Obras inéditas de Rossini Perez.

18/set

A Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte vai receber a exposição “Desdobramentos: Desenhos de Rossini Perez” a partir do dia 19 de setembro. Reunindo 51 obras inéditas do artista potiguar, ficará disponível para visitação até 20 de outubro. Natural de Macaíba, Rossani Perez deixou um legado na arte potiguar, com uma carreira marcada por sua atuação em diferentes países da Europa, América Latina e África, como Senegal, onde lecionou gravura. Vale destacar, que a exposição é a primeira exibição física do artista em Natal desde seu falecimento, em 2020, e oferece uma oportunidade de conhecer um lado menos explorado de sua obra, como seus desenhos.

Sobre a exposição

A exposição “Desdobramentos” tem como objetivo revelar a importância do desenho no processo criativo de Perez, mostrando como essa linguagem se entrelaçou em suas produções. Por isso, as 51 obras que serão apresentadas, serão as originais produzidas entre as décadas de 1960 e 2000 e exploram um traço abstracionista experimental que caracterizou seus trabalhos, em diálogo com a obra de artistas como Iberê Camargo e o gravador franco-alemão Johnny Friedlaender.

Com uma expografia contemporânea, a mostra tem curadoria de Fabíola Alves, Everardo Ramos e Mariana do Vale, professores de Artes Visuais da UFRN, que analisam o lugar do desenho na arte de Rossini Perez. O catálogo da exposição será disponibilizado em formato digital e contará com informações detalhadas sobre as obras e o processo criativo do artista. Realizada pela Fundação José Augusto, Secretaria Estadual de Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, com apoio da Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura, a exposição é uma parceria com o Instituto Rossini Perez, a Pinacoteca do Estado do RN, o Projeto Shaula – Memória da Arte Potiguar (DEART/UFRN), o Grupo de Pesquisa Matizes (DEART/UFRN), o Laboratório de Acessibilidade (SIA/UFRN) e o Cineclube Gambiarra. As obras fazem parte do acervo pessoal de Rossini Perez, que foi transferido para Natal e motivou a criação, em 2023, do Instituto Rossini Perez, dedicado a preservar, estudar e divulgar a arte desse grande artista potiguar. Composto por inúmeros documentos, obras de arte e livros, o acervo se encontra hoje na Pinacoteca do Estado do RN, e vem sendo objeto de um trabalho de inventário e estudo por professores e estudantes do Curso de Artes Visuais da UFRN.

Fonte: Portal Saiba Mais.

As diversas mídias  de Nelson Leirner.

17/set

A CAIXA Cultural Recife foi o espaço escolhido para a primeira exposição com obras do artista Nelson Leirner após seu falecimento em 2020. A mostra “Nelson Leirner: Parque de Diversões” ficará em cartaz até 10 de novembro com 74 trabalhos do artista, entre objetos, pinturas, colagens e outros, com curadoria de Agnaldo Farias. Na abertura houve uma visita guiada com o curador e Agnaldo Farias realizou palestra aberta ao público. No dia 10 de novembro, às 16h, será realizada outra visita guiada, desta vez com Júlia Borges Arana, produtora executiva da Phi, correalizadora da mostra.

Famoso por utilizar meios e mídias pouco tradicionais, Nelson Leirner estudou engenharia têxtil e pintura, na década de 1950. O resultado dessa base é a construção de uma história versátil e bem-humorada em evidência nos trabalhos produzidos nos últimos 20 anos da vida de Nelson Leirner reunidos nessa exposição, que foi pensada para a CAIXA Cultural. Foram selecionadas pinturas, fotografias, estatuetas, imagens de miniaturas, obras em tapeçaria, técnicas mistas, colagens, releituras da Mona Lisa e objetos onde a ironia dá o tom e que fazem um passeio pelo “parque de diversões” que era a mente de Nelson Leirner, um dos mais versáteis artistas contemporâneos nacionais.

Algumas obras da série “Assim é… se lhe parece”, por exemplo, trazem colagens que misturam o universo da Disney com mapas e mundos. Outras obras como “Missa móvel dupla” e “Futebol” são pontos de destaque para que o público observe como o artista respeita o poder dos fetiches religiosos. Além dos interesses espirituais e materiais, perpassados por vetores econômicos e ideológicos: não escapam os brinquedos das crianças, os bonequinhos, os stickers que elas grudam nos cadernos para ornamentar, colecionáveis que assumem uma outra função aos olhos curiosos do visitante frente à aglutinação de elementos.

No desenho curatorial não faltam referências históricas de Nelson Leirner com exemplares de séries e ações importantes realizadas nas décadas de 1960 e 1970. “Nosso objetivo aqui é mostrar a obra onívora que se alimenta de aspectos da vida cotidiana, mas não só, também discute a figura do artista – esse homem incomum, esse gênio que as plateias cultuam com uma admiração, como diria o pernambucano Nelson Rodrigues, “verdadeiramente abjeta”; discute a natureza da obra de arte – ou aquilo que habitualmente é entendido como sendo arte -; e, por fim, discute a sobredeterminação de ambos pela história, pelo modo como estão enredadas num jogo”, explica o curador.

Sobre o artista

Nascido em São Paulo em 1932, foi um pioneiro da arte intermídia e uma figura central na vanguarda brasileira. Após residir nos EUA e estudar pintura com Joan Ponç, Nelson Leirner se destacou por suas apropriações e performances inovadoras, como a “Exposição-Não-Exposição” e o envio de um porco empalhado ao Salão de Arte Moderna de Brasília. Fundador do Grupo Rex e premiado na Bienal de Tóquio, incorporou elementos da cultura popular em suas obras e recebeu diversos prêmios, como o APCA de Melhor Exposição Retrospectiva, em 1994, e ampliou sua atuação para design e cinema experimental. Reconhecido internacionalmente, Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas.​

Anunciando Dashiell Manley.

12/set

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, Balneário Camboriú, anuncia a representação do artista Dashiell Manley, baseado em Los Angeles, em colaboração com Jessica Silverman e Marianne Boesky. Conhecido por suas obras que exploram a interseção entre pintura, escultura e vídeo, Dashiell Manley investiga temas como tempo, narrativa e a materialidade da imagem.

O artista possui obras em acervos importantes como The Hammer Museum, JPMorgan Chase Art Collection; Los Angeles County Museum of Art; Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Palm Springs Art Museum, Pomona College Museum of Art e Santa Barbara Museum of Art.

Primeira mostra de Tuli Serpa.

11/set

O Espaço Força e Luz, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, anuncia a abertura da exposição “Véus de Aço”, do artista Tuli Serpa. A mostra é a primeira individual do artista, e conta com instalações em grande escala. As obras estarão em exibição na Galeria O Arquipélago, localizada no primeiro andar até o dia 10 de novembro.

A abertura oficial terá a presença do artista. Além disso, contará também com set de Gabriel Bernardo, conhecido como DJ GB, DJ e produtor cultural que faz parte do Coletivo Arruaça. O DJ Set estará localizado na Rua das Andradas, em frente ao Espaço e, em caso de chuva, será realocado para o interior do edifício. O evento é gratuito e aberto ao público.

Sobre a exposição

“Motos, ocultas sob tecidos que as envolvem, parecem repousar em um sono profundo. A repetição desse cenário evoca uma quietude latente, onde a cobertura atua como um sudário, escondendo a vitalidade e transformando a potência em silêncio.”. É assim que o artista Tuli Serpa relata as ideias por trás da exposição “Véus de Aço”.

Utilizando de alegorias para representar o conceito de tanatose, que é a capacidade que certos animais têm de se fingir de mortos, o artista cria instalações em grande escala usando motos como seu objeto de trabalho. As motocicletas, antes pulsantes, velozes, agora se mostram quietas e inertes.  Através dessa subversão do “ser” moto, com suas estruturas inertes envolvidas por diferentes panos, Serpa nos leva a refletir sobre nossa própria inércia e mortalidade.

A exposição, localizada no primeiro andar do Espaço Força e Luz, na Galeria O Arquipélago, conta com diversas instalações em grande escala, incluindo motos reais e obras imersivas. Ela é a primeira individual do artista.

Sobre o artista

Tuli Serpa é artista visual, produtor de arte e coordenador de palco com mais de dez anos de experiência na produção cultural. Ao longo de sua carreira, atuou em diversos festivais de música e artes cênicas nacionais e internacionais. Nos últimos anos, tem se dedicado ao audiovisual, atuando no departamento de arte e assinando os cenários de três longas-metragens nacionais, além de dezenas de comerciais publicitários. Em sua pesquisa dialoga com signos urbanos, ruídos, contrastes e materialidades, investigando as tensões entre o ambiente urbano e o poético

Reflexões sobre a inclusão e a diversidade.

09/set

O artista visual Mauricio Kaschel apresenta até 26 de outubro a exposição “Atípico”, no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), SP, sob curadoria de Claudia Lopes, onde apresenta uma proposta sobre a reflexão dos padrões sociais estabelecidos, celebrando a singularidade de cada indivíduo e questionando conceitos de normalidade e anormalidade. O artista desenvolveu uma produção que desafia as convenções estéticas e narrativas tradicionais. Utilizando uma paleta monocromática e o papelão como suporte, suas obras dialogam com a solitude e a introspecção, convidando o público a refletir sobre a inclusão e a diversidade. Suas figuras solitárias, em poses meditativas, expressam a complexidade de sua experiência como indivíduo.

A curadora Claudia Lopes destaca que a exposição “Atípico” é um manifesto visual que questiona as normas sociais e celebra a diferença. Segundo ela, “ao desvendar os mistérios do papelão e da cor, o artista nos convida a olhar além das aparências e a reconhecer a beleza na diversidade humana”. Essa abordagem introspectiva é fundamental para a compreensão do trabalho de Mauricio Kaschel, que utiliza sua arte como uma ferramenta para explorar sua identidade e o lugar do indivíduo na sociedade. Sua produção é marcada por uma técnica autodidata que alia experimentação a uma meticulosa atenção aos detalhes. Sua escolha pelo suporte rústico e imperfeito reflete seu desejo de criar uma conexão direta com a realidade material e as deficiências existentes na vida cotidiana. Cada corte no papelão simboliza as cicatrizes da existência humana, refletindo sua jornada pessoal e artística.

“Atípico” também integra a condição neuro divergente de Mauricio Kaschel em sua prática artística. Diagnosticado no Espectro Autista nível 1 aos 35 anos, encontrou na arte um meio de expressão que transcende as limitações impostas pelas normas sociais. “Atípico” é, portanto, uma afirmação de sua identidade e não uma celebração da neurodiversidade, abordando temas como autenticidade, autorreflexão e alerta social. A mostra propõe uma reflexão sobre as relações humanas no contexto da arte contemporânea. O trabalho de Mauricio Kaschel valoriza a autoaceitação, desafiando as normas e expectativas da sociedade. Claudia Lopes observa que, em um mundo que frequentemente busca conformidade, “Atípico”, um grito de liberdade e aceitação, celebrando a pluralidade humana em todas as suas formas, convida o público a um diálogo introspectivo. Nas profundezas do azul, por exemplo, o artista encontra os segredos antigos, os mistérios do universo ecoando nas dobras do material. Cada obra é uma dança entre luz e sombra, um eco das palavras não ditas que reverberam na memória do observador. “Atípico” se posiciona como uma reflexão profunda sobre a arte e a condição humana, explorando suas complexidades e o fazer artístico como meio de expressão individual e coletiva. A exposição oferece ao público uma oportunidade única de se engajar com questões fundamentais sobre a identidade, a diferença e a inclusão, através do olhar sensível e da técnica apurada de Mauricio Kaschel.

Sobre o artista

Maurício Kaschel (Campinas, SP) – iniciou sua trajetória artística aos 12 anos, com uma exposição no Hospital de Câncer Infantil Boldrini, onde foi tratado de uma grave condição de saúde. Graduado em Cinema pela Faculdade de Cinema e Mídias Digitais (Brasília, DF), dedicou uma década ao audiovisual, atuando como roteirista e colorista. Publicou livros infantis e infantojuvenis, e exerceu diversas funções além de professor de artes e storytelling. Em 2022, redirecionou seu foco para as artes visuais, sendo reconhecido em 2023 com o prêmio do 45º Salão de Artes Plásticas Waldemar Belisário, em Ilhabela, SP. Participou de residência artística no Ateliê Ziriguidum, em Poços de Caldas, MG, e já expôs suas obras em diversas mostras, individuais e coletivas, incluindo “Caminho” (2023), Salão de Arte UNIVAP (2024) e a XX Mostra de Arte do Vale do Paraíba (2024).

Pancetti na Casa Fiat de Cultura

04/set

O público brasileiro conhecerá uma das últimas obras de Pancetti – inacabada -, além de documentário inédito e instalação imersiva com experiência poética. O mar sempre provocou fascínio nos homens. Os mistérios escondidos nas águas salgadas atraem, há séculos, o olhar de exploradores, pesquisadores, estudiosos, e de artistas. No Brasil, José Pancetti retratou como ninguém o beijo entre o mar e a areia. Sua poesia e delicada sobriedade serão reveladas na primeira exposição do artista em Belo Horizonte, MG, com pinturas de marinhas, paisagens, retratos e naturezas-mortas. “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…”, que fica em cartaz até 17 de novembro.

A exposição tem curadoria de Denise Mattar e apresenta um conjunto de 46 trabalhos realizados entre 1936 e 1956, alguns deles nunca antes exibidos para o público, além de uma cronologia ilustrada e uma instalação imersiva, que reúne músicas de Dorival Caymmi, imagens e sons do mar. Também será apresentado um documentário inédito, produzido por Ula Pancetti, neta do artista. Na abertura ocorreu um bate-papo com a curadora Denise Mattar e Ula Pancetti. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita.

Entre as obras, o público poderá apreciar “Auto-vida” (1945), autorretrato emblemático de Pancetti, em que o artista mescla realidade, imaginação e ironia; “Retrato de Francisco” (1945), que mostra um menino negro tendo ao fundo a paisagem de um morro de São João del-Rei, cidade onde o artista viveu uma temporada; “O Chão” (1941), obra que deu ao artista o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão de Belas Artes; “Praça Clóvis Bevilacqua” (1949), obra pintada das janelas do Palacete Santa Helena, local onde dividiam o ateliê os artistas Volpi, Rebolo, Mário Zanini, Manoel Martins, entre outros; “Floresta, Campos do Jordão, SP” (1944), cidade onde o artista passou algumas temporadas para tratamentos de saúde e que é frequente em sua obra; “Pescadores” (1956), obra incomum na produção de Pancetti, que retrata a pesca do xaréu, em Salvador; “Lagoa do Abaeté” (1952), obra que retrata o encanto do artista pela cor das águas, da areia e dos panos das lavadeiras; “Paisagem de Itapuã” (1953), obra emblemática de Pancetti, que deu início à Coleção Gilberto Chateaubriand, uma das mais importantes do país; “Coqueiros de Itapuã” (1956), obra da última fase da pintura de Pancetti, momento em que o artista alcança uma plenitude criativa; além de “Composição – Bahia Interior o meu atelier, Itapoan” (1957), obra inacabada, que pertence à família do artista e é inédita para público. As obras provêm de coleções privadas de instituições do Brasil: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Brasileira da FAAP.   

As marinhas são a sua faceta mais conhecida, mas ele também pintava naturezas-mortas, paisagens e retratos, em obras singulares e muito poéticas. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a paixão do pintor inspira a instituição a oferecer essa mostra. “A galeria da Casa Fiat de Cultura ganha a leveza, a profundidade e a brisa do mar que sempre estão presentes nas obras de Pancetti. Para sentir, basta contemplar.”

Filho de imigrantes italianos, José Pancetti foi pintor, escultor, desenhista e gravador.  Também foi pintor de paredes e militar da Marinha Brasileira – ofício que influenciou fortemente a sua obra e a relação com o mar. Nasceu em Campinas (SP), mas logo cedo se mudou para São Paulo. Seu pai era pedreiro, mestre-de-obras e músico e a mãe era camponesa. Por causa das dificuldades financeiras, foi enviado à Itália, ainda jovem, onde ingressou na Marinha Mercante. A infância difícil e as privações da adolescência deixaram marcas profundas na personalidade e na saúde de Pancetti, assim, o ingresso na Marinha Brasileira foi um alívio para as suas atribulações. O pintor teve seu talento descoberto na Marinha. Começou pintando um camarote e logo passou a pintar postais e tampas de caixas de charutos. A partir daí, seu interesse pela pintura se intensificou e chegou a estudar por um curto período no Núcleo Bernardelli (Rio de Janeiro), um ateliê livre que tinha orientadores em vez de professores.

A curadora da mostra, Denise Mattar, destaca que Pancetti sempre foi um pintor original e intensamente pessoal. “Seu temperamento solitário e a formação quase autodidata permitiram o surgimento de uma obra particular plena de lirismo, melancolia e poesia – uma obra que emociona. Sem estar preocupado com uma brasilidade teórica, Pancetti retratou amorosamente a nossa gente, a nossa luz e o nosso mar.”

A exposição “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra, da Usiminas e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.

Paisagens de Cris Ioschpe

03/set

A Ocre Galeria, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS,  convida para a abertura da exposição “Quietude”, de Cris Ioschpe, com curadoria de Maria Alice Milliet e participação especial do artista plástico Walmor Corrêa. A inauguração ocorrerá no dia 05 de setembro, marcando o início de um período de visitação que se estenderá até o dia 01 de outubro. Além disso, no dia 06 de setembro, às 18h30, haverá uma conversa com os artistas Cris Ioschpe e Walmor Corrêa, mediada por Paula Ramos.

O texto da curadora Maria Alice Milliet para a exposição “Quietude” de Cris Ioschpe destaca a profundidade emocional e o contexto pessoal e geográfico que influenciam as obras da artista. As paisagens retratadas nas obras remetem às dunas e banhados do Taim, uma reserva ecológica no Rio Grande do Sul, e ao litoral norte de São Paulo. A curadora observa que a natureza apresenta-se como referência primordial, como resíduo arcaico de um tempo mítico. As obras emergem de um processo lento e maduro, onde não há pressa nesse trabalho, apenas expectativa do que está por vir. O movimento suave do pincel cria ondulações que evocam montanhas, banhados, ilhas e baías de águas calmas, revelando a dualidade entre as séries “Taim” e “Serra do Mar”. Maria Alice Milliet também explora a evolução artística de Cris Ioschpe, que iniciou sua trajetória na gravura e depois se aprofundou na pintura. Ela destaca a importância do aprendizado da artista com Maria Tomaselli e Iberê Camargo, e menciona sua aproximação com Paulo Pasta nos últimos anos. A curadora pontua que Cris Ioschpe chegou a uma pintura singular, num contexto onde a pintura de paisagens, embora tradicionalmente vista como menor, continua a atrair artistas contemporâneos.

Em suas obras, Cris Ioschpe evolui das naturezas-mortas para as paisagens. Na série “Taim”, ela constrói com gestos e pinceladas generosas o que pode ser lido como montanhas baixas e alagados, utilizando uma paleta de azuis, roxos e verdes que reforçam a continuidade da paisagem para além do quadro. Já na série “Serra do Mar”, a artista adota uma abordagem pictórica mais incisiva, com contornos definidos e um cromatismo menos sombrio. A pintura aproxima-se do desenho, à medida que os limites entre céu, terra e mar tornam-se mais nítidos, sublinha a curadora.

Por fim, Maria Alice Milliet conclui que, em ambas as séries, o foco não está na identificação precisa do local, mas naquilo que a paisagem transmite: na quietude da observação, a natureza inspira o artista e, na contemplação da pintura, ela nos toca.

Sobre a artista

Cris Ioschpe, nascida em Porto Alegre em 1967, é uma artista plástica que vive e trabalha em São Paulo desde o ano 2000. Formada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1992, desenvolveu sua prática artística inicialmente estudando pintura e gravura com mestres como Maria Tomaselli, Anico Herskovits, Paulo Pasta, e Claudio Mubarac. Na década de 1990, expandiu sua formação vivendo em Buenos Aires onde trabalhou no Museo del Grabado e em Porto Alegre na Fundação Iberê Camargo, colaborando com Eduardo Haesbaert. Com seu ateliê em São Paulo, continuou a se aperfeiçoar sob a orientação de Evandro Carlos Jardim e Ernesto Bonato, e participou de diversos projetos de gravura, incluindo o “Projeto Lambe-lambe”. Além de coordenar workshops de gravura no SESC Pompeia e oficinas na Chapel School, desde 2013 frequenta o curso de Paulo Pasta no Instituto Tomie Ohtake. A artista possui um extenso currículo de exibições individuais e coletivas, destacando-se “Passos que imaginei” na Galeria Gravura, em Porto Alegre, RS, no ano 2000, “Funil” na Galeria Bolsa de Arte de Porto Alegre em 2004  e “da gravura e além” na Galeria Arteedições em 2017 em São Paulo. Suas obras integram coleções públicas em instituições de prestígio, como a Bibliotheca Alexandrina, o Museo del Grabado em Buenos Aires, e diversos museus no Brasil, incluindo o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e o Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.

Sapos, lagartixas, jacarés, ratos e cobras de borracha.

A artista Lia Menna Barreto exibe na OCRE Galeria, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS, uma exuberante instalação composta de bichos de plásticos.

A incessante fábrica de Lia Menna Barreto

Tapetes de jacaré, bobinas de sapo, pizzas de lagartixa. Produtos variados: vende-se a metro ou a granel, no varejo ou no atacado. Há 21 anos, a fábrica de Lia Menna Barreto segue funcionando incessantemente, nunca parou. Lia se insere na esteira diversa da ousada Geração 80 da arte brasileira. Propondo experimentações de materiais e linguagens possíveis à criação artística, coube a essa turma de jovens artistas reinventar modos de pensar e fazer em arte, subvertendo formas de pintar, gravar, desenhar e esculpir, ampliando-se para uma cartela infinita de meios e procedimentos. Em Fabricados, a artista apresenta parte da coleção de produtos derivada da instalação in situ Fábrica, obra emblemática da 4ª. Bienal do Mercosul (Porto Alegre/Brasil, 2003). Na proposição, instalou uma sala de produção no meio do Armazém A5 do Cais do Porto. Quadrado, com divisórias de PVC e vidro, o chão de fábrica mantinha um regime de produção onde nós, operários-assistentes, produzíamos, em série, dezenas, senão centenas, de objetos modulares, a partir de bichinhos de brinquedo. Para a realização das tarefas do dia, repetindo uma técnica de prensagem criada pela artista utilizando ferros de passar roupa, água e papel manteiga, montávamos objetos de aparência estranhamente familiar a partir da manipulação de sapos, lagartixas, jacarés, ratos e cobras de borracha, famosos itens de preço barato das saudosas lojas de 1,99 ou made in China. Construíamos tapetes, mandalas, estrelas, flores, bolos e pizzas. Na ocasião, a obra viva exibia ao público, do horário de abertura ao encerramento de suas operações fabris, o pensamento de uma artista inquieta, revelado no labor e na fantasia do processo criativo. Temporária e efêmera, a fábrica se apresentava como um trabalho continuamente inacabado e, ao mesmo tempo, múltiplo em si. Nenhum dia era o mesmo dia na linha de produção pois, a cada 24 horas, acontecia de um jeito diferente, revelando-se como uma obra de difícil apreensão. Não diferente, a mostra que se apresenta hoje, continua fugindo da obviedade. Na esperança de encontrarmos obras docilizadas no ambiente da galeria, a montagem e a exibição das peças subvertem a lógica de exposição e atualizam as regras de apreciação e consumo de obras de arte. Os fabricados de Lia voltam ao circuito como produtos, vendidos a metro ou em peças únicas, separados ou combinados, grandes ou pequenos, ao gosto do freguês. Um tanto irônico, a artista nos apresenta mais um desdobramento de sua constante, irreverente e espetacular produção. Com 40 anos de carreira, a produção da artista atualiza o repertório singular de conceitos operatórios que traz em sua caixa de ferramentas: derreter, grudar, misturar e prensar ampliam-se para cortar, medir, negociar e outros tantos verbos de ação que seu trabalho demande inventar. Revela, portanto, que há sempre uma surpresa no caminho a surgir, que reconfigura continuamente as rotas do trabalho da artista. Pois, mesmo no ato insistente de uma comprometida e incessante produção, sempre abre-se espaço para o desvio. Surpresas do processo: o começo de uma nova linha de produção.

Sandro Ka/artista visual, professor e pesquisador (EBA/UFMG), ex-operário-assistente da Fábrica.

Marcos Scorzelli apresenta megaescuturas coloridas.

Está em cartaz a exposição “Megabichos – Matemática Poética, Geometria Selvagem”, do designer e artista plástico Marcos Scorzelli, na CAIXA Cultural Fortaleza, Praia de Iracema, CE. Com curadoria de Guto Nobre, a mostra conta com 14 megaesculturas coloridas, produzidas em chapas de aço, todas expostas nos jardins do equipamento cultural. Com patrocínio da CAIXA e do Governo Federal, a mostra poderá ser visitada até o dia 03 de novembro, com acesso gratuito.   

Durante o período da exposição, o público de todas as idades poderá ver e interagir com a girafa de três metros de altura, cavalo, touro, beija-flor, ema, polvo e outros bichos. São obras que retratam uma selva vibrante em formas tridimensionais, nascidas a partir de figuras bidimensionais planas como triângulo, círculo e quadrado. A ideia é provocar surpresa para o olhar que desperta a criança dentro de cada espectador.

As obras evocam a infância e as memórias da convivência familiar do artista. Isso porque Marcos Scorzelli reinterpretou as antigas criações de papel que fazia junto com seu pai, Roberto Scorzelli, também artista plástico, transformando-as agora em megaesculturas. Originalmente, essas peças eram feitas com cortes e dobras precisas, sem desperdício de material – uma prática que perdurou ao longo do tempo, fortalecendo o vínculo entre pai e filho. Com Marcos, essa tradição foi renovada sob uma nova perspectiva.

“A exposição é uma matemática mágica e divertida, com imensa força educativa. A aparente simplicidade da transformação de uma forma geométrica plana em um volume espacial, criando figuras de bichos coloridos, dinâmicos e cheios de personalidade, faz sonhar e vai, certamente, encantar toda a família”, destaca Scorzelli.

Sobre o artista

Carioca, formado em design pela PUC Rio, Marcos Scorzelli começou a carreira inovando em projetos arquitetônicos, trabalhando como designer de interiores corporativos e desenvolvendo soluções cenográficas diferenciadas. Em 1993, criou com seu pai a Scorzelli Arquitetura e Design, que já recebeu prêmios por projetos desenvolvidos para empresas. Fotógrafo amador, é apaixonado pelo Rio e desenvolveu sua linguagem vivenciando a natureza exuberante da cidade maravilhosa.

Exposição inédita de Alex Flemming

27/ago

A exposição inédita “Alex Flemming 70 Anos”, a mais nova realização do Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR, será inaugurada no dia 29 de agosto, na Sala 3. Com curadoria de Tereza de Arruda, a mostra reúne mais de 80 obras, algumas de grandes dimensões. Alex Flemming é um artista brasileiro reconhecido internacionalmente e que vive há décadas entre a Alemanha e o Brasil.

“Alex Flemming é, sem dúvida, um dos maiores artistas brasileiros de sua geração e ao longo de sua carreira teve conexões e presenças importantes no Paraná. Para nós, é uma honra apresentarmos uma mostra que celebra seus 70 anos aqui no Museu Oscar Niemeyer”, afirma Luciana Casagrande Pereira, secretária de Estado da Cultura do Paraná.

A diretora-presidente do MON, Juliana Vosnika, informa que ‘”a mostra comemorativa de Alex Flemming leva nosso público a entrar em contato direto com o melhor da produção contemporânea”. Ela comenta que Alex Flemming, artista sempre irreverente e observador, traz em suas obras um retrato atual que vai além da simples representação do que vê. ‘”Ele traduz sua visão aguçada e atenta ao falar sobre um mundo caótico e cheio de vertentes. Aborda diversas questões sociais com a sutileza que só a arte permite”, diz Juliana Vosnika.

Na exposição estão trabalhos realizados de 1982 a 2023. As obras, impregnadas de símbolos e mensagens, convidam o espectador a extrapolar o senso comum. São camadas que ganham significado próprio a partir do olhar singular de cada visitante. Por meio de técnicas inovadoras e abordagens conceituais, como as presentes no universo de Alex Flemming, tem-se a expansão dos limites do retrato e do retratado, desafiando o espectador a reconsiderar suas percepções sobre o artista, sobre si mesmo e sobre os outros. A exposição reúne em suas obras técnicas variadas, como fotografia sobre vidro, óleo sobre tela, esmalte sobre madeira, acrílica sobre tecido e pintura sobre porcelana.

O tema “Retrato” foi intencionalmente selecionado para esta mostra comemorativa porque a representação humana é o eixo fundamental e seminal da pesquisa plástica de Alex Flemming. Segundo a curadoria, a mostra apresenta a recorrência do retrato em sua vasta produção. “Historicamente, ao longo dos séculos, o gênero do retrato evoluiu de uma representação fiel da aparência física para uma exploração profunda da identidade e da subjetividade do retratado”, explica Tereza de Arruda. “O retrato contemporâneo, como pode ser visto nesta mostra, explora frequentemente a identidade de maneiras complexas, abordando questões de gênero, raça, sexualidade, classe social e cultural”. Ainda segundo a curadora, ‘”deixou de ser uma simples representação da aparência externa para se tornar uma investigação profunda das complexidades da identidade humana – um espelho da sociedade -, refletindo suas tensões, transformações e diversidades”.

Sobre o artista

Alex Flemming nasceu em 1954, em São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo e Berlim. Estudou Cinema na FAAP e Arquitetura na USP, e é autodidata em artes visuais. Realizou vários curtas-metragens em Super-8, com participação em festivais. A partir do final da década de 1970, passa a se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Realiza sua obra sempre em séries, e a primeira delas denuncia a violência da tortura nos porões da ditadura militar brasileira (série ‘”Natureza Morta”, 1978). Sua arte é basicamente política e vem, no decorrer dos anos, abordando temas como a guerra (série ‘”Body Builders”, 2000), o 11 de Setembro (série ‘”Flying Carpets”, 2003) ou o terrorismo (série “Apocalipse”, 2015). Outro tema sempre presente é o corpo humano, “o ser humano como centro do universo”, como o próprio artista diz, é o foco da mostra “Alex Flemming 70 Anos”.

Sobre a curadoria

Tereza de Arruda é mestre em História da Arte pela Universidade Livre de Berlim e acompanha, desde 1991, a produção de Alex Flemming, expondo suas obras em inúmeras mostras no Brasil e no exterior. Entre elas, a exposição individual “Flying Carpets”, realizada em 2005, no Chicago Cultural Center; “Alex Flemming: Sistema Uniplanetário”, em 2008, na St. Johannes Kirche, em Berlim e no MAM – Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro”, “Alex Flemming: Galileu Galilei”, em 2011, no Museu Nacional de Belas Artes em Santiago no Chile, além da mostra coletiva “Brasilidade Pós-Modernismo”, realizada de 2021-2022, no circuito CCBB no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.