi começou ainda na infância a executar objetos rituais associados ao Candomblé, mantendo essa prática ao longo de toda sua vida. Ao mesmo tempo, iniciou-se na religião aos oito anos de idade, aprofundando-se no culto aos Egunguns (ou Ancestrais), parte essencial da cultura nagô de origem iorubana. Em suas peças, fibras do dendezeiro, contas, búzios, tiras de couro, emblemas dos orixás Nanã, Obaluayê, e Oxumarê, reapresentados no campo semântico da arte e, como tal, esgarçando práticas que nem sempre cabem na palavra. Entre a década de 40 e 90, Mestre Didi se posiciona como um intelectual afro-atlântico, e em sua produção estarão presentes traduções do Iorubá para o português, autos coreográficos, contos e escritos que o posicionam como figura incontornável na guarda e na difusão dos saberes da diáspora africana, não apenas no Brasil, como entre as Américas e Europa. Em 1966, viajou para a África Ocidental para realizar pesquisas comparativas entre Brasil e África, contratado pela Unesco. Em 1980, fundou e presidiu a Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Asipá do culto aos ancestrais Egun, em Salvador. Foi coordenador do Conselho Religioso do Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira, representando no país a Conferência Internacional da Tradição dos Orixás e Cultura. Mestre Didi realizou importantes mostras individuais e coletivas em instituições como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Afro Brasil Emanoel Araújo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu Oscar Niemeyer, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Histórico Nacional e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, além de participar na Bienal da Bahia e na 23ª Bienal de São Paulo. No exterior, expôs em Valência, Milão, Frankfurt, Londres, Paris, Acra, Dacar, Miami, Nova York e Washington. Seus trabalhos figuram em coleções de destaque, incluindo Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte Moderna de São Paulo, e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Instalações e obras de Marcos Scorzelli

25/mai

O Museu Chácara do Céu apresenta a partir de 03 de junho, sábado, a exposição “Scorzelli Megabichos”, do designer e artista plástico Marcos Scorzelli. A mostra exibirá cerca de 15 instalações, em chapas de aço que ficarão expostas ao ar livre, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, e que faz parte dos Museus Castro Maya.

A exposição – que foi recorde de público durante a sua temporada em 2019 no Museu do Açude, no Alto da Boa Vista – desta vez reúne os “Megabichos”, alguns inéditos, nos jardins do Museu Chácara do Céu. A mostra conta com girafas de 3,0m de altura e uma família de preguiças alocadas nas árvores. O jardim também receberá coelho, elefante e um mandacaru, da flora brasileira. Um polvo gigante instalado no espelho d’água, além dos outros bichos que irão estimular o lúdico nas crianças e em toda a família. Outra novidade é a instalação no telhado do museu de uma preguiça laranja com cabeça e garras gigantes, dando as boas-vindas aos visitantes. Esta é a primeira vez que é feita uma intervenção artística no telhado do equipamento cultural.

“Eu levava meus filhos quando eram pequenos para visitar o Museu Castro Maya. Mas foi em 2011, quando a minha filha mais nova tinha 6 anos, que eu sonhei com essa exposição. Eu tirei uma foto dela correndo nos jardins e fiz uma montagem com os bichos enormes ocupando a área externa, porque nessa época os bichos só existiam no papel. Os volumes simples e geométricos da casa dialogam com as minhas esculturas geométricas e minimalistas. Quando um amigo me mandou uma aquarela de Debret com uma preguiça, eu tive a ideia de colocar uma preguiça gigante descendo o telhado da casa”, declara Marcos Scorzelli.

Todas as instalações estarão à venda em diferentes tamanhos.

Sobre Scorzelli Megabichos    

“A aparente simplicidade da transformação de uma forma geométrica plana em um volume espacial complexo, travestido de figuras de bichos coloridos, dinâmicos e cheios de personalidade, vai certamente encantar o público”.

Anna Paola Baptista, diretora dos Museus Castro Maya.

“Por sua situação, o Museu “naturalmente” provoca a reflexão sobre a relação entre o construído e o natural, o tempo histórico e o atemporal, o artefato e o-que-nasce-feito. É exatamente o que discute a exposição de Scorzelli, vocalizando e ampliando a proposta silente do Museu! Sua fauna geométrica é uma provocante reflexão sobre os mesmos temas: quando a linha se torna natureza? Como formas abstratas ganham movimento e pele, pelo, escamas, ventosas? De que modo o bidimensional abstrato alcança o tridimensional concreto? Sua geometria grávida de cores e formas é um convite, uma provocação, uma surpresa…a “cara” da cidade que se destaca por sua “paisagem cultural”! A exposição é, assim, um convite a pensar a cidade, o Museu e, sobretudo, a relação entre o homem e a natureza, da maneira mais inclusiva possível: cada forma, cada cor, cada linha é a porta de entrada, uma janela aberta para outras formas, outras cores, outras linhas.”

Guto Nobre, escritor.

Sobre o artista

Marcos Scorzelli é carioca, formado em design pela PUC Rio e começou a carreira inovando em projetos de arquitetura como designer de interiores corporativo e de cenografia. Fotógrafo amador é apaixonado pelo Rio. Desenvolveu sua linguagem vivenciando a natureza e explorando todos os cantos de sua cidade. Marcos finalmente tirou os bichos do papel para o aço, utilizando sua experiência com geometria e computação gráfica. A ideia era transformá-los em esculturas. O fundamental era não perder o conceito, não haver perda de material, sem solda ou recortes. A partir de formas geométricas simples com alguns cortes, vincos e movimentos precisos chega-se a uma forma tridimensional, curiosa e vibrante.

Sobre o Museu Chácara do Céu:

O Museu Chácara do Céu, integrante dos Museus Castro Maya Ibram/MinC, exibe coleções de arte de diversos períodos, e de diferentes origens, livros raros, mobiliário e artes decorativas, distribuídas em uma casa com três pavimentos. A casa em Santa Teresa, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, foi herdada por Castro Maya em 1936. Foi demolida em 1954 e em seu lugar o arquiteto Wladimir Alves de Souza projetou uma residência com características modernas integrada aos jardins que permitem uma magnífica vista da cidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara. A cooperação com Roberto Burle Marx está presente, apesar de este não constituir um projeto assinado pelo paisagista.

Os Três Franciscos

O Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS.SP), Luz, São Paulo (ao lado da
estação Tiradentes do Metrô), uma instituição da Secretaria da Cultura e
Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura a exposição “Fé, Engenho
e Arte – Os Três FRANCISCOS: mestres escultores na capitania das Minas do
ouro”, sob curadoria de Fabio Magalhães e museografia de Haron Cohen, onde
exibe – até 30 de julho – 65 obras dos mestres do barroco brasileiro: Antônio
Francisco Lisboa (Aleijadinho), Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier De
Brito. Na mostra, com abertura no dia 27 de maio às 11hs, o MAS.SP
homenageia os expoentes das expressões barroca e rococó no Brasil, do século
XVIII, além de estabelecer um paralelo entre as obras desses três artistas que se
faz fundamental para a compreensão e apreciação da Arte Sacra Barroca
Brasileira. A exposição destaca esculturas e talhas, oferecendo ao público uma
experiência imersiva e enriquecedora.

Sobre os artistas
Antonio Francisco Lisboa (Aleijadinho) (1738 – 1814) – Nascido em Vila Rica
(atual Ouro Preto), é considerado um dos maiores expoentes da arte barroca no
Brasil. Pouco se sabe, com certeza sobre sua biografia, e sua trajetória é
reconstituída através das obras que deixou. Toda sua obra, entre talhas, projetos
arquitetônicos, relevos e estatuária, foi realizada em Minas Gerais. Sua
produção artística, apesar das limitações físicas decorrentes de uma doença
degenerativa, é notável pela expressividade e dos detalhes minuciosos.
Aleijadinho é conhecido principalmente por suas esculturas, com destaque para
os profetas do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do
Campo, e os doze apóstolos de Ouro Preto.

Francisco Vieira Servas (1720 – 1811) – escultor e entalhador português,
nascido em Eidra Vedra, foi um dos principais representantes da talha e do
barroco mineiro, deixando uma importante marca na Arte Sacra. Sua habilidade
técnica e a fusão de influências europeias com a sensibilidade local resultaram
em obras de grande beleza e expressividade. Suas esculturas revelam uma
devoção religiosa profunda, retratando santos, anjos e cenas bíblicas em
madeira e pedra.

Francisco Xavier de Brito (? – 1751) – entalhador e escultor português, com
local de nascimento desconhecido, foi responsável por importantes talhas de
igrejas do barroco mineiro. Ele contribuiu de maneira significativa para a Arte
Sacra Barroca Brasileira. Suas habilidades na arquitetura e no entalhe
complementam a exposição, apresentando ao público obras detalhadas e
distintas.

A visão do arquiteto
A materialização das linhas de um projeto expositivo em uma mostra de arte é
um desafio vencido a quatro mãos. Nele estão inseridos o conceito curatorial
que define as obras a serem exibidas e a forma, juntamente com a história, que
será contada de forma visual. É a memória que fica gravada na mente de quem
a vê. No conceito pensado por Haron Cohen para “Fé, Engenho e Arte – Os
Três FRANCISCOS: mestres escultores na capitanias das Minas do ouro”, o
primeiro espaço é uma sala branca onde, uma simulação do adro de Congonhas
do Campo reproduz com fidelidade, nas devidas proporções, a localização
original dos 12 Profetas criados por Aleijadinho. É um instante que sugere
calma.
Uma vez que o projeto concebido por Haron Cohen se propôs a criar uma Ouro
Preto dramática, com representações de desníveis, ladeiras e praças,
características do local. O toque diferenciado vem da idealização de um novo
conceito de “altar”. Como os três mestres viveram na mesma cidade, as suas
ruas se transformaram em altares para seus santos. Superfícies brancas
simulando ruas, com focos de luz para dar destaque ao etéreo, sugerindo
enlevação: “eu crio uma Ouro Preto cheia de ruas e de altos e baixos”, explica o
arquiteto.
Adentrar a sala principal oferece a dramaticidade proposta uma vez que o
caminho se inicia pela parte lateral de um “altar”, em formato longitudinal,
permitido pelo desenho do espaço expositivo. Ao seguir as ruas e desníveis da
cidade apresentada e acompanhar as 55 obras presentes, tem-se ao fundo, o
“Painel das 1000 cruzes”, com destaque para as de cor branca sobre um azul
denso que remete ao tom do céu de Ouro Preto, representando ascensão e
queda, por seu ângulo e direcionamento.
Na sequência, o espaço em vermelho e carmim, exibe peças não menos
representativas da Arte Barroca, dos mestres portugueses Francisco Vieira
Servas e Francisco Xavier de Brito, na mesma Ouro Preto de ladeiras e curvas,
onde viveram grande parte de suas vidas.

Um pouco da história
No período que abrange os séculos XVIII e XIX, período da ascensão e
declínio da mineração aurífera na Capitania das Minas de Ouro, diversos
arquitetos, entalhadores, escultores e pintores atuaram na região. Três
escultores de nome FRANCISCO se sobressaíram em comparação aos demais:
Antônio Francisco Lisboa (conhecido como Aleijadinho), sem dúvida
nenhuma, o grande escultor do Brasil Colônia, nascido em Vila Rica, Francisco
Xavier de Brito e Francisco Vieira Servas, ambos de origem portuguesa. Os
reis portugueses sempre sonharam com a possibilidade de ouro abundante na
vastidão das terras do Brasil. As descobertas espanholas no Vice-reino do Peru
fez com que incentivassem bandeirantes e aventureiros a realizarem incursões
por regiões que não lhes pertenciam a procura do precioso metal. Isso
contribuiu para que o território da colônia se expandisse e povoados foram
criados além das linhas do Tratado de Tordesilhas. O pensamento dos
bandeirantes era simples: se havia ouro na costa espanhola da América do Sul,
devia haver também no Brasil. Eles estavam certos. No século XVIII o Brasil
se transformou no maior produtor de ouro do mundo. A notícia se espalhou
com rapidez e gerou uma corrida tanto entre os habitantes locais como os de
Portugal. Todos foram em busca de riqueza e poder. Para garantir sua parte, o
rei de Portugal impôs regras rígidas: enviou milícias para vigiar a produção de
minérios e que também impediam o acesso à região das minas, sendo permitida
apenas com autorização real. Todos os caminhos eram vigiados para impedir o
contrabando. E, mesmo assim, parte considerável da produção escapava desse
controle. Uma nota de contextualização: fazem parte desse período conhecido
como “Civilização do ouro”, do final do século XVII, no meio do nada e
distante de tudo, o artista Antônio Francisco Lisboa, nascido em Vila Rica,
conhecido como Aleijadinho, Francisco Xavier de Brito e Francisco Vieira
Servas. O Rei D. João V tomou diversas medidas para controlar e assegurar o
envio do ouro para Portugal. Uma delas, em 1711, foi a proibição da entrada de
ordens religiosas na região das minas e obrigou a saída das que já estavam nos
locais buscando evitar a intervenção do poder da Igreja católica nos assuntos
auríferos do reino. Assim sendo, o trabalho de evangelização e gestão paroquial
foi assumida por sacerdotes seculares. Multiplicaram-se, também, a presença
de confrarias leigas, irmandades e ordens terceiras que tomaram a frente dos
temas religiosos em Minas e com fé, engenho e arte, investiram em construções
de igrejas de alto nível artístico e nas representações do imaginário do sagrado.
Portugal enviou seus mestres e também ensinou os nativos no ofício do entalhe
e da cantaria, entre outras atividades vinculadas à Arte Sacra. Mesmo com a
proibição do rei de Portugal quanto à presença das ordens na região, a vida
religiosa foi organizada através de ordens terceiras, irmandades e confrarias. A
rivalidade entre essas instituições impulsionou a criação artística, o que

resultou em uma plêiade de artistas, artesãos e músicos que foram requisitados
para embelezar as celebrações. Em Minas, a religiosidade se expressava com
grande pompa, quase como um espetáculo grandioso. Durante o período de
esplendor e riqueza em Vila Rica, os cidadãos proeminentes da cidade erguiam
moradias imponentes, desfrutavam de uma vida luxuosa e apreciavam produtos
importados da Europa. As influentes confrarias religiosas competiam
fervorosamente entre si, tanto em devoção religiosa quanto em ostentação da
fé. Essas instituições contratavam profissionais especializados, como arquitetos
e artesãos, para construir igrejas com fachadas majestosas e ornamentações
requintadas. Nesse ambiente próspero e dinâmico, cresceu um jovem mulato
chamado Antônio Francisco Lisboa, filho natural do arquiteto português
Manuel Francisco da Costa Lisboa (?-1767). No ano de 1738, coincidindo com
o nascimento de Antônio Francisco Lisboa, as ricas jazidas de ouro da região
ainda apresentavam uma produção generosa, o que impulsionava um notável
crescimento em todas as regiões de Minas Gerais, em especial em Ouro Preto.

A exposição “Fé, Engenho e Arte – Os Três FRANCISCOS: mestres escultores
na capitania das Minas do ouro” convida os visitantes a explorar e apreciar a
riqueza das obras desses mestres da Arte Sacra Barroca Brasileira. O Museu de
Arte Sacra de São Paulo tem o prazer de proporcionar essa oportunidade única
de mergulhar na história e na cultura por meio das criações de Antônio
Francisco Lisboa, Francisco Vieira Servas e Francisco Xavier de Brito

 

Diferentes Gerações de Artistas

23/mai

A proposta da exposição “Artista de artista”, que ocupa até 24 de junho a Sala 2 da Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, foi convidar os artistas representados pela galeria residentes no Brasil a indicar outros artistas para participar de uma exposição coletiva. A sugestão foi que indicassem artistas históricos ou contemporâneos, preferivelmente brasileiros, que ainda não tenham alcançado a devida visibilidade dentro do circuito de museus e galerias.

Esse projeto parte do pressuposto de que as relações e conexões estabelecidas entre artistas é essencialmente movida por interesses muito distintos daqueles dos curadores, galeristas, art advisors, diretores de museu e jornalistas. Delegar a escolha das obras participantes aos artistas – e, nesse caso, um conjunto de 24 trabalhos selecionados por 16 artistas – implica, naturalmente, em uma exposição polifônica. E, no entanto, cada um dos trabalhos selecionados revela algo sobre os artistas que fizeram as indicações: às vezes ficam evidentes afinidades estéticas, metodológicas, temáticas; às vezes revelam direções de pesquisas semelhantes; ou simplesmente uma admiração por algo completamente diferente do trabalho do artista-curador. 

A grande maioria optou por colocar em evidência a prática de artistas mais jovens, muitos deles ainda sem representação em galerias comerciais. Em alguns casos, são relações de afinidade que se desenvolveram ao longo dos anos, muitas vezes envolvendo uma interlocução regular e o acompanhamento da trajetória desses jovens artistas. Em outros, os artistas representados conheceram as obras através de exposições realizadas em outros locais. Há, ainda, exemplos de artistas selecionados já estabelecidos no mercado e que estão presentes com uma produção distinta daquela que lhes deu reconhecimento; bem como artistas que, por diversas razões, nunca tiveram uma inserção significativa no circuito da arte.

Artista de artista é, sobretudo, uma oportunidade para enxergar uma parcela ínfima da produção de diferentes gerações de artistas sob a perspectiva de alguns dos artistas que trabalham conosco. Nesse sentido, forma um pequeno porém potente panorama de algumas ideias e práticas que apontam tanto para o passado quanto para o futuro, mantendo-se vivas através das relações dos artistas com artistas.

Afonso Pimenta – selecionado por Bruno Baptistelli, Ana Raylander – selecionada por Cinthia Marcelle, Fred Lemos Auad – selecionado por Tonico Lemos Auad, Gabriela Mureb – selecionada por Laura Lima, Gaya Rachel – selecionada por Anna Maria Maiolino, Júlia Gallo – selecionada por Thiago Honório, Mariela Scafati – selecionada por Pablo Accinelli, Marina Hachem – selecionada por Marina Saleme, Marlon de Paula – selecionado por Pedro Motta, Priscila Rooxo – selecionada por Panmela Castro, Renato Maretti – selecionado por Caetano de Almeida, Rose Afefé – selecionada por Marcius Galan,  Sofia Caesar – selecionada por Fernanda Gomes, Tantão – selecionado por Jarbas Lopes, Tiago Tebet – selecionado por Alexandre da Cunha, Yan Braz – selecionado por Marepe.

 

Projeções nos 15 anos da FIC

Os quinze anos da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, ganhará projeção de obras em sua fachada. As comemorações seguem até o dia 30 de maio com lançamento de edital de residência artística no Ateliê de Gravura, oficina de Monotipia com o artista Eduardo Haesbaert e sorteio de obras.

No dia 27 de maio (sábado), das 19h às 21h45, a Fundação Iberê ocupará a fachada de seu prédio com recorte de aproximadamente 70 obras de artistas que expuseram na instituição nos últimos dois anos. Além de Iberê Camargo, serão projetados trabalhos de André Ricardo, Arnaldo de Melo, Daniel Melim, Eduardo Haesbaert, Lucas Arruda, Magliani, Santídio Pereira e Xadalu, além da Spider de Louise Bourgeois e das tramas de Berenice Gorini, Luiz Gonzaga, Jussara Cirne de Souza, Nelson Ellwanger, Salomé Steinmetz e Yeddo Titze, que participaram em 2022 da coletiva “Trama: Arte Têxtil no Rio Grande do Sul”.

A projeção, que tem o apoio do Grupo WOC/Visual, celebra os 15 anos do prédio da Fundação Iberê Camargo, inaugurado no dia 30 de maio de 2008. Assinada pelo arquiteto português Álvaro Siza, a instituição é considerada por profissionais da área um marco internacional em arquitetura e soluções em engenharia. Em 2002, recebeu o Leão de Ouro da 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza, e, em 2014, o Mies Crown Hall Americas Prize, em 2014.

 

Oficina gratuita de monotipia

No dia 30 (terça-feira), a Fundação berê Camargo abrirá gratuitamente das 14h às 18h. Os visitantes concorrerão a gravuras de três artistas que passaram pela experimentação no Ateliê de Gravura: Carlos Contente (RJ), Juliana Braga (SP) e Shirley Paes Leme (GO). Também haverá visita mediada e duas oficinas de Monotipia, às 14h30 e às 15h30, com Eduardo Haesbaert, assistente de Iberê Camargo e responsável pelo Ateliê de Gravura. Nessas oficinas, serão utilizados elementos naturais do entorno do prédio para experimentação na produção artística. A monotipia é um processo híbrido entre a pintura, o desenho e a gravura. Ao mesmo tempo possui características próprias da gravura, como a inversão da imagem. E, diferente da gravura, se consegue a reprodução de um desenho numa prova única, daí o nome “monotipia”.

 

Residência artística

No dia 30 de maio (terça-feira), abrem as inscrições para o Edital Iberê/ CMPC. Serão oferecidas duas bolsas no valor de R$10 mil, além de verba de produção, custeio de transporte intermunicipal, hospedagem e diária de alimentação, para artistas que vivem no Rio Grande do Sul. Ao longo dos meses de setembro e outubro, os vencedores trabalharão com o artista Eduardo Haesbaert. Ao final da residência será realizada uma mostra dos trabalhos.

 

Cronograma

– Inscrições: de 30 de maio a 18 de junho de 2023, somente via on-line; – Fase de habilitação: até 23 de junho de 2023; – Divulgação dos artistas habilitados: 30 de junho; – Fase de análise dos projetos: de 02 a 28 de julho; – Divulgação do resultado: 31 de julho de 2023.

 

Programação

27 de maio | Sábado | 19h – Projeção de obras na fachada do prédio da Fundação Iberê Camargo; 30 de maio | Terça-feira, Visitação: 14h às 18h30 – Entrada gratuita.

 

A Fundação Iberê Camargo tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Grupo GPS, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo IESA, CMPC, Perto, Ventos do Sul, DLL Group e da Renner, Dell Technologies, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização da Petrobras e Ministério da Cultura/ Governo Federal.

 

 

Os 200 anos de Crítica de Arte no Brasil

 

Em alusão ao bicentenário da Independência do Brasil, o livro reúne textos de intelectuais e pesquisadores que investigam a implementação, desenvolvimento e situação da crítica de arte no recorte desses 200 anos, em diferentes contextos e temporalidades, tendo como marco a Proclamação da Independência. O livro que é organizado pelo crítico e historiador de arte Shannon Botelho, terá lançamento em versão E-Book bilingue, com distribuição gratuita, com sistema de acessibilidade, e na versão impressa.

Será lançado no dia 27 de maio (sábado), às 14h, no Ateliê 31, Centro do Rio de Janeiro, o livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″, que tem a organização de Shannon Botelho e textos de 12 pesquisadores nacionais do campo da crítica de arte. São eles: Almerinda Lopes (ES), André Rosa (RJ), Daniele Machado (RJ), Francisco Dalcol (RS), Kássia Borges (MG), Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP), Luiz Alberto Ribeiro Freire (BA), Maria Luisa Luz Távora (RJ), Rodrigo Vivas (MG), Sandra Makowiecky (SC), Sonia Gomes Pereira (RJ), Sylvia Weneck (SP).

O projeto da publicação nasceu de uma necessidade a refletir sobre o campo da crítica de arte no Brasil constituídos em diferentes contextos e temporalidades: nos espaços de imprensa, espaços alternativos e movimentos autônomos.

 

Pluralidade e difusão de linguages

Ao adotar abordagens históricas, os textos trazem à luz questões centrais para o desenvolvimento do sistema artístico, não somente no Rio de Janeiro, mas nas demais localidades do país, incluindo nas narrativas historiográficas presenças relegadas às posições secundarizadas, como as indígenas, como instrumento na superação das estruturas de exclusão e silenciamento das culturas e povos originários do Brasil, e de críticos estabelecidos para além das fronteiras da região sudeste, propondo uma descentralização da reflexão. “Um relato sobre a história da crítica de arte no Brasil ainda está para ser escrita. O que já foi produzido por diferentes pesquisadores em todo país compõe esforços de pesquisa, que indicam sempre a urgência de uma sistematização dos modelos críticos e das reflexões deles desdobradas para que se possa romper com o protagonismo do sudeste em relação as demais regiões do país”, explica Shannon Botelho. Com desejo de pluralizar a construção das narrativas históricas da crítica de arte, cada autor aborda um tema relacionado ao seu lugar de origem (cidade/estado), pondo em perspectiva os fatos sucedidos nesses 200 anos, através de um debate necessário para o público, propondo um lugar inédito para a Crítica de Arte no Brasil. “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″; vem registrar um ponto de partida para uma narrativa plural, um passo adiante na construção de uma história democrática para a crítica de arte no Brasil, seu estado atual e seus horizontes.

 

Democratizacão e inclusão

De forma a democratizar o seu alcance, será lançada a versão E-book do livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″, em edição bilíngue, com distribuição gratuita e com número ilimitado para download. Além disso, para maior democratização, o E-book está disponível na versão DAISY, que é um sistema de livro digital sonoro que ajuda pessoas com algum tipo de limitação à leitura, como idosos, disléxicos, pessoas cegas ou com baixa visão. Assim, o usuário poderá ir direto para uma determinada página, marcar um texto e muitas outras ações parecidas com as dos livros impressos. “A intenção é alcançar e movimentar um público amplo, nacional e internacional, sem distinção de qualquer natureza, com soluções em acessibilidade para as escolas públicas e privadas, instituições culturais, de ensino e de arte”, reforça Natalia Azevedo, da Abstrata, produtora responsável pela publicação. O E-book gratuito ficará disponível sem limite de tempo e de download a partir de maio de 2023 nos canais da produtora através de links permanentes em plataformas como ISSUU, Drive em modo público, com acesso livre através de link compartilhado para download.

 

Sobre Shannon Botelho

Crítico de arte, curador independente e professor no Departamento de Artes Visuais do Colégio Pedro II (RJ), Shannon Botelho é doutor em História e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ em parceria com a École des Hautes Études en Sciences Sociales/CRBC (Paris). É representante do Comitê de História, Teoria e Crítica de Arte da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Foi curador nas exposições: Abstrato Possível, Concreto Real(MMGV-RJ-2017); Balangandãs (Zipper Galeria-SP 2018); Paisagem Grão de Areia (MMGV-RJ 2018); O que você guarda tão bem guardado (Casa Abaeté-Ribeirão Preto 2019); Da Linha, o Fio (BNDES-RJ 2019), Impulsos Imitativos (MMGV-RJ 2019), Estruturas Improváveis (Casa das Artes-Tavira 2020), Illusions (Zipper Galeria-SP 2021), Malgré le Brouillard (Anne+Art Contemporain – Paris 2021), Forma é Afeto (Andrea Rehder-SP 2022), Água Banta (MMGV-RJ 2022), Hiper Paisagem (Zipper-SP 2022), Memória do Futuro (MMGV-RJ 2023), Coração na Mão (Le Salon H – Paris, 2023).

 

 

Simões de Assis na Casa Gerassi

17/mai

A Simões de Assis, após cinco anos instalada na Rua Sarandi 113A, nos Jardins em São Paulo, comunica sua mudança para uma nova sede. Os atendimentos na Rua Sarandi foram realizados até o dia 10 de maio.

A partir de 23 de maio, a Simões de Assis ocupará temporariamente um imóvel projetado por Paulo Mendes da Rocha, a Casa Gerassi, localizada no Alto de Pinheiros, que passará a sediar suas atividades até a inauguração do seu novo e definitivo espaço, em setembro de 2023. Para este momento transitório, a galeria desenvolveu um projeto expositivo especial: uma mostra que aproxima as produções da brasileira Ione Saldanha e da franco-libanesa Etel Adnan, com curadoria de Luiz Camillo Osório.

A exposição reunirá um conjunto que tensiona as poéticas de duas artistas de trajetórias e nacionalidades distintas, mas que avizinha seus trabalhos por aspectos formais, por investigações profundas sobre cor e por intuitivas explorações da abstração. As linhas, ângulos e geometria da Casa Gerassi, projetada em 1989, dialogam diretamente com as obras, criando uma conexão profunda entre arte e arquitetura. As visitas à mostra e à residência serão realizadas com agendamento prévio até o dia 22 de julho.

Barrio em exibição na Central Galeria

 

“O Sonho do Arqueólogo: …uma tênue linha inexistente…entre dois espaços…existentes…enquanto…que…opostos..a si…” será a primeira exposição de Artur Barrio na Central Galeria, Vila Buarque, Sâo Paulo, SP. A abertura acontece no próximo sábado, 20 de maio, das 11h às 17h.

Antes da arte, Artur Barrio desejou ser arqueólogo submarino. Hoje, o artista vive em um barco sobre as águas da Baía de Guanabara e produz de forma solitária. Esquematiza em diversos papéis a possibilidade de uma ideia, que não necessariamente será seguida; tais papéis, no entanto, acompanham-no na realização de cada trabalho. Produz diretamente nos espaços expositivos, sem espectadores.

Possibilita, dessa forma, acessar a reclusão tal qual o homem de Lascaux ou da Caverna de Cosquer, podendo, assim, produzir de forma que as noções de consciência e inconsciência deixam de fazer sentido. Ao mesmo tempo, com o experiente olhar de quem estuda a vida em sociedade, produz para apresentar ao público. Dispensa o valor de culto do homem primitivo e esgarça o campo do possível na arte contemporânea. Ainda que as sensações sejam reais, acessar o seu trabalho pode ser uma experiência quase onírica, surreal.

Para a Central Galeria, Barrio produz um monólogo cujo procedimento de elaboração, pela primeira vez, será realizado ao lado dos trabalhadores da galeria. Enquanto Barrio trabalha construindo a exposição, a equipe seguirá em seu trabalho cotidiano de escritório. Segundo o artista, ainda que seja definida uma linha invisível a separar os afazeres de equipe e artista, o processo não deixa de criar uma relação entre as partes pelo estorvo mútuo. O artista pretende ainda colocar em cena pó de café, luz baixa e um texto-lamento, transformando a galeria na caverna de um intelectual que deixa os rastros do gesto selvagem do laboro sobre uma pobre mesa e pelas paredes escritas à exaustão.

Maria Leontina – Gesto em suspensão

 

A exposição “Maria Leontina – Gesto em suspensão”, na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, comemora o quinto aniversário do espaço. A exibição, destacando a obra da artista, inclui cerca de cem pinturas, desenhos e gravuras de sua autoria, que vão desde a década de 1940 até a de 1980. A exposição reúne obras raramente exibidas, de diversas fases da carreira da artista, pertencentes à sua família, coleções particulares e instituições. A exposição também apresenta comentários de renomados críticos de arte brasileiros. A mostra tem como objetivo preencher a lacuna na história da arte brasileira, trazendo a obra de Maria Leontina de volta à atenção do público.

Um dos destaques da mostra é a tela “Páginas” que faz parte de uma série de 1972. Em 1974, quando seu filho Alexandre Franco Dacosta fez 15 anos, ela o presenteou com essa obra. Segundo ele, a pintura de um branco suave e azuis celestiais, com gesto delicado e linhas muito sutis, ficava exposta na parede de seu quarto quando morava com os pais e sempre o inspirou a ter uma leveza de espírito e uma paz de existência extemporânea.

Sobre a obra da pintora, diz: “minha mãe traçou leves contornos únicos, rarefeitos, e é como as mães criam seus filhos e filhas, com a força imanente de vê-los voar”.

Até 16 de julho.

Vinte e cinco anos de atividades

09/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.