Cecília Maraújos apresenta Autoficções.

01/dez

Em Autoficções, Cecília Maraújos apresenta um conjunto de pinturas que atravessam corpo, memória e maternidade, articulando autorretratos, referências fotográficas e experiências do cotidiano como matéria de investigação pictórica. A exposição abre no dia 05 de dezembro no Ateliê 31, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Martha Werneck. Na mostra, Cecília reúne um conjunto de cerca de 25 pinturas, em diversos formatos, que atravessam corpo, memória e cotidiano como campos de elaboração pictórica, articulando experiências autobiográficas e investigações sobre a representação do feminino na cultura.

Cecília apresenta um conjunto de pinturas desenvolvidas a partir de referências fotográficas, estudos e montagens digitais que acompanham seu processo. “Em suas telas, a pintura é também gesto de resistência, forma de pensar o mundo desde o íntimo. Assim, a artista nos convida a permanecer na penumbra: onde a vida cotidiana se acende em fogo lento e silencioso, transformando o que seria doméstico em potência poética e política”, conclui a curadora.  A mostra marca a conclusão de sua formação em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

Sobre a artista.

Cecília Maraújos (1999, Fortaleza, CE. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ) cursa graduação de Pintura na Escola de Belas Artes da UFRJ desde o período de 2021.1. Estuda artes de maneira autodidata desde a infância e hoje enfatiza em seu trabalho a prática da pintura e do desenho, intercruzando sua plasticidade com fotografia, escultura, escrita, performance e colagem. Participa do grupo de pesquisa “A representação do corpo feminino como poética na pintura contemporânea”, coordenado pela Profa. Dra. Martha Werneck, onde paraleliza seu processo criativo com o reconhecimento e referenciamento do trabalho de demais artistas mulheres, muitas vezes invisibilizadas pela história da arte. Participa, ainda, como bolsista do projeto de extensão “Mães na Universidade: Acesso, Permanência e Progressão”, coordenado pela pesquisadora Karín Menéndez-Delmestre, agregando à sua pesquisa a temática da maternidade e suas subjetivações.

Autoficções fica em cartaz até o dia 08 de janeiro de 2026. 

 

Espanha Afro 2025.

Atividades em parceria com o Instituto Cervantes RJ, com a Embaixada da Espanha  e com a FLUP celebram o Novembro Negro brasileiro. Desde 2023, o Instituto Cervantes do Rio de Janeiro, Botafogo, celebra, anualmente, o Dia da Consciência Negra no Brasil através do programa multidisciplinar “Espanha Afro”, já em sua terceira edição. 

Em parceria com a Embaixada da Espanha e com a FLUP, estarão no Brasil a jornalista, escritora e curadora espanhola Lucía Mbomío e o fotógrafo reunionense Laurent Leger-Adame. Eles participaram de duas mesas-redondas no Viaduto de Madureira, quando conversaram sobre fotografia, imigração, memória, direitos, entre outros temas também abordados no último livro de Mbomío, Tierra de la luz.

Já em 02 de dezembro, terça-feira, às 19h, o Instituto Cervantes inaugura “Afromayores”, mostra fotográfica assinada por Leger-Adame, que retratou protagonistas desses legados, sob curadoria de Mbomío. Tanto o reunionense Laurent Leger-Adame como a alcorconeira (Alcorcón-Madri) Lucía Mbomío há anos entrevistam pessoas negras com o objetivo de balancear a narrativa mediática generalista espanhola na qual, ou não aparecem ou somente são vistos de determinada forma. Entre os retratados em destaque estão o pai da curadora, Jose, e também Batata, único carioca, residente em Madri, “afromayor/idoso” da mostra, que entrou especialmente nessa edição no Rio de Janeiro. 

Como incentivo, faltava apenas determinar como e quando – infelizmente precipitado após o diagnóstico de demência com corpos de Lewy do pai de Lucía. Em um processo de perda de lembranças inexorável, era o momento de fazer memória antes de que a dele se apagasse completamente. Foi dessa forma como, durante um bom tempo com o cinegrafista José Oyono, sem nenhum tipo de apoio econômico, começaram a fazer as gravações, os retratos e a encapsular suas vidas com o objetivo de eternizá-los. Perceberam imediatamente como se infiltram nelas o colonialismo, questões administrativas, xenofobia, racismo, amor, renúncias, sonhos desfeitos e realizados, família, pertencimento e muita nostalgia do tipo que não cessa, mesmo que estivessem na Espanha há décadas. Seu lema é “Existimos Porque Existiram”.

Até 10 de janeiro de 2026.

Arquipélago imaginário.

27/nov

A grande comemoração dos 50 anos de  carreira do fotógrafo paraense Luiz Braga chega ao Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, no dia 09 de dezembro, em exposição concebida pelo Instituto Moreira Salles. A mostra reúne 191 fotografias produzidas da década de 1970 até a atualidade – a maioria exibida apenas uma vez. A seleção destaca a forte conexão do fotógrafo com o seu território de origem e a perspectiva intimista diante dos ambientes e personagens retratados.

Com curadoria de Bitu Cassundé, a exposição Arquipélago Imaginário; oferece uma imersão no trabalho do fotógrafo Luiz Braga. Suas imagens retratam paisagens, indivíduos, costumes e tradições do território paraense, capturadas a partir de momentos de troca e convivência. “Meu trabalho se debruça sobre o meu lugar”, orgulha-se Luiz Braga, que mantém um acervo organizado de suas fotografias desde o início da carreira, aos 18 anos.

Nascido em 1956, em Belém, Luiz Braga começou sua trajetória como fotógrafo na década de 1970, atuando na publicidade antes de se tornar fotógrafo autônomo. Em paralelo, cursou arquitetura na Universidade Federal do Pará (UFPA). Em 1979, realizou sua primeira exposição individual e, desde então, passou a colaborar e expor em diversas instituições. “Não poderia ter escolhido outra profissão; tampouco viver em outro lugar”, afirma.

A exposição.

Arquipélago Imaginário; é composta por nove núcleos: Sintaxes populares, O Retrato, O Antirretrato, Territórios e pertencimentos – o Norte, Nightvision – Mapa do Éden, O outro, o alheio, Arquitetura da intimidade, Afazeres e trabalhos e O Marajó. Com uma expografia original e intimista, a seleção de imagens proporciona ao público uma viagem pelos temas e elementos marcantes na obra de Luiz Braga, ressaltando o orgulho de pertencer àquele território e o respeito por cada um dos personagens fotografados.

No início do percurso, estão as imagens em preto e branco, que marcam o período inicial de sua produção. Nos núcleos seguintes, predominam as fotos coloridas, a faceta mais conhecida de seu trabalho, com ênfase na investigação da Ilha do Marajó nos últimos 20 anos. Nos primeiros segmentos da exposição, a curadoria reforça a importância do vínculo do fotógrafo com os locais que registra e as pessoas que os habitam. Outra característica central em sua obra são as cenas do interior de residências e estabelecimentos, apresentadas de forma intimista. Detalhes como cortinas, relógios, vasos de flores e ventiladores evocam memórias, afetos e vestígios do tempo. O universo do trabalho também é um tema recorrente, com fotos de profissionais atuando no espaço público, como cabeleireiros, alfaiates, pescadores e açougueiros, geralmente em ação. Os núcleos Retrato e Antirretrato também merecem destaque. No primeiro, a curadoria ressalta como os retratos de Luiz Braga diferem do formato clássico, onde o ambiente e os objetos ao redor são fundamentais para compor a cena. Roupas, bolas de futebol e barcos tornam-se protagonistas junto aos indivíduos. Já a seção Antirretrato reúne fotografias onde as pessoas aparecem geralmente de costas ou de lado, contemplando o horizonte ou imersas em seu cotidiano. Em cartaz até 1º de março de 2026, a mostra conta com recursos de acessibilidade, como pranchas táteis e audiodescrição.

Em cartaz até 1º de março de 2026.

Olhares atentos de diferentes geografias.

26/nov

Frank Walter

Luiz Zerbini

Observations: Luiz Zerbini in Conversation with Frank Walter

25 Nov 2025 – 7 Feb 2026

Observations: Luiz Zerbini in Conversation with Frank Walter, exposição inaugural do novo espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, Jardins, São Paulo, SP, dia 25 de novembro, com curadoria de Barbara Paca, apresenta um diálogo inédito entre pinturas de paisagem em pequeno formato dos artistas Luiz Zerbini e Frank Walter (Antígua, 1926-2009). Mestres da atmosfera em suas próprias linguagens, ambos revelam um profundo envolvimento com a memória, a percepção e as fronteiras porosas entre os mundos humano e não humano. Luz, cor e gesto se unem para articular tempo, lugar e visão, expandindo o vocabulário da paisagem para além de seus limites convencionais.

Para Frank Walter, a paisagem foi uma companheira constante em suas viagens por Antígua, pelo Caribe e pela Europa. Suas pinturas em pequena escala capturam as variações sutis de diferentes geografias, com um olhar atento tanto ao detalhe quanto à atmosfera. Ao filtrar essas experiências pela memória, suas obras condensam a essência dos lugares vividos, transformando-os em meditações sobre pertencimento e imaginação. Luiz Zerbini, por sua vez, apresenta um conjunto de aquarelas que retratam vistas do litoral brasileiro. Com delicadeza de gesto e paleta luminosa, suas obras capturam o jogo de luz sobre o mar e a vegetação, revelando as mudanças de atmosfera das paisagens costeiras com imediatismo e intimidade. Dispostas lado a lado, essas obras constroem um diálogo transatlântico em que Frank Walter e Luiz Zerbini exploram a relação entre visão e lugar, ordem e espontaneidade. Cada composição se torna ao mesmo tempo transcrição e invenção – um espaço onde sensação e estrutura se entrelaçam. Ao conectar o Caribe e o Brasil, a exposição evidencia uma sensibilidade compartilhada à luz, à cor e ao relevo, revelando como a pintura de paisagem pode refletir contextos culturais distintos e, ao mesmo tempo, abrir-se a uma experiência mais ampla e interconectada do mundo natural.

Luiz Zerbini também está em exibição no espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, na Barra Funda, com a exposição individual Vagarosa Luminescência Voadora.

Até 07 de fevereiro de 2026.

Luz e espiritualidade na obra de Leo Battistelli.

A Galatea apresenta Leo Battistelli: água viva, individual do artista argentino radicado no Rio de Janeiro, a ser inaugurada no dia 26 de novembro em sua unidade da rua Padre João Manuel, São Paulo, SP. A exposição conta com texto crítico do jornalista e curador Leonel Kaz e reúne esculturas e painéis que entrelaçam cerâmica, porcelana, vidro, metais e minerais, explorando a ligação entre matéria, luz e espiritualidade.

Vivendo e trabalhando em seu ateliê na Floresta da Tijuca, no coração da Mata Atlântica, Battistelli transforma elementos da natureza em peças que evocam organismos híbridos, como líquens, sementes, constelações e formas aquáticas, vinculando o gesto humano à continuidade do ciclo vital. Trabalhando com argilas da Patagônia, terras brasileiras e quartzos andinos, o artista recria processos ancestrais em composições que respiram, filtram e irradiam luz.

Entre as obras apresentadas estão Iemanjá (2025), feita de contas de cristal soprado; Sobrenatural (2015), inspirada em mitos amazônicos; Pôr do Sol (2025), painel de sete metros em cerâmica e cobre; Pepita (2022/2025), semente-luz em porcelana e prata; Respiro (2025), Hexagonoro (2019/2025), Coluna (2025), Orvalho (2025) e as séries de Líquens, em diferentes ligas e escalas.

“Leo é um ser aquático mergulhado, da água ao fogo, nos fazeres da cerâmica”, escreve Leonel Kaz. “Suas obras são vivências, não conceitos abstratos.”.

Até 17 de janeiro de 2026.

Malu Saddi na Artur Fidalgo.

24/nov

“Desenvolve obras a partir do repertório visual encontrado na natureza e nos apresenta um mundo fantástico que relaciona organismos extraídos e reinventados dos reinos animal, vegetal e mineral.”

Os trabalhos da artista são delicados e sutis. São majoritariamente desenhos feitos com lápis de cor e grafite, seu traço fino cria estruturas minuciosas. Malu gosta de trabalhar com transparências que permitem a ela sobrepor desenhos de diferentes datas e gestos criando assim camadas de tempo; trazendo o inusitado e a transformação como parte do processo de construção do desenho.

Ela desenvolve obras a partir do repertório visual encontrado na natureza e nos apresenta um mundo fantástico que relaciona organismos extraídos e reinventados dos reinos animal, vegetal e mineral. 

Entre suas principais exposições individuais, destacam-se: “Cantantes Condutores”, Artur Fidalgo galeria (Rio de Janeiro, 2014); “Ao que ergue entre linhas”, Espaço W de Arte (Ribeirão Preto, 2011) e “No devaneio nenhuma linha é inerte”, Galeria Eduardo H Fernandes, (São Paulo, 2009). Participou de coletivas como: “17ª Bienal de Cerveira”, (Vila Nova Cerveira, Portugal, 2013), “Conhecendo Artistas – Ateliê Fidalga”, Torre Santander (São Paulo, 2011); “É Crédito ou Débito?” (Sesc-SP, São Paulo, 2010); “Entre Tempos” (Carpe Diem, Lisboa, 2009), entre outras.

Exibição de Maria Klabin em São Paulo.

Nara Roesler São Paulo, Jardim Europa, convida para a abertura, no dia 26 de novembro, às 18h, da exposição “Língua d’Água”, com mais de 80 obras inéditas e recentes de Maria Klabin (1978, Rio de Janeiro), em sua primeira exibição individual na cidade. A exposição estará em cartaz até fevereiro de 2026.

Com curadoria de Galciani Neves, a mostra apresenta trabalhos criados principalmente ao longo do ano, pinturas e desenhos, em tamanhos variados, que vão dos grandes formatos, com três metros de comprimento, até os pequenos, em torno de vinte centímetros de altura. O público verá também os desenhos retirados dos cadernos da artista, esboços, anotações, para acompanhar seu processo criativo.

O título “Língua d’Água” foi retirado de uma frase dita por Maria Klabin à curadora: “O pincel é como uma língua que lambe a tela trazendo os ecos de algum lugar”.

“As pinturas de Maria nos colocam de maneira simples que não é necessário fincar os pés nos diversos problemas filosóficos submetidos ao exame da razão, mas apontam para algo que nos renderia um enorme efeito, se nos dedicássemos: o que aprenderíamos se repousássemos sobre os redemoinhos da percepção? Devaneando, devaneando…E se ao invés de controlarmos as coisas, habitássemos seus mistérios, olhando-as bem de perto e de distintas lonjuras?”, salienta Galciani Neves no texto que acompanha a exposição. “Em “Língua d’água”, o exercício poético da artista segue por esses caminhos: “A pintura inverte a ordem das coisas, muda o que vemos e como vemos”, destaca a curadora.

Nos trabalhos de Maria Klabin há paisagens, além de retratos. A artista comenta que usa “a paisagem pela qual eu estou cercada”, que tanto pode ser composta por objetos ou plantas, que para ela “são indivíduos”. “São as paisagens com que eu estou convivendo”. “Noto um conjunto de movimentos, de elementos, que eu posso usar na pintura, e acabam sendo um ponto de partida para falar sobre algo mais internalizado e intuitivo do que exteriorizado, como estaria implícito numa paisagem”, observa. Fotografias também são utilizadas, mas servem como pistas para ela “falar de coisas mais da pintura e de um estado de espírito”. “Às vezes eu incluo figuras, às vezes animais, e uma parte grande é de memória, ou (de bichos)”inventados”. É um exercício compositivo também, de movimento, de pintura. 

“Língua d’Água” terá mais de quarenta desenhos, em um trabalho de seleção de Galciani Neves entre os mais de trezentos da artista. Ela detalha que junto com a curadora decidiu incluir na exposição uma parede com desenhos, “em que há de todo tipo: arrancados do caderno, anotações, mais ou menos acabados”. A ideia é mostrar ao público esse processo, “porque eles (os desenhos) nasceram durante a construção dessas pinturas, e alguns são anteriores, mas também guardam uma relação com as obras mostradas”.

Estará na exposição a pintura “Gal” (2023), tinta óleo sobre linho, exibida antes apenas na individual da artista que a galeria Nara Roesler realizou na feira Frieze Los Angeles 2024. Maria Klabin conta que a pintura integra “Linha d’água” por ser a primeira em escala maior que fez “com elementos mais alegóricos, mais oníricos”. “As paisagens grandes já tinham esses elementos, mas isso ficou mais evidente na “Gal”, e esta é uma coisa que eu explorei com mais foco nessa exposição”, diz. “Durante a pandemia”, ela explica, “comecei a trabalhar muito de observação, sem sair da realidade dentro do possível, na pintura. E a “Gal” foi feita neste outro momento. Pintar dessa maneira foi o que fez sentido para mim. Parti da imagem dessa mulher grávida, que é minha cunhada, que estava grávida da minha sobrinha Gal”.

Estarão ainda três retratos pequenos que Maria Klabin fez de Giacometti (1901-1966). A artista viu um vídeo na internet com Giacometti esculpindo. Em um determinado momento, em que há um close do rosto do escultor, ela percebeu que era “justamente o instante em que o artista está nesse lugar mais exposto”.

Livro “Maria K.” (2025, Nara Roesler Books)

Em fevereiro de 2026, durante a exposição “Língua d’Água”, será lançado o primeiro livro dedicado à trajetória de Maria Klabin. O livro “Maria K.” terá 114 páginas, bilíngue (português e inglês), capa dura, com formato de 17,5 x 24,5 cm, e textos inéditos de Priscyla Gomes, Pollyana Quintella e apresentação de Luis Pérez-Oramas.

O legado de Emanoel Araújo.

21/nov

 

O Farol Santander São Paulo apresenta a exposição Emanoel Araújo – Embates Construtivos, em cartaz até 22 de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 70 obras entre xilogravuras, esculturas, serigrafias e cartazes, incluindo criações inéditas que evidenciam a pluralidade e o rigor estético do artista baiano.

Com curadoria de Fábio Magalhães, a exposição ocupa o 24º andar do centro cultural e propõe uma imersão no universo visual de Emanoel Araújo, marcado por formas geométricas, ancestralidade africana e cores intensas. As obras revelam o diálogo entre tradição e modernidade, reafirmando a importância do artista como referência na arte contemporânea brasileira.

Fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo deixou um legado que celebra identidade, resistência e liberdade. A mostra é um tributo à sua trajetória e à potência da arte afro-brasileira no cenário nacional.

Revelando nuances das relações afetivas.

Sob o título “Men in Love”, realiza-se a exposição individual do artista Douglas de Souza (Blumenau, SC, 1984), na Claraboia, Jardim América, São Paulo, SP, reunindo um conjunto de pinturas recentes sob a curadoria de Domenico de Chirico e expografia de Alberto Rheingantz.

Nas obras, representações de bibelôs e simbolos kitsch, carregados de sensibilidade e sedução, servem de ponto de partida para refletir sobre masculinidade e seus estereótipos. São imagens de cavalos, cervos, cisnes, automóveis e arranjos florais associadas às iconografias dicotômicos de força e fragilidade, delicadeza e virilidade. Ao associar esses ícones às experiências masculinas, o artista revela nuances das relações afetivas vividas entre homens. 

“Enaltecendo o amor em sua forma mais pura, Douglas de Souza não se limita a retratar homens apaixonados: narra esse sentimento como um campo de tensões, um espaço de negociação entre estética e afeto, cultura e corporeidade, onde se entrelaçam as mais profundas contradições que marcam nosso presente”, comenta o curador. 

Para a mostra, o artista também apresenta inéditas pinturas de naturezas-mortas vigorosas. Em obras como It’s ok to cry e Magnolia, ambas de 2025, as pétalas de flores compõem verdadeiros campos cromáticos que se expandem radialmente pela tela, projetando brilho e nitidez que lembram imagens do campo digital. Douglas de Souza realiza pinturas em alta definição que simulam superfícies de objetos luminosos, como vidro, cristal, porcelana e metal polido. Sua pesquisa investiga estereótipos de masculinidade a partir de bibelôs e símbolos que negociam com a noção de fragilidade e com o gosto estético, dando vida a um léxico visual arraigado em identidade, desejo e pertencimento. Já realizou exposições individuais na Galeria Cavalo (São Paulo, Brasil, 2024); Kupfer Project (Londres, Reino Unido, 2024); Gruta (São Paulo, Brasil, 2023) Good Mother Gallery (Los Angeles, EUA, 2023); e na IRL Gallery (Nova York, EUA, 2022).

 Até 24 de janeiro de 2026.

Obras que refletem processos de ruptura.

19/nov

 

Patrícia Pedrosa apresenta “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. A mostra reúne vinte trabalhos inéditos – entre gravuras em técnicas diversas, vídeo-performance, cerâmica, livro de artista e um sketchbook – nos quais a artista toma o próprio corpo feminino como matriz e medida. Ao articular experimentações gráficas, bordado, colagem, estêncil e suportes como papel vegetal e tecido, investiga memória, somatizações e cicatrizes que atravessam a vida, criando obras que refletem processos de ruptura, cuidado e reconstrução.

Composta por 20 trabalhos – dezesseis gravuras, uma vídeo-performance, uma cerâmica, um livro de artista e um sketchbook – a mostra evidencia o modo como Patrícia Pedrosa expande a gravura para territórios híbridos. Suas obras articulam técnicas variadas, como bordado, colagem, recortes, pintura e procedimentos xerográficos, criando camadas que tensionam superfície e materialidade. O uso de suportes como papel vegetal, tecidos bordados em bastidores e tintas fosforescentes reforça esse interesse por deslocar a tradição gráfica para outros campos de experimentação, produzindo composições que se constroem entre transparências, cortes, marcas e sobreposições.

A pesquisa de Patrícia Pedrosa se estrutura a partir do corpo feminino e das marcas que o atravessam – cicatrizes físicas e simbólicas que se acumulam como registro das experiências somatizadas ao longo dos anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, esse campo de investigação ganhou novos contornos. O isolamento em seu ateliê e a ruptura da rotina coletiva intensificaram a percepção da artista sobre finitude, fragilidade e transformação.

As obras inéditas reunidas em “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo” nascem desse tempo suspenso, em que o ritmo da vida sofreu torções profundas e a relação com o próprio corpo se tornou um território ainda mais sensível de observação e elaboração. A mostra permanece em cartaz até 17 de janeiro de 2026.

Sobre o artista.

Patrícia Pedrosa nasceu em 1971, em São Gonçalo – RJ, possui bacharelado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e atualmente é a docente responsável pela disciplina de litografia na mesma instituição onde se formou. Participa de individuais e coletivas desde 1992, tendo ministrado cursos, workshops e oficinas, atuando principalmente com gravura, desenho e história da arte. É doutora em Artes Visuais pela EBA – PPGAV – UFRJ e mestre na mesma instituição, ambos na linha de História e Crítica da Arte. Em 2025 recebeu Menção Honrosa na Kitchen Print Biennale de l’estampe (Épinal, França), uma competição com ênfase em pesquisas artísticas na gravura alternativa e não tóxica. Atualmente se divide entre o trabalho no seu ateliê em Petrópolis (RJ) e o Rio de Janeiro, onde leciona na Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ.