Os caminhos trilhados por Sandra Felzen perpassam as questões femininas, as causas ambientais e suas várias vivências culturais. Seus instrumentos são a arte, a natureza, o estudo da língua hebraica, tudo imerso no contexto da cultura brasileira.
Em “O Tempo, O Feminino, A Palavra”, que abre no dia 08 de maio, na Galeria do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, Humaitá, Rio de Janeiro, RJ, a artista constrói artesanalmente um caderno, um útero e inúmeros potes, feitos a partir de tiras de vários tecidos afetivos que coletou ao longo da vida. O conteúdo do caderno mostra os desdobramentos de sua trajetória artística, suas reflexões sobre a passagem do tempo, sobre o feminino e sua conexão com a Natureza, representada pela árvore. Ela ressalta a importância da palavra como geradora de conteúdos e de sentidos.
Para a artista, a árvore possui uma grande ligação com o feminino. Além da palavra ser feminina em português, ela simboliza o equilíbrio. Ela é o elo entre a terra e o céu. Enraizada, com uma potencialidade de crescimento, doa flores e gera frutos. É a Árvore da Vida. Árvore da Vida é um conceito na cultura judaica que significa tanto sabedoria como a integralidade do Ser e todas as suas manifestações. As obras de Sandra Felzen contam histórias dos saberes ancestrais e revelam uma visão integrada da experiência humana. Reforçam a ideia de que arte, memória e natureza estão entrelaçadas em um diálogo contínuo com a vida. Esses temas se estendem do caderno, do útero e dos potes até às paredes da galeria, onde suas pinturas se apresentam. Nas telas, a artista se aprofunda nas nuances da cor, da composição e das texturas.
A palavra da artista.
“Meus temas principais, o Feminino e a Árvore, estão entrelaçados e dialogam entre si. Na verdade, são um grande tema único. Ao longo da minha carreira, pintei Umbuzeiros, Umburanas, Bacuris, Bambus, Monjolos, Carnaúbas, Veredas. As árvores representam nossas raízes, que nos dão sustentação. Elas nos fincam na história, em nossas ancestralidades. Ao mesmo tempo, nos dão o sentido de direção e nos remetem às alturas”.
Outros dois temas recorrentes em seu trabalho, inter-relacionados com o todo de sua obra e retratados nas páginas do caderno são os receptáculos (o útero, inclusive) e as janelas/espelhos, que são, segundo a artista, “Portais no Tempo e no Espaço”.
Sobre a artista. Sandra Felzen
Carioca, Sandra Felzen graduou-se em Química com Mestrado em Ciências Ambientais. Iniciou seus estudos de pintura e desenho durante os anos 1980 em Nova York. Participou de vários cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e MAM, no Rio, entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Realizou várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior ao longo dos 40 anos dedicados à arte.
Até 29 de junho.