Uma posição singular na arte brasileira.

17/set

Emmanuel Nassar exibe “Este Norte 2025″, sua nova individual na Almeida & Dale, Vila Madalena, São Paulo, SP.

Com texto crítico de Victor Gorgulho, a exposição apresenta obras criadas desde a década de 1980 até trabalhos inéditos, traçando um panorama instigante da produção de Emmanuel Nassar. São pinturas, objetos e peças da série “Trapioca” que representam o vocabulário visual construído pelo artista ao longo de quatro décadas.

A exposição ressalta a posição singular – quase paradoxal – que Emmanuel Nassar ocupa na arte brasileira, ao articular signos das culturas populares e de massas do Norte do Brasil a vertentes como a Pop arte e o Concretismo.

Exposição resgata memórias da ditadura.

Exposição do fotógrafo Gustavo Germano homenageia desaparecidos políticos e propõe reflexão sobre os impactos da violência de Estado.

Até 08 de outubro, o Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHM), Bom Retiro, exibe a exposição Ausências Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano. A mostra, realizada em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM), traz um olhar sensível e contundente sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura civil-militar brasileira (1964–1985). A proposta é confrontar o público com a ausência transformada em imagem. As fotografias de Gustavo Germano recriam retratos familiares, justapondo cenas do passado a registros atuais marcados pelo vazio da pessoa que foi retirada pela violência do regime. O projeto nasceu na Argentina, a partir da história pessoal do autor: seu irmão, Eduardo Raúl Germano, foi sequestrado e desaparecido em 1976. Anos mais tarde, expandiu-se para outros países atingidos pela Operação Condor, até chegar ao Brasil, onde a versão atual reúne 12 histórias de desaparecidos políticos, de diferentes regiões do país.

Além das imagens, a exposição contará com visitas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e a exibição do documentário O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares. Para a museóloga Kátia Felipini, diretora técnica do Núcleo Memória, a iniciativa é também um ato de reparação: “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”. O educador e historiador César Novelli ressalta em comunicado a atualidade da discussão: “A história do Brasil é pautada na violência. Os vínculos entre os crimes da ditadura e os desaparecimentos de hoje são sinais da impunidade permitida após a redemocratização”. A entrada é gratuita, e a programação completa inclui debates, formações para educadores e atividades culturais, sempre voltadas para fortalecer a memória democrática e refletir sobre as marcas da repressão no presente.

Por Felipe Sales Gomes.

O inesperado e o extraordinário na criação têxtil.

16/set

A exposição PLAY – FITE – Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand edição 2024-2025 convida o público para desvendar no SESC Pinheiros, São Paulo, SP, até 25 de janeiro de 2026, as tramas de um instigante conjunto de obras e criações que propõe um diálogo entre as técnicas da produção têxtil e o universo lúdico dos jogos e das brincadeiras. A exposição chega ao Brasil após estreia, em 2024, no Museu Bargoin, em Clermont-Ferrand, na França, integrando a mais recente edição da FITE – Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand, evento realizado desde 2012 com o objetivo de celebrar o inesperado e o extraordinário na criação têxtil e sua cadeia produtiva, promovendo encontros entre tradições, saberes e inovações.

Com ênfase no uso de elementos têxteis como suporte para a pluralidade criativa, a exposição PLAY reúne trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros, selecionados a partir de uma curadoria coletiva que reúne dez profissionais: Christine Athenor, Simon Njami, Thomas Leveugle e Nolwenn Pichodo, da HS_Projects; Christine Bouilloc, do Musée D’Art Roger-Quilliot; Charlotte Croissant, do Musée Bargoin; e Juliana Braga de Mattos, Carolina Barmell e Fabiana Delboni, do Sesc São Paulo.

Vindos de países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Marrocos, Holanda e Uzbequistão, o grupo internacional de artistas que integram a exposição é composto por: Awena Cozannet, Bas Kosters, Hannah Epstein, Mark Newport, Saïd Atabekov e Dilyara Kaipova.  A seleção inclui, ainda, obras de Sheryth Bronson, Donna Ferguson e Beryl Bell, que compõem o coletivo Tjanpi, e entre quimonos e leques japoneses, móbiles beduínos, fantasias de mascarados nigerianos e bolas de seda chinesas, um significativo conjunto de peças e objetos da coleção do Museu Bargoin. Seis artistas internacionais também compõem o programa de residência da mostra. São eles: Arnaud Cohen, Delphine Ciavaldini, Nikita Kravstov, Roméo Mivekannin e Sabrina Calvo.

Representando o Brasil, participam: Alexandre Heberte, Alex Flemming, Anna Mariah Comodos, Elen Braga, Felipe Barbosa, Gina Dinucci, Leda Catunda, Mestre Nato, Tales Frey e Ivan Cardoso, que apresenta seu curta metragem HO (1979), um documentário experimental com e sobre Hélio Oiticica. Parte destes artistas estarão representados por obras pertencentes ao Acervo Sesc de Arte, que foram apresentadas na edição francesa da mostra, em 2024 e retornam agora a São Paulo para compor esta relação entre coleções. Em diferentes suportes, a mostra reúne mais de 40 criações de artistas brasileiros e estrangeiros que, a partir de uma parceria com a cidade francesa de Clermont-Ferrand e a HS_ Projetcs, convidam o público a explorar fronteiras entre as tramas, tecidos, brinquedos e vestíveis, e a refletir sobre as regras, os desejos e os limites que constituem a vida cotidiana.

Livro e exposição na Galeria Contempo

No sábado, dia 27 de setembro, a Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Ensaio de tração”, individual do artista fluminense Luiz Dolino. Com mais de 50 anos de produção contínua, Luiz Dolino consolidou uma linguagem singular dentro da tradição construtiva, inserindo-se em um território onde razão e sensibilidade coexistem em linhas diagonais e geometrias turvas. Seu trabalho se destaca por uma abordagem poética da geometria, na qual os campos chapados de cor – característicos de sua obra – operam como vetores desestabilizantes da definição de suas formas geométricas.

A mostra, que conta com curadoria de Gabriel San Martin, apresenta mais de uma dezena de obras, entre trabalhos inéditos e pinturas presentes no livro. Ao propor um diálogo entre diferentes momentos da carreira do artista, reitera a continuidade de sua pesquisa formal na experimentação com a cor, a linha e a construção espacial.

O livro “Inventário parcial” é um testemunho visual e afetivo da trajetória de Luiz Dolino. A publicação reúne cerca de 100 obras acompanhadas de textos críticos, depoimentos e registros biográficos que ajudam a contextualizar a relevância de sua obra no panorama da arte abstrata no Brasil.

Sobre o artista

Trabalhando em especial com pintura e gravura, Luiz Dolino nasceu em Macaé (RJ) em 1945 e desenvolve, desde a década de 1960, uma produção orientada pelo interesse na abstração geométrica. Tendo iniciado os seus estudos na Escolinha de Arte do Brasil em 1961, participou da 9ª Bienal de São Paulo em 1967 e realizou exposições individuais no MAM-RJ em 1997 e no Museo de la Revolución em Havana em 2000. Produziu o painel “Loco por ti” para o Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, e tem obras em importantes coleções internacionais, como as do Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, Centro de Estudos Brasileiros de Santiago e Museo de Arte Contemporáneo de Santiago. Com mais de cinco décadas de carreira no Brasil e tendo percorrido países mundo afora (Espanha, Portugal, Grécia, Áustria, Perú, Uruguai, Argentina), Luiz Dolino tem o trabalho reconhecido pela abstração geométrica. Na casa-ateliê em Petrópolis, no meio da natureza exuberante, a produção segue em ritmo enérgico, como o espectador poderá testemunhar na mostra que ficará em cartaz até o dia 13 de outubro.

Exposição do artista português José Pedro Croft.

15/set

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura, no dia 24 de setembro, a grande exposição “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios”, com cerca de 170 obras. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra, que ocupará todo o primeiro andar e a rotunda do CCBB RJ, será composta, principalmente, por gravuras e desenhos, apresentando também esculturas e instalações, que ampliarão o entendimento sobre o conjunto da obra do artista e sobre os temas que vem trabalhando ao longo de sua trajetória, como o corpo, a escala e a arquitetura. Esta será uma oportunidade de o público ter contato com a obra do artista, que já realizou exposições individuais em importantes instituições, como no Pavilhão Português na 57ª Bienal de Veneza, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Capela do Morumbi, São Paulo, Paço Imperial e MAM Rio, entre muitas outras.

“José Pedro Croft é um dos principais artistas portugueses da geração que se formou logo após a Revolução dos Cravos (1974). Ou seja, teve sua trajetória artística toda vinculada aos ideais de liberdade, cosmopolitismo e experimentação. Trata-se de uma poética visual que se afirma no enfrentamento da própria materialidade das linguagens plásticas: a linha, o plano, a cor, o espaço. Sempre levando em conta sua expansão junto à arquitetura e ao corpo (inerente aos gestos do artista e à percepção do espectador)”, conta o curador Luiz Camillo Osorio.

A exposição é composta a partir da potência plástica das gravuras e dos desenhos que se articulam com a vertigem espacial das esculturas, com seus vazios e espelhos. As gravuras, suporte com o qual o artista trabalha desde a década de 1990, ocuparão a maior parte da exposição, incluindo obras em grandes escalas. “A gravura é um trabalho de grande ciência física e artesanal, com muito rigor e entrega. Não é algo secundário. Para mim, é uma âncora do meu trabalho. Há coisas que fiz em gravura, que vão me dar soluções para o meu trabalho em escultura”, afirma José Pedro Croft. Diversas séries, de anos distintos, sendo muitas feitas sobre a mesma chapa de metal, aguçarão a percepção do público. “Ver não é reconhecer. As muitas variações no interior das séries gráficas conduzem o olhar para dentro do processo em que repetição e diferença se potencializam. A atenção para o detalhe é uma convocação política em uma época de dispersão interessada”, diz o curador.

A gravura é tão importante na obra do artista que muitos desenhos que serão apresentados na mostra foram feitos sobre as provas das gravuras. “Eu as uso como uma memória e desenho por cima com linhas de nanquim super finas, com 0,25 milímetros cada, criando volumes. Faço os desenhos à mão, trazendo esse mundo de imagens de pixels para a nossa realidade, que é física ainda. É uma maneira de resistir a velocidade de estarmos sempre ligados a um excesso de estímulos”, ressalta José Pedro Croft.

Em cartaz até 17 de novembro.

Três artistas na Galeria de arte do IBEU.

Até 05 de dezembro, a Galeria de Arte do IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, recebe a exposição coletiva “Parque”. A mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas de Bernardo Magina, Bruno Miguel e Pedro Varela e convida o público a mergulhar em paisagens fantásticas, onde realidade e imaginação se entrelaçam.

Pensada como uma travessia sensorial, a exposição leva os visitantes a experimentarem cores, formas e símbolos que evocam memórias familiares, mas que rapidamente se transformam em convites para viagens únicas e pessoais. Mais do que contemplar obras, “Parque” oferece uma experiência imersiva que questiona a paisagem como algo natural e a apresenta como uma construção cultural.

Ex-alunos e professores da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, os três artistas fazem uma homenagem direta ao espaço que marcou suas trajetórias. O título da mostra remete ao palacete e seus jardins, território onde natureza e cultura se misturam a ponto de apagar fronteiras entre o real e o inventado. Assim como o Parque Lage, com seus cenários improváveis e atmosfera quase mágica, as obras de “Parque” estimulam o público a criar suas próprias narrativas, em que memórias, desejos e fantasias se fundem.

Como explica Bernardo Magina: “No Parque Lage tem uma gruta construída com direito a estalactites onde foram filmadas as célebres cenas da Cuca no Sítio do Pica-pau Amarelo, e os desavisados vão crer que ali estava a gruta desde sempre. Ou as jovens que vão ao parque para ensaios fotográficos, muitas vezes vestidas de princesas da Disney. Não é mentira, de fato não é um parque temático de Orlando, mas é um lugar mágico o suficiente para fantasiar. É a noção de paisagem se apresentando como uma construção cultural e não como algo dado. Cada um vai achar um lugar na sua mente para lugares físicos outrora experimentados. Abre-se espaço aí para novas histórias: ficções”.

Exposição inédita de Hugo França.

“Natureza, Escultura, Sustentabilidade” é o título da exposição de Hugo França que está em cartaz na Esplanada da Fundação Getúlio Vargas Arte, Praia de Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, até 13 de outubro de 2025. A mostra, gratuita e aberta ao público, apresenta a obra do artista que utiliza materiais naturais, como madeira, para criar esculturas que refletem a relação entre a arte, o meio ambiente e a sustentabilidade.

A mostra, com duração de dois meses, reúne obras que marcam a trajetória singular do artista, e o público que passar pelo local terá a experiência de interagir ativamente com peças de grandes dimensões. Com uma abordagem ecológica e poética, as obras expressam a presença da natureza e dão ao espectador uma ideia do conceito e do processo de produção de cada uma delas.

“O fato de as pessoas interagirem com as obras é um grande diferencial, pois possibilita uma experiência sensorial muito maior. O público pode esperar um grande show das formas orgânicas que a natureza proporciona, que tem, entre outras coisas, um valor arqueológico e escultórico que reverencia a floresta”, conta Hugo França.

Reconhecido internacionalmente por suas esculturas mobiliárias monumentais, o artista utiliza resíduos florestais da Mata Atlântica, ressignificando troncos e raízes em obras que combinam arte, design e consciência ecológica. Sua prática é muito influenciada por saberes tradicionais, sobretudo os do povo Pataxó.

Hugo França desenvolve seu trabalho, em especial, a partir de dois tipos de resíduos florestais: o Pequi-Vinagreiro e a Braúna – duas árvores que são exemplares da Mata Atlântica e se destacam pela sua morfologia. Na criação de suas obras, o designer propõe um pacto amoroso entre o mundo humano e o natural, em que até mesmo a motosserra, um objeto frequentemente associado à destruição, ganha novo sentido como um instrumento de produção simbólica.

“As esculturas nascem da observação das formas orgânicas das árvores mortas (resíduo florestal) e, a partir daí, são esculpidas seguindo a orientação da estrutura original da árvore, que é incorporada à obra. A natureza é a primeira a esculpir a obra, eu sigo o que as formas orgânicas e a textura da árvore já tinham”, explica Hugo França.

O artista afirma que seu interesse por esse método de trabalho surgiu no início dos anos 1980, quando se mudou para Trancoso, no sul da Bahia, e se deparou com a intensa exploração predatória da floresta tropical, em particular da Mata Atlântica, um dos biomas mais importantes do planeta. O curador da galeria, Paulo Herkenhoff, enfatiza a linguagem simbólica das obras, que propõem uma resistência por meio da suavidade: “Os móveis uterinos de Hugo França são esculturas que acolhem. Você se senta e fica”, pontua o crítico.

Reabertura da Galeria de Moldagens 2.

12/set

 

As inúmeras variações contidas entre o oculto e o visível envolvem a temática da primeira individual do premiado fotógrafo Vicente de Mello no Museu Nacional de Belas Artes/Ibram, até 16 de jabeiro de 2026. O evento marca a reabertura da Galeria de Moldagens 2 ao público (somente este espaço, e em horário de visitação reduzido).

Na exposição Breu, o público vai ter contato com fotografias capturadas na icônica Galeria do Museu e que ficarão ao lado de moldagens recém-restauradas, propiciando um diálogo entre as obras. Estas imagens foram editadas ou passaram por tratamento digital, resultando no curioso aspecto final de “imagem em negativo”. O artista apresenta 8 fotografias e se inspira na ideia da velatura de monumentos e estatutárias, que são um “efeito ótico” recorrente na história da arte, como uma ação desestruturante das formas originais.

Partindo desta premissa, as imagens produzidas pelo artista convidam à imaginação: o envelopamento das moldagens confere “uma nova percepção e aparência ao objeto, envolvendo efeito fantasmático e sedutor, de certa aparência etérea e irreal”, como aponta o curador da mostra, Aldones Nino.

A simbologia das esculturas e a interferência efêmera provocada por Vicente de Mello oferecem ressignificações desses elementos, como ideia de desaparecimento e invisibilidade. Em outra leitura, os registros feitos pelo artista das esculturas veladas da Galeria de Moldagens 2 por tecidos protetores, antes da reabertura da Galeria de Moldagens,  ampliam o sentido do primoroso trabalho de restauração de obras icônicas da galeria à arte e também o da representação.

Com a exposição de Vicente de Mello, o MNBA passa a abrir parcialmente ao público, porém em horários reduzidos, lembrando que a Instituição estava fechada para obras de requalificação de seus espaços desde março de 2020.  A exibição faz parte da série de eventos intitulados “Um olhar pela fechadura”, visando preparar o terreno para a devolução total do Museu ao público, no final de 2026. A mostra “Breu” conta com patrocínio do banco Itaú através da Lei de Incentivo à Cultura.

Sobre o artista.

Vicente de Mello Vicente de Mello, nasceu em 1967, é uma voz central na fotografia brasileira contemporânea, contando com reconhecimento internacional. Desde 1992, ele constrói um universo visual lúdico que desmonta e reconfigura, transitando da topografia imaginada para a metafísica da luz. Apresentou em 2006 a mostra moiré.galáctica.bestiário/ Vicente de Mello – Photographies 1995-2006, no Oi Futuro, RJ e na MEP-Maison Européenne de la Photographie, Paris, França. Em sua vasta trajetória destacam-se as séries: Topografia Imaginária, Moiré, Vermelhos Telúricos, Galáctica, Lapidus, Silent City, Brasília utopia lírica, Monolux e Limite Oblíquo. As exposições individuais recentes foram: Encanto, curadoria Aldones Nino e Yago Toscano (Casa del Concejo/ Mirador del Adaja, Arévalo, Espanha, Monolux, curadoria de Eucanãa Ferraz (MAM RJ, SESC Niterói, e Toda Noite, panorama de 30 anos de sua obra, com curadoria de Marilia Panitz e Aldones Nino (Farol Santander, Porto Alegre, CCJF, RJ. Na Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 2007, foi laureado com o prêmio APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – de Melhor Exposição de Fotografia do Ano. Com a instalação Ultramarino foi laureado com o Prêmio Centro Cultural Banco do Brasil Contemporâneo, em 2015. Sua obra ganhou livros como Áspera Imagem, editado pela Aeroplano e Parallaxis, da Editora Cosac Naify. Trabalhos de Vicente de Mello integram acervos de instituições como: Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM/RJ; Coleção Joaquim Paiva, RJ; Fondation Cartier pour l´art contemporain, Paris; Itaú Cultural/SP; Maison Européenne de la Photographie, Paris; MASP/SP – Coleção Pirelli; MAR/RJ; MAM/Brasília, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SESC 24 de Maio/SP; The Museum of Fine Arts, Houston, entre outros.

Ocupação Artística na Casa Europa.

A Casa Europa, showroom de arquitetura localizado na Avenida Europa, São Paulo, recebe até 27 de setembro a Ocupação Artística – Uma visita à Casa do Colecionador, concebida pela curadora e galerista Juliana Mônaco. A ação apresenta uma experiência que integra Arte, Arquitetura e Design, propondo um mergulho no universo de quem transforma o próprio lar em um espaço vivo de contemplação, afeto e sofisticação.

O projeto parte da ideia de que a casa de um colecionador é marcada pela presença essencial da arte, incorporada ao projeto arquitetônico e ao design de interiores. Nessas residências, as obras não são apenas complementos decorativos, mas elementos que definem a atmosfera dos ambientes e refletem a identidade de quem as escolhe.

Na Casa Europa, os visitantes encontrarão ambientes especialmente preparados para simular esse cotidiano, mostrando como pinturas, esculturas, fotografias e objetos dialogam com móveis, cores, texturas e iluminação, tornando-se parte intrínseca da vida diária. Mais do que uma mostra tradicional, a Ocupação Artística aproxima a arte da intimidade da vida real, além dos espaços institucionais como galerias e museus.

Participam da ação os artistas Amanda Colangelo, Amanda Rigobeli, Bruna Fernandes, Cris Campana, Crys Rios, Drykat, Érica Nogueira, Erika Martins, Emanuel Nunes, Fabiana Bruno, Felipe Manhães, Flavio Ardito, Germano, Helena Emediato, Junior Aydar, Lidiane Macedo, Lola Albonico, Luh Abrão, Luiza Whitaker, Marcia Menezes, Maria Figueiredo, Maurizio Catalucci, Mila Alonso, Nancy Safatle, Rita Constantine, Sadhana, Sandra Quinto, Suzy Fukushima, Tomaz Favilla e Violeta Vilas Boas.

Tensões entre visão e som por Valeska Soares.

11/set

A exposição Tableau, de Valeska Soares, na Fortes D’Aloia & Gabriel, Galpão, Rua James Holland 71m Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta obras novas e recentes que exploram temas como ausência, presenças fantasmagóricas, impermanência e erotismo. O título alude à dimensão narrativa do trabalho de Valeska Soares, em que cada obra funciona como um fragmento de uma trama maior. O significado permanece aberto à interpretação, mas os enigmas e ambiguidades tecem uma rede de alusões que conectam e aprofundam muitas de suas preocupações conceituais de longa data: as tensões entre visão e som, memória e apagamento, objeto e desejo.

A mostra é composta por três núcleos distintos. Na série Blindface (2025), um desdobramento de sua produção anterior Doubleface, Valeska Soares utiliza imagens descartadas de nus femininos, montando-as de verso para frente sobre chassis e cortando a tela para revelar fragmentos de paisagens e corpos. A obra lida com visibilidade e ocultamento: o que é mostrado está sempre em relação com o que é escondido ou apagado. Na instalação calling (2025), um sino de bronze fundido no formato de uma maçã está suspenso sobre uma grande mesa de madeira. Um mecanismo oculto põe o sino em movimento em intervalos irregulares, produzindo um tilintar suave que rompe brevemente o silêncio. A obra se desdobra no tempo, sugerindo um chamado ou sinal que permanece sem resposta. A transformação da maçã em sino combina ideias de atração e interrupção, marcando o tempo através do som em vez do movimento.

Em outra parte da exposição, esculturas de bronze de utensílios domésticos, como uma vassoura, uma brocha e um rodo, são apresentadas em posições estáticas e improváveis. Esses objetos parecem animados, mas intocados, sugerindo uma ruptura com sua função original. Em Upside-down (2024), um vaso de bronze é invertido, equilibrando-se sobre suas flores e folhas, subvertendo um objeto decorativo familiar e transformando-o em uma estrutura que resiste ao uso para o qual foi concebida. Em conjunto, as obras da exposição apontam para deslocamentos sutis na forma como percebemos o trabalho, a memória e a presença no espaço doméstico.

Até 18 de outubro.