Três artistas na Galeria de arte do IBEU.

15/set

Até 05 de dezembro, a Galeria de Arte do IBEU, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, recebe a exposição coletiva “Parque”. A mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas de Bernardo Magina, Bruno Miguel e Pedro Varela e convida o público a mergulhar em paisagens fantásticas, onde realidade e imaginação se entrelaçam.

Pensada como uma travessia sensorial, a exposição leva os visitantes a experimentarem cores, formas e símbolos que evocam memórias familiares, mas que rapidamente se transformam em convites para viagens únicas e pessoais. Mais do que contemplar obras, “Parque” oferece uma experiência imersiva que questiona a paisagem como algo natural e a apresenta como uma construção cultural.

Ex-alunos e professores da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, os três artistas fazem uma homenagem direta ao espaço que marcou suas trajetórias. O título da mostra remete ao palacete e seus jardins, território onde natureza e cultura se misturam a ponto de apagar fronteiras entre o real e o inventado. Assim como o Parque Lage, com seus cenários improváveis e atmosfera quase mágica, as obras de “Parque” estimulam o público a criar suas próprias narrativas, em que memórias, desejos e fantasias se fundem.

Como explica Bernardo Magina: “No Parque Lage tem uma gruta construída com direito a estalactites onde foram filmadas as célebres cenas da Cuca no Sítio do Pica-pau Amarelo, e os desavisados vão crer que ali estava a gruta desde sempre. Ou as jovens que vão ao parque para ensaios fotográficos, muitas vezes vestidas de princesas da Disney. Não é mentira, de fato não é um parque temático de Orlando, mas é um lugar mágico o suficiente para fantasiar. É a noção de paisagem se apresentando como uma construção cultural e não como algo dado. Cada um vai achar um lugar na sua mente para lugares físicos outrora experimentados. Abre-se espaço aí para novas histórias: ficções”.

Ocupação Ailton Krenak.

11/set

O Itaú Cultural, Avenida Paulista, São Paulo, SP, abriu a mostra Men am-ním Ailton Krenak, primeira da série Ocupação dedicada a uma pessoa indígena. Traduzido da língua Borum, do grupo lingüístico Macro-Jê, falada pelos Krenak, o conjunto de palavras que antecede o nome do homenageado significa “Ocupação”. Com esta, o Itaú Cultural soma 70 mostras da série, criada em 2009 para aproximar a obra de personalidades culturais e artísticas brasileiras das novas gerações. A exposição é dedicada ao escritor, ambientalista, pensador, poeta e uma das principais vozes representantes dos saberes e das causas indígena.

Trajetória pautada pela humanidade e a natureza, a espiritualidade e o futuro. Com voz potente e ativa, há mais de 40 anos Ailton Krenak atua para fortalecer a presença dos povos originários no país. O seu caminho, no Brasil e no exterior, inspira a compreender o mundo pela ótica indígena em ações que vão do icônico discurso que ele fez na Assembleia Constituinte, em 1987, com o rosto pintado com jenipapo, a reflexões registradas em livros, como Futuro ancestral.

Perfil

Nascido no povo Krenak de Minas Gerais, Ailton luta mundialmente pelos povos originários. Escritor, filósofo, poeta e conferencista, Ailton Krenak tem atuação reconhecida no Brasil  e no exterior em defesa dos direitos dos povos indígenas. Sua trajetória profissional e de ativismo reúne diferentes formações acadêmicas, farta produção literária, participações  em palestras e conferências, prêmios, condecorações e títulos.

Lidiane Krenak

Makiãm Ailton Krenak transmite saberes das nações indígenas  e mostra como elas cuidam e enxergam a vida. Com o título Rerré, Makiãm Krenak: a voz viva da terra, o texto escrito com exclusividade para o Itaú Cultural por Lidiane Damasceno Krenak, liderança indígena da etnia Krenak/Kaingang e cacica da Aldeia Vanuíre, em São Paulo, onde nasceu. Ele integra a publicação da Ocupação Ailton Krenak e fala sobre a origem e a luta de seu povo por um caminho no qual se encontra Ailton.

Até 23 de novembro.

Vivian Caccuri lança livro e realiza exposição.

10/set

No sábado, 13 de setembro, a partir das 19h, Vivian Caccuri inaugura sua individual NOCETRA n’A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, a artista lança o livro Criatura Som e seus Espectros (Act Editora).

A mostra, que ocupará os dois prédios da galeria, reúne um conjunto de obras inéditas e, segundo a curadora Marielsa Castro Vizcarra,”parte do desejo do artista de ir além da tendência de racionalizar cada gesto e desmantelar a falsa dicotomia entre corpo e mente, ou sentimento e pensamento. Por meio de paisagens sonoras imersivas, animações, sonogramas bordados, desenhos e esculturas, Caccuri retrata o momento fugidio em que a emoção exaltada dissolve a consciência – quando as fronteiras do eu se derretem em pura sensação e restauram um ritmo interior do tempo há muito perdido. Tais sons privados são amplificados e projetados no espaço, pareados com imagens de mulheres que se dissolvem em abstrações. Nocetra permeia o limite entre o público e o privado, e convida o público a ouvir e sentir junto.” A abertura celebra os 22 anos da Galeria com uma festa conduzida por PEKØ liveset (Vera Fischer Era Clubber), CRIS O. (Crizin da ZO, Equipe 7Rio) e Bia Marques. Na mesma ocasião, serão apresentados a Parede Gentil nº 44 (Área Indígena), de Xadalu Tupã Jekupé, e a Camisa Educação nº 92, de Ana Matheus Abbade. Para completar, teremos um bolo especial criado por Rose Afefé e Madah Sodré.

Nos últimos 15 anos, Vivian Caccuri vem desenvolvendo instalações, obras sonoras, performances, desenhos e bordados que investigam como o som pode desorientar a experiência cotidiana e inspirar novas formas de vida. Explorando a relação entre som e cultura, a prática artística de Caccuri busca destacar aspectos ativos, mas pouco reconhecidos, do som. Escreveu seu primeiro livro na Universidade de Princeton, “Music is What I Make”, publicado pela Bloomsbury NYC em “Making it Heard”, e pela editora 7 Letras como “O que faço é música”. Foi indicada para o Future Generation Art Prize e participou de exposições internacionais como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Kochi, a Bienal de Veneza, o New Museum, o Museo Jumex e o Highline Art. Suas obras integram as coleções da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Coleção Gilberto Chateaubriand MAM Rio; Instituto Inhotim, Brumadinho (MG); Pérez Art Museum Miami, EUA; ICA Miami, EUA, e Berggruen Collection, Berlim (Alemanha).

Uma parceria entre Flexa e Claraboia.

08/set

A Flexa, em parceria com a Claraboia, abre sua primeira exposição em São Paulo, intitulada “Construção no Vento”. Com curadoria de Luisa Duarte, expografia de Daniela Thomas e texto de Julia de Souza, a mostra acontecerá na Claraboia, Jardim Paulista.

Em ensaio ao redor de Mira Schendel, Nuno Ramos associa a obra da artista ao que nomeia “construção no vento”. A coletiva toma o paradoxo do título enquanto imagem propulsora, fazendo-a ressoar em três eixos: Gestos mínimos, Ativar o vazio e Paisagens rarefeitas. Se características da produção de Mira Schendel surgem aqui como bússola central, o modo como #Leonilson abordava os vazios comparece como um vetor importante. Em um gesto que caminha na via oposta da assepsia vinculada ao monocromo branco na história da arte, o artista inseriu a dimensão do desejo através das suas inscrições plenas de poesia.

Ao conferir ênfase ao vazio, àquilo que se dá no limiar da visibilidade e ao campo de desejo, busca-se instaurar um contrapeso em meio à tamanha captura que conforma a atenção, a experiência do tempo e da subjetividade hoje.

“Construção no vento” é uma contradição bonita. Quando a gente pensa em construção, vem à nossa mente algo sólido e perene, já o vento é aquilo que nos mobiliza, mas não enxergamos. Essa exposição é muito sobre aquilo que não se vê, e no entanto produz efeito.”

Luisa Duarte.

O feminino como princípio criador.

02/set

do mundo”. Uma visão poética e sensível da mulher como matriz, gênese, força-motriz no mundo e no cotidiano é a ideia que agrega as 77 obras de 59 artistas mulheres. Entre as artistas, estão Maria Martins, Lygia Pape, Celeida Tostes, Leticia Parente, Anna Bella Geiger, Sonia Andrade, Regina Silveira, Anna Maria Maiolino, Ana Vitória Mussi, Iole de Freitas, Sonia Gomes, Lenora de Barros, Brígida Baltar, Beatriz Milhazes, Rosângela Rennó, Adriana Varejão, Laura Lima, Aline Motta, Bárbara Wagner e Lyz Parayzo. A curadoria é de Katia Maciel e Camila Perlingeiro, que selecionaram trabalhos em pintura, gravura, desenho, vídeo, fotografia, escultura e objetos.  A mostra ficará em cartaz até 18 de outubro.

O início do mundo é um convite a regressar às origens. 59 mulheres evocam o feminino como princípio criador e força de transformação. Cada imagem, cada matéria carrega em si a potência das metamorfoses cíclicas, antigas e futuras. Aqui, o começo não é um ponto fixo, mas um movimento contínuo: um mundo que se reinventa no corpo feminino, na memória e na arte.

“Essa exposição é um projeto ousado, mesmo para a Pinakotheke”, diz Camila Perlingeiro. “Reunir tantas artistas e obras com suportes tão diversos foi certamente um desafio, mas um que abraçamos com entusiasmo. Há anos pensávamos em uma mostra que envolvesse um número expressivo de artistas mulheres, e a curadoria de Katia Maciel, poeta e artista múltipla, foi a garantia de um projeto ao mesmo tempo criterioso e sensível”. A montagem da exposição não obedece a um critério de linearidade. As aproximações são poéticas, onde obras em diferentes suportes se agrupam – como filmes junto a fotografias, ou pinturas que conversam com objetos, por exemplo. “É um percurso orgânico”, observa Camila Perlingeiro.

A primeira sala é toda em preto e branco, “porque simboliza o começo, antes da cor, antes de tudo”, explica a curadora. As outras salas são uma reunião de obras que conversam profundamente entre si e ao mesmo tempo formam uma cacofonia delicada e potente de tudo o que simboliza o início e o ciclo da vida.

Katia Maciel indaga: “O início é um ponto, uma linha, um círculo?”. “Para a Física, seria um ponto primeiro, um começo que explode. Para a História, uma linha contínua que por vezes se bifurca. Para as Mitologias, um círculo que gira sobre si mesmo. Para a Arte, o início são os três pontos, a reticência, a pergunta, a dúvida, uma forma viva que liga o finito ao infinito. A exposição reúne o trabalho de 59 mulheres cujos aspectos sensíveis e simbólicos expressam um início possível”, afirma.

Wilma Martins: territórios interiores.

22/ago

A Galatea, apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.

A linguagem visual singular de Wanda Pimentel

20/ago

A Fortes D’Aloia & Gabriel tem o prazer de anunciar Wanda Pimentel – Percurso em Preto e Branco na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A mostra reúne, pela primeira vez, a série “Animais Preto e Branco”, um conjunto de desenhos realizados nos primeiros anos de sua trajetória. Criadas entre 1965 e 1967, essas obras mostram um período formativo de experimentação, marcando o surgimento da linguagem visual singular de Wanda Pimentel.

Com traços agitados e vigorosos, numa paleta restrita, Wanda Pimentel desenhou animais, alguns identificáveis, outros inventados, cujas formas pulsam, serpenteiam e vibram em meio a emaranhados gráficos de rabiscos e marcações. Besouros, cangurus, tatus, tartarugas, morcegos, girafas, corujas e macacos aparecem retratados com uma mão investigativa, como se a artista explorasse as texturas de pelos, penas, escamas e peles, apenas para distorcer suas formas e padrões nos espaços alucinatórios de seu bestiário estilizado.

Essa faceta inicial da obra de Wanda Pimentel revela uma abordagem caligráfica mais livre, na qual a superfície do papel é quase inteiramente ocupada, vibrando com atividade visual – em contraste agudo com sua produção posterior, de orientação geométrica, baseada numa espacialidade rigorosa definida pelo vazio articulado às representações precisas de objetos e partes do corpo. Como propõe a historiadora da arte Vera Beatriz Siqueira em seu ensaio para a exposição: “Em Wanda, os animais parecem afirmar a base gráfica e a posição central conferida à linha, que define questões de sua obra, ao mesmo tempo que anunciam a questão temática e plástica do “envolvimento”, das relações entre criaturas, objetos e seus ambientes – centrais em seu trabalho.”

A obra Sem título (da série Envolvimento) (1969) da artista foi recentemente incorporada à coleção permanente do MoMA, e integrou a exposição “Vital Signs: Artists and the Body” organizada por Lanka Tattersall em 2024, na mesma instituição. A obra de Wanda Pimentel está atualmente em exibição na mostra “Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70″, na Pinacoteca em São Paulo.

Em cartaz até 25 de outubro.

Memórias e identidade.

18/ago

A abertura da exposição coletiva “Correspondências: memórias e identidade”, acontece no dia 20 de agosto no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Com curadoria de Fabiola Notari, a mostra propõe uma reflexão sobre a materialidade da escrita e a memória afetiva das trocas epistolares. Reunindo livros de artista, instalações, pinturas, colagens, objetos, desenhos e bordados, as obras investigam como cartas, bilhetes e mensagens manuscritas podem se tornar espaços de memória, identidade e afeto.

Artistas participantes.

Aline Cavalcante, Ana Cris Rosa, Célia Alves, Christina Parisi, Clarissa M Zelada, Claudia Souza, Cris Marcucci, Daniela Karam Vieira, Irene Guerreiro, Leonor Décourt, Lidia Sumi, Lídice Salgot, Lucia Mine, Lucimar Bello, Maíra Carvalho, Margarida Holler, Renata Danicek, Rosa Grizzo, Sandra Lopes, Teresa Ogando, Tuca Chicalé e Vitória Kachar.

A exposição segue em cartaz até 27 de setembro.

Corpos e organismos imaginários.

14/ago

Na exposição “Cenas Elétricas”, que Marcia de Moraes, exibe na Galeria Simões de Assis, Balneário Camboriú, SC, apresenta composições que exploram a cor como elemento estruturante do desenho. Criadas inteiramente a lápis sobre papel, as obras convidam a um olhar atento, revelando formas que transitam entre paisagens, corpos e organismos imaginários. Uma experiência visual rítmica e multifacetada, que desafia constantemente o espectador a reconstruir o visível. Os desenhos prismáticos de Marcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais.

Cenas Elétricas

Em meados dos anos 1910, a artista Sonia Delaunay já havia realizado um amplo conjunto de suas composições abstratas, constituindo as bases para o que o nomeava como “pintura simultânea” – campos ópticos dinamizados pelo contraste entre as cores, projetando formas, movimentos e ritmos. Vários desenhos e pinturas dessa fase foram intitulados como “Prismes électriques”, aparece como metáfora visual para o efeito que ela buscava: decompor e reconfigurar a luz e o espaço pictórico por meio da cor. A inspiração principal, segundo a própria Delaunay, era a experiência urbana e o novo ritmo noturno da cidade que passava a ser iluminada e movida por eletricidade. “A luz elétrica transforma a cidade em um caleidoscópio em movimento” (Sonia Delaunay, caderno de esboços, 1913-14).

Cem anos depois, as lições de cor-composição de Delaunay reverberam nos desenhos da artista Márcia de Moraes, em que a fragmentação da forma pela cor também é a chave para a construção visual rítmica. Os trabalhos de Márcia são totalmente criados a lápis sobre papel, dos contornos de grafite que estruturam sutilmente a imagem, aos preenchimentos coloridos que vibram e fluem sobre o plano. Por outro lado, a tensão moderna entre figuração e abstração já dispersa desde a década de 1970, abre margens para o repertório poético das linguagens contemporâneas, mesmo quando se trata de meios tão conhecidos como o desenho. É nesse ponto que entendo outro diálogo entre Sonia e Márcia, a presença de um prisma, uma espécie de lente difratora, criando um sentido de espacialidade interna em cada obra, nos fazendo ver de dentro para fora e vice-versa, simultaneamente. Os desenhos prismáticos de Márcia de Moraes parecem filtrar, distorcer e refratar nossa percepção. Nos desafiam a reconstruir corpos e espaços, formas já muito rotinizadas em nosso imaginário – das plantas, paisagens, insetos, lagos e corais. Ao mesmo tempo, parecem nos guiar por um universo microscópico que lembra organismos desconhecidos, complexos celulares a serem descobertos ou arquiteturas neurais. São tantas imagens cabendo em detalhes e na totalidade que ativam o olhar para ver através e em meio à multiplicidade constituída nos encontros dos traços a grafite e lápis de cor que dialogam com o vazio do papel. O convite é para uma observação prolongada, alternando distâncias e se desapegando da necessidade de decifração.

Tálisson Melo

Em cartaz até 04 de outubro.

Wilma Martins na Galatea.

12/ago

A Galatea apresenta “Wilma Martins: territórios interiores”, individual da artista Wilma Martins, com obras da emblemática série “Cotidiano”, a ser inaugurada no dia 23 de agosto em sua unidade da rua Padre João Manuel, em São Paulo. A mostra conta com texto crítico assinado pela pesquisadora e curadora Fernanda Morse.

Desenvolvida entre 1974 e 1984, “Cotidiano” é considerada a série mais conhecida da artista. Nela, cenas de interiores domésticos – como salas, cozinhas e quartos – se entrelaçam com rios, plantas e animais, criando composições onde o real e o imaginário se encontram em harmonia. A brancura intimista dos espaços privados contrasta com a vitalidade orgânica da natureza, revelando um olhar poético e silenciosamente subversivo sobre os pequenos gestos da vida cotidiana.

A série foi redescoberta na exposição “Cotidiano e Sonho”, retrospectiva realizada em 2013, com curadoria de seu marido, Frederico Morais, importante crítico e historiador de arte brasileiro. Essa será a primeira exposição dedicada à artista desde a retrospectiva póstuma “Wilma Martins: território da memória”, realizada em 2023. É, também, uma oportunidade rara de ver um escopo tão abrangente da série “Cotidiano” reunido em uma só exposição.

Em cartaz até 18 de outubro.