A mostra “Ascensão”, na Ocre Galeria, Porto Alegre, RS, de 19 de julho a 16 de agosto, do artista e gestor cultural Carlos Trevi, propõe nova leitura para fragmentos do cotidiano em suas esculturas; os trabalhos revelam a transformação de objetos outrora descartados, que agora se convertem em novas estruturas poéticas; com curadoria de André Severo e texto crítico de André Venzon, a exposição é uma travessia simbólica entre matéria e memória.
Trata-se da primeira grande mostra individual de Carlos Trevi na capital gaúcha que exibe um conjunto de 30 esculturas verticais, das mais variadas formas e tamanhos, que ressignificam fragmentos esquecidos, como: taças, cristais, pés de móveis, bibelôs e ornamentos, passando a formarem estruturas que evocam memória, beleza e transcendência. As obras são compostas por elementos que tiveram outras funções e que, reorganizados em colunas e totens, ganham novos significados. Ao reunir pedaços de madeira, ferro, fios, tecidos e outros materiais, o artista constrói estruturas que evocam uma arqueologia afetiva, onde cada fragmento guarda o silêncio do que já foi e a potência do que pode vir a ser.
“Sempre me interessei pelo que os objetos ainda têm a dizer, mesmo quando parecem esquecidos. Gosto de pensar que cada peça carrega uma memória silenciosa, e meu papel como artista é oferecer a ela uma nova chance de expressão”, explica Carlos Trevi. Resultado de uma pesquisa desenvolvida ao longo dos últimos anos, a mostra “Ascensão” investiga os sentidos simbólicos da matéria e sua capacidade de transformação com o passar do tempo. Nas esculturas, Carlos Trevi não apenas reformula os objetos: ele ativa suas memórias, criando uma linguagem que transita entre o sensível e o espiritual.
Sobre o artista.
Natural de São Paulo, graduado em Administração atua como gestor e curador à frente de importantes instituições culturais. Desde 2015 mantém residência e ateliê em Porto Alegre, onde desenvolve seus trabalhos na forma de objetos e assemblages. Em 2014 realizou sua primeira exposição individual “Carlos Trevi – Territórios da memória”, na galeria Sobrado Escritório de Arte em Olinda (PE), com curadoria de Raul Córdula. Tem obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Museu do Estado de Pernambuco e em coleções particulares.
Sobre o curador.
Nascido em Porto Alegre (1974), André Severo é artista, curador e gestor cultural. Mestre em Poéticas Visuais (UFRGS), fundou o projeto Areal em 2000, com foco em arte contemporânea fora dos grandes centros urbanos. Criou projetos como Lomba Alta, uma residência artística, e Dois Vazios, que une cinema e artes plásticas. Realizou mais de dez filmes e instalações audiovisuais e publicou livros como Consciência errante e Soma. Foi curador da 30ª Bienal de São Paulo e da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza. Recebeu o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2014) e o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.
Sobre o crítico.
André Venzon vive e trabalha em sua casa-ateliê-galeria, no 4º Distrito de Porto Alegre. Artista visual, curador e gestor cultural, é mestre em Poéticas Visuais (PPGAV/IA-UFRGS), especialista em Gestão e Políticas Culturais (Universidade de Girona/Espanha) e graduado em Artes Visuais (IA-UFRGS). Atuou como presidente da Associação Chico Lisboa, Conselheiro Estadual de Cultura, membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais e diretor do MACRS por duas gestões. Desde 2018, coordena a Galeria da Fundação ECARTA e é o atual diretor artístico do Instituto Cultural Laje de Pedra, em Canela (RS).