Parceria anunciada em corepresentação.

09/out

A Almeida & Dale, São Paulo, SP, anuncia a corepresentação de Rayana Rayo (1989, Recife, PE) em parceria com a galeria Marco Zero, de Recife. 

A obra de Rayana Rayo nasce de processos profundamente pessoais. Suas pinturas, que evocam paisagens ou organismos vegetais, constituem um bioma próprio, que responde a experiências sensíveis e a elaborações subjetivas. Rayana Rayo parte de formas fundamentais e de uma paleta de cores rebaixada para criar fabulações em suas pinturas, das quais emergem formas que aludem a montes, ilhas, paisagens aquáticas e abissais, além de plantas, bichos e outros seres que se destacam do fundo e cintilam na superfície da tela. 

De caráter onírico, suas representações não buscam correspondência imediata com o mundo exterior. Ainda que este seja sugerido em suas formas, para a artista, a pintura se afirma como um instrumento de materialização de memórias, desejos e experiências cotidianas, ao mesmo tempo em que estabelece diálogo com a tradição artística pernambucana. “Nunca é algo dado, eu sempre faço escolhas no momento e que tem a ver com o meu momento durante a pintura. Se eu estou triste, se eu estou feliz, se eu estou querendo trazer um problema muito sério, se eu estou querendo desejar algo e intenciono esse algo. (…) E tenho também uma vontade de trazer potência para aquela materialidade. Não é só uma pintura, é um objeto que eu empodero. Então, é um pouco de mim de uma maneira energética dentro da pintura”.  

Sobre a artista.

Atualmente, Rayana Rayo apresenta Yo soy semilla, individual na galeria Travesía Cuatro, em Guadalajara, no México. Em São Paulo, a artista exibe a pintura, Descansando um pouco (2025), comissionada para a exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, com curadoria de Ana Roman e Paulo Miyada, no Instituto Tomie Ohtake. Também a convite da instituição, a artista realizou uma residência promovida pela Édouard Glissant Art Fund, na residência onde viveu o poeta e filósofo na Martinica. Ainda em 2025, Rayana Rayo realizou a exposição Nas restingas, onde sonha o coração, com curadoria de Galciani Neves, na galeria Marco Zero; além de participar da coletiva Entre colapsos e encantamentos, na Galeria ReOcupa, em São Paulo. Participou, ainda, de Surge et veni, Millan, São Paulo (2024); Invenção dos reinos, Oficina Francisco Brennand, Recife (2023); Solar nascente, Solar dos Abacaxis, Rio de Janeiro (2022), entre outras. Sua obra integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo e do REC Cultural, em Recife.

 

Exposição individual de Ana Kemper.

A Galeria Mercedes Viegas, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a exposição “HIPERMAR”, da artista visual Ana Kemper. A curadoria é da pesquisadora, escritora e artista Eleonora Fabião, que também assina o texto crítico.

Em sua primeira individual na galeria, Ana Kemper traz uma série de fotografias inéditas e uma videoinstalação. Nas imagens, a artista mostra formas de vida aquáticas, botânicas e minerais. Segundo a curadora Eleonora Fabião, “são imagens-acontecimento que brotam quando a artista presta cuidadosa atenção e as coisas retribuem. São lumino-brotações.”

Ana Kemper, que transita entre diferentes linguagens, também atua como pesquisadora, médica acupunturista e fisioterapeuta com atuação transdisciplinar. Sua prática é fundamentada no cuidado interespécies, permeando seu trabalho artístico, clínico e sua pesquisa em ecologia.

“HIPERMAR” pode ser vista até 08 de novombro.

 

A grande aldeia cultural.

07/out

Encontro de escritores e artistas indígenas completa 20 anos e se torna um marco. O evento acontecerá no Museu de Arte do Rio e na Fundação Casa de Rui Barbosa com uma programação totalmente gratuita.

Completando 20 anos, o “Encontro de escritores e artistas indígenas” será realizado nos dias 15, 16 e 17 de outubro no Museu de Arte do Rio (MAR) e no dia 18 de outubro na Fundação Casa de Rui Barbosa. Idealizado pelo escritor e educador Daniel Munduruku, com a coordenação da professora de literatura da Universidade Federal Fluminense (UFF), Claudete Daflon, em parceria com a Coordenação de Pesquisa e Políticas Culturais do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), o evento conta com a realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli) e apoio da Fundação Casa de Rui Barbosa, com o apoio do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio do Museu Nacional dos Povos Indígenas, órgão científico-cultural da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A ação tem como ponto de partida o protagonismo indígena na área cultural. A programação inclui mesas de conversas, lançamentos de livros, roda de poesia, apresentações musicais, oficinas de ilustração e atividades para crianças, tudo de graça e aberto ao público. 

“Ao completar seu 20º Encontro, queremos celebrar os muitos avanços que foram acontecendo na sociedade brasileira, o aumento numérico de escritores e artistas indígenas, a abertura do mercado editorial e livreiro, as políticas públicas que se desenvolveram a partir desse feito, os prêmios e reconhecimentos recebidos pelos autores e autoras, o virtuoso aumento de publicações universitárias trazendo a literatura como objeto de pesquisa, o ingresso do primeiro escritor indígena na academia brasileira de letras, entre outras tantas conquistas”, afirma Daniel Munduruku. 

A edição deste ano acontece ampliada, com mais participantes, e inclui atividades educativas voltadas para a formação de professores. Essa grande aldeia cultural contará com personalidades indígenas de destaque, como Gustavo Caboco, artista plástico e criador do Selo Editorial Picada; Fernanda Kaingang, advogada, escritora, arte educadora e doutora pela Universidade de Leiden-Holanda; Ademário Payayá, dramaturgo e escritor; Jaime Diakara, professor, escritor e ilustrador; Eva Potiguara, escritora; Moara Tupinambá, poeta e artista plástica; Uziel Guayné, artista plástico e escritor do Povo Maraguá/AM, as lideranças indígenas Marcos Terena, Catarina Tupi Guarani e Darlene Taukane, entre muitos outros. Na abertura oficial do evento, haverá a conferência “Vozes Ancestrais: O tênue fio entre literatura e oralidade”, com Daniel Munduruku, curador do evento, escritor, educador e fundador do Selo Uka Editoria. 

 

Bruno Novelli no Museu Inimá de Paula.

Uma narrativa visual rica e envolvente.

A Galatea tem o prazer de compartilhar que o artista Bruno Novelli (Fortaleza, 1980) fará a sua maior exposição individual, “Sol de ouro”, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte, MG. A mostra, que acontece de 10 de outubro a 30 de novembro, revela o universo híbrido do artista, onde fauna e flora se fundem em 27 composições tropicais, idílicas e fantásticas.

Entre realidade e imaginação, Bruno Novelli nos conduz a paisagens imersivas que vibram em cores cintilantes, criando atmosferas de encantamento e exuberância. As obras expostas, datadas desde 2012 até produções mais recentes, seguem referências que vêm desde o bestiário da pintura medieval, do Renascimento, passando por expoentes da chamada “arte popular”, do Surrealismo e da Pop Arte.

O curador Thierry Freitas, que assina o texto crítico da exposição, escreve: “A prática de Bruno Novelli insiste na pintura como linguagem e veículo, apostando em sua capacidade de renovar imaginários e despertar novas percepções sobre nosso lugar em relação ao todo que nos envolve. Como numa experiência sensorial, suas obras nos convidam a explorar um mundo híbrido, em que a natureza não é apenas cenário, mas protagonista de uma narrativa visual rica e envolvente, na qual realidade e fantasia se entrelaçam com a exuberância da vida.”

 

Paixão por movimento.

06/out

Artista francês mostra sua paixão por movimento a partir dos “giros” de Elis Regina e das formas de Iberê Camargo. Vencedor do Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea 2025, Tom Brabant abre “Elíptico 33 rpm” no Museu de Arte do Paço, Porto Alegre, RS.

No dia 15 de outubro, a Aliança Francesa de Porto Alegre, a Fundação Iberê e a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, por meio da coordenação de Artes Visuais, inauguram a exposição “Elíptico 33 rpm”, do artista francês Tom Brabant. A mostra, resultado da residência artística de Brabant na Casa Iberê, com orientação de Eduardo Haesbaert, que foi impressor de Iberê Camargo, abrirá no Museu de Arte do Paço (MAPA) e pode ser visitada até dia 16 de janeiro de 2026.

“Deslizar é um movimento, uma transição entre dois estados e, às vezes, entre dois mundos. Por exemplo, eu o situo entre o florescimento e o desaparecimento das coisas, flutuando entre a inspiração e a expiração de um movimento, onde posso livremente contornar, explorar e subverter os assuntos que me interessam. A partir daí, meus projetos nascem, na maioria das vezes, de analogias e montagens de ideias nas quais tento fazer coexistir duas realidades aparentemente incompatíveis. Jogos de palavras – presentes em meus títulos – e efeitos visuais são os brilhos da minha prática, oferecendo aos espectadores a oportunidade de prestar atenção a imagens residuais, impressões fantasmagóricas e encenações ilusórias”, destaca o artista.

“Elíptico 33 rpm” é inspirada em duas forças da arte brasileira muito presentes na vida de Tom Brabant: Iberê Camargo e Elis Regina. A exposição é composta por uma série de pequenas gravuras, duas outras gravuras de grandes dimensões, uma obra de Iberê Camargo, um vídeo editado pelo próprio artista sobre Elis Regina e a instalação de um disco girando a fim de transmitir o movimento infinito da cantora.

“Ao pesquisar a obra Iberê, fiquei impressionado com seu interesse por objetos em movimento: os carratéis de sua infância, as pipas e, especialmente, os ciclistas. Nessa perspectiva, experimentei na gravura essa ideia de laços, repetições (sobreposições) e também de “fantasma”. O segundo encontro foi com Elis Regina. Quando aprendi seus apelidos, como “Hélice Regina” e “Eliscóptero”, imaginei imediatamente o que poderia restar de sua energia rotatória, o que pode gravar em nossa memória – as lembranças de seus gestos – de sua existência quase mítica”, conta Tom Brabant.

A residência cruzada acontece no âmbito do 8º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea, que também selecionou a artista brasileira Gabriela Stragliotto (Galópolis/Caxias do Sul) para uma residência artística no Centre Intermondes de La Rochelle entre 29 de novembro a 28 de janeiro de 2026. O Prêmio Aliança Francesa de arte contemporânea é realizado pela Aliança Francesa Porto Alegre, o Ministério da Cultura e a Fundação Iberê Camargo. Patrocinado pela empresa TIMAC AGRO, recebe o apoio da Casa Iberê, do centro Intermondes – Humanidades Oceânicas, do Consulado geral da França em São Paulo e da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Sobre o artista.

Artista interdisciplinar, Tom Brabant concluiu seus estudos na École des Arts Décos de Paris. Trabalha com desenho, vídeo, instalação e faz obras no espaço público. Sua prática visa questionar a relação com a obra, com o visível, posicionando-se numa estética do talvez. Nascido em 2000, em La Rochelle, França, Tom Brabant tem construído sua produção em torno do conceito de “deslizar”, um movimento plural e fluído que, para o artista, consiste em criar sobre o que já existe. Seu universo visual e conceitual também transita entre “loops”, espirais e elipses, onde tudo parece recomeçar ou se repetir. Tom Brabant gosta de distorcer as coisas, de enganar o olhar e de tornar incerto o que se acredita ser uma verdade.

 

 

 

Pela regeneração urbana.

O Consulado Geral da Itália Rio de Janeiro inaugura dois projetos em outubro: Programa da Prefeitura do Rio de Janeiro, “Reviver o Centro”, e a mostra “Cidades em Cena”, que entra em cartaz no Polo Cultural ItaliaNoRio, abertos ao público gratuitamente.

Tendo como elo de ligação a regeneração urbana, o Polo Cultural ItaliaNoRio abriga nova exposição e a Praça Itália reinaugura após longo período de revitalização. Ambos poderão ser visitados a partir do dia 12 de outubro, gratuitamente. No primeiro, a mostra “Cidades em Cena” valoriza as melhores práticas italianas de regeneração urbana, promovendo as competências e tecnologias ligadas ao desenho de espaços urbanos, à construção e à habitação, desenvolvidas por administrações públicas, empresas e projetistas italianos.

Na segunda, o projeto de requalificação, desenvolvido pelo renomado escritório italiano de arquitetura ARCHEA e aprovado pela Prefeitura de Rio de Janeiro, transforma completamente a praça. A proposta se inspirou em praças contemporâneas italianas, com foco em sustentabilidade e soluções tecnológicas inteligentes e se insere no contexto do programa de revitalização do Centro da Prefeitura do Rio, “Reviver o Centro”.

A mostra tem um duplo objetivo: de um lado, apresentar a extraordinária vitalidade criativa e construtiva existente na Itália, que está transformando as cidades de norte a sul; e de outro, ilustrar, através de exemplos significativos, a variedade de soluções adotadas, testemunhando as amplas e difundidas competências conceptuais, projetuais, tecnológicas e construtivas que se desenvolveram recentemente no país, convertendo-se em uma das mais relevantes expressões do Made in Italy. A partir de 2023, mais de 130 projetos de reabilitação urbanística foram reunidos pelo Festival Città in Scena. Desde a edição de 2024, o Festival conta também com a colaboração da Farnesina, que enriqueceu o evento com novas conexões internacionais, incluindo cidades do Mediterrâneo como Tirana, Tunes, Petrinja e Zagreb.

Um elemento significativo da praça é o busto da imperatriz Teresa Cristina, carinhosamente chamada “Mamma dos Brasileiros”, símbolo do vínculo histórico entre Itália e Brasil. O busto original, em bronze, foi inaugurado em 2008 como homenagem à comunidade italiana, mas em janeiro de 2019 foi furtado integralmente. Para celebrar os 200 anos do nascimento de Teresa Cristina, em 14 de março de 2022 foi criado um novo busto pelo artista ítalo-brasileiro Gianguido Bonfanti, doado pelo Consulado. A nova escultura em bronze com detalhes em aço retrata a imperatriz com o traje da época do Império do Brasil.

Até 29 de novembro. 

Problemas ambientais em exposição.

Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre tem como tema a emergência climática. O FestFoto – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, RS, – chega à sua 18ª edição com abertura na Praça da Alfândega e no Espaço Força e Luz, no centro da capital.

O tema Linha d’Água é uma metáfora visual e poética usada para abordar o cotidiano da emergência climática. O Festival reúne uma série de trabalhos que refletem sobre problemas ambientais e leva ao centro histórico de Porto Alegre uma mostra especial sobre Árvores. O movimento é uma ação de reativação de locais que foram afetados pela enchente de 2024 e um convite a repensar a relação humana com o ambiente.

Consolidado como um dos eventos mais importantes da fotografia contemporânea no Brasil e na América Latina, o FestFoto investe na conexão com performance e poesia e amplia suas atividades para levar fotografia ao espaço público central e a comunidades da capital. A programação mescla exposições com artistas reconhecidos, ateliers de produção e construção coletiva de obras.

Entre os destaques está a presença de fotógrafos como Bob Wolfenson e Rogério Reis, do artista visual Shinji Nagabe, o intercâmbio com o coletivo de artistas multilinguagem Frete Grátis e a participação de poetas portoalegrenses Agnes Maria, Mikaa e Felipe Deds.

Em sua 18ª edição, o FestFoto reafirma seu compromisso com acessibilidade, diversidade, descentralização e sustentabilidade, fortalecendo o diálogo entre arte, território e sociedade, tanto em espaços expositivos de Porto Alegre quanto por meio de sua plataforma digital. O marco recente do festival é o FestFoto Descentralizado, iniciado em 2024, com ações no Morro da Cruz e Bom Jesus, territórios periféricos da capital.

A acessibilidade é central na edição 2025, com materiais em alto contraste, leitura ampliada, descrições de imagem, legendas e formatos digitais acessíveis, garantindo inclusão e participação ampla.

 

Diambe exibe Echoes in the Present.

03/out

A Galeria Simões de Assis apresenta um projeto solo de Diambe na próxima edição da Frieze London, entre 15 e 19 de outubro no novo setor curado “Echoes in the Present” com curadoria de Jareh Das, The Regent’s Park, Park Square West. Esse setor busca fomentar conexões culturais entre artistas do Brasil, do continente africano e de suas diásporas.

Nascida em 1993 no Rio de Janeiro e atualmente radicada em São Paulo, Diambe desenvolve uma poética que articula escultura, coreografia, performance, pintura e vídeo, em obras que propõem a emergência de novos corpos e ambientes. Seu trabalho, atravessado por saberes diaspóricos, explora matérias vivas como tecidos, raízes alimentares e elementos vegetais, muitas vezes mimetizados em formas fabulatórias que tensionam a hierarquia entre natureza e humanidade.

Sobre a artista.

Diambe nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1993, é artista, pessoa negra e não binária que vive em São Paulo. Graduou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Université Sorbonne Nouvelle e obteve mestrado em Artes da Cena na UFRJ. Seu corpo de trabalho é marcado pelo uso de matérias vivas, sendo recorrente o recurso de tecidos, raízes alimentares amefricanas, gravuras e coreografias que relacionam arquiteturas com movimentos espontâneos em elaborações plurais. Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente fabulado. Com esse processo criativo, são apresentadas criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuje o do ser humano e escape de uma ilusória situação de dominação. Atualmente se debruça em pesquisa sobre a transformação da paisagem, a diáspora alimentar e os arquivos antropológicos. 

 

Obras raras e importantes.

Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade.

A mostra “Do livro ao museu” – em cartaz até 07 de dezembro – é composta, em sua maioria, por obras das décadas de 1940 e 1950, período de sedimentação da arte moderna e de espaços dedicados a ela, além de uma seleção criteriosa de livros adquiridos a fim de representar a produção moderna na coleção da Biblioteca Mário de Andrade nesse período. Obras raras e importantes, como Jazz, de Henri Matisse, ou Cirque, de Fernand Léger, são exemplares de grande relevância que colocaram artistas e pesquisadores brasileiros em contato com a produção modernista europeia.

A colaboração entre o MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade evidencia a produção nacional de álbuns e livros, e o início da produção gráfica artística, com edições de artista feitas quase inteiramente à mão, como a de Milton Dacosta, com guaches, ou Fantoches da meia-noite, de Di Cavalcanti, que combina impressões com aquarelas. A exposição chega até a criação dos primeiros livros produzidos com tiragem limitada e impressões de alta qualidade da coleção da Sociedade dos Cem Bibliófilos, conduzida pelo colecionador de arte Raymundo Castro Maya a partir de 1943.

A mostra abarca ainda obras da coleção do MAM São Paulo que remetem às tensões da produção moderna brasileira, que naquele período entra numa intensa disputa entre abstração e figuração, discussão presente na mostra inaugural do museu, Do figurativismo ao abstracionismo, em 1949. Sérgio Milliet, homenageado com seu autorretrato na mostra, sempre se posicionou a favor da experimentação livre da linguagem artística moderna, sem tomar um partido claro, o que deu margem a mal-entendidos. Do livro ao museu aborda também a emergência da vanguarda concretista na década de 1950, em oposição ao abstracionismo informal, observando os vários sentidos e direções que a arte moderna tomou no Brasil nesse período.

Embora a biblioteca e o museu tenham funções diferentes, historicamente nasceram juntos, compartilhando a missão de preservar, organizar e mediar conhecimentos. Ambos são mais que guardiões do patrimônio material e imaterial; são espaços de encontro e aprendizado, estimulando a pesquisa, a reflexão e a imaginação. Do livro ao museu integra as comemorações dos cem anos da Biblioteca Mário de Andrade, lembrando as origens em comum de ambas as instituições e abrindo caminhos para colaborações e parcerias futuras.

Cauê Alves e Pedro Nery

Sobre os curadores.

Cauê Alves é mestre e doutor em filosofia pela FFLCH USP. É professor do Departamento de Artes da FAFICLA, PUC-SP, e curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo. É autor de diversos textos sobre arte, entre eles, texto no catálogo da exposição Mira Schendel, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, e Pinacoteca de São Paulo e Tate Modern, Londres. É líder do grupo de pesquisa em História da Arte, Crítica e Curadoria da PUC-SP (CNPq). Entre 2016 e 2020, foi curador-chefe do Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, MuBE. Em 2015, foi curador assistente do Pavilhão Brasileiro da 56ª Bienal de Veneza e, em 2011, foi curador adjunto da 8ª Bienal do Mercosul (2011).

Pedro Nery é museólogo e curador. Formado em história e mestre em Museologia pela Universidade de São Paulo. Atuou como pesquisador e curador da Pinacoteca de São Paulo entre 2011 e 2019 destacando as retrospectivas: Rosana Paulino Costura da Memória (2018/19) e Marepe: Estranhamente Comum (2019). Atualmente é museólogo do MAM São Paulo, e está colaborando para a implantação do Centro de Memória do museu.

Artistas.

Arthur Luiz Piza, Alberto da Veiga Guignard, Antonio Henrique Amaral, Alexandre Wollner, Candido Portinari, Carlos Prado, Emiliano Di Cavalcanti, Frans Masereel, Franz Weissmann, Fayga Ostrower, Fernand Léger, Geraldo de Barros, Hércules Barsotti, Hélio Oiticica, Henri Matisse, Iberê Camargo, Ivan Serpa, Jean Lurçat, José Antônio da Silva, José Pancetti, Lothar Charoux, Lygia Pape, Marc Chagall, Maria Martins, Manuel Martins, Marcelo Grassmann, Milton Dacosta, Mick Carnicelli, Odilla Mestriner, Samson Flexor, Sérgio Milliet, Sonia Ebling, Thomaz Farkas.

Uma Bienal é um grande desafio.

02/out

Quais são os rostos por trás das obras da 36ª Bienal?

Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa da Cidade de São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo e Itaú apresentam a 36ª Bienal Internacional de São Paulo até 11 de janeiro de 2026, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP.

A arte é um exercício coletivo. São necessárias muitas mãos para construir uma exposição. Você já se perguntou quem é o artista e quem são as pessoas que trabalharam em cada obra? Este ensaio explora a categoria do retrato, destacando artistas, equipes de montagem, curadores e funcionários da Fundação Bienal.

Montar uma exposição da dimensão de uma Bienal é um grande desafio. Para registrar esse processo de dois meses, convidamos três fotógrafos a captar detalhes, rostos e momentos de criação da 36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática.

A segunda parte desse ensaio visual, realizada entre 18 de agosto e 04 de setembro no Pavilhão da Bienal e em ateliês de artistas, é assinada por Fe Avila. 36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática.

Curador geral: Bonaventure Soh Bejeng Ndikung / Cocuradores: Alya Sebti, Anna Roberta Goetz, Thiago de Paula Souza / Cocuradora at large: Keyna Eleison / Consultora de comunicação e estratégia: Henriette Gallus / Cocuradores adjuntos: André Pitol, Leonardo Matsuhei.