O legado de Emanoel Araújo.

21/nov

 

O Farol Santander São Paulo apresenta a exposição Emanoel Araújo – Embates Construtivos, em cartaz até 22 de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 70 obras entre xilogravuras, esculturas, serigrafias e cartazes, incluindo criações inéditas que evidenciam a pluralidade e o rigor estético do artista baiano.

Com curadoria de Fábio Magalhães, a exposição ocupa o 24º andar do centro cultural e propõe uma imersão no universo visual de Emanoel Araújo, marcado por formas geométricas, ancestralidade africana e cores intensas. As obras revelam o diálogo entre tradição e modernidade, reafirmando a importância do artista como referência na arte contemporânea brasileira.

Fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo deixou um legado que celebra identidade, resistência e liberdade. A mostra é um tributo à sua trajetória e à potência da arte afro-brasileira no cenário nacional.

Obras que refletem processos de ruptura.

19/nov

 

Patrícia Pedrosa apresenta “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. A mostra reúne vinte trabalhos inéditos – entre gravuras em técnicas diversas, vídeo-performance, cerâmica, livro de artista e um sketchbook – nos quais a artista toma o próprio corpo feminino como matriz e medida. Ao articular experimentações gráficas, bordado, colagem, estêncil e suportes como papel vegetal e tecido, investiga memória, somatizações e cicatrizes que atravessam a vida, criando obras que refletem processos de ruptura, cuidado e reconstrução.

Composta por 20 trabalhos – dezesseis gravuras, uma vídeo-performance, uma cerâmica, um livro de artista e um sketchbook – a mostra evidencia o modo como Patrícia Pedrosa expande a gravura para territórios híbridos. Suas obras articulam técnicas variadas, como bordado, colagem, recortes, pintura e procedimentos xerográficos, criando camadas que tensionam superfície e materialidade. O uso de suportes como papel vegetal, tecidos bordados em bastidores e tintas fosforescentes reforça esse interesse por deslocar a tradição gráfica para outros campos de experimentação, produzindo composições que se constroem entre transparências, cortes, marcas e sobreposições.

A pesquisa de Patrícia Pedrosa se estrutura a partir do corpo feminino e das marcas que o atravessam – cicatrizes físicas e simbólicas que se acumulam como registro das experiências somatizadas ao longo dos anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, esse campo de investigação ganhou novos contornos. O isolamento em seu ateliê e a ruptura da rotina coletiva intensificaram a percepção da artista sobre finitude, fragilidade e transformação.

As obras inéditas reunidas em “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo” nascem desse tempo suspenso, em que o ritmo da vida sofreu torções profundas e a relação com o próprio corpo se tornou um território ainda mais sensível de observação e elaboração. A mostra permanece em cartaz até 17 de janeiro de 2026.

Sobre o artista.

Patrícia Pedrosa nasceu em 1971, em São Gonçalo – RJ, possui bacharelado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e atualmente é a docente responsável pela disciplina de litografia na mesma instituição onde se formou. Participa de individuais e coletivas desde 1992, tendo ministrado cursos, workshops e oficinas, atuando principalmente com gravura, desenho e história da arte. É doutora em Artes Visuais pela EBA – PPGAV – UFRJ e mestre na mesma instituição, ambos na linha de História e Crítica da Arte. Em 2025 recebeu Menção Honrosa na Kitchen Print Biennale de l’estampe (Épinal, França), uma competição com ênfase em pesquisas artísticas na gravura alternativa e não tóxica. Atualmente se divide entre o trabalho no seu ateliê em Petrópolis (RJ) e o Rio de Janeiro, onde leciona na Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ.

Relevos e gravuras de João Carlos Galvão.

“A geometria poética de João Carlos Galvão é luminosa e musical”, como bem define Fabio Magalhães no texto que acompanha a nova exposição do artista, que em 2026 comemora 85 anos. Prestes a ser inaugurada na Galeria Patricia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, no dia 27 de novembro, “A cor no espaço bailarino” apresentará dez relevos em acrílica sobre madeira e dez gravuras em metal, produzidos entre 2024 e 2025. A mostra permanecerá em exibição até 13 de dezembro.

A poética do papel em branco

Quadrados e círculos articulam-se em relevo na superfície do papel. O artista nos propõe uma dinâmica visual de ritmo pulsante, com sutis vibrações de luz decorrentes da delicada volumetria impressa sobre o branco do papel. João Carlos Galvão é um artista de ampla trajetória e reconhecimento internacional, companheiro de Sérgio Camargo, Victor Vasarely e Jean Pierre Yvaral, todos eles artistas da vertente construtiva. Há em sua geometria uma poética de nítida preocupação pela síntese, mesmo assim, Galvão obtém extraordinária riqueza e diversidade expressiva na sua plástica. Notamos nestes trabalhos certa desordem vivaz na acumulação das formas que se organizam no espaço e uma imprevisibilidade rítmica na formação dos conjuntos. O artista estabelece uma tensão entre ordem/desordem para criar cinesia nos seus conjuntos geométricos. A percepção de movimento nos conduz a uma sensação sonora. Melhor dizendo, a articulação dos relevos sugere acordes musicais. Portanto, acrescentam emoção à racionalidade. O poeta Paul Claudel citava a música como sendo a alma da geometria. As diferentes angulações dos quadrados e dos círculos alterando a face plana do papel (técnica de relevo seco) provocam variações de luz sobre a superfície. Desse modo, o artista procura controlar onde a luz é refletida ou absorvida. Vale ressaltar que a poética da luz é a expressão predominante na obra de João Carlos Galvão; as formas tornam-se perceptíveis pela gradação de sombra e luz. As sombras sublinham as geometrias, fortalecem os contornos e acrescentam tênues variações de cinza. De outro modo, nas zonas brilhantes, de maior presença de luz, notamos o surgimento de reflexos de cor no branco do papel (suaves tonalidades de azuis, de vermelhos) como resultado do espectro de luz, fenômeno, também, conhecido como dispersão da luz. É notável como o artista obtém múltiplos efeitos luminosos e cromáticos usando apenas variações de planos na superfície do “papel em branco”.

Fabio Magalhães, Outubro de 2025.

Sobre o artsita.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1941, João Carlos Galvão iniciou seus estudos em pintura aos dez anos de idade, em 1951. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil entre 1964 e 1966 e se mudou para Paris em 1967, onde cursou Sociologia da Arte com Jean Cassou, na Sorbonne, frequentou os ateliês de Sergio Camargo, Victor Vasarely e Jean-Pierre Yvaral e conheceu o pintor português Nadir Afonso. Participou de salões, bienais, feiras, exposições individuais e coletivas desde 1966 no Brasil e no exterior, como a Bienal de Arte de São Paulo, SP-Arte, ArtRio e os salões de Paris. Desde 1974, executou vinte e sete obras de grande escala, incluindo murais e painéis em diferentes materiais. Com mais de 50 anos de trajetória artística, ele atualmente mantém uma rotina de produção constante no ateliê em Nova Friburgo, RJ.

A Suíte Tropical de Di Cavalacanti.

13/nov

A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura exposição marcando o lançamento da série Suíte Tropical, uma seleção de dez obras de Di Cavalcanti realizadas em serigrafias certificadas pela filha do artista Elisabeth di Cavalcanti, reunidas com o propósito de ampliar o acesso à visualidade intensa e calorosa de um dos grandes nomes da arte brasileira. O conjunto se organiza em torno de temas recorrentes na obra de Di Cavalcanti: o corpo, a festa, o cotidiano, as mulheres, os ritmos da cor e da vida. O título suíte é uma referência à forma musical que evoca uma sequência de movimentos harmônicos, mas também uma expressão que dialoga com a tradição de grandes séries gráficas da arte.

Além de apresentar as serigrafias, a exposição, com curadoria de Denise Mattar, traz textos do artista, uma cronologia ilustrada, vídeo e legendas comentadas que contextualizam as obras selecionadas. Assim o que se oferece ao espectador é uma suíte brasileira, ou melhor, tropical, na qual cada imagem carrega a pulsação de um país reinventado por traço e cor.  Suas figuras não são apenas personagens: são paisagens humanas, sínteses do trópico em sua plenitude sensual e simbólica. A curadora destaca que a exposição proporciona uma experiência de leitura sensível, revelando dimensões da obra do artista ainda pouco acessíveis ao grande público.

Até 13 de dezembro.

 

Duas exposições individuais simultâneas.

A Galatea Salvador apresenta, a partir do dia 13 de novembro, duas exposições individuais simultâneas: Poli Pieratti: a invenção da maré, primeira individual da artista na capital baiana, e Estela Sokol: Chuva de prata, instalação inédita desenvolvida especialmente para o cofre da galeria. As mostras, com abordagens distintas, convergem em uma investigação sensível sobre espaço, percepção, materialidade e sensorialidade.

Poli Pieratti (Brasília, 1987) apresenta no salão principal da galeria uma série de 11 obras inéditas ancoradas no mito da ninfa Galatea, uma das Nereidas da Mitologia grega, para evocar o mar e a força feminina. Em Poli Pieratti: a invenção da maré, que conta com texto crítico da escritora e curadora Veronica Stigger, as telas iridescentes da artista estão situadas na zona limítrofe entre a abstração e a figuração, e fazem alusão a rochedos, ondas, falésias, corais e também à própria imagem de Galatea.

Já Estela Sokol (São Paulo, 1979) apresenta Estela Sokol: Chuva de prata, instalação no interior do Cofre da Galatea feita de 300 módulos fotoluminescentes que absorvem luz artificial à noite e irradiam luminosidade durante o dia no espaço escuro do ambiente expositivo. Com texto assinado por Alana Silveira, diretora da Galatea Salvador, a exibição propõe uma experiência imersiva e sensorial, em que luz, tempo e presença do público tornam-se elementos ativadores da percepção.

As exposições inauguram uma nova etapa da atuação da Galatea em Salvador, com a realização simultânea de duas mostras distintas nos espaços da galeria – o salão principal e o cofre. Essa expansão abre caminho para novas possibilidades de diálogo curatorial, ativação espacial e alcance de público.

 

Exibição em três exposições simultâneas.

11/nov

Gabriel Haddad e Leonardo Bora participam de três exposições simultâneas em importantes instituições do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde apresentam obras de naturezas diversas, todas atravessadas pelo Carnaval. No Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, eles integram a recém-inaugurada “Manguezal”, com curadoria de Marcelo Campos. No Paço Imperial, participam da mostra que apresenta os premiados da 16ª edição do PIPA, um dos mais importantes prêmios da arte contemporânea brasileira, sendo os primeiros artistas do carnaval a vencerem o prêmio. Em São Paulo, desenhos da dupla compõem a exposição “Trabalho de Carnaval”, com curadoria de Ana Maria Maia e Renato Menezes. Paralelamente às exposições, eles assinam o projeto artístico da Unidos de Vila Isabel para o desfile de 2026, com enredo sobre o sambista e multiartista Heitor dos Prazeres, intitulado “Macumbembê, Samborembá: Sonhei que um Sambista Sonhou a África.”.

Sobre os artistas.

Gabriel Haddad e Leonardo Bora são multiartistas e professores que encontram nas linguagens das escolas de samba a sua principal encruzilhada criativa. Enquanto carnavalescos, desenvolveram narrativas escritas e visuais para agremiações como Mocidade Unida do Santa Marta, Acadêmicos do Sossego, Acadêmicos do Cubango, Acadêmicos do Grande Rio e Unidos de Vila Isabel. Na Grande Rio, merece destaque o cortejo de 2022, “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, campeão do Grupo Especial carioca ao celebrar as potências de Exu. Misturando vozes e materialidades, expuseram trabalhos em instituições como o Museu de Arte do Rio, o CCBB-RJ, o Centre National du Costume (Moulins), o Grand Palais (Paris), o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, o Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, o SESC Pinheiros, o Museu do Samba e o MUHCAB. Os enredos que desfiam em palavras, fantasias e alegorias propõem reflexões acerca de temas como religiosidade, fantasmagoria, metalinguagem e memória.

 

Recorte da produção da artista Silvia Mecozzi.

04/nov

Olsen K e Galeria Lica Pedrosa, Higienópolis, São Paulo, SP, convidam para um recorte da produção da artista Silvia Mecozzi no dia 06 de novembro das 14 às 20h. 

Silvia Mecozzi nasceu em 1956, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Silvia Mecozzi é criadora de vários caminhos em sua produção artística. Explora variados suportes e técnicas que vão da gravura em metal, à escultura em pedra, até a vídeo-arte. Formada em artes visuais pela Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1981. Sua primeira individual, organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1994, quando recebeu o prêmio Revelação de Pintura da APCA.

A artista se apossa de inúmeros materiais da indústria, como também de materiais naturais; peles, pedras, ossos, ouro, chumbo, cobre. Seu ponto de partida é o corpo, partes do corpo, fluxos do corpo, abstrações e proximidades. Ao longo do seu percurso, Silvia Mecozzi construiu uma trajetória focada nas raízes humanas e atualmente seu trabalho discute questões a respeito da emblemática relação entre a materialidade do corpo vivo e da terra.

Em 2005 apresentou “ouriças” na Estação Pinacoteca (São Paulo) e em 2007 realizou individual na Galerie Sycomore Art, em Paris. Em 2009 integrou a mostra “libérer l’horizon, reinventer l’espace” na Cité Internationale des Arts (Paris), e expôs  a vídeo-instalação “olódòdó”, no Museu de Arte Moderna da Bahia (Salvador).

Participou também de inúmeras  exposições coletivas desde a década de 1990 entre elas “O Traje como Objeto de Arte”, no Palácio das Artes em Belo Horizonte e na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, ambas em 1990; e “Viagens e Identidades” (United Artists V), na Casa das Rosas em 1999. Entre 2000 e 2008, além de exposições coletivas,  como “Ópera Aberta”, na Casa das Rosas em 2002, e “Natureza Morta/Still Life”, na Galeria de Arte do Sesi. Expos individualmente no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, em Porto Alegre, RS; e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, integrou “Arte Contemporânea, uma Historia em Aberto” em 2004, assim como as exposições “Transparências” em 2007 e “Entre o Plano e o Espaço” em 2008, organizadas pela Galeria Raquel Arnaud.

 

Artistas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

03/nov

O Espaço de Arte Contemporânea Portão Vermelho, localizado na Fábrica Bhering, abrirá no sábado, dia 8 de novembro, a exposição “Pulsão /in/ Possível”. A mostra coletiva reúne obras de 22 artistas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV): Ad Costa, Ana Júlia Rojas, Ana Regal, Benjamin Rothstein, Camila Tavares, Carlos Martelote, Fernanda Rosa, Jeff Seon, Karla Biery, Leo Stuckert, Luana Gomes, Moshe de Leon, Pedro Rangel, Peu Mello, Rodrigo Ajooz, Tatiana Coelho, Teka Mesquita, Thaís Ravicz, Tomie Savaget, Vitor Viana, Virna Santolia e Zilah Garcia.

As obras são multimeios, variando desde pinturas de menor porte para esculturas de tecido de tamanho significativo, a potência artística dessa exposição residindo na diferença entre trabalhos e sua variedade de suportes.

Com orientação de André Sheik e Daniele Machado e curadoria coletiva do corpo discente da instituição, a mostra explora o processo de pesquisa artística não somente enquanto objeto a ser discutido, mas como possibilidade no campo artístico, abrindo entrelugares e deslocando a ideia de genialidade do artista, da masterpiece: a experimentação abre uma fresta pela qual a pesquisa é não só parte, mas o trabalho em si. Esgarçando o conceito de liberdade, autonomia e a importância do espaço independente na crítica de Mário Pedrosa, a equipe de curadoria pensa essa exposição a partir do exercício de experimentação de liberdade dos artistas como Lugar.

“O meio século de vida da EAV é resultado sempre do futuro, do respeito ao lugar sagrado da autonomia, da experiência e do aprendizado ante qualquer papel, que sempre retornaram para construir a História. Os curadores e artistas aqui reunidos, junto ao Portão Vermelho, manifestam a liberdade, sem a qual a arte não pode existir. Fiquem de olho nesses nomes.” Daniele Machado.

“Para nós, o processo de pesquisa é muito mais interessante que a ideia de produto final, pois é no processo que reside o território de experimentação, da tentativa e erro e todos esses fatores sendo abraçados e convergidos em obra. Juntamente da discussão sobre os próprios trabalhos, a ideia de Pulsão /in/ Possível reflete também o valor da troca durante as trajetórias dos artistas”.

Debora Pitasse, Fernanda Rosa, Guilherme Santana, Lua C, Souza Teodoro – Equipe Curatorial.

 

Curadoria de Paulo Herkenhoff e Ailton Krenak.

A FGV Arte, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição”Adiar o fim do mundo”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Ailton Krenak, pensador indígena, escritor e ativista ambiental, membro da Academia Brasileira de Letras e uma das vozes mais influentes do pensamento contracolonial contemporâneo. Coincidindo com o período da COP 30, a mostra articula arte, ecologia e filosofia emtorno de um enunciado que é, ao mesmo tempo, uma advertência e um convite: adiar o fim do mundo é reinventar o presente.
Inspirada na produção e no pensamento de Ailton Krenak, a exposição reúne mais de 100 obras de diferentes períodos e contextos culturais, com técnicas e suportes que abordam as urgências da crise ambiental, o legado do colonialismo, o racismo estrutural e os modos de resistência dos povos originários e das comunidades tradicionais. Mais do que uma metáfora, “Adiar o fim do mundo” é uma proposição estética e política que entende a arte como instrumento de reencantamento do mundo e de reconstrução das relações entre humanos e natureza.
“Não se trata de uma exposição sobre o fim, mas sobre a continuidade da vida”, afirma Paulo Herkenhoff. “A arte aqui é compreendida como um território de insurgência e imaginação, capaz de propor novas alianças entre corpo, natureza e espírito. O diálogo com Krenak nos convida a repensar o lugar da arte dentro de uma ecologia da existência.”. “Enquanto insistirmos em olhar o planeta como um objeto a ser explorado, seguiremos acelerando o colapso. A arte, ao contrário, nos chama a ouvir a Terra e a reconhecer que ela também sonha, sente e fala.”
Entre os nomes reunidos pelos curadores estão Adriana Varejão, Alberto da Veiga Guignard, Aluísio Carvão, Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geyger, André Venzon, Ayrson Heráclito, Berna Reale, Camille Kachani, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Evandro Teixeira, Fernando Lindote, Hélio Oiticica, Ivan Grillo, Jaider Esbell, Jaime Lauriano, Marcos Chaves, Nádia Taquary, Niura Bellavinha, pajé Manoel Vandique Kaxinawá Dua Buse, Rodrigo Braga, Romy Pocstaruck,  Sandra Cinto, Sebastião Salgado, Siron Franco, Thiago Martins de Melo, Tunga e muitos outros. A coletiva inclui também 11 obras comissionadas, concebidas especialmente para a mostra, dos artistas Cabelo, Cristiano Lenhardt, Daniel Murgel, Ernesto Neto, Hugo França, Keyla Sobral, Rosana Palazyan, Rodrigo Bueno, Souza Hilo e do coletivo de artistas indígenas Apinajé.
A mostra permanecerá em cartaz até 21 de março 2026.

Representantes da obra de Miriam Ines da Silva.

31/out

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a correpresentação internacional do espólio de Miriam Inez da Silva (1937, Trindade, GO – 1996, Rio de Janeiro, RJ, Brasil), em parceria com a Travesía Cuatro.

“Para mim pintar é vida. Pinto o que amo e sinto no coração. O povo para mim, o Brasil, são uma atração grande demais. Curto ouvir causos, música popular e o mais importante, estou muito com gente, mas não importa a escala social. Minha pintura deve muito aos grandes mestres que tive em Goiás. E, no Rio, o Ivan Serpa”. 

Miriam Inez da Silva, O Popular, Goiânia, 1983

As pinturas e xilogravuras da artista conjugam referências à história da arte, a ícones da cultura pop e da literatura, assim como cenas que unem o fantástico ao cotidiano do interior – um repertório visual construído a partir de suas memórias de infância. Suas obras adquirem um caráter narrativo por meio da construção geométrica do espaço e da inserção de molduras e formas abauladas de cortinas nos vértices da tela, sugerindo um palco.

Formada pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Goiás nos anos 1950, e aluna de Ivan Serpa na década seguinte, Miriam conservou o apreço pelas técnicas artesanais de manufatura, como as envolvidas na confecção de ex-votos.

Entre as exposições mais recentes dedicadas à obra de Miriam Inez da Silva, destacam-se as realizadas na Travesía Cuatro, Madri, Espanha (2025); Cerrado Galeria, Goiânia (2024); Museu Nacional da República, Brasília (2021) e Almeida & Dale, São Paulo (2021). Seu trabalho também figurou em exposições coletivas na Pinacoteca de São Paulo (2025); Museo Madre, Nápoles, Itália (2024); Instituto Çarê, São Paulo (2022); MASP, São Paulo (2022, 2017, 2016); Fundación Juan March, Madri, Espanha (2018), além da Bienal da Gravura de Santiago, Chile (1969) e Bienal de São Paulo (1967, 1963).