Malu Saddi na Artur Fidalgo.

24/nov

“Desenvolve obras a partir do repertório visual encontrado na natureza e nos apresenta um mundo fantástico que relaciona organismos extraídos e reinventados dos reinos animal, vegetal e mineral.”

Os trabalhos da artista são delicados e sutis. São majoritariamente desenhos feitos com lápis de cor e grafite, seu traço fino cria estruturas minuciosas. Malu gosta de trabalhar com transparências que permitem a ela sobrepor desenhos de diferentes datas e gestos criando assim camadas de tempo; trazendo o inusitado e a transformação como parte do processo de construção do desenho.

Ela desenvolve obras a partir do repertório visual encontrado na natureza e nos apresenta um mundo fantástico que relaciona organismos extraídos e reinventados dos reinos animal, vegetal e mineral. 

Entre suas principais exposições individuais, destacam-se: “Cantantes Condutores”, Artur Fidalgo galeria (Rio de Janeiro, 2014); “Ao que ergue entre linhas”, Espaço W de Arte (Ribeirão Preto, 2011) e “No devaneio nenhuma linha é inerte”, Galeria Eduardo H Fernandes, (São Paulo, 2009). Participou de coletivas como: “17ª Bienal de Cerveira”, (Vila Nova Cerveira, Portugal, 2013), “Conhecendo Artistas – Ateliê Fidalga”, Torre Santander (São Paulo, 2011); “É Crédito ou Débito?” (Sesc-SP, São Paulo, 2010); “Entre Tempos” (Carpe Diem, Lisboa, 2009), entre outras.

Exibição de Maria Klabin em São Paulo.

Nara Roesler São Paulo, Jardim Europa, convida para a abertura, no dia 26 de novembro, às 18h, da exposição “Língua d’Água”, com mais de 80 obras inéditas e recentes de Maria Klabin (1978, Rio de Janeiro), em sua primeira exibição individual na cidade. A exposição estará em cartaz até fevereiro de 2026.

Com curadoria de Galciani Neves, a mostra apresenta trabalhos criados principalmente ao longo do ano, pinturas e desenhos, em tamanhos variados, que vão dos grandes formatos, com três metros de comprimento, até os pequenos, em torno de vinte centímetros de altura. O público verá também os desenhos retirados dos cadernos da artista, esboços, anotações, para acompanhar seu processo criativo.

O título “Língua d’Água” foi retirado de uma frase dita por Maria Klabin à curadora: “O pincel é como uma língua que lambe a tela trazendo os ecos de algum lugar”.

“As pinturas de Maria nos colocam de maneira simples que não é necessário fincar os pés nos diversos problemas filosóficos submetidos ao exame da razão, mas apontam para algo que nos renderia um enorme efeito, se nos dedicássemos: o que aprenderíamos se repousássemos sobre os redemoinhos da percepção? Devaneando, devaneando…E se ao invés de controlarmos as coisas, habitássemos seus mistérios, olhando-as bem de perto e de distintas lonjuras?”, salienta Galciani Neves no texto que acompanha a exposição. “Em “Língua d’água”, o exercício poético da artista segue por esses caminhos: “A pintura inverte a ordem das coisas, muda o que vemos e como vemos”, destaca a curadora.

Nos trabalhos de Maria Klabin há paisagens, além de retratos. A artista comenta que usa “a paisagem pela qual eu estou cercada”, que tanto pode ser composta por objetos ou plantas, que para ela “são indivíduos”. “São as paisagens com que eu estou convivendo”. “Noto um conjunto de movimentos, de elementos, que eu posso usar na pintura, e acabam sendo um ponto de partida para falar sobre algo mais internalizado e intuitivo do que exteriorizado, como estaria implícito numa paisagem”, observa. Fotografias também são utilizadas, mas servem como pistas para ela “falar de coisas mais da pintura e de um estado de espírito”. “Às vezes eu incluo figuras, às vezes animais, e uma parte grande é de memória, ou (de bichos)”inventados”. É um exercício compositivo também, de movimento, de pintura. 

“Língua d’Água” terá mais de quarenta desenhos, em um trabalho de seleção de Galciani Neves entre os mais de trezentos da artista. Ela detalha que junto com a curadora decidiu incluir na exposição uma parede com desenhos, “em que há de todo tipo: arrancados do caderno, anotações, mais ou menos acabados”. A ideia é mostrar ao público esse processo, “porque eles (os desenhos) nasceram durante a construção dessas pinturas, e alguns são anteriores, mas também guardam uma relação com as obras mostradas”.

Estará na exposição a pintura “Gal” (2023), tinta óleo sobre linho, exibida antes apenas na individual da artista que a galeria Nara Roesler realizou na feira Frieze Los Angeles 2024. Maria Klabin conta que a pintura integra “Linha d’água” por ser a primeira em escala maior que fez “com elementos mais alegóricos, mais oníricos”. “As paisagens grandes já tinham esses elementos, mas isso ficou mais evidente na “Gal”, e esta é uma coisa que eu explorei com mais foco nessa exposição”, diz. “Durante a pandemia”, ela explica, “comecei a trabalhar muito de observação, sem sair da realidade dentro do possível, na pintura. E a “Gal” foi feita neste outro momento. Pintar dessa maneira foi o que fez sentido para mim. Parti da imagem dessa mulher grávida, que é minha cunhada, que estava grávida da minha sobrinha Gal”.

Estarão ainda três retratos pequenos que Maria Klabin fez de Giacometti (1901-1966). A artista viu um vídeo na internet com Giacometti esculpindo. Em um determinado momento, em que há um close do rosto do escultor, ela percebeu que era “justamente o instante em que o artista está nesse lugar mais exposto”.

Livro “Maria K.” (2025, Nara Roesler Books)

Em fevereiro de 2026, durante a exposição “Língua d’Água”, será lançado o primeiro livro dedicado à trajetória de Maria Klabin. O livro “Maria K.” terá 114 páginas, bilíngue (português e inglês), capa dura, com formato de 17,5 x 24,5 cm, e textos inéditos de Priscyla Gomes, Pollyana Quintella e apresentação de Luis Pérez-Oramas.

O legado de Emanoel Araújo.

21/nov

 

O Farol Santander São Paulo apresenta a exposição Emanoel Araújo – Embates Construtivos, em cartaz até 22 de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 70 obras entre xilogravuras, esculturas, serigrafias e cartazes, incluindo criações inéditas que evidenciam a pluralidade e o rigor estético do artista baiano.

Com curadoria de Fábio Magalhães, a exposição ocupa o 24º andar do centro cultural e propõe uma imersão no universo visual de Emanoel Araújo, marcado por formas geométricas, ancestralidade africana e cores intensas. As obras revelam o diálogo entre tradição e modernidade, reafirmando a importância do artista como referência na arte contemporânea brasileira.

Fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo deixou um legado que celebra identidade, resistência e liberdade. A mostra é um tributo à sua trajetória e à potência da arte afro-brasileira no cenário nacional.

Revelando nuances das relações afetivas.

Sob o título “Men in Love”, realiza-se a exposição individual do artista Douglas de Souza (Blumenau, SC, 1984), na Claraboia, Jardim América, São Paulo, SP, reunindo um conjunto de pinturas recentes sob a curadoria de Domenico de Chirico e expografia de Alberto Rheingantz.

Nas obras, representações de bibelôs e simbolos kitsch, carregados de sensibilidade e sedução, servem de ponto de partida para refletir sobre masculinidade e seus estereótipos. São imagens de cavalos, cervos, cisnes, automóveis e arranjos florais associadas às iconografias dicotômicos de força e fragilidade, delicadeza e virilidade. Ao associar esses ícones às experiências masculinas, o artista revela nuances das relações afetivas vividas entre homens. 

“Enaltecendo o amor em sua forma mais pura, Douglas de Souza não se limita a retratar homens apaixonados: narra esse sentimento como um campo de tensões, um espaço de negociação entre estética e afeto, cultura e corporeidade, onde se entrelaçam as mais profundas contradições que marcam nosso presente”, comenta o curador. 

Para a mostra, o artista também apresenta inéditas pinturas de naturezas-mortas vigorosas. Em obras como It’s ok to cry e Magnolia, ambas de 2025, as pétalas de flores compõem verdadeiros campos cromáticos que se expandem radialmente pela tela, projetando brilho e nitidez que lembram imagens do campo digital. Douglas de Souza realiza pinturas em alta definição que simulam superfícies de objetos luminosos, como vidro, cristal, porcelana e metal polido. Sua pesquisa investiga estereótipos de masculinidade a partir de bibelôs e símbolos que negociam com a noção de fragilidade e com o gosto estético, dando vida a um léxico visual arraigado em identidade, desejo e pertencimento. Já realizou exposições individuais na Galeria Cavalo (São Paulo, Brasil, 2024); Kupfer Project (Londres, Reino Unido, 2024); Gruta (São Paulo, Brasil, 2023) Good Mother Gallery (Los Angeles, EUA, 2023); e na IRL Gallery (Nova York, EUA, 2022).

 Até 24 de janeiro de 2026.

Obras que refletem processos de ruptura.

19/nov

 

Patrícia Pedrosa apresenta “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo”, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. A mostra reúne vinte trabalhos inéditos – entre gravuras em técnicas diversas, vídeo-performance, cerâmica, livro de artista e um sketchbook – nos quais a artista toma o próprio corpo feminino como matriz e medida. Ao articular experimentações gráficas, bordado, colagem, estêncil e suportes como papel vegetal e tecido, investiga memória, somatizações e cicatrizes que atravessam a vida, criando obras que refletem processos de ruptura, cuidado e reconstrução.

Composta por 20 trabalhos – dezesseis gravuras, uma vídeo-performance, uma cerâmica, um livro de artista e um sketchbook – a mostra evidencia o modo como Patrícia Pedrosa expande a gravura para territórios híbridos. Suas obras articulam técnicas variadas, como bordado, colagem, recortes, pintura e procedimentos xerográficos, criando camadas que tensionam superfície e materialidade. O uso de suportes como papel vegetal, tecidos bordados em bastidores e tintas fosforescentes reforça esse interesse por deslocar a tradição gráfica para outros campos de experimentação, produzindo composições que se constroem entre transparências, cortes, marcas e sobreposições.

A pesquisa de Patrícia Pedrosa se estrutura a partir do corpo feminino e das marcas que o atravessam – cicatrizes físicas e simbólicas que se acumulam como registro das experiências somatizadas ao longo dos anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, esse campo de investigação ganhou novos contornos. O isolamento em seu ateliê e a ruptura da rotina coletiva intensificaram a percepção da artista sobre finitude, fragilidade e transformação.

As obras inéditas reunidas em “Eu aos pedaços ou Ainda assim eu voo” nascem desse tempo suspenso, em que o ritmo da vida sofreu torções profundas e a relação com o próprio corpo se tornou um território ainda mais sensível de observação e elaboração. A mostra permanece em cartaz até 17 de janeiro de 2026.

Sobre o artista.

Patrícia Pedrosa nasceu em 1971, em São Gonçalo – RJ, possui bacharelado em Gravura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994) e atualmente é a docente responsável pela disciplina de litografia na mesma instituição onde se formou. Participa de individuais e coletivas desde 1992, tendo ministrado cursos, workshops e oficinas, atuando principalmente com gravura, desenho e história da arte. É doutora em Artes Visuais pela EBA – PPGAV – UFRJ e mestre na mesma instituição, ambos na linha de História e Crítica da Arte. Em 2025 recebeu Menção Honrosa na Kitchen Print Biennale de l’estampe (Épinal, França), uma competição com ênfase em pesquisas artísticas na gravura alternativa e não tóxica. Atualmente se divide entre o trabalho no seu ateliê em Petrópolis (RJ) e o Rio de Janeiro, onde leciona na Escola de Belas Artes – EBA/UFRJ.

Relevos e gravuras de João Carlos Galvão.

“A geometria poética de João Carlos Galvão é luminosa e musical”, como bem define Fabio Magalhães no texto que acompanha a nova exposição do artista, que em 2026 comemora 85 anos. Prestes a ser inaugurada na Galeria Patricia Costa, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, no dia 27 de novembro, “A cor no espaço bailarino” apresentará dez relevos em acrílica sobre madeira e dez gravuras em metal, produzidos entre 2024 e 2025. A mostra permanecerá em exibição até 13 de dezembro.

A poética do papel em branco

Quadrados e círculos articulam-se em relevo na superfície do papel. O artista nos propõe uma dinâmica visual de ritmo pulsante, com sutis vibrações de luz decorrentes da delicada volumetria impressa sobre o branco do papel. João Carlos Galvão é um artista de ampla trajetória e reconhecimento internacional, companheiro de Sérgio Camargo, Victor Vasarely e Jean Pierre Yvaral, todos eles artistas da vertente construtiva. Há em sua geometria uma poética de nítida preocupação pela síntese, mesmo assim, Galvão obtém extraordinária riqueza e diversidade expressiva na sua plástica. Notamos nestes trabalhos certa desordem vivaz na acumulação das formas que se organizam no espaço e uma imprevisibilidade rítmica na formação dos conjuntos. O artista estabelece uma tensão entre ordem/desordem para criar cinesia nos seus conjuntos geométricos. A percepção de movimento nos conduz a uma sensação sonora. Melhor dizendo, a articulação dos relevos sugere acordes musicais. Portanto, acrescentam emoção à racionalidade. O poeta Paul Claudel citava a música como sendo a alma da geometria. As diferentes angulações dos quadrados e dos círculos alterando a face plana do papel (técnica de relevo seco) provocam variações de luz sobre a superfície. Desse modo, o artista procura controlar onde a luz é refletida ou absorvida. Vale ressaltar que a poética da luz é a expressão predominante na obra de João Carlos Galvão; as formas tornam-se perceptíveis pela gradação de sombra e luz. As sombras sublinham as geometrias, fortalecem os contornos e acrescentam tênues variações de cinza. De outro modo, nas zonas brilhantes, de maior presença de luz, notamos o surgimento de reflexos de cor no branco do papel (suaves tonalidades de azuis, de vermelhos) como resultado do espectro de luz, fenômeno, também, conhecido como dispersão da luz. É notável como o artista obtém múltiplos efeitos luminosos e cromáticos usando apenas variações de planos na superfície do “papel em branco”.

Fabio Magalhães, Outubro de 2025.

Sobre o artsita.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1941, João Carlos Galvão iniciou seus estudos em pintura aos dez anos de idade, em 1951. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil entre 1964 e 1966 e se mudou para Paris em 1967, onde cursou Sociologia da Arte com Jean Cassou, na Sorbonne, frequentou os ateliês de Sergio Camargo, Victor Vasarely e Jean-Pierre Yvaral e conheceu o pintor português Nadir Afonso. Participou de salões, bienais, feiras, exposições individuais e coletivas desde 1966 no Brasil e no exterior, como a Bienal de Arte de São Paulo, SP-Arte, ArtRio e os salões de Paris. Desde 1974, executou vinte e sete obras de grande escala, incluindo murais e painéis em diferentes materiais. Com mais de 50 anos de trajetória artística, ele atualmente mantém uma rotina de produção constante no ateliê em Nova Friburgo, RJ.

Marco Maggi na Fundação Iberê Camargo.

“La economía de la atención” é a primeira exposição de Marco Maggi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. A mostra propõe uma reflexão sobre os modos como a atenção se constrói e é direcionada e permanecerá em exibição até 26 de março de 2026.

Com curadoria de Patricia Bentancur, que acaba de ser anunciada como a responsável pelo Pavilhão do Uruguai na Bienal de Veneza em 2026, a mostra apresenta doze trabalhos entre desenhos, instalações, elementos do cotidiano como rolo de tinta, bola de pingue-pongue, mesa de sinuca e colagens com papeis recortados, uma das marcas do artista. Na Fundação, ele criará uma obra inédita, de grandes dimensões, a partir de pequenos recortes em papel. Nascido em 1967 em Montevidéu, Marco Maggi divide seu tempo entre Nova York e a cidade natal criando trabalhos em pequenos fragmentos de papéis das mais diversas cores, materialidades e recortes. Utilizando humor, jogos de palavras e uma variedade de alusões visuais, Maggi incentiva seus espectadores a desacelerar e refletir sobre os detalhes e as complexidades de cada objeto. 

As obras de Maggi configuram um sistema visual de estruturas mínimas, quase imperceptíveis. Compreendê-lo é entrar em um código analógico de um algoritmo que se repetirá e reformulará uma e outra vez. Micro cortes em papel, incisões sobre acrílico ou grafite, que só existem a partir do intangível: a luz e a sombra.

A Fundação Iberê Camargo é uma obra de Álvaro Siza Vieira, um arquiteto que é capaz de direcionar nossa atenção a partir de ênfases espaciais e visuais mínimas. Uma pequena janela em um extenso muro cego nos induz a olhar para o exterior do museu. Enquanto Siza, neste caso, nos convida a olhar para longe, Maggi nos exige olhar de perto. Dois focos, aparentemente contraditórios, que não têm outra função senão economizar distrações, criar uma pausa para possibilitar um ato de observação ativa e concentrada. Marco Maggi compõe um protocolo de observação que é ativado apenas quando o corpo do espectador decide aproximar-se e manter o olhar. Em suas propostas, tanto os títulos de suas exposições quanto os de suas obras normalmente escondem um meta-sentido. A ambiguidade do título desta instalação não é um déficit de clareza, mas uma ferramenta crítica situada em um limiar de sentido deliberado. Por um lado, o da circulação, gestão e intercâmbio de um recurso escasso (economia) e, por outro, o da percepção, sensibilidade e capacidade de deter-se (atenção). A experiência da exposição se desdobra no terreno intermediário entre esses dois polos. Ela não designa univocamente, mas abre um campo de tensões que cada visitante deve negociar em seu percurso. Neste método de proximidade, não há espetáculo de impacto, mas relação; não há mensagem, mas cooperação; não há eficiência; há atenção. Sob esta perspectiva, seu trabalho não combate a aceleração com nostalgia, mas com técnicas concretas de lentidão, onde propõe possíveis práticas que, em nenhum caso, são diretrizes. Diante dos atalhos da velocidade, olhar devagar pode inclusive ser entendido como uma tecnologia cultural.

Patricia Bentancur

Curadora

Vibração de cores solares.

17/nov

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição Anísio O. Couto, individual do artista baiano radicado no Rio de Janeiro, com abertura no dia 26 de novembro.  Com texto crítico do curador Renato Menezes, a mostra reúne mais de 30 pinturas, produzidas entre 2022 e 2025, que se destacam pela representação de imagens cotidianas filtradas por uma dimensão ficcional.
Nascido na Bahia, Anísio O. Couto desenvolveu a maior parte de suas pinturas após se estabelecer no Rio de Janeiro. A cidade, que geralmente ocupa o lugar de cartão postal do país, aparece reinventada em seus trabalhos, seja por fragmentos da paisagem, seja pela desconstrução de clichês imagéticos associados ao seu território.

Desde o início, dedica-se à representação de animais, como borboletas, peixes, gatos e tucanos, mas também a objetos e situações do cotidiano, como utensílios de uma mesa de café da manhã. Nessas obras, embora salte aos olhos o diálogo com o gênero da natureza morta, as usuais paletas opacas e fechadas do gênero dão lugar à vibração de cores solares, como o amarelo, o laranja, o vermelho e o rosa, que realçam frutas tropicais e objetos.

A exposição conta também com a expografia da artista Dominique Gonzalez-Foerster, figura essencial na trajetória de Anísio. A mostra busca ressaltar o diálogo entre a força expressiva de Anísio e o contexto contemporâneo da arte brasileira.

Promoção de arte contemporânea.

Gomide&Co, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta Cipis na Black Friday, individual de Marcelo Cipis – uma verdadeira promoção da arte contemporânea! São 440 pinturas inéditas, cada uma por apenas R$ 3.999,99. Olhou, gostou, levou! Uma exposição sobre consumo, desejo e produção em série com a leveza, a ironia e aquele humor refinado que só o Cipis sabe fazer! Cipis na Black Friday, individual de Marcelo Cipis que acontece na galeria de 28 de novembro de 2025 a 22 de janeiro de 2026 – ou enquanto durarem os estoques! 

É a sua oportunidade de ter um Cipis na casa, no escritório, na fazenda… ou onde você quiser (até numa casinha de sapê)! Cada tela por apenas R$ 3.999,99! É isso mesmo! Apenas R$ 3.999,99, além de condições de pagamento especiais. Olhou, gostou, comprou: Pague&Leve (levinho…) na hora! Cipis na Black Friday é concebida como um happening que articula instalação e ação performática com a intenção de refletir sobre o universo do consumo. A instalação reúne 440 pinturas em pequeno formato (40 x 30 cm) inéditas, subdivididas em 24 séries, que estarão dispostas lado a lado, em sequência, ocupando as paredes do salão expositivo da galeria no sentido de evocar a lógica das prateleiras de supermercado e da produção em série. Um “supermercado elegante”, nas palavras do artista; ou um “templo magistral de consumo”, na definição de Clotilde Perez em seu texto crítico para a exposição. Coisa de gente fina, elegante e sincera! 

Durante a inauguração, atendentes uniformizados realizarão uma performance de venda direta das obras, embalando e entregando as pinturas aos compradores, de modo que o espaço será gradualmente esvaziado: um gesto que transforma o ato de consumo em parte do próprio trabalho. Ao final, permanerão apenas etiquetas indicando o local das obras vendidas, convertendo o vazio em elemento integrante da exposição.

As 440 pinturas foram realizadas em 80 dias, em um ritmo fabril e calculado – “440 pinturas em 80 dias”, reforça o artista -, ecoando a tensão entre produção manual e reprodutibilidade mecânica. No entanto, apesar das repetições e variações cromáticas, cada pintura é única, o que resguarda uma espécie de “aura” singular. Marcelo Cipis descreve o conjunto como uma “constelação de imagens”: fragmentos de um universo imaginário que ganham sentido na relação entre si e com o público. Seu processo de trabalho remete à ideia de uma “fábrica de si mesmo”, em que a repetição é usada de forma crítica, questionando a noção de novidade permanente que regula o mercado da arte. A ideia retoma em certa medida a CIPIS TRANSWORLD Art Industry & Commerce, proposta de instalação e performance apresentada por Cipis na 21ª Bienal de São Paulo (1991).

 

Exposição na Art Basel Miami Beach.

14/nov

O estande da Simões de Assis na Art Basel Miami Beach, no Miami Beach Convention Center, 1901 Convention Center Drive, Miami Beach, FL – USA 2025, reúne – de 05 a 07 de dezembro – um conjunto singular de artistas cujas poéticas se atravessam por diferentes relações com a abstração e pela investigação da paisagem. Ainda que as tendências predominantes na arte brasileira e latino-americana frequentemente se orientem pelo concretismo, apresentamos aqui a abstração sob um viés intuitivo, associado ao metafísico e ao etéreo, em práticas que tangenciam a geometria.

Há uma pesquisa cromática e formal que delineia o estande. Os artistas desenvolvem, em suportes variados, experimentações plásticas que vão de relevos em cerâmica a pinturas sem tinta com asas de borboleta, esculturas que rompem a limitação entre o bidimensional e o tridimensional, uso de pigmentação natural, esculturas em aço, as composições refletem as trajetórias poéticas dos artistas que dialogam no espaço expográfico do estande. Mesmo nos tensionamentos entre a abstração informal, a geometria e a figuração, este conjunto enfatiza como diferentes materiais e meios contribuem para expandir as possibilidades formais entre artistas de distintas origens, gerações e suportes.

Artistas participantes:

Abraham Palatnik, Amadeo Lorenzato, Ascânio MMM, Ayrson Heráclito, Carmelo Arden Quin, Carlos Cruz-Diez, Diambe, Emanoel Araujo, Felipe Suzuki, Gabriel de la Mora, Gonçalo Ivo, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, João Trevisan, Juan Parada, Julia Kater, Macaparana, Manfredo de Souzanetto, Mano Penalva, Mário Rubinski, Miguel Bakun, Mira Schendel, Rubem Valentim, Sergio Camargo, Sergio Lucena, Thalita Hamaoui, Zéh Palito.