O escultor Leo Stockinger vai apresentar pela primeira vez sua exposição “Vísceras – Corpo e Existência”, em Sydney, na Austrália, país onde vive desde 2005. A mostra seráinaugurada no próximo dia 26 de setembro na Scratch Art Space (Sydenham Rd, Marrickville). As obras poderão ser visitadas até o dia 05 de outubro. O artista já participou de mostras coletivas em Brasília e Paraty, e esteve em cartaz no início do ano com sua primeira mostra individual no Brasil, durante a Bienal do Mercosul. Estudou escultura na National Art School de Sydney e, incorporou influências diversas à sua produção, que reflete uma vivência multicultural e a busca por novas formas de expressão, sem perder a conexão com a tradição da escultura: “Expandi minha visão sobre a arte, absorvendo referências que vão da tradição indígena australiana à arte asiática e ocidental contemporânea”.
“Vísceras – Corpo e Existência” ganhou vida quando Leo Stockinger encontrou um material vermelho de aspecto molhado e surpreendente plasticidade – um adesivo que evocava a matéria viva da carne e das vísceras. “Busquei corpos fossilizados nos troncos de árvores mortas na praia. Eram vestígios do tempo, restos esquecidos que carregavam histórias em suas fibras secas”, revela.
Da fusão desses elementos nasceram corpos escultóricos únicos, onde madeira e adesivo se incorporam em diferentes formas e tamanhos, ressignificando a matéria e transformando-a em arte. Onde o espectador é convidado a sentir o que só a alma é capaz de enxergar: “A carne agora pulsa novamente – não mais inerte, mas víscera viva, reconfigurada pela arte”, complementa o artista. Há beleza e desconforto. Atração e repúdio. Tesão e medo. Instigados pela profunda estranheza das vísceras expostas e em constante busca de padrões pré-estabelecidos, o espectador impacta-se diante do que cada corpo deseja comunicar. Gestos, sensações e formas fundidas em matéria e dúvida. As esculturas de Leo Stockinger ultrapassam a beleza plástica e nos fazem perguntas. Sobre gênero, energia sexual, culpa, posse, raiva, vergonha, relações e desejo. Corpo e mente cúmplices em cada peça do artista e naqueles que são tocados pela sua criação. Carne, signo, desejo, símbolo.
Textos assinados pelo crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger.
Sobre o artista
crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger, em Sydney, Austrália. Nascido em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1980, radicou-se na Austrália há duas décadas, onde vive e trabalha. Leo Syockinger cresceu literalmente no meio da arte. Sua herança começa na família, com seu avô, Francisco (Xico) Stockinger, reconhecido escultor, que exerceu uma influência fundamental em sua vida. Desde menino, frequentava o ateliê e, imerso naquele ambiente mágico, via formas surgindo do gesso, do barro, do metal e da madeira. Aprendeu os fundamentos da escultura e, ainda jovem, estudou também desenho com o pintor Danúbio Gonçalves, consolidando seu olhar sobre traços e sombras. Embora tenha iniciado sua trajetória acadêmica estudando Direito no Brasil, Leo Stockinger optou por seguir seu verdadeiro chamado, dedicando-se integralmente às artes. Sua formação na National Art School consolidou sua pesquisa escultórica, permitindo-lhe aprofundar a exploração da forma e da matéria. Em abril de 2025, trouxe para Porto Alegre-RS, Brasil, dentro do Projeto Portas Abertas – Fundação Bienal do Mercosul, a exposição “Vísceras-Corpo e Existência”, uma realização da Galeria de Arte Stockinger.