Itaú Cultural homenageia Paulo Herkenhoff.

10/nov

Mostra celebra a trajetória de um dos mais importantes críticos de arte da atualidade e a trajetória de um pesquisador das artes no Brasil, o curador, o gestor cultural, o crítico de arte e o artista Paulo Herkenhoff.

Em cartaz até 23 de novembro – com curadoria de Leno Veras e da equipe do Itaú Cultural – apresenta documentos, fotografias, livros, obras de arte e diversos de seus cadernos de anotações para se debruçar sobre três aspectos fundamentais do trabalho de Paulo Herkenhoff: o colecionismo, a curadoria de exposições e a edição de publicações de arte.

Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 8 de janeiro de 1949, é bacharel em Direito, formado pela PUC-Rio em 1973 e mestre em Direito Comparado pela New York University. O homenageado tem um trabalho marcado pela investigação profunda da História da Arte, da Cultura e de seus protagonistas; pela tessitura de redes de saber e pelas ações estruturantes em museus e organizações nas quais atua, sempre preocupado com o fortalecimento das bases que sustentam as instituições culturais, garantindo sua perenidade e permanência. Como gestor e crítico, se engaja na construção de coleções e análises críticas que olhem e representem, de fato, a multiplicidade que constitui o país, e a transmissão de seus saberes inerentes.

Na juventude, ainda em Cachoeiro de Itapemirim, Paulo Herkenhoff cresceu imerso em uma escola criada e gerida por sua família. Foi nela onde começou a trabalhar na biblioteca aos 10 anos, ministrou aulas aos 14 e montou sua primeira curadoria, uma mostra dedicada ao estado da Paraíba, aos 6 anos. Frequentou a Escolinha de Arte de Cachoeiro de Itapemirim, fundada por Isabel Braga em 1950 e, na década de 1970, foi aluno de Ivan Serpa e como aluno de Serpa começou a carreira artística. Sua receptividade foi imediata, sendo premiado no Salão Universitário da PUC-Rio, no Salão de Verão, na exposição Valores Novos e na VII Jovem Arte Contemporânea. Nessa mesma década participou da Bienal de Veneza e da Bienal de Paris.

Foi Curador-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), Diretor Cultural do Museu de Arte do Rio (MAR), também com passagens pelo Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), pelo Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA) e outras organizações dentro e fora do Brasil. Foi responsável por curadorias que ficaram para a história da arte brasileira, como a 24ª Bienal Internacional de São Paulo, conhecida como a “Bienal da Antropofagia”; o Pavilhão brasileiro da 47ª Bienal de Veneza (Itália), o Salão Arte Pará, em dezenas de edições; o Tempo, no MoMA (Nova Iorque); Vontade Construtiva na Coleção Fadel, no MAM-RJ; entre outras. No Itaú Cultural, foi curador das mostras Investigações: o trabalho do artista (2000), Trajetória da Luz na Arte Brasileira (2001), Caos e Efeito (2011), Modos de Ver o Brasil: 30 anos do Itaú Cultural (2017) e Sandra Cinto: das Ideias na Cabeça aos Olhos no Céu (2020).

Itaú Cultural, Ocupação Paulo Herkenhoff, Mostra celebra a trajetória de um dos mais importantes críticos de arte da atualidade e a trajetória de um pesquisador das artes no Brasil, o curador, o gestor cultural, o crítico de arte e o artista Paulo Herkenhoff, Em cartaz até 23 de novembro – com curadoria de Leno Veras e da equipe do Itaú Cultural – apresenta documentos, fotografias, livros, obras de arte e diversos de seus cadernos de anotações para se debruçar sobre três aspectos fundamentais do trabalho de Paulo Herkenhoff: o colecionismo, a curadoria de exposições e a edição de publicações de arte, Nascido em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, em 8 de janeiro de 1949, é bacharel em Direito, formado pela PUC-Rio em 1973 e mestre em Direito Comparado pela New York University. 

 

Uma exposição para refletir.

O Museu Histórico Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ, convida você a explorar uma jornada sobre a resistência, as identidades e a liberdade negra ao redor do mundo. A turnê mundial foi inaugurada, no ano passado, no Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana, nos Estados Unidos. O Rio de Janeiro está entre as cinco cidades do mundo a receber a exposição.

Com curadoria colaborativa e internacional, “Para além da escravidão” trará o acervo de vários países, reunindo cerca de 100 objetos, 250 imagens e 10 filmes. A proposta dessa multiplicidade de obras é dialogar sobre as heranças que marcaram a rota transatlântica da escravidão e a resistência negra por todo o período de escravidão, buscando celebrar a liberdade.

As visitações ocorrerão nas galerias de exposição temporária do MHN até o dia 1º de março de 2026, em espaços especialmente preparados para receber esse importante acervo mundial, enquanto seguem as obras de modernização do sistema elétrico nas demais áreas do museu. Foram semanas de intenso trabalho e colaboração entre as equipes do MHN e a equipe americana de montagem. 

Criado em 1922, é um dos mais importantes museus do Brasil e tem um acervo de mais de 348.515 itens, entre os quais a maior coleção de numismática (moedas e medalhas) da América Latina. A exposição servirá para refletir sobre as cicatrizes dos mais de três séculos de escravidão e a resistência negra por todo esse período. São cerca de 100 objetos, 250 imagens e 10 filmes, divididos em seis seções. Do Rio, o acervo seguirá para a Cidade do Cabo (África do Sul), Dakar (Senegal) e Liverpool (Inglaterra).

 

Memórias da Pequena África.

Em celebração ao mês da Consciência Negra, o Terminal Gentileza recebe a exposição “Memórias da Pequena África”, uma iniciativa que une arte, memória e mobilidade urbana. A mostra é realizada pelo Instituto de Pesquisa Pretos Novos (IPN), em parceria com o VLT Carioca. Com pesquisa curatorial e concepção de Marco Antonio Teobaldo e design gráfico do artista visual Luciano Cian, a exposição apresenta um recorte histórico fundamental sobre a região da Pequena África, território que guarda um dos mais importantes legados da presença africana no país.

A exposição é composta por três painéis monumentais que criam uma jornada visual temporal:

– “Raízes da Matriz Africana – celebra a riqueza civilizatória do continente africano pré-colonial, apresentando os grandes impérios, reinos e culturas que formaram a base ancestral dos povos que chegaram ao Brasil.

– Resistência e Recriação – retrata os processos de resistência cultural durante o período escravista, focando no Cais do Valongo e nas estratégias de preservação das tradições africanas.

– Florescimento na Pequena África – celebra o nascimento do samba e outras manifestações culturais genuinamente brasileiras nos bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo, destacando figuras como Pixinguinha, Iyá Davina de Omolu, João da Baiana e Donga, além de personalidades importantes da cultura nacional como a atriz Ruth de Souza e Pelé.

A exposição fica em cartaz até 14 de dezembro.

 

A pintura de Taro Kaneko.

O Instituto Memorial de Arte Adélio Sarro, Vinhedo, São Paulo, SP, apresenta até o dia 13 de dezembro, o artista Taro Kaneko, reafirmando seu compromisso com a valorização da estética nipo-brasileira e a difusão da arte contemporânea.

Taro Kaneko: Onde paira a cor

A exposição reúne mais de vinte obras de diferentes períodos da trajetória de Taro Kaneko, revelando a amplitude e a pluralidade de sua produção artística. Paisagens, abstrações, composições figurativas e pinturas que oscilam entre o figurativo e o abstrato compõem um conjunto no qual a cor assume o protagonismo.

Taro Kaneko (Gália, SP, 1953) é pintor e arquiteto. Formou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) em 1978. Premiado no Brasil, Japão e França, o artista acumulou mais de sessenta exposições individuais e coletivas ao longo de sua carreira.

A obra de Kaneko insere-se no campo expandido do Abstracionismo Nipo-Brasileiro, vertente artística que, no Brasil, a partir da década de 1950, consolidou-se pela fusão entre a liberdade gestual e cromática da arte abstrata ocidental e a estética japonesa, marcada pela atenção ao vazio, à caligrafia e à sutileza do traço. Dessa interação resulta uma pintura gestual, expressiva e de grande profundidade. 

Sobre o artista.

Nas telas de Taro, notável colorista, a frescura, força e também a naturalidade da sua pintura nos dão uma ideia bem-acabada de uma arte pessoal que tem sabido expressar-se em uma simbiose realmente feliz entre maneiras de sentir tão diferentes como o Oriente e o Ocidente.

Lívio Abramo. 

Pintura séria e autêntica, suas obras possuem alma, sim alma, condição indispensável para que um trabalho se torne uma verdadeira obra de arte. Alma, sentimento, poesia, técnica, beleza, tudo está presente nas obras de Taro.

Yutaka Sanematsu Marchand /colecionador.

Montanha, Céu, Mar

Todos sabem quem foi Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, autor de músicas, letra, arranjos da Bossa Nova, que tinha como centro de suas composições a montanha, o sol, o mar, além da mulher. Taro Kaneko, em suas pinturas, aborda o mesmo universo de Tom Jobim: a montanha, o céu, o mar. Apenas com uma diferença seus temas são retratados com cor, em vez de som.

Franscisco de Assis Esmeraldo, Marchand/colecionador. 

 

Arte Brasileira na Argentina.

Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70 no Malba!

O Museo MALBA, Buenos Aires, inaugurou a mostra mais importante e completa já apresentada na Argentina sobre a arte inovadora e radical dos artistas brasileiros das décadas de 1960-70.

Com curadoria de Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, “Pop Brasil” reúne mais de 120 obras de diversos artistas, entre os quais, Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Cláudio Tozzi, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Rubens Gerchman e Wesley Duke Lee, entre outras figuras-chave do período.

Esta exposição apresenta uma seleção representativa incluindo trabalhos do acervo da Pinacoteca de São Paulo e das coleções Roger Wright – considerada uma das mais importantes coleções de arte brasileira dedicadas à produção artística das décadas de 1960 e 1970 -, Malba e Costantini. 

Em cartaz até 02 de fevereiro de 2026.

 

Quarenta anos de atividades profissionais.

07/nov

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP,  apresenta entre 19 de novembro e 17 de janeiro de 2026, a primeira parte da série de exposições “Galeria: 40 anos”. A mostra, que foi exibida em na unidade de Ribeirão Preto durante os meses de setembro e outubro, integra o programa de comemorações dos quarenta anos de atividades profissionais.

Esta primeira parte da exposição apresenta um recorte que se inicia em 1912, com pinturas de Eliseu Visconti, e se expande até o ano de 1966, com uma obra de Wesley Duke Lee que atua como elo conceitual com a segunda parte da exposição inaugurada em Ribeirão Preto no dia 12 de novembro. Dentre outros, em exibição, uma seleta de obras assinadas por Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Mira Schendel, Lygia Clark, Guignard, Flávio Shiró, Carlos Fajardo, Brecheret, Tunga, Niobe Xandó, Bruno Giorgi, Amélia Toledo, Liuba, Flávio de Carvalho e Eliseu Visconti.

As obras presentes na mostra pertencem à coleção da galeria, aos artistas atualmente representados por ela ou àqueles que participaram de exposições ao longo dessas quatro décadas de atividades. Parte dessas obras retorna agora ao espaço expositivo da galeria após anos integrando coleções privadas.

 

Casa com Vida na Casa Europa.

Exposição de Arte, Design, Moda e Arquitetura.

A Casa Europa, Jardim Europa, São Paulo, SP, abre suas portas para “Casa com Vida”, projeto de ocupação artística sob a curadoria geral de Juliana Mônaco, que propõe uma nova leitura do habitar contemporâneo. A mostra transforma o espaço em um território sensorial, onde pinturas, esculturas, fotografias e objetos de design autoral se entrelaçam à arquitetura, à luz e às texturas, criando ambientes que respiram identidade, coerência e afeto.

Com cerca de 45 artistas participantes – entre jovens nomes e autores reconhecidos – a exposição convida o visitante a experimentar a arte integrada ao cotidiano. Cada ambiente, da sala de estar à cozinha, do quarto de bebê ao closet, foi pensado como parte de uma narrativa de vida, em que arte e design se tornam extensão do modo de existir. As obras de Adriana Aggio, Ana Daniela, Ana Libório, Barbara D’Avila, Bella Folha, Bianca Fugante, Bruna Fernandes, Carlos Sulian, Carol Gallardo, Carolina Bastos, Carol Poci, Ceramica Nezmah Atelier, Crys Rios, CURIOSA, Didi Art, Duo Atthiê: Alegria Patricia & Annemie Wilcke, Emanuel Nunes, Érica Nogueira, Erika Martins, Flavio Ardito, Fernanda da Matta, Germano, Hermes Santos, Joana Pacheco, Junior Aydar, Leticiaà Legat, Lidiane Macedo, Luh Abrão, Luiza Whitaker, Lola Albonico, Maria Fernanda Gevaerd, Maria Figueiredo, Maurizio Catalucci, Michelle Bonato, Milena Mota, Monica Deliberato, Paula Fratin, Raissa Motta K, Rita Constantine, Sara Bordin, Suzy Fukushima, Tomaz Favilla e Violeta Vilas Boas dialogam entre si e com os elementos arquitetônicos, criando composições que equilibram contemplação, provocação e acolhimento.

A curadoria de Juliana Mônaco mantém seu foco em revelar jovens talentos, oferecendo novas oportunidades para artistas em início de trajetória e incentivando a formação de portfólios sólidos e autorais.

Até 17 de janeiro de 2026.

 

Obras retratam figuras históricas e contemporâneas.

06/nov

O MetrôRio inaugurou a exposição “Recortes de Memória”, da artista visual Fátima Farkas, na estação Central do Brasil, em homenagem ao Mês da Consciência Negra. A mostra, com curadoria de Vera Simões, reúne 11 obras que unem fotografia e pintura em uma linguagem contemporânea, propondo uma reflexão sobre a memória e a presença de personagens negros na história do Brasil. As obras retratam figuras históricas e contemporâneas que simbolizam resistência e protagonismo, como João Cândido Felisberto (o Almirante Negro), Rainha Nzinga, Benedito Meia Légua e o arquiteto Diébédo Francis Kéré. 

Fátima Farkas, que começou a carreira no design antes de se dedicar às artes visuais, tem sua produção voltada às questões étnicas e culturais brasileiras, especialmente as ligadas ao Recôncavo Baiano. Em trabalhos anteriores, ela já abordava o apagamento histórico e a valorização das trajetórias negras. A mostra pode ser visitada até 30 de novembro, no corredor de acesso B (Terminal Rodoviário) da estação Central do Brasil, no Centro do Rio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h.

 

A cor como experiência sensorial.

Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, anuncia o lançamento de um programa anual de residência artística em parceria com a CHANEL, dedicado a fortalecer e impulsionar as trajetórias criativas de mulheres artistas.

Essa nova iniciativa estreou com a aclamada artista visual Juliana dos Santos (1987, São Paulo, Brasil), cujo trabalho inovador estabelece pontes entre arte e educação. Sua primeira exposição individual em uma instituição, intitulada “Temporã”, foi inaugurada na Galeria Praça, localizada no edifício da Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP. Anualmente, a residência selecionará uma artista mulher de destaque – atuando em qualquer disciplina ou linguagem -, oferecendo mentoria especializada por meio da rede CHANEL Art Partners e uma plataforma para o desenvolvimento de sua prática artística. O programa inclui também uma exposição individual na Pinacoteca, promovendo visibilidade e apoio fundamentais às vozes criativas femininas.

A prática artística de Juliana dos Santos é marcada pela pesquisa do pigmento azul extraído da flor Clitoria ternatea, que a artista utiliza como lente poética para explorar a cor como experiência sensorial. Sua pesquisa transita entre arte, história e educação, com foco especial nas estratégias desenvolvidas por artistas negras para transpor os limites tradicionais da representação. Para sua exposição na Pinacoteca, Juliana dos Santos amplia sua investigação a outros pigmentos naturais, como a catuaba, a erva-mate e o pau-brasil, criando pinturas vibrantes e fluidas que convidam o público a experimentar a cor de maneira renovada.

“Juliana dos Santos explora os limites da abstração e do tempo. A partir do azul da flor, a artista ancora sua obra na impermanência: o pigmento natural oxida com o tempo, transformando-se diante dos olhos do público. Sua obra é, assim, dinâmica e performativa: ela semeia a cor sobre a superfície pictórica, que então segue seu próprio caminho imprevisível, como um rio que corre e deságua em um oceano de possibilidades”, explica a curadora Lorraine Mendes.

Este programa de residência reflete o compromisso compartilhado entre a Pinacoteca e a CHANEL em fomentar a expressão criativa e amplificar as vozes de mulheres artistas, no Brasil e além.

Até 08 de fevereiro de 2026.

 

Para lembrar da pintora Lucy Citti Ferreira.

A jornalista, pesquisadora e escritora Mazé Torquato Chotil, baseada em Paris, resgata a trajetória da artista plástica Lucy Citti Ferreira, brasileira de formação europeia, cuja obra transita entre São Paulo e a capital francesa. No livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, Mazé Torquato Chotil revela uma artista autônoma, sensível e injustamente apagada da História da Arte Brasileira.

A artista plástica Lucy Citti Ferreira viveu entre dois mundos, o Brasil e a França, e construiu uma trajetória singular no Modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, em maio de 1911, passou parte da infância e juventude na Europa, especialmente na França e na Itália, o que influenciou profundamente sua formação estética. Estudou nas escolas de belas-artes francesas e desenvolveu uma produção marcada pela sensibilidade, pelo rigor técnico e por um diálogo constante entre pintura e música.

Apesar de sua formação sólida e da atuação no cenário artístico paulista, foi, por décadas, relegada ao esquecimento. A jornalista e escritora Mazé Torquato Chotil, autora do livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, decidiu enfrentar esse apagamento histórico. “Ela era artista tal qual o Lasar Segall”, afirma Mazé Torquato Chotil, referindo-se ao pintor com quem Lucy Citti Ferreira manteve uma relação profissional e afetiva. “Segall dizia: “Ela não era minha aluna, era minha colega de trabalho”.”

Mazé Torquato Chotil explica que o desafio maior foi justamente falar de Lucy Citti Ferreira como artista autônoma, e não como musa ou sombra de Lasar Segall. “Quando ela volta ao Brasil, já era uma pintora formada, com diploma, com experiência europeia. Era uma profissional à part entière, como dizem os franceses.” A autora destaca que a pintura de Lucy Citti Ferreira e Lasar Segall compartilhava influências europeias e que foi (o escritor e figura-chave do Modernismo brasileiro) Mário de Andrade quem os apresentou, reconhecendo afinidades estéticas entre os dois.

A biografia escrita por Mazé Torquato Chotil é também um exercício de justiça histórica, especialmente no que diz respeito à invisibilização das mulheres artistas. “Como muitas outras, Lucy foi esquecida porque era mulher. Pintora, numa época em que isso não era permitido.” A autora lembra que mesmo nomes como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral foram “desenterradas” apenas nos anos 1980, após décadas de apagamento.

O trabalho de pesquisa foi intenso. Mazé Torquato Chotil passou dias mergulhada no centro de documentação da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde Lucy Citti Ferreira deixou um acervo valioso antes de morrer. “Ela fez um testamento do material que tinha – arquivos, cartas, muitas telas – e doou à APAC (Associação de Proteção e Apoio à Cultura), com a condição de que fossem distribuídas a outros museus.” Hoje, obras de Lucy Citti Ferreira estão presentes em instituições como o Museu de Arte Judaica de Paris, o MUnA em Minas Gerais, e até em cidades como Bauru, ampliando o acesso à sua produção.

Ao final da vida, Lucy Citti Ferreira fez questão de doar seu acervo, garantindo que sua obra fosse estudada e preservada. Para Mazé Torquato Chotil, esse gesto é um legado poderoso. “Ela queria que o público brasileiro tivesse acesso à sua arte. E hoje, graças a esse gesto e ao trabalho de pesquisadores, podemos finalmente reconhecer sua contribuição à história da arte brasileira do século 20.”

O livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo” se encontra disponível em Paris na Livraria Portuguesa e Brasileira, e no Brasil com distribuição da Editora Patuá.

Fonte: Márcia Bechara.