Celebrando a obra de Iberê Camargo

26/jul

Em setembro de 1984, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, inaugurou uma grande exposição em homenagem aos 70 anos de Iberê Camargo. Agora, além de retribuir  e celebrar as sete décadas do MARGS, “trajetórias e encontros” tem outros sentidos. A tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público do artista, ligado a urgência de uma “consciência ecológica”. É pelo olhar dele que as duas instituições de memória, e enquanto sociedade, apelam a um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente

A Fundação Iberê Camargo e o Museu de Arte do Rio Grande do Sul inauguram a exposição “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros”. Com curadoria de Francisco Dalcol e Gustavo Possamai, a mostra em homenagem aos 70 anos do MARGS (27 de julho de 1954) apresenta 86 obras do artista pertencentes aos acervos das duas instituições e permanecerá em exibição até 24 de novembro. Aproximadamente 80% delas nunca foram expostas, especialmente desenhos – uma vez que as curadorias de Iberê tendem a focar nas pinturas -, juntamente com fotografias do artista, de modo a oferecer um percurso em segmentos, identificados conforme os textos que as acompanham.

O título da exposição foi inspirado em um dos mais importantes eventos no MARGS relacionados ao artista: a mostra “Iberê Camargo: trajetória e encontros”. Ela se deu no contexto das comemorações de seus 70 anos, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio MARGS em 1984 e o lançamento do livro Iberê Camargo em 1985, considerado ainda hoje uma das mais completas publicações de referência sobre o artista. A retrospectiva ocorreu, simultaneamente, a quatro exposições individuais: em Porto Alegre, duas no Rio de Janeiro, e em São Paulo.

Nas décadas seguintes, Iberê ganhou mostras individuais, um livro monográfico, participou de inúmeras exposições coletivas e ministrou cursos. Teve também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferência e doação, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no MARGS que ocorreu sua despedida, com o velório público que teve lugar nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu. Iberê Camargo é o artista que mais expôs no MARGS. Até o momento, foram mapeadas sete exposições individuais e mais de cem coletivas. Gustavo Possamai, responsável pela obra do artista na Fundação Iberê Camargo, lembra que aquela exposição reuniu o maior conjunto de obras de Iberê Camargo até então: “Foi um marco na trajetória de Iberê que, com mais de 40 anos de trabalho, ainda produzia em jornadas que chegavam a somar 12 horas ininterruptas pintando em pé.” A organização de uma exposição durante a maior catástrofe ambiental no estado, além de trazer novos sentidos a esta exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê, um crítico ferrenho dos governantes pelo descuido irresponsável com a natureza. Agora abriga simbolicamente, como um lar temporário, parte do acervo do MARGS que foi fortemente afetado pelas enchentes.

“Comungamos do entendimento de que seria impossível a exposição se dar em uma espécie de vácuo factual e histórico, compreendendo que não poderia estar alheia à situação e ao momento em que nos encontramos. Assim, a exposição também permite “olharmos” para tudo isso através das “lentes” de Iberê, considerando que notoriamente sempre criticou duramente a falta de cuidado com a natureza, frente aos processos de dominação e destruição do meio ambiente e mesmo das cidades perpetrados pelo homem. Esperamos que os apelos que Iberê fazia à necessidade de consciência ecológica, muito antes dessa tragédia toda acontecer no Rio Grande do Sul, possam agora se renovar encontrando ainda maior ressonância hoje, face aos acontecimentos. Enquanto ainda haja tempo de agirmos para projetar alguma esperança de um futuro para esta e as próximas gerações que assuma maior responsabilidade e compromisso com o cuidado pela preservação da natureza e pelo meio ambiente”, diz Francisco Dalcol.

Sobre os acervos

O acervo da Fundação Iberê Camargo é composto, em sua grande maioria, pelo fundo Maria Coussirat Camargo, a viúva do artista. São mais de 20 mil itens doados por ela, além de mais de 10 mil incorporados após seu falecimento, ainda não processados. Iberê recebia correspondências quase diariamente e mantinha cópias das que enviava.

“O casal fotografou e catalogou a maioria das obras produzidas por ele, além de reunir uma extensa quantidade de materiais, como entrevistas, críticas e notas, praticamente tudo o que se referia a Iberê na imprensa. Os amigos tiveram um papel fundamental nessa compilação, contribuindo com materiais publicados no exterior e de norte a sul do Brasil. Tome-se a biblioteca de Iberê: ela foi verdadeiramente fundida com a biblioteca de Dona Maria, a ponto de ser difícil determinar quem adquiriu ou leu determinado livro, inclusive os mais técnicos, pois ambos os consultavam. Os documentos cobrem toda a trajetória artística de Iberê, incluindo aspectos de sua vida doméstica, desde agendas para a manutenção da casa até carteirinhas de vacinação dos gatos acompanhadas de receitas para dietas felinas”, recorda Ricardo Possamai.

Já o Acervo Artístico do MARGS possui 75 obras do artista, adquiridas a partir de 1955, no ano seguinte à sua criação, por meio de compra, doação e transferência entre instituições do Estado. O conjunto contempla seis pinturas a óleo, além de obras em papel (gravura e desenho). O Acervo Documental do Museu conta com uma extensa documentação sobre o artista, reunindo jornais, revistas, publicações, textos, documentos, fotografias, correspondências, convites e catálogos de exposições. Esse conjunto inclui, em grande parte, os arquivos pessoais que o próprio Iberê destinou ao MARGS, em 1984, para fins de guarda, preservação e disponibilização para pesquisa, aos quais se somam documentos colecionados pelo Museu ao longo de 70 anos até aqui.

Alban Galeria apresenta mostra de Paulo Whitaker

17/jul

A Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, apresenta a exposição “Paulo Whitaker – Solavanco, ou entre o cético e o racional e o místico e sensível”. Trata-se da segunda do artista na galeria, desta vez reunindo obras – pinturas e desenhos – que convergem para uma nova abordagem artística, diferente dos trabalhos produzidos nos últimos anos. Paulo Whitaker ocupa um espaço singular na produção contemporânea brasileira, sendo um artista de renome internacional, com presença em diversas bienais e obras espalhadas por vários países. A abertura da exposição acontecerá no dia 25 de julho e permanecerá aberta ao público até 31 de agosto.

“As pinturas apresentadas aqui substituem a vibração de formas sobrepostas e sobrecarregadas – característica de trabalhos anteriores, realizados entre 2000 e meados da década de 2010 – por superfícies com um número menor de elementos, em que a maioria dos componentes está disposta lado a lado ou em justaposição”, analisa o crítico José Augusto Ribeiro, mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e atualmente curador-sênior na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Segundo José Augusto Ribeiro, é comum nas obras desta fase atual do artista “que as formas se encostem, liguem-se sutilmente, pelas pontas. Os elementos são colocados, dessa maneira, em relação aberta e direta uns com os outros – autônomos e, a uma só vez, em contato. Quase como se estivessem a lembrar que a produção como um todo conduz sua marcha pelas extremidades da linguagem, a fim de estender-se ao limite, para aproximar-se de outros conhecimentos, técnicas e soluções – da colagem, da gravura, da serigrafia, da escultura”.

Paulo Whitaker, por sua vez, diz que as obras dessa mostra atestam a natureza imprevisível do seu trabalho. Como ele observa, o uso do stencil e das “máscaras” de papel é marcado por uma “inserção abrupta”, que se reforça com as próprias características de sua criação: “Sempre trabalhei no chão, fazendo pinturas que vão sujando, ficando menos limpas, manchadas, deixando aparente o processo criativo. Tudo o que a pintura passou até chegar a um resultado final fica registrado na criação. Não tenho ímpeto de esconder isso. Tudo é explicito. O uso do papel na feitura das máscaras facilita essa exposição criativa, levando aos contornos imprecisos do que pretendo evidenciar”, explica o artista, lembrando que “hoje em dia me sinto muito a vontade para revisitar o meu trabalho de 30 anos atrás, trabalhando em cima disso, ainda que com o necessário distanciamento”.

Artista renomado

Nome renomado do circuito nacional de arte contemporânea, Paulo Whitaker pode ser identificado, de certa maneira, como um integrante da Geração 80 que reivindicou um retorno à pintura, como resposta ao conceitualismo em voga até então. Ainda que estivesse geograficamente distante de nomes como Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leda Catunda, Luiz Zerbini e mais, o artista partilhava do mesmo senso de vocação quase única e exclusiva à prática pictórica, entendendo a pintura como um ofício diário, digno tanto de densas articulações teóricas quanto de um modelo de trabalho que o exigia (e ainda exige), rigor, dedicação plena e integral a este fazer artístico. Em seu processo, Paulo Whitaker encara a superfície da tela como um plano livre, onde formas, cores e demais elementos aparecem ao longo da feitura da obra, sem que o artista estabeleça um pensamento prévio ou defina pragmaticamente um resultado já pensado para o trabalho artístico. Em sua vasta trajetória, o artista tem sido radicalmente fiel à ideia de um processo de trabalho que viu, ao longo das décadas, o surgimento de cores mais vibrantes tomarem suas telas, ainda que tenha seguido fiel à ideia de um percurso de realização que se assemelha a uma constante resolução dos “problemas” que estas vão lhe apresentando, conforme as pinta, em seu atelier.

Sobre o artista

Nascido em São Paulo em 1958, pintor e desenhista, Paulo Whitaker formou-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – Udesc/SC, em 1984.  Entre 1991 e 1992, tornou-se artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg na Alemanha e em 1999 no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Neste mesmo ano participou da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel no MAM, em São Paulo. Ao longo de sua trajetória, participou de importantes eventos internacionais, como a 3ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre; a Biennale de Montreal/Canadá, e a Bienal Internacional de São Paulo.  Em 1993, recebeu o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1998, no VI Salão Nacional Victor e o Grande Prêmio no Museu de Arte de Santa Catarina. Recentemente, participou das exposições: 2024-A Maior Metade, com Virgílio Neto, Galeria Index, Brasília; 2022-Uma Mão Lava a Outra, Olhão SP, collab Virgílio Neto, curadoria de Antônio Lee e, no mesmo ano, Pequenas Pinturas, Auroras SP, curadoria de Ricardo Kugelmans e Pollyana Quintella em 2021-Setas e Turmalinas, Casa de Cultura do Parque, curadoria Gisela Domschke. As obras do artista estão em acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC, Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP, Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR, Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Älvares Penteado – MAB/Faap, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros.

Em Salvador urgências do mundo contemporâneo

10/jul

Por meio de uma parceria entre a Fundação Bienal de São Paulo e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia por meio do IPAC – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) exibe uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição, bem-sucedida em 2023 em termos de público e crítica, estará em exibição na capital soteropolitana até 28 de julho.

Salvador sedia uma das maiores exposições realizadas fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, com dezoito participantes: Citra Sasmita, Davi Pontes e Wallace Ferreira, Edgar Calel, Emanoel Araujo, Inaicyra Falcão, Julien Creuzet, Leilah Weinraub, Luiz de Abreu, M’Barek Bouhchichi, MAHKU, Malinche, Marilyn Boror Bor, Maya Deren, Quilombo Cafundó, Rosana Paulino, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Xica Manicongo.

A 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo ao abordar obras que tratam de transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, ao ressaltar diversas questões e perspectivas de maneira  Para os curadores, é crucial que a exposição alcance mais cidades, transcendendo os limites do Pavilhão da Bienal. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, enfatiza a importância não apenas de levar as coreografias do impossível para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições. Bruno Monteiro, secretário de Cultura do Estado da Bahia, fala sobre a importância de receber um evento como a Bienal de São Paulo: “É uma responsabilidade muito grande para nós, do Governo do Estado da Bahia, recebermos a maior coleção da Bienal fora do pavilhão oficial. Isso é fruto de muita articulação e do compromisso que nós temos de valorização e difusão das expressões artísticas e culturais em nosso estado”, afirma.

Evento itinerante em Brasília

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF) e a Fundação Bienal de São Paulo levam para o Museu Nacional da República uma seleção especial da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição estará em exibição em Brasília até 25 de agosto, com entrada gratuita. A capital nacional irá sediar a oitava exposição realizada fora do Pavilhão da Bienal de São Paulo no Ibirapuera, contando com treze participações artísticas: Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Katherine Dunham, MAHKU, Manuel Chavajay, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich, Torkwase Dyson e Zumví Arquivo Afro Fotográfico.

Para os curadores, sempre foi crucial que a exposição alcançasse outras cidades além de São Paulo. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Para o Secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, receber a 35ª Bienal de São Paulo no Museu Nacional da República representa um marco e um legado na ascensão da cultura do DF: “A Bienal de São Paulo é a maior exposição de artes visuais do hemisfério sul. E para nós é uma grande conquista trazer uma itinerância deste evento tão importante para o Museu Nacional da República, para a nossa cidade, que se firma cada vez mais como referência de arte contemporânea no Brasil. Na nossa gestão, todas as formas de cultura são valorizadas, sejam as artes cênicas com a reforma do Teatro Nacional, sejam as artes visuais com a parceria com a Fundação Bienal de São Paulo. A nossa missão é tornar o DF um polo cultural e um importante vetor na difusão da nossa cultura nacional”.

Celebrando quatro décadas

08/jul

A galeria Simões de Assis completou 40 anos! Uma história iniciada em Curitiba, em 03 de julho de 1984, por Waldir Simões de Assis Filho. Desde a sua abertura, artistas como Volpi, Tomie Ohtake, Barsotti, Ianelli, Juarez Machado, Rubens Gerchman, Manabu Mabe, Jorge Guinle, Cícero Dias, entre outros, estiveram presentes em mostras na galeria.

Ao longo dos anos o time de artistas foi expandindo com importantes nomes como: Abraham Palatnik, Antônio Dias, Gonçalo Ivo, Ascânio MMM, José Bechara, Elizabeth Jobim, Angelo Venosa entre outros.

A Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e contemporânea, especialmente, para a produção latino-americana, trazendo expoentes da arte cinética e concreta internacional como Cruz-Diez, Sotto e Antonio Asis.

A Simões de Assis, administrada pelas duas gerações da família desde 2011, propõe uma revisão constante da produção artística do passado a partir de reflexões da arte contemporânea, e promove o diálogo transgeracional entre os artistas.

A galeria se especializou na preservação e difusão do espólio de importantes artistas como Carmelo Arden Quin, Cícero Dias, Emanoel Araujo, Ione Saldanha, Miguel Bakun e Niobe Xandó, contando com a parceria de famílias e fundações responsáveis.

Sobre Mares rios e CORES

28/jun

Exposição itinerante sobre arte ambiental inaugura em Fortaleza, CE, com curadoria de Angela de Oliveira e Francisco Ivo na ARTIVO Galeria em exibição até 23 de julho.

Nunca foi tão urgente e necessário falar sobre a preservação do meio ambiente e os impactos cada vez mais evidentes da devastação no planeta. “Mares rios e CORES”, mostra sobre arte ambiental que inaugura na ARTIVO Galeria, apresenta justamente, como principais objetivos, conscientizar acerca destas questões e promover sua conservação, reforçar a comunicação e a participação cidadã na defesa da natureza, incentivando o compromisso político e pessoal contra o aquecimento global e seus efeitos. A exposição abre para visitação no dia 28 de junho, sob curadoria de Angela de Oliveira e Francisco Ivo, e depois de Fortaleza segue para Olinda e Búzios, além de outras cidades pelo Brasil e exterior. Trata-se de um manifesto artístico coletivo em prol da preservação dos rios, mares e florestas em um circuito muito especial: “Através da arte, podemos nos questionar o impacto humano no meio que nos cerca, a forma com que obtemos recursos energéticos para a manutenção da vida material e, por fim, refletir para onde estamos caminhando. Pretendemos passar isso instigando olhares sobre nossas composições artísticas”, diz a curadora Angela de Oliveira, que também idealizou a mostra.

Os artistas irão expor obras produzidas a partir de materiais diversificados, cada qual com sua identidade, e todos focados na temática proposta; a natureza também servirá como pano de fundo para as exibições. Nessa pluralidade de abordagens e expressões, será estabelecido um diálogo com públicos diversos, em diferentes cidades do mundo. Representantes de vários estados brasileiros, entre os nomes selecionados estão: Albina Santos, Andréa Noronha, Colenese, Cybele Fortes Odoni, Francisco Ivo, Flávio Henrique Silveira, Gisele Faganello, Graça Prado, Heloisa Zorzi, Itala Macedo, Lisiane Trindade, Luiz Carlos Lima, Maria Libonati, Mariângela Rettore, Marlene Kirchesch. Marly Ramos, Mauro Kersul, Rosângela Sampaio, Rose Maiorana, Tania Castro, Tuka Carrilho e Tarso Sarraf.

A Art 100 Gallery, que assina a produção do evento e está localizada em Porto Alegre, RS, testemunhou o impacto da recente tragédia ambiental ocorrida no estado do Rio Grande do Sul, o que só reforçou seu compromisso com o projeto que tem como madrinha Rose Maiorana – executiva do Grupo Liberal, empresária e artista plástica de Belém do Pará -, uma fomentadora da arte no norte do país. Rose Maiorana é responsável, com o premiado fotógrafo Tarso Sarraf, pelo projeto “Amazônia Líquida”.

Texto curatorial de Andrea Cardoni

“Assim como o sangue corre em nossas veias, os rios são as veias da Terra. Assim como os rios seguem para o mar, nosso sangue segue em direção a todos os cantos e células de nosso corpo. A natureza é generosa e soberana, estamos acabando com a fluência de suas águas. Na natureza, a vida flui para nos abrigar, como podemos experimentar e cuidar desse harmonioso abrigo? Muito mais que um pedido, é uma súplica: olhem os Mares, dêem passagem aos Rios, se encantem com todas as suas Cores. Nada disso é nosso, a relação é outra, nós somos parte da natureza, ao mesmo tempo que ela é parte de nós. No apelo da Terra, sentindo seus rios sangrarem, seus mares bradarem, nasceu o projeto Mares, Rios e Cores. Ouvindo o chamado de sua alma para despertar o coração dos homens, Angela de Oliveira concebeu esse projeto que fundamenta um movimento para que, através das cores da arte, na fluência caudalosa de rios emocionais, os artistas pudessem desaguar em mares de esperança, cuidado e fé. Rose Maiorana vem como madrinha desse movimento para expandir ainda mais o seu alcance. Estão sendo tocados por esse chamado vários artistas de diversos países, que criarão suas obras para alcançar seu coração, despertar sua mente e mover seus corpos junto conosco no sentido de cuidarmos na nossa natureza. No contato sensível com as obras, queremos chamar a natureza humana que nos difere dos outros animais no ato de sentir. Promovendo uma conexão maravilhosa da sua natureza com a natureza que fazemos todos parte”.

Oficina de aquarela no Instituto Ling

27/jun

A artista e designer Mariana Prestes ensina os segredos da técnica da aquarela, compartilhando no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, seu conhecimento de forma leve e acessível, além de estimular cada aluno a encontrar o seu estilo e a sua personalidade. Seja ela impressionista, de tons suaves, ou expressionista, de personalidade forte. Monocromática ou resultando em uma composição de cores e tons. Trata-se de uma atividade aberta ao público: para participar não é preciso conhecimento prévio. Os materiais básicos estarão disponíveis para uso durante a atividade, inclusos no valor de matrícula. Últimas vagas.

Sobre este evento

Data e hora: sábado, 20 de julho – 14:00 até 18:00

O evento dura 4 horas

Impressionista, de tons suaves, ou expressionista, de personalidade forte. Monocromática ou resultando em uma composição de cores e tons. A experimentação com aquarela estimula o olhar e a percepção, a partir de elementos como água, manchas e, sim, a presença do acaso (!). Essa é uma técnica acessível mesmo para quem nunca se aventurou a pintar, que pode funcionar como hobby, terapia ou, ainda, despertar a aplicação para o lado profissional. Neste workshop introdutório, vamos conhecer seus efeitos e texturas e descobrir os materiais adequados para o desenvolvimento da prática. A artista e designer Mariana Prestes ensina os segredos por trás desta técnica tão versátil, compartilhando seu conhecimento de forma leve, acessível e sempre estimulando cada aluno a encontrar o seu estilo e sua personalidade. Uma bela oportunidade para experimentar o lado criativo, exercitando também a concentração e ajudando a desacelerar o corpo e a mente.

Sobre a Ministrante

Mariana Prestes é artista, designer de superfície, de produto e de mobiliário. Mariana Prestes mantém na sua essência criativa o traço autoral. Há sete anos ministra workshops de técnicas artísticas, a partir da Aquarela, Ilustração e Estamparia. Publicitária de formação, especializou-se em design na Europa, onde concluiu diferentes cursos, entre eles o Master in Product and Furniture Design, no Instituto Marangoni, em Milão. Trabalhou para marcas como Moroso, Alias e Alessi, sob direção criativa de Elena Salmistraro, Philippe Nigro e Moreno Vanini, do Studio Nendo. Faz parte do grupo Prisma Project, na Itália. Participou da Milan Design Week com três projetos, um deles para a empresa italiana Cappellini, outro com Snapchat, utilizando realidade aumentada, e com a empresa Mille997, de mármores. Em 2022 participou como jurada do 9º Prêmio Bornancini de Design da APDESIGN – Associação dos Profissionais de Design do RS, uma das principais premiações do design brasileiro. Em 2023 também participou da Milan Design Week e da Dubai Design Week, com a sua mesa Origins, criada para a empresa italiana Mirage.

Exposição no Instituto Ling

26/jun

 

A inauguração da exposição “Livro Verde” exibição individual de Michel Zózimo no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, será no dia 02 de julho, terça-feira, às 19h, com bate-papo entre o artista, a curadora e o público. A mostra permanecerá em cartaz até 11 de outubro.

Livro Verde – Michel Zózimo

O que separa a cobra do tronco? O focinho da trufa? O cheiro da chuva? O pelo do gato? O canto do pássaro? A pedra do frio? O gosto da uva? A raiz da terra? O bico da fruta? A maçã do pavão? A língua da formiga? A semente do abacate? A jaca do céu? O mel da abelha? O rato dos restos? A orelha da rã? A gralha do galho? O verme do vivo? O rio do silêncio? O caju da lágrima nordestina?

A exposição “Livro verde”, de Michel Zózimo, reúne um conjunto de 15 desenhos e uma grande colagem feita a partir de recortes de toda sorte de animais, retirados de antigas enciclopédias naturalistas. Estes trabalhos encontram-se expostos no ambiente, e os desenhos, reproduzidos em um livro de artista de mesmo nome, também disponível na exposição. Há tempos intrigado pelas imagens que os livros de ciências naturais criam para as coisas, Zózimo vem desenvolvendo um conjunto de trabalhos que se relacionam intimamente com o universo das enciclopédias. A verve classificadora que animou intelectuais desde a antiguidade, tanto na tradição ocidental quanto na oriental, buscava circunscrever as fronteiras dos fenômenos e dos seres, isolando o máximo possível suas singularidades. Em direção oposta, a literatura, a arte, as narrativas míticas descortinam a porção arbitrária das divisões e a permeabilidade dos contrários.

O desenho abismal de Michel Zózimo engendra um espaço antes do tempo, onde um animal habita o outro, um olho de cavalo sai de uma folha, um sorriso surge no escuro da mata.  Feitos em lápis aquarela e nanquim sobre papel algodão, construídos mediante um processo de densidades de pontilhados, nuances cromáticas, padronagens diversas de acordo com a pele das coisas, esses trabalhos parecem vindos do avesso de um livro raro, onde o desenho não se separa da mão que o fez, e o olho que vê é o corpo inteiro.

Gabriela Motta – Curadora

Sobre a curadora

Gabriela Kremer Motta nasceu em Pelotas (1975). É pesquisadora, crítica, curadora em artes visuais e professora adjunta no Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – DAV-UFRGS. Desenvolveu sua pesquisa de pós-doutorado junto ao PPGAV – UFPEL, na qual propunha a criação de vinhetas radiofônicas sobre arte contemporânea aproximando as noções de performance e curadoria. Como curadora, realizou projetos em diversas instituições, tais como Instituto Ling, Fundação Iberê Camargo, MACRS, MAC Niterói, Itaú Cultural e SESC Santa Catarina, entre outras. Também teve artigos publicados em livros, catálogos e anais. Atualmente, desenvolve o projeto de pesquisa Documentação como preservação – a arte contemporânea no museu.

Sobre o artista

Michel Zózimo nasceu em Santa Maria (1977) e vive e trabalha em Porto Alegre. É doutor em Artes Visuais pelo IA da UFRGS e professor do Colégio de Aplicação da UFRGS. Ele tem dois livros publicados através de Prêmios de Incentivo à Produção Crítica da FUNARTE e, em 2011, recebeu o Prêmio Residência Artística do PECCSP no Hangar, em Barcelona. Entre suas principais mostras estão o Programa de Exposições do Centro Cultural de São Paulo (2010); Rumos Artes Visuais (Itaú Cultural, SP, 2011); Temporada de Projetos Paço das Artes (SP, 2012); 9ª Bienal do Mercosul (Memorial do Rio Grande do Sul, 2013); Festival Vídeo Brasil (SESC São Paulo, 2014); Soft Cover Revolution (Fundación Arte Vivo Otero Herrera, Madri, 2015); RS XXI (Santander Cultural, Porto Alegre, 2017); e 36º Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 2019). Em 2021, realizou a individual O nome vem depois, com curadoria de Lilia Schwarcz, na Sé Galeria, e, em 2023, participou do Artist-in-residence Programm des Salzburger Kunstvereins, produzindo a publicação de artista BERG.

Dois artistas na Galatea Salvador

18/jun

A Galatea Salvador anuncia sua segunda exposição, intitulada “Bahia afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho”. A mostra se estrutura em dois núcleos distintos: no primeiro, fotografias de Bauer Sá (1950, Salvador, BA), produzidas entre os anos 1990 e 2000, exploram a potência da ancestralidade afro-brasileira através de figurações do corpo negro representado como protagonista da cena; no segundo, esculturas em madeira que retratam cidades utópicas e modernas imaginadas por Gilberto Filho (1953, Cachoeira, BA) se reúnem pela primeira vez de forma tão ampla em uma exposição, com obras produzidas desde 1992 até o momento atual.

Este diálogo entre os trabalhos dos artistas baianos cria uma rica narrativa visual, conectando ancestralidade e fabulação em torno de futuros possíveis. A exposição conta também com texto crítico do artista e curador Ayrson Heráclito, reconhecido por abordar símbolos e tradições vinculados à cultura afro-brasileira em sua obra, e Beto Heráclito, escritor e historiador.

Com abertura em 04 de Julho e duração até 28 de Setembro.

Waltercio Caldas em BH

14/jun

A individual “Mero Espaço”, de Waltercio Caldas, acaba de chegar à Albuquerque Contemporânea, em Belo Horizonte.

“Não há melancolia, há desconcerto” diz Luiz Camillo Osorio, referindo-se às obras recentes de Waltercio Caldas. Nos trabalhos do artista, as noções de tempo e espaço são exploradas com linguagem e rigor formal próprios. Diversas obras, diante da perspectiva tridimensional, exaltam a temporalidade, sugerindo movimentos e deslocamentos no espaço e provocando tensões, outra marca de seu percurso artístico.

Nesta mostra, Waltercio Caldas descarta as noções de desenho, pintura, escultura e objeto. Para ele, todos os trabalhos têm caráter tridimensional e convidam o espectador a estabelecer as relações entre os objetos: “A exposição só acontece se você estiver fisicamente, ela não se reproduz, ela não se transforma em imagem de vídeo ou celular. Ela propõe uma relação física das pessoas com os objetos que elas vão ver”, explica.

“Mero Espaço” descarta a ideia de “produção mais recente do artista” e apresenta mais de cinco décadas de trabalho de Waltercio Caldas. De acordo com o artista, a mostra não é o fim do trabalho, mas característica fundamental da própria obra.