Exibindo Cildo Meireles

07/nov

Exposição “Entrevendo – Cildo Meireles”, obedece a curadoria de Júlia Rebouças e Diego Matos e encontra-se em exibição na Área de Convivência, Galpão e Deck do Sesc Pompeia, São Paulo, SP. A mostra abrange obras e projetos desde o início de sua produção, nos anos 1960, até os dias atuais, em diferentes linguagens artísticas e meios de expressão.

 

Cildo Meireles é um artista incontornável para a arte contemporânea brasileira e internacional. Desde suas primeiras obras desenvolvidas em desenho, que datam de 1963, até o presente, Meireles tem engendrado uma produção tão diversa quanto rica, em que proposições conceituais e sua materialização formal se dão em complexa simplicidade. De maneira análoga, as relações entre forma e conteúdo, poesia e política, abstração e figuração engajam de maneira abrangente o público com a experiência artística. Os trabalhos desdobram-se em distintos suportes, sendo amplamente reconhecido por suas instalações, mas também fazendo-se notar por sua obra em desenho, escultura, pintura, trabalhos sonoros, performances, entre outros.

 

A exposição busca elaborar a multiplicidade de acepções da ideia de sentido na obra de Meireles: modalidade de sensações (tato, visão, olfato, paladar, audição), a faculdade de compreender, perceber; tino, senso; pontos de vista; direções, orientações de movimento; significados; alvos, fins, propósitos, o que parece englobar não apenas aspectos conceituais e teóricos concernentes à obra do artista, mas também distintos suportes e linguagens. Os jogos semânticos e as distintas camadas de percepção, sensação e entendimento são caros ao artista, que com sua produção promove imediato engajamento do público e ao mesmo tempo o envolve numa diversificada trama de possibilidades de experiência.

 

Em um espaço de mais de 3000m2, a mostra poderá ser vislumbrada na Área de Convivência, Galpão e Deck. “Entrevendo foi pensada para dialogar com essa condição democrática e generosa que vemos no Sesc Pompeia. É importante apresentar a produção de Cildo Meireles para um público grande e diverso, fazê-lo participar e se engajar com sua obra, em diferentes linguagens, suportes e temas”, diz a curadora Júlia Rebouças. Ela também conta que, durante a curadoria, guiou-se pela ideia polissêmica de sentido associada à obra de Cildo, navegando por conceitos como sensação, compreensão, sinestesia, escala, direção e propósito.

 

Por dentro da exposição

 

Um total de 150 obras, criadas por Cildo entre os anos 1960 e os dias de hoje. “Entrevendo”, a obra que nomeia a mostra, encontra-se exposta na Área de Convivência e convida o visitante a caminhar contra um ventilador de ar quente em uma instalação cilíndrica.

 

No mesmo espaço, está “Amerikkka” (1991/2013), obra inédita no país e que faz nascer uma América a partir de aproximadamente 17 mil ovos de madeira e 33 mil balas de armas de fogo.

 

Outra grande instalação é “Missão, Missões” (Como construir catedrais) (1987/2019), que será apresentada em um novo formato, circular, e pensa os processos missionários de catequização de indígenas a partir de milhares de moedas, ossos de boi, centenas de hóstias. Essas são apenas três de um total de 150 trabalhos fundamentais para compreender a arte brasileira.

Até 02 de fevereiro de 2020.

 

Anna Bella Geiger – Aqui é o centro

06/maio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta de 11 de maio a 07 de julho de 2019 a exposição “Anna Bella Geiger – Aqui é o centro”, com 20 emblemáticas obras de Anna Bella Geiger (Rio de Janeiro, 1933) pertencentes ao acervo do MAM Rio, em curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. Realizados nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990, todos os trabalhos revelam o interesse da artista pela construção do espaço, além das noções de história, fronteira, centro e periferia. Em paralelo à mostra, a artista faz uma releitura da “Circumambulatio”, realizada no MAM Rio em 1972.

 

A mostra “Anna Bella Geiger – Aqui é o centro” se divide em duas partes complementares. A primeira reúne um panorama da produção da artista com 20 obras do início dos anos 1970, todas pertencentes ao acervo MAM Rio. A segunda é a releitura da exposição “Circumambulatio”, apresentada no Museu há quase cinco décadas, e que “se constitui em divisor de águas de seu trabalho, posto que separa o antes modernista – ou seja, sua produção abstrata (1950) e a instigante fase visceral (1960) – do futuro contemporâneo de seu trabalho”, apontam os curadores.

 

“Resultado de um trabalho coletivo desenvolvido e exposto por Geiger e seus alunos do curso de artes visuais do Museu em 1972, “Circumambulatio” é um dos marcos de sua aproximação com o campo de ressonância de questões da arte conceitual que se reafirmam em sua produção dos anos 1970: incorporação da palavra ao trabalho e experimentação de novas mídias (fotos, vídeos, livros de artista, etc.)”, observam os curadores no texto que acompanha a exposição. O título da exposição, agora remontada em parceria da artista com a equipe do museu, deriva de “circumambulação”: ritual de andar em espiral ao redor de objetos sagrados, como ocorre em certas cerimônias do budismo, hinduísmo e islamismo. Mais do que mera palavra, “circumambulatio” – conceito poético que então referenciou as pesquisas de Geiger e seus alunos – determinou, igualmente, a seleção de imagens e textos para esta exposição e definiu sua instalação na área expositiva do Museu.

 

Dentre as ideias fundamentais contidas em texto escrito pela artista para a mostra de 1972, uma é especialmente esclarecedora: “o centro não é simplesmente estático. Ele é o núcleo de onde partem o movimento do uno para o múltiplo, do interior para o exterior. […] A passagem da circunferência para seu centro equivale à passagem do externo para o interno, isto é, da forma à contemplação”. No caso específico do processo poético de Anna Bella Geiger, parece ser possível entender a noção de centro como local de inscrição e ação, cuja dinâmica até hoje permeia a obra da artista.

Prêmio para Jac Leirner

02/maio

O ano de 2019 é um marco especial para o Prêmio Wolfgang Hahn. Pela primeira vez, a Gesellschaft für Moderne Kunst trata de homenagear uma artista sul-americana por sua obra internacionalmente relevante. Isso ampliará a perspectiva do prêmio em relação à evolução da arte contemporânea global. O trabalho de Jac Leirner, localizado na intersecção entre o minimalismo, o conceitualismo e a crítica institucional, é uma adição importante à coleção do Museu Ludwig, Colônia, Alemanha. Graças à dedicação de seus membros, a Gesellschaft für Moderne Kunst apresenta o Prêmio Wolfgang Hahn pelo vigésimo quinto ano consecutivo.

 

Até 21 de julho.

Exposição de Paulo Roberto Leal

08/nov

Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Paulo Roberto Leal”.

 

Artista carioca, com influência dos movimentos Concreto e Neoconcreto, é reconhecido por ter explorado as possibilidades plásticas do papel A produção artística de Paulo Roberto Leal (1946 -1991) é tema da exposição apresentada pela galeria Bergamin & Gomide entre os dias 08 de novembro de 2018 e 02 de fevereiro de 2019. As possibilidades e manipulações plásticas do papel kraft e outros papéis mais nobres foram amplamente exploradas pelo artista carioca, que iniciou sua carreira em 1969 como programador visual de catálogos. Os anos 1970 e 1980 marcaram a carreira de Leal, influenciada pelos movimentos Concreto e Neoconcreto, típicos de sua geração, além do movimento Minimalista, a Arte Povera e Arte Conceitual. Apoiado nessas abordagens, o artista apresentou uma produção reflexiva, mesmo sem ter formação acadêmica. Sua técnica foi adquirida por meio do convívio com artistas e críticos, da leitura de obras contemporâneas e da visitação a museus e galerias. A arte de Leal tem caráter experimental, com o objetivo de desenvolver uma lógica de ideias através de uma expressão plástico-visual. A mostra apresentada pela Bergamin & Gomide reúne cerca de 16 trabalhos, entre eles Armagens, que tem moldura acrílica com fragmentos de papel kraft dobrados no limite, antes de formarem vincos. A obra explora a tensão elástica do próprio papel. Ondulando o plano da folha até o seu limite, Paulo Roberto Leal constrói curvaturas e ordena os fragmentos que por acumulação formam linhas nos encontros das diversas folhas. Armagens é um território delimitado pela moldura e um volume contido pela superfície de acrílico transparente e leitoso, que remetem à técnica renascentista do chiaroescuro (contraste entre luz e sombra). Já na série Entretelas e Sobretelas, Leal transmite uma renovada delicadeza em tela crua e a linha de costura, sem papel kraft, articulando formas geométricas com uma tênue sugestão de cor por meio dessas linhas. Em 1978, o artista apresentou uma mudança fundamental em suas criações com Armaduras, ao destacar a simplicidade e a autonomia dos materiais. Embora possa ser vista, a linha é desmaterializada, formada a partir de recortes e colagens. A linha é uma espécie de desejo. Após as mudanças sociais, políticas e culturais ocorridas na primeira metade da década de 1980, a repressão e a ditadura começam a ceder, a expressão artística ganha mais cor e a pintura mais espaço. A arte de Leal também passa por transformações e transita para o campo pictórico, sem deixar de lado todo o legado e a tradição construtivista concreta. Nesse contexto, o artista mostra-se mais aberto à cidade, ao pluralismo, às expressões bem humoradas e à introdução da figuração. Em 1984, Paulo Roberto Leal em parceria com Marcus Lontra e Sandra Magger, organizou a exposição “Como vai você Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Na ocasião, foram reunidos 123 artistas do eixo Rio – São Paulo. Leal e Lontra resumiram o espírito da exposição da seguinte forma: “está tudo aí, todas as cores, todas as formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, geração serrote, radicais e liberais, transvanguarda, punks, panquecas, pós-modernos, neoexpressionistas (…)”

 

A exposição de Paulo Roberto Leal, em cartaz na Bergamin & Gomide, é realizada com a colaboração da Ronie Mesquita | Galeria, do Rio de Janeiro.

 

Texto de Frederico Morais

Paulo Roberto Leal

Uma Releitura

 

 

Afirmei mais de uma vez, em textos críticos veiculados em jornais e em catálogos de suas exposições, que Paulo Roberto Leal é um artista de tipo novo, pós-moderno. Sigo pensando assim. Na juventude, nunca imaginou ser artista, tanto que se formou em economia e durante muitos anos foi funcionário do Banco Central do Brasil. Jamais cursou qualquer escola de arte, tampouco teve professores particulares. Aprendeu o novo ofício no convívio com artistas e críticos de arte, como frequentador assíduo de exposições e ateliês. Pouco a pouco, formou uma pequena coleção, reunindo obras de Ivan Serpa, Franz Weissmann, Amilcar de Castro, Lygia Clark, Willys de Castro, Volpi, Ione Saldanha e Raymundo Colares, artistas vinculados com maior ou menor grau de intensidade à vertente construtiva da arte brasileira. Um indicativo claro de qual seria sua opção.

 

Data de 1969 o início de sua atuação como artista. Mas, para Leal, desde os primeiros trabalhos autorais, o importante nunca foi exorcizar demônios interiores, nem, tampouco, apesar da gravidade do momento vivido, insistir em uma retórica política. Em sua carreira artística, relativamente curta devido à morte prematura, seu propósito maior foi exercer o pleno controle dos significados de sua obra, tendo como base um pensamento plástico.

 

Artista construtivo, o seu alvo foi sempre a materialidade da obra, a afirmação de seus componentes físicos e não alguma coisa situada fora dela, mas referida ou recriada enquanto imagem atada à superfície da tela. Mesmo em sua fase inicial, que tinha como matéria-prima o papel deslizando intocado sobre o painel, ou dobrado e acumulado em caixas de papelão abertas (“Arme”), convidando à participação criativa do espectador. E também aprisionado em recipientes de acrílico transparente ou fosco (“Armagem”). Mas, diante dos seus trabalhos, espectadores ou colecionadores ainda irão se perguntar se estão efetivamente diante de quadros? A resposta, claro, será afirmativa. Na série de trabalhos denominada “Entretelas”, poderíamos dizer que a agulha da máquina de costura funciona como um pincel, e o fio de linha, como tinta. Assim, sem usar tintas e pincéis, ou recortando e colando fragmentos do tecido, Leal seguiu construindo quadros, tanto que foram destinados à parede, situando-se, pois, no âmbito de uma tradição que se inicia no Renascimento. A portabilidade da pintura.

 

Para Leal, portanto, o quadro nunca foi uma questão encerrada, mesmo depois de tantas vanguardas e de muitas “mortes” anunciadas da pintura. E se nas diferentes etapas de seu projeto elimina a imagem, trazendo ao primeiro plano o próprio suporte da obra, foi para voltar ao grau zero da pintura e começar tudo de novo. Uma vez mais viver a aventura do quadro. A começar pelo próprio tecido da tela, por vezes pintado no avesso e no direito, recortado e costurado – com ocasionais fios soltos a romper a rigidez da composição. Ou colado, mantidas suas cores e manchas anteriores à própria tinta, bem como as texturas e outros valores táteis.

 

O ciclo do papel durou cinco anos. Primeiro, deixado livre, solto, sofrendo a interferência do clima e do tempo. Ou propiciando a participação lúdica e tátil do público – papéis para armar –, “Armagens”. Em seguida, encerrado em estruturas de acrílico transparente em cujo interior o tempo vai lentamente ondulando o papel.

 

Ao trocar o papel pelo tecido como matéria-prima, Leal fez a seguinte indagação: “Meu trabalho seria o mesmo se, àquela época, vivêssemos outra situação, se houvesse qualquer outro tipo de impedimento à criação? Ou nenhum?” E responde ele mesmo: “A cultura funciona dentro de um encadeamento de situações. Se uma das partes está enclausurada, todas as demais sofrem. É certo que aprisionar papéis dentro de caixas de acrílico pode e deve ser considerado um problema meu nos planos ético e estético. Mas é também um problema de ordem mais geral. Hoje troquei o papel pelo tecido, o que para mim significa uma abertura em termos de vida: assumir com franqueza um determinado comportamento, uma visão mais racional das coisas, enquanto antes, no papel, de certa maneira, eu me escondia.”

 

O momento mais radicalmente construtivo da obra de Paulo Roberto Leal é a série “Entretela” (1974-1976). Ela reúne telas costuradas, pintadas a óleo, cujas linhas (costuradas e não riscadas) definem espaços modulares e simétricos, impecavelmente silenciosos e limpos. E que assim se mantêm mesmo quando os módulos internos disputam a primazia do primeiro plano ou quando a tela, sustentada em um de seus vértices, se deixa cortar por linhas transversais, sem que o equilíbrio seja afetado. Uma segunda série, “Armadura” (1978-1980), reunindo pinturas a óleo recortadas e coladas sobre tela, tem a mesma raiz construtiva. Mas os fragmentos da tela recortada são em seguida colados sobre outra tela, criando na sua junção linhas fictícias, fortes e bem visíveis, enquanto parecem se descolar, antevendo o colapso da superfície. O que, entretanto, não acontecerá.

 

Respondendo à pergunta contida no título de meu comentário sobre uma exposição de Leal realizada no Rio de Janeiro, em outubro de 1980, eu afirmo no texto: “Não é preciso muito esforço mental para perceber que mesmo quadros como os que Leal expõe na Galeria Saramenha podem ter implicações políticas. O próprio caráter construtivo de sua obra se opõe ao caos permanente de nossa sociedade, a uma realidade tropicalista, mas, também, por ser uma geometria brasileira e tropical, ela tem qualidades sensíveis que diferem de outras geometrias mais rígidas. Ou seja, ela não se opõe apenas ao caos reinante fora dos limites do quadro. Ela procura entender esse caos, recolher a espontaneidade e a alegria de sociedade cultural mais aberta. Porque o excesso de rigor pode levar igualmente ao autoritarismo da forma, tão prejudicial quanto a ausência de qualquer ordem.”

Frederico Morais

Estratégias Conceituais na Galeria Bergamin & Gomide

24/ago

12

A Galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, reúne obras produzidas entre 1960 e 1980, período marcado por ditaduras militares na América Latina, e traz artistas como Hélio Oiticica, León Ferrari, Lygia Pape e Cildo Meireles. A produção artística na América Latina entre as décadas de 1960 e 1980 é tema de “Estratégias Conceituais”, em cartaz do dia 25 de agosto até 20 de outubro. A exposição apresenta obras de 42 artistas, com curadoria de Ricardo Sardenberg, e reflete um período histórico marcado por intensa repressão política em todo continente.

 

A mostra lança luz sobre um momento histórico muito semelhante ao atual, marcado pelo acirramento das disputas políticas, recrudescimento de iniciativas que incitam a censura, desmantelamento dos espaços de convívio e quebra da comunicação. Assim como ações coletivas e individuais de resistência por parte dos artistas, atuando por vezes à margem do sistema das artes visuais estabelecidas até então.

 

Entre os artistas selecionados estão nomes como Victor Grippo, León Ferrari, Hélio Oiticica, Lygia Pape, Cildo Meireles, Antonio Manuel, Anna Bella Geiger, Luis Camnitzer, Clemente Padín, Anna Maria Maiolino, Antonio Caro, Beatriz Gonzalez, entre outros.

 

“Estratégias Conceituais” quer dar visibilidade à criação da arte latina durante esses anos de transformação socioeconômica. Nesse contexto, são apresentadas diversas obras que foram utilizadas numa estratégia para contestar o regime vigente, muitas vezes burlando a censura, e estimular a conscientização da realidade, criando no processo novas formas de produção, apresentação e distribuição da arte.

 

“Calcados em seus contextos locais – principalmente com a ideia de meios de produção no espaço do subdesenvolvimento -, buscavam não apenas difundir o conhecimento, mas também propor novas formas de gerar conhecimento, sem se formalizarem em um movimento específico. Foram então reconhecidos como “artistas conceituais”. Porém, amplamente conscientes das estratégias formais de “desmaterialização” e das teorias da informação e da comunicação, os aqui apresentados introduzem conteúdos como ação e estratégia de intervenção política, poética,pedagógica e comunicativa. De diversas matizes ideológicas, as estratégias conceituais daquela época se baseiam em primeira instância no contexto local(geralmente político e de confronto), depois no contexto do subdesenvolvimento na América Latina e, por fim, numa “estratégia de inserção global”, explica Sardenberg.

 

 

Artistas de “Estratégias Conceituais”

 

3NÓS3

Adolfo Bernal

Anna Bella Geiger

Anna Maria Maiolino

Antonio Caro

Antonio Dias

Antonio Manuel

Artur Barrio

Beatriz González

Carlos Zilio

Cildo Meireles

Clemente Padín

Décio Noviello

Edgardo Antonio Vigo

Eugenio Dittborn

Felipe Ehrenberg

Graciela Carnevale

Guillermo Deisler

Grupo CAYC

Hélio Oiticica

Hudinilson Jr.

Ivens Machado

Jac Leirner

Jorge Caraballo

Julio Plaza

Lenora de Barros

León Ferrari

Letícia Parente

Liliana Porter

Luis Camnitzer

Luiz Alphonsus

Lygia Pape

Marcelo Brodsky

Montez Magno

Paulo Bruscky

Regina Silveira

Regina Vater

Roberto Jacoby

Umberto Costa Barros

Victor Gerhard

Victor Grippo

Waltercio Caldas

 

 

Sobre a Bergamin & Gomide

 

Criada em 2000 em São Paulo, por Jones Bergamin, a galeria Bergamin ficava numa casa da década de 1950 do arquiteto Vilanova Artigas nos Jardins. Apresentou importantes projetos, dentre eles, uma retrospectiva de Iberê Camargo,  exposições de Mira Schendel, Lygia Pape, Tunga e Miguel Rio Branco e projetos especiais como, por exemplo, “Através” em que a curadora Lisette Lagnado trouxe a público “Tteia”, obra icônica de Lygia Pape (hoje em exposição permanente em Inhotim). Em 2013, Antonia Bergamin, filha de Jones Bergamin, assumiu a direção da galeria com Thiago Gomide. Com foco em vendas privadas de artistas brasileiros e estrangeiros do período Pós-Guerra, a Bergamin & Gomide inaugurou seu novo espaço na rua Oscar Freire, em agosto do mesmo ano. Sem uma lista fixa e com flexibilidade para trabalhar um amplo número de artistas e exposições de diferentes temas, períodos e movimentos, o  programa da galeria conta com quatro exposições por ano, entre individuais e coletivas. Além disso a Bergamin & Gomide participa de feiras nacionais e internacionais como Art Basel, TEFAF NY Spring, Art Basel Miami Beach, Semana de Arte e SP-Arte e desenvolve parcerias com importantes galerias estrangeiras.

art lab na Galeria Marcelo Guarnieri

05/jul

Distribuídos em um quadrado de setenta centímetros, vinte e quatro ponteiros vermelhos giram sem parar. Em outro quadrado de setenta centímetros, giram em tic tac outros vinte e quatro também ponteiros, também vermelhos. São os Relógios para perder a hora de Guto Lacaz, dois dos trabalhos que integram a exposição “art lab”, na Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP. As duas peças formam uma imagem clara do que se apresenta na mostra: objetos animados cumprindo funções absurdas, hipnóticas e humoradas que te convidam para uma dança sem hora pra acabar. O tempo nesta exposição seria algo semelhante ao tempo das crianças, um tempo tomado completamente pela brincadeira, em que a repetição e o delírio se fazem necessários no processo de aprendizagem.

 

Neste caso, uma desaprendizagem, pois aqui adentramos o universo dos objetos que deixaram de ser servos de seu próprio destino: a funcionalidade. Lacaz constrói com tais objetos uma relação tão íntima, que parece ouvir deles os seus desejos mais sórdidos, então retorce os seus sentidos e os liberta da chatice de serem úteis. Em alguns casos o artista vai além, dissecando suas objetidades de tal modo que acabam reduzidos a engrenagens de formas e cores e assim viram coisas: coisas ópticas, cinéticas, elétricas, lunáticas.

 

É o caso de Dauquad cinético, uma espécie de carrossel manipulável formado por quadrados de acrílico coloridos e de superfícies espelhadas que se refletem e projetam cores em diversos ângulos. Ou de Bossa Nova, um conjunto de peças quadradas e brancas que formam um painel também quadrado de dois metros e meio em lento e constante movimento, semelhante ao das ondas do mar. Os títulos dos trabalhos de Lacaz também são algo para se ter em conta, às vezes surgem como contraponto ao que se vê nas obras, às vezes funcionam como chaves de acesso.

 

Tudo o que for produto da criação humana, seja na ciência, na indústria ou na arte, pode virar assunto, em uma abordagem menos celebrativa e talvez mais crítica, certamente bem humorada. Há uma descrença não só pela ideia de progresso científico, mas também pelos grandes símbolos e certezas inventadas pela humanidade. Desse modo, Guto Lacaz convoca em alguns de seus trabalhos elementos clássicos das obras de figuras como Marcel Duchamp e Nam June Paik e os apresenta em novas situações, dando a eles o poder de performar a sua própria existência.

 

Paik Line, trabalho inédito, é constituído por uma torre de televisores modificados. A peça faz referência a Zen for TV, obra de 1963 do artista Nam June Paik, na qual reduz a imagem da tela a um feixe de luz, privando a televisão de sua própria forma e função. O desenho gerado pela linha que atravessa uma extremidade à outra do visor e a posição vertical do aparelho remetem a uma estrutura totêmica, reforçando o caráter contemplativo e imersivo da TV, agora de um jeito anormal. A partir daí Lacaz exagera e multiplica essa ação por seis, construindo um grande totem de mais de dois metros.

 

Em art lab tudo se movimenta e ainda que em curto-circuito, nos movimentamos também. A exposição é a primeira individual de Guto Lacaz na unidade São Paulo da Galeria Marcelo Guarnieri e marca os 40 anos de produção do artista. “Pra mim arte é energia. Importante distinguir arte de obra de arte. Arte é o que está entre a obra de arte e o espectador, algo meio fluido, um plasma. É isso que eu acho que é energia, quando você passa por uma obra de arte e essa obra te capta, é pura energia o que está acontecendo entre você e a obra de arte.”, conclui Guto.
 

Sobre o artista

 

Guto Lacaz, nasceu em
1948. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Artista multimídia, arquiteto, designer e cenógrafo, Guto Lacaz vem investigando, desde fins dos anos 70, as possibilidades da arte, da ciência e da tecnologia a partir de uma aproximação com os objetos de uso cotidiano. Bem humoradas e às vezes absurdas, suas obras buscam desestabilizar comportamentos e leituras automáticas comuns em nossa interação com a materialidade e a espacialidade. Sempre interessado na relação com o espectador, desenvolve seu trabalho em desenhos, objetos, performances, ilustrações, livros, instalações e intervenções em espaços públicos. Guto inventa um mundo torto e maravilhoso onde um batalhão de aspiradores de pó mantém bolas de isopor suspensas no ar e onde cadeiras enfileiradas de um auditório vazio flutuam silenciosas sobre as águas de um lago. Em 2017 ganhou o prêmio APCA na categoria “Fronteiras da Arquitetura”.

 

Membro da Alliance Graphic Internationalle  – AGI. Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos em 1974. Em 1995 ganha a bolsa Gugenheim. Entre suas principais exposições individuais, intervenções urbanas e obras públicas, destacam-se: As Quatro Revoluções Industriais – 15 painéis na Av Paulista (2018); Adoraroda. Largo da Batata, Mostra 3M de Arte, São Paulo (2017); Ondas d’água. Sesc Belenzinho, São Paulo (2011); Eletro Livros. Maria Antonia USP, São Paulo (2012); Maquetes Reunidas. Capela do Morumbi – DPH, São Paulo (2008); Garoa Modernista e Pinacotrens. Octógono, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2005); Recortes. Paço Imperial do Rio de Janeiro (1994); Periscópio. Arte Cidade II, São Paulo (1994); Auditório para Questões Delicadas – Lago do Ibirapuera, São Paulo (1989). Entre suas principais exposições coletivas, destacam-se: YOYO, tudo que vai volta. SESC Belenzinho, São Paulo (2018); Situações: a Instalação no Acervo da Pinacoteca do Estado, São Paulo (2017); As Margens dos Mares. SESC Pinheiros, São Paulo (2015); Invento | As Revoluções que nos Inventaram. Pavilhão da Oca – Parque Ibirapuera, São Paulo (2015); Diálogos com Palatnik. MAM-SP (2014); III Bienal da Bahia (2014); Trajetória da Luz na Arte Brasileira. Itaú Cultural, São Paulo (2001); 95 Gwangju Biennale, Coreia do Sul (1995); Brazil Projects, PS1 New York (1988); Modernidade – Arte Brasileira no século XX. MAM-SP (1988); A Trama do Gosto – Um Outro Olhar sobre o Cotidiano. Fundação Bienal, São Paulo (1987); 18ª Bienal Internacional de São Paulo (1985); Primeira Mostra do Móvel e do Objeto Inusitado. MIS, São Paulo (1978).

 

 

Até 21 de julho

Tozzi com Ricardo Camargo

16/abr

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, inaugurou exposição com o artista plástico Claudio Tozzi, exatos 13 anos após sua última individual na galeria. As 18 obras selecionadas abrangem trabalhos do final dos anos 1960 até 2000, com destaque para os desenvolvidos sob o signo da Pop Art, como “Cinturão”, e também obras de caráter conceitual como “Vegetal”,  participante da XXXVII Bienal de Veneza em 1976.

 

 

Sobre o artista

 

Tozzi iniciou seu percurso artístico no começo da década de 1960. Desde então, obteve  reconhecimento e grande aceitação no meio cultural e também pelo grande público. Nessa época trabalhou com a apropriação de objetos, imagens icônicas e jornais, história em quadrinhos e fotografias. A partir de 1970 apresenta um tratamento cromático mais elaborado em suas pinturas que adquirem uma conotação simbólica, com a utilização de signos que traduziam a opressão do período. É quando começa a usar elementos metafóricos e mais sutis. O parafuso é o primeiro deles, elemento até hoje presente em suas obras. Ainda nos anos 1970, Claudio Tozzi experimenta novas linguagens e expande sua obra para outros campos, diversificando suportes e meios, pesquisando novos pigmentos e materiais que o  aproximam da vertente conceitual.

 

 

Até 09 de maio.

Inhotim no Itaú Cultural/SP

08/abr

O Inhotim, em parceria com o Banco Itaú e o Itaú Cultural, realiza pela primeira vez a itinerância de parte do acervo do instituto. “Do Objeto para o Mundo – Coleção Inhotim”, exposição que estreou em Belo Horizonte no ano passado, está em cartaz e pode ser visitada gratuitamente no Itaú Cultural, Paulista, São Paulo, SP. A mostra celebra cinco anos de apoio mútuo entre as instituições.

 
A mostra itinerante “Do Objeto para o Mundo – Coleção Inhotim”- deixou sua sede, em MG – e chegou a SP para ocupar três andares do Itaú Cultural. A obra “Seção Diagonal”, de Marcius Galan, instalada em Inhotim desde 2010, foi readequada para o espaço da exposição. Dividida em seis núcleos temáticos, a coletiva possibilita ao público conhecer como a arte neoconcreta influenciou decisivamente as técnicas contemporâneas.

 
Localizado em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, o instituto oferece a seus visitantes uma experiência única, na medida em que propõe uma relação espacial entre a arte e a natureza, caracterizando-se como o maior complexo museológico do país.

 
Parte desse acervo, em “Do Objeto para o Mundo” investiga quatro momentos de formação da arte contemporânea – o neoconcretismo brasileiro, a produção dos anos 1960, o grupo de vanguarda japonesa Gutai e as práticas de acionismo e de performance dos anos 1970 – e exibe obras produzidas entre 1950 e as primeiras décadas dos anos 2000. O título da exposição faz menção ao movimento de aproximação do objeto de arte à experiência cotidiana do espectador.

 
Com curadoria de Rodrigo Moura e Inês Grosso, o percurso da mostra contempla várias mídias e suportes, apresentando obras de artistas como Lygia Clark, Lygia Pape, Rivane Neuenschwander, Channa Horwitz, Décio Noviello, Hélio Oiticica, Cildo Meireles e Melanie Smith. No dia 02 de maio aconteceu um bate-papo com os artistas David Lamelas e Michael Smith, com mediação dos curadores.

 

 
Até 31 de maio.

Cildo Meireles na Luisa Strina

25/ago

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta “Pling Pling”, exposição individual de Cildo Meireles, um artista cuja relação de longa data com a galeria remonta a várias décadas. Em paralelo à Bienal de São Paulo, “Pling Pling” explora a relação entre o sensorial e a mente, a política e ética – temas que envolveram Cildo Meireles em sua prática ao longo dos últimos cinquenta anos. A exposição apresenta obras nunca antes exibidas em São Paulo, baseada na retrospectiva de Cildo Meireles em 2013, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, que viajou ao Museu Serralves n’O Porto e ao HangarBicocca, em Milão, no começo deste ano.

 

A exposição inclui uma seleção de instalações e uma pintura, cobrindo toda a carreira do artista, desde sua elogiada série “”Espaços Virtuais, datada da década de 1960, até trabalhos mais recentes. O foco central da exposição é a instalação de grandes dimensões “Pling Pling”, de 2009, anteriormente exibida como parte da coletiva “Making Worlds”, com curadoria de Daniel Birnbaum para a 53ª Bienal de Veneza, em 2009. A obra toma a forma de um espaço construído dentro da galeria, composto por seis salas, cada uma pintada com uma cor primária ou secundária diferente e equipada com uma tela de vídeo que exibe um tom complementar. No estilo típico de Cildo Meireles, a escala e a cor saturada são usadas para criar uma experiência multissensorial para o visitante enquanto caminha pela instalação.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha, Cildo Meireles é considerado um dos principais representantes da arte conceitual, com a criação de algumas das obras mais instigantes de sua era, no sentido estético e filosófico. O trabalho de Cildo Meireles trata ideias complexas com expressão frugal única, que se inspira nas formas neoconcretas dos mestres da vanguarda histórica brasileira. A tumultuada história política e social do Brasil também está embrenhada de modo fundamental em sua obra: Cildo Meireles combina a poetização de seus antecessores com a coragem e o realismo de sua experiência social.

 

A obra de Cildo Meireles foi exposta no mundo todo, incluindo as 37ª, 50ª, 51a e 53ª Bienais de Veneza; as 16ª, 20ª e 24ª Bienais de São Paulo; as 6ª e 8ª Bienais de Istambul; as 1 e 6ª Bienais do Mercosul; o Festival Internacional de Arte de Lofoten, Noruega; a Bienal de Liverpool de 2004; e a Documenta, Kassel, em 1992 e 2002.
Entre suas exposições individuais recentes estão as realizadas em Kunsthal 44 Møen, na Dinamarca; HangarBicocca, em Milão; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri; Museu Serralves n’O Porto; Centro Itaú Cultural, em São Paulo; Museo Universitario de Arte Contemporáneo (MUAC), na Cidade do México; MACBA, em Barcelona, Tate Modern, em Londres; Estação Pinacoteca, em São Paulo; Museu Vale do Rio Doce, no Espírito Santo; Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro; Portikus im Leinwandhaus, em Frankfurt; Kunstreverein in Hamburg, em Hamburgo; Galerie Lelong, em Nova York; Musée d’Art Moderne et Contemporain de Strasbourg, em Estrasburgo; New Museum, em Nova York; Galeria Luisa Strina, em São Paulo; e Miami Art Museum, em Miami – entre outras. As coletivas recentes incluem Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo; Museum of Contemporary Art Chicago (MCA), em Chicago; Museum of Contemporary Art Tokyo, em Tóquio; e MoMA, em Nova York.

 

 

Até 27 de setembro.