Gravuras de Carlos Martins no Paço Imperial.

15/dez

Sombra da Terra

Desde suas primeiras manifestações, na metade da década de 1970, a obra de Carlos Martins propõe uma experiência estética exigente. Sobretudo por reivindicar a observação atenta de suas gravuras, na contramão de um regime de aceleração, intensificação e instantaneidade de significados e sensações na cultura contemporânea. De maneira geral, as imagens produzidas pelo artista são simples e ambíguas, familiares e estranhas, a uma só vez. Por não apresentarem necessariamente uma ação em curso, são também silenciosas e sugestivas de um esgarçamento temporal. 

A minúcia com que são conduzidos os processos de realização do trabalho, na criação de estampas com dimensões, muitas vezes, pequenas e cheias de detalhes, requer, para sua melhor apreensão, a aproximação física do observador e um exame detido de suas partes. Assim, um dos aspectos agudos da obra para intervenção no debate sobre arte, hoje, em meio a essa inflação crescente de estímulos, é sua postura meditativa, que articula análise e afeição, diante do mundo das coisas.

Sombra da Terra é a mais abrangente exposição já organizada da obra de Martins, considerado, no ambiente cultural brasileiro, um dos principais conhecedores de gravura do país – não apenas por sua atividade como artista, mas inclusive pelo exercício das profissões de professor, museólogo e curador. A seleção de trabalhos apresentada aqui compreende cerca de 120 peças, entre gravuras em metal, esculturas, um ambiente e um vídeo inédito, realizados de 1975 a 2025. 

O nome da mostra vem do termo em latim Umbra Terre, que aparece inscrito em uma gravura do artista de 1987, Amiciciae Dexter. Com isso, o título sublinha a recorrência, nessa produção, de imagens de duplicação do real, principalmente por meio de sombras e reflexos. A ênfase demonstra a consideração de Carlos Martins por aquilo que é constitutivo do entorno imediato e por aquilo que, ali, é obsedante, ou temporário, ou até ilusório. Uma espécie de concentração pormenorizada que se dirige à materialidade do mundo e a imagens sem substância própria, combinada com uma curiosidade expansiva, que se estende do ambiente doméstico ao sistema solar, apontando no caminho para enigmas, para o obscuro, o negativo e para ausências.

José Augusto Ribeiro, curador.

Até 1º de março de 2026.

 

Arte Brasileira no Canadá.

12/dez

A maior exposição de arte brasileira já apresentada no Canadá, “Tropi-X” está em cartaz no Museum London, ON, reúne até 19 de abril de 2026 mais de 70 obras de 44 artistas para explorar expressões ousadas e em transformação de identidade, cultura e diáspora no Canadá. A exposição é curada por Alena Robin & Rodrigo D’Alcântara.

No centro da mostra está uma coleção rara de obras dos anos 1970 doadas pelo casal de visionários John e Elizabeth Moore: pinturas vibrantes, esculturas e trabalhos têxteis enraizados no folclore, na religião sincrética, na cultura popular e na experimentação modernista. Doada em 1985 e em grande parte invisível por mais de três décadas, essa seleção histórica reflete um momento decisivo na história da arte brasileira – moldado pela diversidade regional e pela transformação modernista.

Essas obras dialogam de forma dinâmica com trabalhos contemporâneos de 20 artistas brasileiro-canadenses que vivem em diferentes regiões do país, conectando passado e presente. Os artistas contemporâneos de “Tropi-X” desafiam narrativas herdadas e oferecem novas perspectivas sobre pertencimento e memória cultural. Organizada em três núcleos temáticos – Folclore Remix, Trópicos em Loop e Fantasmas Sincréticos – “Tropi-X” propõe uma reflexão urgente sobre a complexidade da arte brasileira e sua presença em transformação no panorama cultural canadense. 

“Tropi-X” apresenta obras de: Adelita Pandini, Alexandre Filho, Aline Setton, Antonio Maia, Bruno Capinan, Bruno Smoky, Bruno Tausz, César G. Villela, Christiano de Araujo, Elenir de Oliveira Teixeira, Eloisa de Aquino, Enrico Bianco, Farnese de Andrade, Felipe Fittipaldi, Fernando V. da Silva, Francisco da Silva (Chico), Genaro de Carvalho, Gilda Azeredo de Azevedo, Giorgia Volpe, Glauco Rodrigues, Hélio Basto, Hélio Eudoro, Hélio Rôla, Ian Indiano, Ivan Moraes, Jorge Maia, José Sabóia, Ludmila Steckelberg (VahMirè), Lucas Peixe, Luciano Mauricio, Luiza Albertini, Manoel Chatel, Marcio Melo, Mariana Marcassa, Marina FAW, Nakitta Hannah Correa, Napoleon Poty Lazzarotto, Raquel Trindade (Kambinda), Renina Katz, Richelli Fransozo, Sebastião Januário, Tarcisio Cataldi, Vinicius de Aguiar Sanchez (O Vico) e Ziltamir Soares de Maria (Manxa).

Imersão profunda na obra de Carlos Pasquetti.

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “Carlos Pasquetti – Espaços para esconderijos”, primeira grande mostra monográfica institucional dedicada a oferecer uma visão histórica e retrospectiva sobre a obra do artista e professor falecido em 2022. A inauguração será no dia 13 de dezembro, em evento aberto ao público e que marca também o encerramento do ciclo de exposições de 2025 do Museu. 

Reunindo acervos institucionais e coleções particulares, a mostra apresenta obras de reconhecida importância, junto de trabalhos históricos resgatados e recuperados, além de proposições inéditas realizadas especialmente para a mostra, a partir de projetos deixados pelo artista. Realizada pelo MARGS em colaboração com o Acervo Pasquetti (projeto mantido pela família para gestão do acervo do artista e a catalogação de sua obra), a exposição é a maior pesquisa até aqui a proporcionar uma imersão profunda e compreensiva sobre a importante produção do artista.

O título “Espaços para esconderijos” vem de emblemáticos trabalhos de Carlos Pasquetti dos anos 1970, em fotografia e desenho, que têm como mesmo motivo a imagem e as formas das chamadas “medas” (os amontoados de feixes de feno). Essa referência é evocada por ser um exemplar icônico entre os signos visuais cultivados pelo artista em seu universo conceitual e criativo.

Dando sequência a um conjunto de exposições monográficas inéditas de artistas que integram o acervo do MARGS, “Carlos Pasquetti – Espaços para esconderijos” tem curadoria de Francisco Dalcol, diretor da instituição, e dos curadores convidados Alexandre Copês e Nelson Azevedo, artistas que conviveram com Carlos Pasquetti no cotidiano de seu ateliê, proporcionando ao projeto uma profunda intimidade com os seus trabalhos e o seu universo criativo.

Sobre o artista.

Em sua produção artística, desenvolvida ao longo de mais de 50 anos, Carlos Pasquetti explorou filme, fotografia, impressos, fotoperformance, desenho, pintura, objeto, elementos gráficos e instalação, sempre combinando e alternando suportes e linguagens. Sua atuação se inicia no contexto do experimental e dos conceitualismos das vanguardas artísticas das décadas de 1960 e 70, incluindo o envolvimento com o grupo Nervo Óptico (1976-1978), passando depois a acompanhar a pluralidade artística que se segue aos anos 1980. No conjunto, sua diversificada obra constitui um dos legados mais significativos, desde o Sul do Brasil, para o alargamento das convenções artísticas modernas e a abertura das práticas e linguagens artísticas contemporâneas. Nascido em Bento Gonçalves (RS), Carlos Pasquetti se iniciou artisticamente no ambiente familiar com o pai fotógrafo, também organizador de grupos de teatro. Estudando em Porto Alegre nos agitados anos 1960, graduou-se em Pintura pelo Instituto de Artes da UFRGS em 1971. Dois anos depois, tornou-se professor na universidade. Nos mais de 40 anos em que deu aulas para estudantes de artes cênicas e artes visuais, influenciou gerações de artistas, que encontravam nele um sólido referencial de abertura e estímulo para novas ideias e possibilidades artísticas.

Até 29 de março de 2026.

Três artistas no Instituto Ling.

08/dez

Três mostras de artes visuais estão em cartaz no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS: Feraluz, instalação de Leandro Lima que imagina os sonhos do edifício (até 13 de dezembro); Valdson Ramos, pintura que reflete sobre iconografia religiosa e Missões Jesuíticas (até 27 de dezembro); e mezo-móbile, de Guto Lacaz, com uma instalação inédita que transforma e subverte o espaço expositivo (até 27 de dezembro). Entrada franca, de segunda a sábado, das 10h30 às 20h.

Diferentes gerações da arte latino-americana.

04/dez

A Galatea e a Isla Flotante têm a alegria de participar em parceria da Art Basel Miami Beach 2025. Ocupando o estande F26 no setor Galleries, o projeto é concebido como um território de diálogo entre diferentes gerações da arte latino-americana.

A apresentação articula uma série de afinidades transversais entre práticas modernas e contemporâneas que compõem os programas das duas galerias. Os legados construtivos de Lygia Clark e Abraham Palatnik reverberam nas operações materiais de Mariela Scafati, Pablo Accinelli, Valentín Demarco e Allan Weber; a sensibilidade textual e minuciosa de Mira Schendel ressoa nas investigações pictóricas e espirituais de Rosario Zorraquín; e as figurações visionárias de Chico da Silva, Heitor dos Prazeres e Jaider Esbell reinventam as noções de narrativa, comunidade e cosmologia. Reunidas, essas obras propõem uma constelação do Sul ao Sul que imagina novas formas de pensar a modernidade, o corpo, a memória e a coletividade. O estande representa o encontro de duas jovens galerias latino-americanos com programas comprometidos com a experimentação e o diálogo. Galatea e Isla Flotante propõem uma visão da arte como uma rede de múltiplas afinidades, para além de fronteiras nacionais ou geracionais.

Com Abraham Palatnik, Adriana Varejão, Allan Weber, Ana Prata, Antonio Dias, Arthur Palhano, Carolina Cordeiro, Chico da Silva, Dani Cavalier, Dalton Paula, Frans Krajcberg, Gabriel Branco, Gabriella Marinho, Heitor dos Prazeres, Ione Saldanha, Isay Weinfeld, Ivan Serpa, Jaider Esbell, Joaquim Tenreiro, José Adário dos Santos, Lygia Clark, Lygia Pape, Mariela Scafati, Mira Schendel, Mucki Botkay, Pablo Accinelli, Rosario Zorraquín, Rubem Valentim, Tifo Terapia, Tobias Dirty, Tunga e Valentín Demarco.

O legado de Emanoel Araújo.

21/nov

 

O Farol Santander São Paulo apresenta a exposição Emanoel Araújo – Embates Construtivos, em cartaz até 22 de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 70 obras entre xilogravuras, esculturas, serigrafias e cartazes, incluindo criações inéditas que evidenciam a pluralidade e o rigor estético do artista baiano.

Com curadoria de Fábio Magalhães, a exposição ocupa o 24º andar do centro cultural e propõe uma imersão no universo visual de Emanoel Araújo, marcado por formas geométricas, ancestralidade africana e cores intensas. As obras revelam o diálogo entre tradição e modernidade, reafirmando a importância do artista como referência na arte contemporânea brasileira.

Fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo deixou um legado que celebra identidade, resistência e liberdade. A mostra é um tributo à sua trajetória e à potência da arte afro-brasileira no cenário nacional.

Obras que refletem processos de ruptura.

19/nov

 

Patrícia Pedrosa apresenta “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. A mostra reúne vinte trabalhos inéditos – entre gravuras em técnicas diversas, vídeo-performance, cerâmica, livro de artista e um sketchbook – nos quais a artista toma o próprio corpo feminino como matriz e medida. Ao articular experimentações gráficas, bordado, colagem, estêncil e suportes como papel vegetal e tecido, investiga memória, somatizações e cicatrizes que atravessam a vida, criando obras que refletem processos de ruptura, cuidado e reconstrução.

Composta por 20 trabalhos – dezesseis gravuras, uma vídeo-performance, uma cerâmica, um livro de artista e um sketchbook – a mostra evidencia o modo como Patrícia Pedrosa expande a gravura para territórios híbridos. Suas obras articulam técnicas variadas, como bordado, colagem, recortes, pintura e procedimentos xerográficos, criando camadas que tensionam superfície e materialidade. O uso de suportes como papel vegetal, tecidos bordados em bastidores e tintas fosforescentes reforça esse interesse por deslocar a tradição gráfica para outros campos de experimentação, produzindo composições que se constroem entre transparências, cortes, marcas e sobreposições.

A pesquisa de Patrícia Pedrosa se estrutura a partir do corpo feminino e das marcas que o atravessam – cicatrizes físicas e simbólicas que se acumulam como registro das experiências somatizadas ao longo dos anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, esse campo de investigação ganhou novos contornos. O isolamento em seu ateliê e a ruptura da rotina coletiva intensificaram a percepção da artista sobre finitude, fragilidade e transformação.

As obras inéditas reunidas em “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo” nascem desse tempo suspenso, em que o ritmo da vida sofreu torções profundas e a relação com o próprio corpo se tornou um território ainda mais sensível de observação e elaboração. A mostra permanece em cartaz até 17 de janeiro de 2026.

Sobre o artista.

Patrícia Pedrosa nasceu em 1971, em São Gonçalo – RJ, possui bacharelado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e atualmente é a docente responsável pela disciplina de litografia na mesma instituição onde se formou. Participa de individuais e coletivas desde 1992, tendo ministrado cursos, workshops e oficinas, atuando principalmente com gravura, desenho e história da arte. É doutora em Artes Visuais pela EBA – PPGAV – UFRJ e mestre na mesma instituição, ambos na linha de História e Crítica da Arte. Em 2025 recebeu Menção Honrosa na Kitchen Print Biennale de l’estampe (Épinal, França), uma competição com ênfase em pesquisas artísticas na gravura alternativa e não tóxica. Atualmente se divide entre o trabalho no seu ateliê em Petrópolis (RJ) e o Rio de Janeiro, onde leciona na Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ.

Relevos e gravuras de João Carlos Galvão.

“A geometria poética de João Carlos Galvão é luminosa e musical”, como bem define Fabio Magalhães no texto que acompanha a nova exposição do artista, que em 2026 comemora 85 anos. Prestes a ser inaugurada na Galeria Patricia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, no dia 27 de novembro, “A cor no espaço bailarino” apresentará dez relevos em acrílica sobre madeira e dez gravuras em metal, produzidos entre 2024 e 2025. A mostra permanecerá em exibição até 13 de dezembro.

A poética do papel em branco

Quadrados e círculos articulam-se em relevo na superfície do papel. O artista nos propõe uma dinâmica visual de ritmo pulsante, com sutis vibrações de luz decorrentes da delicada volumetria impressa sobre o branco do papel. João Carlos Galvão é um artista de ampla trajetória e reconhecimento internacional, companheiro de Sérgio Camargo, Victor Vasarely e Jean Pierre Yvaral, todos eles artistas da vertente construtiva. Há em sua geometria uma poética de nítida preocupação pela síntese, mesmo assim, Galvão obtém extraordinária riqueza e diversidade expressiva na sua plástica. Notamos nestes trabalhos certa desordem vivaz na acumulação das formas que se organizam no espaço e uma imprevisibilidade rítmica na formação dos conjuntos. O artista estabelece uma tensão entre ordem/desordem para criar cinesia nos seus conjuntos geométricos. A percepção de movimento nos conduz a uma sensação sonora. Melhor dizendo, a articulação dos relevos sugere acordes musicais. Portanto, acrescentam emoção à racionalidade. O poeta Paul Claudel citava a música como sendo a alma da geometria. As diferentes angulações dos quadrados e dos círculos alterando a face plana do papel (técnica de relevo seco) provocam variações de luz sobre a superfície. Desse modo, o artista procura controlar onde a luz é refletida ou absorvida. Vale ressaltar que a poética da luz é a expressão predominante na obra de João Carlos Galvão; as formas tornam-se perceptíveis pela gradação de sombra e luz. As sombras sublinham as geometrias, fortalecem os contornos e acrescentam tênues variações de cinza. De outro modo, nas zonas brilhantes, de maior presença de luz, notamos o surgimento de reflexos de cor no branco do papel (suaves tonalidades de azuis, de vermelhos) como resultado do espectro de luz, fenômeno, também, conhecido como dispersão da luz. É notável como o artista obtém múltiplos efeitos luminosos e cromáticos usando apenas variações de planos na superfície do “papel em branco”.

Fabio Magalhães, Outubro de 2025.

Sobre o artsita.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1941, João Carlos Galvão iniciou seus estudos em pintura aos dez anos de idade, em 1951. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil entre 1964 e 1966 e se mudou para Paris em 1967, onde cursou Sociologia da Arte com Jean Cassou, na Sorbonne, frequentou os ateliês de Sergio Camargo, Victor Vasarely e Jean-Pierre Yvaral e conheceu o pintor português Nadir Afonso. Participou de salões, bienais, feiras, exposições individuais e coletivas desde 1966 no Brasil e no exterior, como a Bienal de Arte de São Paulo, SP-Arte, ArtRio e os salões de Paris. Desde 1974, executou vinte e sete obras de grande escala, incluindo murais e painéis em diferentes materiais. Com mais de 50 anos de trajetória artística, ele atualmente mantém uma rotina de produção constante no ateliê em Nova Friburgo, RJ.

A Suíte Tropical de Di Cavalacanti.

13/nov

A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura exposição marcando o lançamento da série Suíte Tropical, uma seleção de dez obras de Di Cavalcanti realizadas em serigrafias certificadas pela filha do artista Elisabeth di Cavalcanti, reunidas com o propósito de ampliar o acesso à visualidade intensa e calorosa de um dos grandes nomes da arte brasileira. O conjunto se organiza em torno de temas recorrentes na obra de Di Cavalcanti: o corpo, a festa, o cotidiano, as mulheres, os ritmos da cor e da vida. O título suíte é uma referência à forma musical que evoca uma sequência de movimentos harmônicos, mas também uma expressão que dialoga com a tradição de grandes séries gráficas da arte.

Além de apresentar as serigrafias, a exposição, com curadoria de Denise Mattar, traz textos do artista, uma cronologia ilustrada, vídeo e legendas comentadas que contextualizam as obras selecionadas. Assim o que se oferece ao espectador é uma suíte brasileira, ou melhor, tropical, na qual cada imagem carrega a pulsação de um país reinventado por traço e cor.  Suas figuras não são apenas personagens: são paisagens humanas, sínteses do trópico em sua plenitude sensual e simbólica. A curadora destaca que a exposição proporciona uma experiência de leitura sensível, revelando dimensões da obra do artista ainda pouco acessíveis ao grande público.

Até 13 de dezembro.

 

Duas exposições individuais simultâneas.

A Galatea Salvador apresenta, a partir do dia 13 de novembro, duas exposições individuais simultâneas: Poli Pieratti: a invenção da maré, primeira individual da artista na capital baiana, e Estela Sokol: Chuva de prata, instalação inédita desenvolvida especialmente para o cofre da galeria. As mostras, com abordagens distintas, convergem em uma investigação sensível sobre espaço, percepção, materialidade e sensorialidade.

Poli Pieratti (Brasília, 1987) apresenta no salão principal da galeria uma série de 11 obras inéditas ancoradas no mito da ninfa Galatea, uma das Nereidas da Mitologia grega, para evocar o mar e a força feminina. Em Poli Pieratti: a invenção da maré, que conta com texto crítico da escritora e curadora Veronica Stigger, as telas iridescentes da artista estão situadas na zona limítrofe entre a abstração e a figuração, e fazem alusão a rochedos, ondas, falésias, corais e também à própria imagem de Galatea.

Já Estela Sokol (São Paulo, 1979) apresenta Estela Sokol: Chuva de prata, instalação no interior do Cofre da Galatea feita de 300 módulos fotoluminescentes que absorvem luz artificial à noite e irradiam luminosidade durante o dia no espaço escuro do ambiente expositivo. Com texto assinado por Alana Silveira, diretora da Galatea Salvador, a exibição propõe uma experiência imersiva e sensorial, em que luz, tempo e presença do público tornam-se elementos ativadores da percepção.

As exposições inauguram uma nova etapa da atuação da Galatea em Salvador, com a realização simultânea de duas mostras distintas nos espaços da galeria – o salão principal e o cofre. Essa expansão abre caminho para novas possibilidades de diálogo curatorial, ativação espacial e alcance de público.