Guilherme Gallé artista representado pela Galatea.

16/dez

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação do artista Guilherme Gallé (São Paulo, 1994 – vive e trabalha em São Paulo). Guilherme Gallé é formado em Design Gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2016) e desenvolveu sua prática pictórica em ateliês e grupos de estudo. Entre 2019 e 2023, foi assistente do pintor José Roberto Aguilar. Atualmente integra o curso “Pintura: Prática e Reflexão”, conduzido por Paulo Pasta, e participa do grupo de estudos de história da arte coordenado por Rodrigo Naves.

A pintura de Guilherme Gallé nasce de um processo contínuo de depuração: um quadro aciona o seguinte, num movimento em que cor, forma e espaço se reorganizam respondendo uns aos outros. As cores tonais, construídas em camadas, estruturam o plano pictórico ao mesmo tempo em que instauram atmosferas. Já a geometria recorrente não se impõe como ordem fixa, mas como um sistema instável que articula cheios e vazios, proximidades e distâncias. O vazio, por sua vez, não é experimentado como ausência, mas como elemento ativo da composição: é ele que tensiona as formas e sustenta a dinâmica espacial da pintura.

A sua superfície pictórica se constitui de uma matéria espessa, marcada por incisões, apagamentos e pentimentos, que dão indícios do processo da pintura ao mesmo tempo que o impulsionam. Nesse sentido, Guilherme Gallé empreende uma investigação metalinguística, na qual a obra se autoengendra: a pintura nasce da própria pintura, tensionando polaridades entre micro e macro, conteúdo e continente, gesto e estrutura. Situadas no limiar entre abstração e sugestão figurativa, suas composições convidam à lenta contemplação, dando espaço para que o olhar oscile entre repouso e movimento, entre a atenção ao detalhe e ao conjunto. Aos poucos, Gallé constrói uma partitura silenciosa, uma minuciosa dança à qual os olhos aderem.

Entre as exposições das quais participou, destacam-se: Joaquín Torres García – 150 anos, (Coletiva, Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, São Paulo / Brasília / Belo Horizonte, 2025–2026); Ponto de mutação (Coletiva, Almeida & Dale, São Paulo, 2025); O silêncio da tradição: pinturas contemporâneas (Coletiva, Centro Cultural Maria Antonia, São Paulo, 2025); Para falar de amor (Coletiva, Noviciado Nossa Senhora das Graças Irmãs Salesianas, São Paulo, 2024); 18º Território da Arte de Araraquara (2021); Arte invisível (Coletiva, Oficina Cultural Oswald de Andrade, São Paulo, 2019); e Luiz Sacilotto, o gesto da razão (Coletiva, Centro Cultural do Alumínio, 2018). Sua primeira individual será apresentada na Galatea, em São Paulo, com abertura em 22 de janeiro de 2026.

Niemeyer na Itália na Casa Zalszupin.

Milagre. Com esta palavra, Oscar Niemeyer foi definido por Lucio Costa no fundamental artigo “Muita construção, alguma arquitetura e um milagre”, de 1951. O vínculo entre Niemeyer e a Itália teve início quando o arquiteto carioca tinha 60 anos de idade, havendo já concebido os palácios da nova capital de seu país, participado do projeto da sede da ONU e realizado dezenas de projetos na Europa, América do Norte, África e Oriente Médio. 

A relação com a Península Itálica começou com o encantamento do proprietário da editora Mondadori ao visitar o Palácio do Itamaraty, em Brasília. Seu maravilhamento foi tamanho, que ele resolveu procurar Niemeyer para encomendar um projeto com as mesmas colunas e arcos para sediar sua empresa: o mestre moderno fez uma estrutura semelhante, mas, nos arredores de Milão, o espaçamento entre pilares não é equidistante e possui uma variação rítmica. O Palazzo Mondadori foi inaugurado em 1975 e abriu uma sequência de projetos arquitetônicos de Oscar Niemeyer na Itália. Mais três edificações foram construídas: as sedes das empresas Fata e Cartiere Burgo, nas cercanias de Turim, e o Auditório de Ravello, na Costa Amalfitana, aberto quando o dédalo brasileiro estava com 102 anos. 

Esta mostra-inventário também apresenta projetos que ficaram no papel. Em 1985, Niemeyer visitou Veneza e idealizou uma versão alternativa para a Ponte dell’Accademia: seu desenho arquitetônico era respeitoso com o contexto e, simultaneamente, uma saudável provocação para incitar transformações na singular cidade de incontáveis canais e mais de 1600 anos de existência. Para Pádua, o arquiteto engendrou um auditório para 2 mil pessoas, cuja cobertura seria um anfiteatro para 3 mil espectadores ao ar livre. Em Vicenza, ele planejou um teatro emergindo em meio a uma praça rebaixada. Oscar Niemeyer idealizou até um World Trade Center em Milão, uma versão em miniatura do Copan para a cidadela de Este, um campus de desenvolvimento automobilístico e um grande estádio em Turim. 

Nesta Casa Zalszupin, optou-se por não expor maquetes de projetos arquitetônicos: em vez de modelos em escalas reduzidas, apresenta-se um amplo conjunto de móveis desenhados pelo arquiteto. O banco Marquesa, a cadeira de balanço Rio, e as poltronas Alta e Baixa comprovam aqui a profunda correspondência entre as formas inventadas por Niemeyer em todos os âmbitos de projeto que ele se propôs ao longo da vida. 

Feito com o apoio da Fundação Oscar Niemeyer e fundamentado em pesquisas realizadas em bibliotecas e arquivos históricos no Brasil e na Itália, este mapeamento de treze projetos – quatro construídos e nove não executados – do arquiteto brasileiro na Península Itálica confirma a capilaridade global adquirida pela sua obra. Uma das dimensões do “milagre” identificado por Lucio Costa reside na capacidade de Oscar Niemeyer subverter o fluxo do colonialismo no século XX. 

Francesco Perrotta-Bosch, curador.

Até 14 de março de 2026.

Revelando riqueza artística e densidade simbólica.

 

O Museu de Imagens do Inconsciente, Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, RJ, convida para a abertura, em 20 de dezembro, às 10h, da exposição “Riquezas do mundo interno – coleções e leituras”, que reúne mais de 60 obras produzidas por pacientes psiquiátricos, oriundas de quatro museus: o próprio MII, o Museu Arthur Bispo do Rosário – ambos no Rio de Janeiro -, o Museu de Arte Osório Cesar, em Franco da Rocha, São Paulo, e o Museu da Oficina de Criatividade, em Porto Alegre.

A curadoria é de Luiz Carlos Mello, diretor do Museu de Imagens do Inconsciente, criado pela Dra. Nise da Silveira (1905-1999) em 1952. O ponto de partida para a mostra – que será de longa duração, e estará no edifício -sede do MII – foi o livro “Do asilo ao museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura” (2024, Hólos Consultoria), de Eurípedes Gomes Cruz Jr., músico e museólogo que trabalhou por 25 anos junto com a Dra. Nise, em que analisa a formação, ao longo do último século, das coleções criadas em vários países com as obras produzidas por pacientes psiquiátricos.

Esta é a primeira vez que o Museu de Imagens do Inconsciente apresenta obras de outros museus, e haverá ainda um segmento com reproduções em papel de algodão fine-art, em tamanhos variados, de coleções similares localizadas na Europa, como a Coleção Prinzhorn, na Alemanha, Arte Bruta, em Lausanne, Suíça, Coleção Adamson, na Wellcome Library, em Londres. As obras – pinturas e esculturas – não estarão dispostas em ordem cronológica, mas agrupadas em aproximações poéticas.

A exposição “Riquezas do mundo interno – coleções e leituras” faz parte das comemorações dos 50 anos da Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente, atualmente presidida pela Dra. Margareth Dalcolmo, e foi possível graças à emenda parlamentar da deputada federal Jandira Feghalli e o patrocínio, via Lei Rouanet, do Itaú Cultural.

“As mais de 60 obras expostas revelam riqueza artística e densidade simbólica, trazendo universos onde a fantasia e a imaginação alcançam dimensões inusitadas. As riquezas trazidas à superfície por pessoas que experimentaram semelhantes mergulhos estão representadas na exposição. O público será impactado pelas imagens”, afirma o curador Luiz Carlos de Mello.

No dia da abertura da exposição será feito o lançamento das novas edições revistas e ampliadas de dois livros: “Nise da Silveira, Caminhos de uma psiquiatra rebelde”, de Luiz Carlos Mello, como parte das comemorações dos 50 anos da Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente, com edição da Hólos Consultoria e Automática; e “Nise da Silveira – afeto, liberdade e criatividade”, de Walter Melo, editado pelo Conselho Federal de Psicologia.

Gravuras de Carlos Martins no Paço Imperial.

15/dez

Sombra da Terra

Desde suas primeiras manifestações, na metade da década de 1970, a obra de Carlos Martins propõe uma experiência estética exigente. Sobretudo por reivindicar a observação atenta de suas gravuras, na contramão de um regime de aceleração, intensificação e instantaneidade de significados e sensações na cultura contemporânea. De maneira geral, as imagens produzidas pelo artista são simples e ambíguas, familiares e estranhas, a uma só vez. Por não apresentarem necessariamente uma ação em curso, são também silenciosas e sugestivas de um esgarçamento temporal. 

A minúcia com que são conduzidos os processos de realização do trabalho, na criação de estampas com dimensões, muitas vezes, pequenas e cheias de detalhes, requer, para sua melhor apreensão, a aproximação física do observador e um exame detido de suas partes. Assim, um dos aspectos agudos da obra para intervenção no debate sobre arte, hoje, em meio a essa inflação crescente de estímulos, é sua postura meditativa, que articula análise e afeição, diante do mundo das coisas.

Sombra da Terra é a mais abrangente exposição já organizada da obra de Martins, considerado, no ambiente cultural brasileiro, um dos principais conhecedores de gravura do país – não apenas por sua atividade como artista, mas inclusive pelo exercício das profissões de professor, museólogo e curador. A seleção de trabalhos apresentada aqui compreende cerca de 120 peças, entre gravuras em metal, esculturas, um ambiente e um vídeo inédito, realizados de 1975 a 2025. 

O nome da mostra vem do termo em latim Umbra Terre, que aparece inscrito em uma gravura do artista de 1987, Amiciciae Dexter. Com isso, o título sublinha a recorrência, nessa produção, de imagens de duplicação do real, principalmente por meio de sombras e reflexos. A ênfase demonstra a consideração de Carlos Martins por aquilo que é constitutivo do entorno imediato e por aquilo que, ali, é obsedante, ou temporário, ou até ilusório. Uma espécie de concentração pormenorizada que se dirige à materialidade do mundo e a imagens sem substância própria, combinada com uma curiosidade expansiva, que se estende do ambiente doméstico ao sistema solar, apontando no caminho para enigmas, para o obscuro, o negativo e para ausências.

José Augusto Ribeiro, curador.

Até 1º de março de 2026.

 

Cecília Maraújos no Ateliê 31.

Em Autoficções, Cecília Maraújos apresenta um conjunto de pinturas que atravessam corpo, memória e maternidade, articulando autorretratos, referências fotográficas e experiências do cotidiano. A exposição está em cartaz no Ateliê 31, com curadoria de Martha Werneck. Na mostra, Cecília Maraújos reúne um conjunto de cerca de 25 pinturas, em diversos formatos, que atravessam corpo, memória e cotidiano como campos de elaboração pictórica, articulando experiências autobiográficas e investigações sobre a representação do feminino na cultura.

Cecília Maraújos apresenta um conjunto de pinturas desenvolvidas a partir de referências fotográficas, estudos e montagens digitais que acompanham seu processo. A artista articula documentação, pesquisa teórica e o uso contínuo do caderno de artista como parte de um método que transforma experiências pessoais em matéria pictórica, fazendo do processo um campo de investigação tão importante quanto a própria imagem final.

A partir de fotografias e registros espontâneos da rotina com Serena, sua filha de um ano, Cecília Maraújos elabora pinturas que tomam a casa como figura central dessa maternagem crítica – um espaço onde corpo, afeto, memória e cuidado se entrelaçam, e onde o ambiente doméstico assume o mesmo peso que as figuras humanas, revelando camadas simbólicas do dia a dia. “Nesses trabalhos, a noite parece ser cenário e metáfora: espaço temporal em que o cuidado e a criação se confundem. A pintura traz à tona o gesto repetido, a insônia, o contato, a dúvida”, descreve a curadora Martha Werneck.

“Em suas telas, a pintura é também gesto de resistência, forma de pensar o mundo desde o íntimo. Assim, a artista nos convida a permanecer na penumbra: onde a vida cotidiana se acende em fogo lento e silencioso, transformando o que seria doméstico em potência poética e política”, conclui a curadora.  

Sobre a artista.

Cecília Maraújos (1999, Fortaleza, CE. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ) cursou graduação de Pintura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Estuda artes de maneira autodidata desde a infância e hoje enfatiza em seu trabalho a prática da pintura e do desenho, intercruzando sua plasticidade com fotografia, escultura, escrita, performance e colagem. Questiona e observa estruturas sistemáticas histórico-sócio-culturais que influenciaram na elaboração da sua autoimagem, utilizando experiências autobiográficas do dia-a-dia para elaborar um entendimento identitário e comunitário a partir de conceitos como interseccionalidade, maternidade e poética para guiar suas especulações. 

Até 08 de janeiro de 2026. 

Arte Brasileira no Canadá.

12/dez

A maior exposição de arte brasileira já apresentada no Canadá, “Tropi-X” está em cartaz no Museum London, ON, reúne até 19 de abril de 2026 mais de 70 obras de 44 artistas para explorar expressões ousadas e em transformação de identidade, cultura e diáspora no Canadá. A exposição é curada por Alena Robin & Rodrigo D’Alcântara.

No centro da mostra está uma coleção rara de obras dos anos 1970 doadas pelo casal de visionários John e Elizabeth Moore: pinturas vibrantes, esculturas e trabalhos têxteis enraizados no folclore, na religião sincrética, na cultura popular e na experimentação modernista. Doada em 1985 e em grande parte invisível por mais de três décadas, essa seleção histórica reflete um momento decisivo na história da arte brasileira – moldado pela diversidade regional e pela transformação modernista.

Essas obras dialogam de forma dinâmica com trabalhos contemporâneos de 20 artistas brasileiro-canadenses que vivem em diferentes regiões do país, conectando passado e presente. Os artistas contemporâneos de “Tropi-X” desafiam narrativas herdadas e oferecem novas perspectivas sobre pertencimento e memória cultural. Organizada em três núcleos temáticos – Folclore Remix, Trópicos em Loop e Fantasmas Sincréticos – “Tropi-X” propõe uma reflexão urgente sobre a complexidade da arte brasileira e sua presença em transformação no panorama cultural canadense. 

“Tropi-X” apresenta obras de: Adelita Pandini, Alexandre Filho, Aline Setton, Antonio Maia, Bruno Capinan, Bruno Smoky, Bruno Tausz, César G. Villela, Christiano de Araujo, Elenir de Oliveira Teixeira, Eloisa de Aquino, Enrico Bianco, Farnese de Andrade, Felipe Fittipaldi, Fernando V. da Silva, Francisco da Silva (Chico), Genaro de Carvalho, Gilda Azeredo de Azevedo, Giorgia Volpe, Glauco Rodrigues, Hélio Basto, Hélio Eudoro, Hélio Rôla, Ian Indiano, Ivan Moraes, Jorge Maia, José Sabóia, Ludmila Steckelberg (VahMirè), Lucas Peixe, Luciano Mauricio, Luiza Albertini, Manoel Chatel, Marcio Melo, Mariana Marcassa, Marina FAW, Nakitta Hannah Correa, Napoleon Poty Lazzarotto, Raquel Trindade (Kambinda), Renina Katz, Richelli Fransozo, Sebastião Januário, Tarcisio Cataldi, Vinicius de Aguiar Sanchez (O Vico) e Ziltamir Soares de Maria (Manxa).

Imersão profunda na obra de Carlos Pasquetti.

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “Carlos Pasquetti – Espaços para esconderijos”, primeira grande mostra monográfica institucional dedicada a oferecer uma visão histórica e retrospectiva sobre a obra do artista e professor falecido em 2022. A inauguração será no dia 13 de dezembro, em evento aberto ao público e que marca também o encerramento do ciclo de exposições de 2025 do Museu. 

Reunindo acervos institucionais e coleções particulares, a mostra apresenta obras de reconhecida importância, junto de trabalhos históricos resgatados e recuperados, além de proposições inéditas realizadas especialmente para a mostra, a partir de projetos deixados pelo artista. Realizada pelo MARGS em colaboração com o Acervo Pasquetti (projeto mantido pela família para gestão do acervo do artista e a catalogação de sua obra), a exposição é a maior pesquisa até aqui a proporcionar uma imersão profunda e compreensiva sobre a importante produção do artista.

O título “Espaços para esconderijos” vem de emblemáticos trabalhos de Carlos Pasquetti dos anos 1970, em fotografia e desenho, que têm como mesmo motivo a imagem e as formas das chamadas “medas” (os amontoados de feixes de feno). Essa referência é evocada por ser um exemplar icônico entre os signos visuais cultivados pelo artista em seu universo conceitual e criativo.

Dando sequência a um conjunto de exposições monográficas inéditas de artistas que integram o acervo do MARGS, “Carlos Pasquetti – Espaços para esconderijos” tem curadoria de Francisco Dalcol, diretor da instituição, e dos curadores convidados Alexandre Copês e Nelson Azevedo, artistas que conviveram com Carlos Pasquetti no cotidiano de seu ateliê, proporcionando ao projeto uma profunda intimidade com os seus trabalhos e o seu universo criativo.

Sobre o artista.

Em sua produção artística, desenvolvida ao longo de mais de 50 anos, Carlos Pasquetti explorou filme, fotografia, impressos, fotoperformance, desenho, pintura, objeto, elementos gráficos e instalação, sempre combinando e alternando suportes e linguagens. Sua atuação se inicia no contexto do experimental e dos conceitualismos das vanguardas artísticas das décadas de 1960 e 70, incluindo o envolvimento com o grupo Nervo Óptico (1976-1978), passando depois a acompanhar a pluralidade artística que se segue aos anos 1980. No conjunto, sua diversificada obra constitui um dos legados mais significativos, desde o Sul do Brasil, para o alargamento das convenções artísticas modernas e a abertura das práticas e linguagens artísticas contemporâneas. Nascido em Bento Gonçalves (RS), Carlos Pasquetti se iniciou artisticamente no ambiente familiar com o pai fotógrafo, também organizador de grupos de teatro. Estudando em Porto Alegre nos agitados anos 1960, graduou-se em Pintura pelo Instituto de Artes da UFRGS em 1971. Dois anos depois, tornou-se professor na universidade. Nos mais de 40 anos em que deu aulas para estudantes de artes cênicas e artes visuais, influenciou gerações de artistas, que encontravam nele um sólido referencial de abertura e estímulo para novas ideias e possibilidades artísticas.

Até 29 de março de 2026.

Pesquisas autorais no espaço Z42 Arte.

11/dez

Reunindo 64 obras inéditas, será inaugurada neste sábado, dia 13 de dezembro, a exposição “Coletiva Z”, que apresentará a mais recente produção dos artistas Benoit Fournier, Cláudia Lyrio, Fernanda Leme, Ilana Zisman, Kakati de Paiva, Laura Fragoso, Marcio Atherino e Maria Raeder, na Z42 Arte, no Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. A mostra apresentará pinturas, esculturas, instalação e fotografias, que pensam o eu, o outro, a sociedade e a natureza, e mostram ao público, de maneira acessível, um pouco das pesquisas autorais que os artistas vêm desenvolvendo. Em comum, todos os artistas possuem ateliê no espaço Z42 Arte.

“A Coletiva Z nasce do desejo de reunir vozes singulares que investigam identidades, relações e paisagens. Cada artista apresenta um recorte único de sua pesquisa, construindo um panorama acessível e potente da produção contemporânea. É uma oportunidade especial de revelar ao público a riqueza da criação dos artistas da casa, cujas poéticas, em diálogo, se encontram e se complementam”, diz Zyan Zein, diretora da Z42 Arte.

Sobre a Z42 Arte.

A Z42 é um espaço de arte que integra ateliês, salões expositivos, workshops e performances, fomentando à produção e à circulação da arte contemporânea na cidade do Rio de Janeiro. Localizada em um casarão histórico da década de 1930, o espaço possui arquitetura eclética e generosos salões expositivos.

Em cartaz até 21 de dezembro.

 

Uma proposta para repensar o consumo.

A Galatea tem o prazer de compartilhar que a artista Dani Cavalier integra a exposição Dar nome ao futuro, junto de Nathalie Ventura, no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), no Rio de Janeiro. Com abertura no dia 11 de dezembro e curadoria de Ana Carla Soler, a mostra ocupa cinco salas do segundo andar do CCJF – duas destinadas a Dani Cavalier e três destinadas a Nathalie Ventura – e integra o programa Clima de Mudança da instituição, voltado a promover diálogos entre arte, sociedade e as urgências ambientais do presente, em sintonia com os debates da COP 30.

Em uma das salas expositivas, Dani Cavalier apresenta a série As Pensadoras: 15 telas tramadas monocromáticas que questionam a invisibilidade das mulheres no pensamento ocidental. Na segunda sala, exibe Gira, um mural colorido de 7,5 metros de comprimento que convoca o movimento e simboliza o presente de uma mulher que cria futuro a partir do resíduo.

A artista afirma que a relação entre “dar nome ao futuro” e as pautas da COP 30 está no modo como suas obras transformam resíduos em novas possibilidades. Ao trabalhar com retalhos industriais de Lycra descartados por fábricas de moda praia do Rio de Janeiro (que são entrelaçados sobre o chassi), Dani Cavalier propõe repensar consumo, gênero e o valor das práticas artesanais, deslocando saberes femininos historicamente marginalizados para o espaço institucional e para uma discussão ambiental de escala internacional.

Até 1º de março de 2026.

A mais abrangente retrospectiva de Vik Muniz.

O Centro Cultural Banco do Brasil e o Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_Bahia) têm o prazer de convidar para a exposição “A Olho Nu”, de 13 de dezembro a 29 de março de 2026, a maior e mais abrangente retrospectiva de Vik Muniz. Com curadoria de Daniel Rangel, “A Olho Nu” reúne mais de 200 obras, de 37 diferentes séries, com quatro esculturas feitas recentemente, especialmente para esta mostra em Salvador. O patrocínio é do BB Asset, com a Lei de Incentivo Federal à Cultura, do Ministério da Cultura, e produção é da N+1 Arte Cultura. De junho a agosto “A Olho Nu” esteve no Instituto Ricardo Brennand, em Recife, onde recebeu mais de 70 mil visitantes. No MAC_Bahia, o público verá obras fundamentais do artista, de diferentes fases de sua trajetória, desde os anos 1980 até os dias de hoje. Especialmente para esta exposição em Salvador ele criou as esculturas “Queijo”, “Patins”, “Ninho de ouro” e “Suvenir #18”, todas da série “Relicário”.

“Essa é a primeira grande retrospectiva dedicada ao trabalho de Vik Muniz, com um recorte pensado para criar um diálogo entre suas obras e a cultura da região”, destaca o curador Daniel Rangel. Ele explica que a mostra segue uma linha do tempo que revela a evolução de sua criação artística: das esculturas iniciais à transição para a fotografia, chegando às séries atuais. Logo na entrada do MAC_Bahia, o visitante será recebido pelas esculturas – ponto de partida da exposição e núcleo essencial para compreender o processo criativo do artista. A maior parte dessas peças pertence à série “Relicário”, não exibida desde 2014 e decisiva para entender a passagem do artista do objeto para a fotografia. O recorte curatorial privilegia montagens feitas para serem fotografadas, e revela como o uso de objetos cotidianos aproxima sua obra da arte pop e popular.

Daniel Rangel observa que, ao iniciar sua carreira com esculturas, Vik Muniz passou a explorar massa, volume, volatilidade e suas relações com a percepção. A necessidade de fotografar esses trabalhos para registro despertou seu interesse pela fotografia – inicialmente por insatisfação com imagens produzidas por terceiros. Ao assumir a câmera, percebeu que podia construir cenas pensadas exclusivamente para serem fotografadas, marco que definiu um novo rumo para sua criação. Essa virada – a fotografia como registro à tridimensionalidade concebida para a lente – é um dos eixos centrais da exposição.

A mostra apresenta também as obras “Oklahoma”, “Menino 2” e “Neurônios 2”, só vistas anteriormente em uma exposição do artista em Nova York, em 2022, e recentemente no Instituto Ricardo Brennand. O percurso expositivo se encerra com a série “Dinheiro vivo” (2023), criada em parceria com a Casa da Moeda do Brasil a partir de fragmentos de papel-moeda. O vasto repertório de materiais utilizados por Vik – que vai literalmente do lixo ao dinheiro – sustenta a poética da ilusão e da mimetização que marca sua produção, sempre permeada por humor, crítica social e surpresa. Elementos que, segundo o curador, “seduzem o olhar e convidam o público a despir-se de uma visão tradicional, permitindo enxergar tudo ‘a olho nu’”. “Vik Muniz é um ilusionista”, resume Daniel Rangel. “Um mágico na construção de imagens que não existem, mas que se tornam reais, fazendo do espectador cúmplice de um fazer artístico que nos captura como em uma mágica.”.