Joana Vasconcelos na Baró Mallorca

24/jul

A primeira exposição de Joana Vasconcelos na Baró Galeria, está em cartaz em Palma de Mallorca, Espanha, até 31 de agosto. A exposição oferece uma visão abrangente da vasta obra de Joana Vasconcelos, apresentando instalações, esculturas, pinturas e desenhos recentes realizados ao longo dos últimos 10 anos, procurando destacar os principais temas na carreira da consagrada artista internacional.

Os olhos, o espelho da alma

Exposição de fotografias do colombiano David Matiz ocupam o Instituto Cervantes de São Paulo. Com mais de uma década de experiencia, David Matiz desenvolveu um estilo particular que combina a técnica fotográfica com uma narrativa visual única, focado especialmente em retratos. A inauguração acontece no dia 1º de agosto e a exposição estará aberta ao público até o dia 31 do mesmo mês.

Apaixonado por capturar a essência da alma através dos olhos, David Matiz criou uma série de retratos que refletem a profundidade e a emotividade de seus sujeitos. Esta exposição busca demonstrar como as expressões oculares podem revelar os verdadeiros sentimentos e pensamentos de uma pessoa. A metáfora poética de que “os olhos são o espelho da alma” foi uma inspiração central para ele, que utiliza sua lente para captar momentos que transcendem as palavras e as ações externas.

“Os olhos, o espelho da alma” convida os espectadores para uma experiência visual, concetando-se com as emoções e a essência interna das pessoas retratadas. Através de suas obras, David Matiz faz com que o público visitante se confronte com o olhar profundo dos sujeitos retratados, revelando uma verdade que só pode ser percebida através dos olhos. A exposição não só destaca o talento de David Matiz, mas também oferece uma oportunidade única para explorar a natureza humana sob uma perspectiva íntima e contemplativa.

Conflitos pintados por Arruda e Dunhham

16/jul

Abre hoje na Almeida & Dale, Jardim Paulista, São Paulo, SP, a exposição “Examining Myself and Others: Victor Arruda e Carroll Dunham”, que reúne Victor Arruda e Carroll Dunham, com um conjunto de pinturas e desenhos. A mostra aproxima as obras dos artistas que, como avaliou o curador Dan Nadel, estão conectados em suas investigações sobre masculinidade, conflito, sexo e consciência por meio de figuras distorcidas e genderizadas compostas em paletas de cores vibrantes e inseridas em ambientes impossíveis. Classificação indicativa: 18 anos

Victor Arruda constrói essa vida pintada com imagens vernaculares desenhadas com uma linha elástica e blocos de cores exuberantes. Suas pinturas são planejadas a partir de desenhos, construídas para máxima comunicação gráfica sobre o amor e o desejo, desequilíbrios de poder entre ricos e pobres urbanos, e os mapas mentais e emocionais que dominam a vida brasileira.

Carroll Dunham dá vida às suas telas improvisando dentro de parâmetros composicionais rigorosos, criando atmosfera nos céus e terrenos, preenchendo-os e a seus corpos com seu toque. Suas cenas primordiais de figuras masculinas cilíndricas lutando por esporte ou em combate, posadas e prostradas, e figuras masculinas e femininas congeladas em pleno ato sexual são a essência de nossos começos compartilhados.

Por dentro da paisagem

01/jul

A exposição coletiva de arte cubana com Alejandro Lloret, Alexis Iglesias e J. Pável Herrera está em cartaz no Instituto Cervantes de São Paulo.

O Instituto Cervantes de São Paulo, Avenida Paulista, inaugurou a exposição “Por dentro da paisagem”, com pinturas e desenhos que mostram manifestações da arte cubana contemporânea, rica em simbolismo e reflexão, tem revelado uma tendência na ressignificação da paisagem e dos objetos do cotidiano através de um olhar singular dos artistas insulares. Na mostra, Alejandro Lloret (1957) Alexis Iglesias (1968), e J. Pável Herrera (1979) se destacam neste movimento, cada um trazendo uma perspectiva única e profunda sobre os espaços da paisagem e suas possibilidades significativas.

Com suas abordagens distintas, os três artistas convergem em uma visão que transcende o mero aspecto visual das paisagens. Eles convidam o espectador a uma contemplação mais profunda, onde cada espaço vazio, cada recorte da paisagem e cada objeto abandonado revelam histórias ocultas e significados transcendentais. Através de suas obras, nos oferecem uma ressignificação do olhar, uma oportunidade de enxergar o mundo com uma percepção mais aguçada, sensível e atemporal, conectando o material ao imaterial e o cotidiano ao permanente.

MASP apresenta Catherine Opie

27/jun

Artista norte-americana faz primeira mostra individual no Brasil e exibe seus retratos nos icônicos cavaletes de cristal em diálogo com obras do acervo do museu desde 05 de julho até 27 de outubro.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato”, com obras de um dos principais nomes da fotografia internacional contemporânea. Catherine Opie (Sandusky, Ohio, EUA, 1961) foi uma das precursoras na discussão sobre questões de gênero entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Sua produção dialoga com a tradição do retrato – um dos mais tradicionais gêneros da pintura ocidental – de modo a dar legitimidade a novos corpos, subjetividades e experiências que emergem na sociedade contemporânea. Em suas fotografias, Catherine Opie retrata diversas expressões e subjetividades de indivíduos e coletivos que se identificam com gêneros e orientações sexuais diversas, especialmente pessoas queer.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, a mostra reúne 63 fotografias de suas séries mais emblemáticas, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas. Os retratos de Catherine Opie figuram ao lado de 21 importantes pinturas da coleção do MASP, entre elas, de Pierre-Auguste Renoir, Hans Holbein, Anthony van Dyck e Van Gogh. As obras são apresentadas em diálogo com o objetivo de acentuar os diálogos, tensões e reformulações aos quais o trabalho de Catherine Opie se propõe, além de desdobrar a predileção pela arte figurativa, marca da coleção do museu.

A artista explora o gênero clássico do retrato assumindo algumas de suas características, – fundo neutro, os gestos com as mãos, as expressões e os enquadramentos – e adiciona novos elementos, como a diversidade de gênero, as práticas sexuais, os corpos distintos e os relacionamentos familiares homossexuais. “É fundamental que todos os seres humanos sejam legitimados, isso é necessário para a inclusão de todas as pessoas, para a humanidade. Ao utilizar a estética tradicional do retrato, conforme a minha visão sobre a retratística, busco manter o espectador envolvido na obra durante a observação. Além disso, é uma forma de redefinir o corpo queer dentro de uma formalidade conhecida, e não tratar apenas de uma fotografia documental”, comenta Catherine Opie.

Obras e referências

A fotógrafa tem como uma de suas principais referências o pintor Hans Holbein (1497-1534), inspirando-se nos elementos formais que compõem os retratos do pintor alemão, como o uso da cor chapada ao fundo, especialmente o azul. Suas produções também se assemelham por se tratar de conjuntos de retratos que carregam um sentido de comunidade. Em Holbein, tal recorrência reafirma a ascendência ou a aliança familiar. Já em Catherine Opie, as conexões se sustentam por amizade, identificação e proteção, como em uma galeria de retratos de uma espécie de nobreza queer. Na exposição, a fotografia JD da série Girlfriends (Color) (2008) da artista, é apresentada ao lado da pintura O poeta Henry Howard, conde de Surrey (Circa 1542), de Holbein, o que dá destaque às suas semelhanças e particularidades. “Trata-se da apropriação da tradição e de marcadores associados às elites para dar a mesma condição de visibilidade a gêneros que muitas vezes não fizeram parte do universo de possibilidades da representação”, reflete Guilherme Giufrida.

Being and Having (Ser e ter) (1991) foi a primeira série de retratos de Catherine Opie apresentada em uma exposição individual. A série é composta por 13 fotografias que retratam performances de figuras masculinizadas por seus atributos, como bigodes ou bonés, denominadas drag kings. Ao invés do nome oficial da pessoa retratada, Catherine Opie optou pelo nome fictício, de identificação coletiva e afetivo dentro do grupo de amigas do qual faz parte. O título é uma paródia das teorias de Jacques Lacan (1901-1981) sobre o lugar do falo na construção da sexualidade. Essa série inaugurou no trabalho de Catherine Opie um conjunto de retratos em estúdio que se estende até hoje, sendo que alguns deles possuem referências internas, como a cor de fundo vermelha, as roupas, a pose e o banco que se repetem propositalmente em Pig Pen (1993) e Elliot Page (2022). A fotografia do ator, produtor e diretor canadense Elliot Page, conhecido por produções de sucesso como o filme “Juno”, ilustra a capa de sua biografia Pageboy, que conta a história do seu processo de transição de gênero.

Sobre a artista

Catherine Opie nasceu em Sandusky, em Ohio, USA, em 1961. Atualmente, vive e trabalha em Los Angeles, onde foi também professora no departamento de Artes da Universidade da Califórnia (UCLA). Desde o fim dos anos 1980, realizou diversas exposições individuais em instituições de reconhecimento internacional, como o Guggenheim Museum (Nova York), Los Angeles County Museum of Art (Los Angeles), Regen Projects (Los Angeles), Thomas Dane Gallery (Londres), Institute of Contemporary Art (Boston e Canadá). Seu trabalho integra o acervo de instituições internacionais como Guggenheim Museum, Institute of Contemporary Art, J. Paul Getty Museum, Museum of Contemporary Art, Museum of Fine Arts, National Portrait Gallery, Tate e Whitney Museum.

Catálogo

Serão publicados dois catálogos, em inglês e português, compostos por imagens e ensaios comissionados de autores fundamentais para o estudo da obra de Catherine Opie. A publicação é organizada por Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida, e inclui textos de Ashton Cooper, David Joselit, Guilherme Giufrida, Jack Halberstam e Vi Grunvald. Com design do Estúdio Permitido, a publicação tem edição em capa dura.

A exposição “Catherine Opie: o gênero do retrato” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+ que também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Lia D Castro, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

Calder e Miró no Instituto Tomie Ohtake

21/jun

Com mais de 150 obras, Calder+Miró retoma a ligação entre os trabalhos de Alexander Calder e Joan Miró – assim como os desdobramentos dessa amizade na cena artística brasileira. “Calder+Miró” é uma exposição que reúne dois artistas incontornáveis para quem quer pensar com sensibilidade nos caminhos da arte moderna.

Ocupando quase todos os espaços expositivos do Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, até 15 de Setembro, a mostra contempla a amizade entre um dos principais escultores modernos e um dos mais famosos pintores surrealistas: o escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e o catalão Joan Miró (1893-1983). Os dois foram, cada um em sua trajetória, embaixadores da ideia de que a abstração poderia ser um canteiro aberto de experimentação dinâmica, permeado pelos modos de criação intuitivos, de artistas circenses, da mecânica e da poesia.

Com curadoria de Max Perlingeiro, acompanhado pelas pesquisas de Paulo Venâncio Filho, Roberta Saraiva e Valéria Lamego, a mostra traz cerca de 150 peças – entre pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles, stabiles, maquetes, edições, fotografias e jóias.

Acompanhando todo o período expositivo de Calder+Miró, o Instituto Tomie Ohtake oferece uma programação pública inteiramente gratuita e destinada a públicos diversos. Instigadas pelas obras e pelos processos criativos dos artistas, as diferentes atividades incluirão jogos e ativações lúdicas, oficinas práticas – como de desenho de observação em movimento e de construção de móbiles -, uma programação voltada à exploração sonora das obras, bem como cursos e rodas de conversa que exploram temas como a relação entre vanguarda brasileira e a abstração, o encontro entre a Arquitetura e artes visuais no Brasil, e a produção de artistas contemporâneos. Ainda, o Instituto promoverá uma série de ações voltadas especialmente à educação, oferecendo uma programação de abertura para professores da rede pública, um ciclo de conversas que discutirá a intersecção entre arte e educação, além das visitas mediadas e visitas ateliês oferecidas à escolas e outras instituições.

Ecos Nacionais

Uma seleção de trabalhos de nomes consagrados e influenciados direta ou indiretamente pelas produções de Calder e Miró – incluindo Tomie Ohtake – será colocada em diálogo com as obras dos dois artistas. Entram aí obras de Abraham Palatnik, Aluísio Carvão, Antonio Bandeira, Arthur Luiz Piza, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, Ivan Serpa, Mary Vieira, Milton Dacosta, Mira Schendel, Oscar Niemeyer, Sérvulo Esmeraldo e Waldemar Cordeiro.

No Brasil, as obras de Calder e Miró apresentam importantes desdobramentos nos debates estéticos e produções artísticas que, a partir da década de 1940, passaram a pautar a abstração de maneira mais enfática. A relevância das contribuições desses artistas no contexto nacional se mostra, ainda, na larga presença de seus trabalhos em coleções brasileiras – para esta exposição, todas as obras apresentadas são provenientes de coleções públicas e privadas do Brasil.

Claudio Goulart na nova Galeria Zielinsky

17/jun

“Fragmentos da memória” é a segunda individual póstuma de Claudio Goulart no Brasil e a primeira realizada em São Paulo, na Galeria Zielinsky, Higienópolis, onde permanecerá em cartaz até 27 de julho. Com a intenção de resgatar a trajetória e a obra do artista, a mostra propõe um olhar atento à sua produção que, mesmo com projeção internacional, é pouco conhecido no cenário brasileiro. A exposição parte da íntima relação de Claudio Goulart com a memória, temática que atravessa suas criações e se faz presente em imagens apropriadas e de referências históricas, bem como em fragmentos de paisagens por onde passou e habitou. Com curadoria de Fernanda Soares da Rosa, pesquisadora e doutoranda em Artes Visuais (PPGAV-UFRGS), a mostra é uma parceria com a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS que, desde 2015, é a responsável pela salvaguarda do acervo do artista.

Sobre o artista

Nascido em Porto Alegre em 1954 e radicado em Amsterdã desde meados dos anos 1970, Claudio Goulart emergiu como uma figura proeminente no cenário artístico holandês. Sua presença foi marcada por uma atuação intensa, dedicando-se à concepção e realização de projetos em instituições locais, como a Time Based Arts e a Other Books and So. Além disso, sua obra foi reconhecida internacionalmente, com participações em numerosas exposições individuais e coletivas em diversos países ao redor do mundo. Desde Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Suíça, Inglaterra e Croácia até destinos como Islândia, Cuba, Costa Rica, México, Japão e China, transcendeu fronteiras geográficas através de seus trabalhos. Colaborando com uma rede direcionada de artistas latino-americanos e europeus, Claudio Goulart criou obras em parceria com nomes, dentre outros, como Vera Chaves Barcellos, Flavio Pons, Paulo Bruscky, Ulises Carrión, Aart van Barneveld, Raul Marroquin e David Garcia.

Espaço para as pinturas de Maria Polo

11/jun

A Pinakotheke apresentará na feira ArPa – feira de arte contemporânea no Mercado Livre Arena Pacaembu, São Paulo, de 26 a 30 de junho – um estande solo, dedicado à obra de Maria Polo (1937-1983), com aproximadamente quinze trabalhos emblemáticos da artista dos anos 1960 e 1970, período em que foi um dos nomes mais marcantes da abstração informal no Brasil. Na ArPa, a Pinakotheke estará no Estande D7, no Setor Principal.

Sobre a artista

Nascida em Veneza, Itália, em 1937, Maria Polo se mudou para São Paulo em 1959, convidada por Pietro Maria Bardi, então diretor do MASP, para preparar sua exposição individual no Museu, no ano seguinte, sua primeira individual no Brasil, quando escreveu sobre ela: “A pintura de Maria Polo é violenta e ao mesmo tempo grave, lança-se na aventura aforista das formas, compõe as manchas, juntando cores berrantes, gritando. É uma tímida com fogo por dentro. Os inúmeros críticos que dela falaram não descobriram que é uma mediterrânea: as cores vem do sol do Adriático que ilumina o imenso ungarettiano, mas através de um módulo pacato e harmônico. Maria Polo, por vezes mistura as luzes de sua terra com os trópicos, e deste conúbio saem as novidades colorísticas das mais estranhas e curiosas (Gauguin, fundindo os climas da Bretanha com os de Taiti, encontrou as suas soluções de cor)”.

Com estética própria, Maria Polo faleceu precocemente, no ápice de sua carreira. O físico, matemático e crítico de arte Mário Schenberg (1914-1990) escreveu sobre ela em 1969: “Em sua pintura, processava-se uma luta entre o naturalismo construtivista de sua formação italiana com o lirismo e a fantasia musical de sua personalidade. Nas paisagens pernambucanas, pintadas pouco depois de sua vinda para o Brasil, já se podia constatar que o impacto poderoso do cromatismo e da luz nordestinos haviam auxiliado a artista a afirmar suas tendências mais profundas, abalando a disciplina construtiva e o objetivismo naturalista de sua formação. A assimilação das experiências do expressionismo abstrato e do informalismo vieram, posteriormente, reforçar a manifestação do lirismo e da dramaticidade inerentes à personalidade de Maria Polo. No começo de 1965, a pintura abstratizante, de tendência expressionista caligráfica, solidamente construída, de Maria Polo atingiu ao seu nível mais alto. Realizou então telas soberbas, que lhe deram uma posição eminente no movimento artístico brasileiro. Poder-se-ia esperar uma pausa no desenvolvimento de Maria. Muito ao contrário, insatisfeita com os resultados obtidos, mas encorajada pelo que alcançara, iria iniciar uma fase de transformações radicais de sua arte. A última etapa do caminho de Maria Polo representa indiscutivelmente uma afirmação mais nítida de sua personalidade, numa libertação mais essencial dos condicionamentos objetivistas e estruturalistas de sua formação europeia. Paradoxalmente assim se aproximou mais do verdadeiro espírito da grande pintura de sua Veneza natal, tão cromaticamente musical e tão aberta para a fantasia e o sonho”.

Um diálogo entre Gerben Mulder & Iberê Camargo

23/maio

A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta até 20 de Julho “Gerben Mulder & Iberê Camargo” na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A mostra-diálogo evidencia paralelos entre dois pintores figurativos, de contextos geográficos e gerações distintas, cujos trabalhos traçam afinidades temáticas, plásticas e simbólicas. Curadoria de Luiz Zerbini, Paulo Azeco e Tiago Mesquita. Entre novas pinturas de Mulder (Amsterdã, Holanda, 1972)   e uma seleção histórica de Camargo (Restinga Seca, Brasil, 1914 – Porto Alegre, Brasil, 1994), os trabalhos da exposição pensam dimensões dramáticas da pintura contemporânea, sugerindo cenas e narrativas fragmentárias por meio de superfícies densas de tinta e pinceladas turbulentas e gestuais. Destacam-se as figuras-personagens presentes no repertório de ambos e suas relações com o vazio. Animadas  como fantoches desconjuntados, elas nos guiam por espaços soturnos e indeterminados.

Motociclistas (1988) de Iberê, traz duas figuras montadas sobre uma motocicleta esquelética. Suas cabeças pendem para o lado e devolvem um olhar vago ao espectador por trás da máscara de tinta a óleo que forma seus rostos, e suas silhuetas se borram contra o fundo noturno. Em Mommy’s favorite little soldier (2024), Mulder representa uma dupla de mulheres numa superfície arranhada, respingada e corroída. Tais atributos formais, presentes nas obras de ambos, traduzem-se numa atmosfera psicológica angustiada e taciturna e num campo pictórico onde criaturas se furtam à visibilidade, habitando uma região de manchas, nódoas e vultos sobrepostos.

Gerben Mulder explora flores, figuras humanas e animais como pontos de partida para suas pinturas oníricas repletas de energia erótica. Em cenas fragmentárias ou naturezas-mortas, a ambientação taciturna de seus quadros responde à observação do público com ecos de alucinação. Vacilando entre rostos de adultos e corpos infantis, seus personagens em permanente transformação trilham uma linha tênue entre inocência e perversidade. Mulder emprega paletas de cor sombrias e gestos turbulentos para retratar seres ameaçadores. Apesar do teor lúgubre de suas imagens, o artista trata suas criaturas algo patéticas e deslocadas com um senso de humor sarcástico, conforme os sorrisos tortos e títulos irônicos em muitas de suas pinturas dão a ver.

Figura decisiva da pintura brasileira no século XX, Iberê Camargo revolvia a matéria pictórica incessantemente, dando forma às suas composições com figuras em espaços ermos e imaginários, imersas numa paisagem solitária e metafísica. Na sua insistência sobre o motivo do carretel, aproximava-se da abstração com uma fatura a um só tempo tecnicamente profícua e emocionalmente densa. Iberê criou um campo pictórico movediço e pegajoso e articulou as oposições entre expressão e incomunicabilidade, figura e fundo, vigor material e esvaziamento subjetivo em pinceladas nervosas. Sempre em posição antagônica com relação às vertentes construtivas tão influentes na arte brasileira de sua época, o artista empregava influências expressionistas em obras carregadas de pathos e tensão dramática.

O diálogo se desdobra em O burro cansou, exposição retrospectiva de Mulder na NONADA ZN com curadoria de Luiz Zerbini e Paulo Azeco em parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel. Com abertura no dia 25 de maio, a mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas dos últimos 20 anos da produção do artista.

Itinerância artistica

03/maio

Curitiba é o palco de uma das mostras itinerantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, em parceria com o Museu Oscar Niemeyer. Com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, a exposição, que foi um sucesso de público e crítica em 2023, desembarcou na cidade, onde permanecera aberta ao público até 26 de maio. Este ano, a mostra se expande para quinze cidades, e Curitiba receberá um recorte especial, sendo um dos maiores fora de São Paulo, com a participação de dezesseis participantes: Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami e Roseane Yariana Yanomami, Amos Gitaï, Anna Boghiguian, Dayanita Singh, Gabriel Gentil Tukano, Geraldine Javier, Katherine Dunham, Luana Vitra, Maya Deren, Min Tanaka e François Pain, Morzaniel Ɨramari, Rosana Paulino, Sammy Baloji, Sonia Gomes, Tadáskía e Zumví Arquivo Afro Fotográfico.

A 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, explora as complexidades e urgências do mundo contemporâneo, abordando transformações sociais, políticas e culturais. A curadoria busca tensionar os espaços entre o possível e o impossível, o visível e o invisível, o real e o imaginário, dando voz a diversas questões e perspectivas de maneira poética. A coreografia, entendida como um conjunto de movimentos centrados no corpo que desafia limites, considera diversas trajetórias e áreas de atuação, criando estratégias para enfrentar desafios institucionais e curatoriais. As coreografias do impossível geram suas próprias relações, tempos e espaços, oferecendo uma experiência marcante aos visitantes.

Para os curadores, é crucial que a exposição alcance mais cidades, transcendendo os limites do Pavilhão da Bienal. Segundo eles, “os debates propostos pela 35ª Bienal atravessam inúmeros territórios de todo o mundo; assim, não restringir as coreografias do impossível ao Pavilhão da Bienal é de extrema importância para o trabalho realizado”.

Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, destaca a relevância não apenas de levar as coreografias do impossível para um público mais amplo, mas também de fortalecer os laços entre as instituições culturais. “Levar a mostra para mais cidades e com um parceiro tão importante quanto o Museu Oscar Niemeyer é de extrema importância para o fortalecimento das instituições culturais do Brasil. A troca de experiências entre públicos e instituições é uma das grandes riquezas das itinerâncias da Bienal de São Paulo”, afirma.

A diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika, comenta que a arte tem a capacidade de comunicar sem palavras e, por isso, proporciona uma conexão profunda e presente, que muitas vezes não seria possível de nenhuma outra maneira. “Ao participar da itinerância desse tão importante evento, o MON ajuda a transpor barreiras por meio da arte e, desta forma, permite um elo entre pessoas, mundos e vivências”, afirma.

Até 26 de Maio.