Duas vezes Carlos Vergara

20/fev

Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Secretaria de Estado da Cultura, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresentam a exposição “Carlos Vergara – Poética da exuberância”.

A parceria entre o MARGS e a Fundação Iberê Camargo, que se dá por ocasião dos 70 anos do Museu, consiste em um modelo de colaboração até então inédito entre as instituições, resultando em um projeto de formato inovador. A exposição foi pensada como uma ampla e histórica individual sobre a produção e a trajetória de Carlos Vergara (Santa Maria/RS, 1941), porém dividida em 2 partes apresentadas simultaneamente, uma na Fundação Iberê Camargo e outra no Museu. Para a sua organização, foi convidado o curador Luiz Camillo Osorio, que há muito acompanha a produção do artista, que é um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira.

A inauguração será no dia 24 de fevereiro, em eventos gratuitos e abertos ao público nas duas instituições, com encontro e visitas guiadas pelo artista e pelo curador: primeiramente no MARGS, às 11h; e depois na Fundação Iberê Camargo, a partir das 14h, seguida por uma conversa no auditório, às 16h. “Carlos Vergara – Poética da exuberância” traz um panorama retrospectivo da carreira do artista, reunindo mais de 90 obras pertencentes a coleções do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. Na Fundação Iberê Camargo, a seleção apresentada no segundo andar enfatiza a produção em desenho e pintura, destacando obras desde a década de 1960, algumas delas expostas pela primeira vez, como as realizadas quando Carlos Vergara era assistente de Iberê Camargo no Rio de Janeiro. Já no MARGS, a mostra ocupa duas salas do segundo andar, destacando os processos experimentais desenvolvidos pelo artista envolvendo monotipia e pintura, com a reunião de trabalhos em grande formato que integram as séries “São Miguel” e “Boca de forno”.

O projeto realizado em parceria entre o Museu e a Fundação Iberê Camargo reforça ainda vínculos. A parte da exposição de Carlos Vergara no MARGS tem lugar em duas galerias, não por acaso uma que leva o nome de Iberê Camargo, de quem foi aluno e assistente. Vinculações também se dão com relação à história das exposições do Museu. Em 2009, Carlos Vergara apresentou a mostra “Sagrado coração, Missão de São Miguel”, que até aqui figurava como sua primeira e única individual no MARGS. Na ocasião, exibiu a produção que realizou em viagem às ruínas da redução de São Miguel das Missões, em seu interesse artístico por investigar a experiência jesuítica no Rio Grande do Sul. Agora, “Carlos Vergara – Poética da exuberância” conta no MARGS com um segmento dedicado a obras desse projeto. Por todos esses sentidos, a exposição integra no Museu o programa expositivo “História do MARGS como História das Exposições”, que trabalha a memória da instituição abordando a história do museu, as obras e constituição do acervo e a trajetória e produção de artistas que nele expuseram, a partir de projetos curatoriais que revisitam, resgatam e reexaminam episódios, eventos e exposições emblemáticas do passado do MARGS, de modo a compreender sua inserção e recepção públicas. A exposição permanecerá em exibição até 05 de maio. “Carlos Vergara – Poética da exuberância” é apresentada como parte da ampla programação comemorativa iniciada em 2023, alusiva ao aniversário de 70 anos do MARGS, a ser celebrado em 27 de julho.

A palavra do curador 

Estas duas exposições de Carlos Vergara em Porto Alegre, na Fundação Iberê e no MARGS, são uma verdadeira ocupação Vergara na cidade. Além de gaúcho, ele foi assistente de Iberê, em meados dos anos 1960. Esse período foi uma escola sem igual, em que rigor poético e liberdade criativa eram transmitidos em ato. Nestes 60 anos de produção, sua poética deslocou-se incansavelmente entre linguagens, suportes e atmosferas poéticas. As duas salas aqui do MARGS concentram-se na figura do artista viajante, iniciada nos anos 1980, e na produção realizada nas Missões Jesuítas de São Miguel, na fronteira Sul do Brasil. As monotipias que começam neste período, feitas nos fornos, nos chãos e nas paredes, na natureza e na arquitetura, impregnadas de tempo e de vida, estruturam-se posteriormente no ateliê. Depois de deslocadas do contexto da impressão, via impregnação, são retrabalhadas com cor ou simplesmente com uma fixação mais rigorosa com resina. Só a partir deste complemento realizado no ateliê as obras ganham corpo e densidade. Olhar retrospectivamente para o que aconteceu nas Missões requer cuidado justamente por conta da impossível imparcialidade no tratamento do assunto. No século XVII, as diferenças culturais eram tratadas de forma opressiva e violenta. O outro inexistia no imaginário ocidental. Como poderia a arte revelar um acontecimento singular, um momento em que culturas e formas de vida entraram em uma deriva desorientadora? Como partir deste resíduo fixado nas ruínas de um mundo perdido e trazê-lo para o presente, desarmando a desconfiança diante daquilo que não sabemos exatamente o que foi? É essa experiência do sem nome, do que não sabemos como classificar, como identificar, que parece se entranhar em alguns dos lenços e dos registros pictóricos de São Miguel. A fragilidade dos lenços, sua transparência, a reminiscência dos sudários, tudo isso é memória de gestos que sobrevivem no tempo. Repetição e mistério restituem no agora o que, de outra forma, ficaria para sempre vedado no que já foi, no outrora. Ao longo de 60 anos de trajetória, Vergara transformou continuamente sua linguagem e procedimentos criativos – desenho, gravura, fotografia, pintura, monotipias, audiovisual, instalação -, tomando caminhos inesperados, assumindo riscos e recusando todo tipo de acomodação. A cada deslocamento, a obra se renova. É raro vermos um artista tão ávido pela aventura poética e pelo encantamento visual.

Luiz Camillo Osorio, curador convidado

Sobre o artista

Carlos Vergara nasceu em Santa Maria (RS), em 1941. Filho de reverendo anglicano, aos 2 anos de idade acompanhou a mudança da família para São Paulo. Desde 1954, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua trajetória nos anos 1960, no Rio, tendo sido aluno e assistente de Iberê Camargo. Depois de um período explorando o viés expressionista em desenho e pintura, absorveu elementos gráficos e da cultura de massa, integrando, ao lado de nomes como Antonio Dias, Rubens Gerchman e Roberto Magalhães, a chamada Nova Objetividade, uma manifestação politizada da pop art no Brasil no contexto em que a resistência à Ditadura civil-militar era incorporada ao trabalho de jovens artistas. Nos anos 1960, participa de salões e importantes exposições e eventos de vanguarda, como “Opinião 65″ e “Nova objetividade brasileira” (1967) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, além de “Bandeiras na praça” (1968) e Salão da Bússola (1969). Essas mostras se tornaram marcos da história da arte brasileira ao evidenciar a postura crítica dos novos artistas diante da realidade social e política da época. Nos anos 1970, passou a explorar a fotografia e o filme, com destaque para os trabalhos que realizou documentando festejos populares como o Carnaval. Em 1975, integrou o conselho editorial da revista Malasartes, importante publicação organizada por artistas e críticos de arte, com o intuito de criar debates e reflexões sobre o meio de arte no Brasil. Em 1977, participou da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticos Profissionais, chegando a ser presidente da entidade, criada para reivindicar a participação dos artistas nos debates e decisões das políticas culturais nas artes visuais. Na década seguinte, retomou a pintura, pesquisando técnicas e processos experimentais e inovadores. Nos anos 1990, prosseguiu nessa orientação, aprofundando o uso de elementos da natureza e minérios como pigmentos. Também começou a fazer viagens para realizar seus trabalhos. Desde então, a pintura e a monotipia têm sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela inovação e pela expansão do campo da pintura. Em 2009, apresentou no MARGS a mostra “Sagrado coração, Missão de São Miguel”. Em 2011, apresentou o “Projeto Liberdade”, impactante trabalho sobre a implosão do Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Rio. Fez pinturas e filmes, além de uma instalação em que usou as portas das celas do presídio. Ao longo de mais de 200 exposições, já participou da Bienal de São Paulo (1963, 1967, 1985, 1989 e 2010), Bienal de Veneza (1980) e Bienal do Mercosul (1997 e 2011), entre outras. Em 2015, apresentou “Sudários”, no Instituto Ling, que até aqui figurava como sua mais recente individual em Porto Alegre.

Sobre o curador

Luiz Camillo Osorio nasceu em 1963 no Rio de Janeiro.  Realizou Pós-doutorado na Universidade de Lisboa e Universidade Católica do Porto, 2023. Doutor em Filosofia, PUC-Rio, 1998. Trabalha na área de Estética e Filosofia da Arte. Principais focos de interesse na pesquisa: As articulações entre arte, estética e política; Autonomia e engajamento; Teorias do gênio, desinteresse e sublime; Curadoria, crítica e história da arte; As relações entre arte, museu e mercado. Paralelamente à pesquisa acadêmica atua como crítico e curador. É curador do Instituto PIPA desde 2016. Foi curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 2009 e 2015 e curador do Pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza de 2015. Fez várias curadorias independentes em instituições brasileiras e internacionais. Assinou coluna de crítica de arte nos Jornais O Globo (1998/2000 e 2003/2006) e Jornal do Brasil (2001) e da revista espanhola EXIT Express (2006/2007). Membro do grupo de Pesquisa cadastrado no CNPQ – Arte, Autonomia e Política – junto com os professores Pedro Duarte (Filosofia PUC-Rio) e Sergio Martins (História PUC-Rio).

A grande celebração

28/set

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, completou 20 anos com grande celebração. Uma das mais importantes galerias de arte contemporânea brasileiras, A Gentil Carioca, com forte presença e reconhecimento nacional e internacional, traduz o jeito carioca de ser. Marcando a data, foi inaugurada a grande exposição coletiva “Forrobodó”, – em cartaz até 21 de outubro -, com curadoria de Ulisses Carrilho, que celebra o potencial político, poético, estético e erótico das ruas. A mostra ocupa os dois casarões dos anos 1920 onde funciona a sede carioca da galeria, com obras de cerca de 60 artistas, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Lenora de Barros, Denilson Baniwa, entre outros, que, de diversas formas, possuem uma relação com a galeria.

Pioneira em vários aspectos, A Gentil Carioca fez história ao longo dos anos, sendo a primeira galeria brasileira fundada por artistas plásticos – Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima. Além disso, a galeria, que hoje também tem Elsa Ravazzolo Botner como sócia, está localizada fora do circuito tradicional de galerias, no Saara, maior centro de comércio popular da cidade. Com uma programação diferenciada e agregadora, há dois anos também possui um espaço em São Paulo.

“A Gentil já nasce misturada para captar e difundir a diversidade da arte no Brasil e no mundo. Tem como maior objetivo fazer-se um lugar para pensar, produzir, experimentar e celebrar a arte. Nossos endereços são lugares de concentração e difusão da voz de diferentes artistas e ideias”, afirmam os sócios Márcio Botner, Ernesto Neto, Laura Lima e Elsa Ravazzolo Botner.

A grande celebração

Os 20 anos da galeria marcados pela inauguração da exposição “Forrobodó”, foi uma grande celebração, com performances de diversos artistas, como Vivian Caccuri, Novíssimo Edgar e Cabelo, entre outros, além da obra do artista Yhuri Cruz, na “Parede Gentil”, projeto no qual um artista é convidado a realizar uma obra especial na parede externa da galeria. Além disso, ainda houve o tradicional bolo de aniversário surpresa, criado pelos artistas Edimilson Nunes e Marcos Cardoso: “Os desfiles carnavalescos no Brasil e suas configurações locais da América Latina têm como origem as procissões. Esta performance do bolo é uma espécie de procissão onde o sagrado é alimento para o corpo. Ação familiar e fraternal em que a alegria é alegoria de um feliz aniversário”.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a exposição “Forrobodó” apresenta obras em diferentes técnicas, como pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e videoinstalação, de cerca de 60 artistas, de diferentes gerações, entre obras icônicas e inéditas, produzidas desde 1967 – como o “B47 Bólide Caixa 22″, de Hélio Oiticica – até os dias atuais.

A palavra do curador

Cruzaremos trabalhos de diversos artistas, a partir de consonâncias e ecos, buscando uma apresentação de maneira a ocupar os espaços da galeria em diferentes ritmos, densidades, atmosferas, cores e estratégias – como dramaturgias distintas de uma mesma obra. O nome “Forrobodó” vem da opereta de costumes composta por Chiquinha Gonzaga. “A grande inspiração para a exposição foi a personalidade da galeria, que tem uma certa institucionalidade, com projetos públicos, aliada a uma experimentabilidade, com vernissages nada óbvios para um circuito de arte contemporânea”, conta Ulisses Carrilho.

Ocupando todos os espaços da galeria, as obras encontram-se agrupadas por ideias, sem divisão de núcleos. No primeiro prédio, há uma sala que aponta para o comércio popular, para a estética das ruas, em referência ao local onde a galeria está localizada. Neste mesmo prédio, na parte da piscina, “…uma alusão aos mares, que nos fazem chegar até os mercados, lugar de trânsito e troca”, explica o curador. Neste espaço, por exemplo, estará a pintura “Sem título” (2023), de Arjan Martins, que sugere um grande mar, além de obras onde as alegorias do popular podem ser festejadas. No segundo prédio, a inspiração do curador foi o escritor Dante Alighieri, sugerindo uma ideia de inferno, purgatório e paraíso em cada um dos três andares. “O inferno é a porta para a rua, a encruzilhada, onde estarão, por exemplo, a bandeira avermelhada de Antonio Dias e a pintura de Antonio Manuel, além das formas orgânicas de Maria Nepomuceno e trabalhos de Aleta Valente sobre os motéis da Avenida Brasil”, conta. No segundo andar, está uma ideia do purgatório de Dante, e, nesta sala, vemos a paisagem, a linha do horizonte, com muita liberdade poética. “É um espaço em que esta paisagem torna-se não apenas o comércio popular, mas o deserto do Saara e as praias cariocas”, diz o curador. No último andar, uma alusão não exatamente ao paraíso, mas aos céus, com obras focadas na abstração geométrica, na liberdade do sentido e na potência da forma, com trabalhos escultóricos de Ernesto Neto, Fernanda Gomes e Ana Linnemann, por exemplo. “São trabalhos que operam numa zona de sutileza, que apostam na abstração e precisam de um certo silêncio para acontecer. Atmosferas distintas, que parte deste forrobodó, deste todo, para de alguma maneira ir se acomodando”, afirma Carrilho.

Artistas participantes

Adriana Varejão, Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arjan Martins, Bob N., Botner e Pedro, Cabelo, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Denilson Baniwa, Fernanda Gomes, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Neville D´Almeida, João Modé, José Bento, Lenora de Barros, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Paulo Bruscky, Rafael Alonso, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri, entre outros.

Outras programações

Ainda como parte dos 20 anos, a galeria está com outros projetos, tais como: a exposição “Moqueca de Maridos”, de Denilson Baniwa, na Gentil Carioca São Paulo, que reúne uma nova série de obras do artista que trazem o imaginário de quadros clássicos e uma iconografia colonial num gesto antropofágico. Ainda na sede da galeria em São Paulo, serão apresentadas exposições dos artistas Rose Afefé, Yanaki Herrera e Newton Santanna. Além disso, A Gentil Carioca também participou da ArtRio.

Sobre A Gentil Carioca

Fundada em 06 de setembro de 2003, a Gentil Carioca está localizada em dois sobrados dos anos 1920, unidos por uma encruzilhada, na região conhecida como Saara, no centro histórico do Rio de Janeiro. Em 2021, expandiu sua essência com um novo espaço expositivo na Zona Central de São Paulo. Ao longo dos anos realizou diversas exposições de sucesso, entre as quais pode-se destacar: “Balé Literal” (2019), de Laura Lima, “Chão de Estrelas” (2015), de José Bento, “Parede Gentil Nº05 – Cidade Dormitório” (2007), de Guga Ferraz, e “Gentileza” (2005), de Renata Lucas. Além disso, também realizou diversos projetos, que, devido ao grande sucesso, permanecem na programação da galeria, tais como: Abre Alas, um dos mais conhecidos projetos da galeria, que acontece desde 2005, inaugurando o calendário de exposições, com o intuito de abrir espaço para jovens artistas, e que, atualmente, tem a participação de artistas do mundo todo; Parede Gentil, que desde 2005 recebe convidados para realizar obras especiais na parede externa da galeria, já tendo recebido nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D’Almeida, entre muitos outros; Camisa Educação, desenvolvido desde 2005, o projeto convida artistas a criarem camisas que incorporem a palavra “educação” às suas criações e Alalaô, idealizado pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Marcos Wagner, teve início no verão de 2010, onde a cada edição um artista era convidado para realizar uma obra de arte, intervenção ou performance na praia do Arpoador, RJ, mostrando que a praia também pode ser um espaço para a cultura.

As resinas de Dudi Maia Rosa

27/set

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 05 de outubro a mostra individual “Desde A Tona”, de Dudi Maia Rosa, apresentando obras inéditas do artista paulistano. Sob a curadoria de João Bandeira, a exposição apresenta 23 obras datadas de 2007 a 2023, sendo a grande maioria resinas, que são superfícies cromáticas feitas em resina de poliéster e fibra de vidro – uma marca de seu trabalho, além de algumas aquarelas, trabalhos em relevo com diferentes materiais e esculturas em latão. O Instituto Ling ainda convida para a conversa de abertura, com participação de Dudi Maia Rosa e João Bandeira, curador da mostra. O bate-papo poderá ser acompanhado presencialmente, com entrada franca, no auditório do Instituto Ling. Na ocasião, será lançado o catálogo com distribuição gratuita a todos os participantes.

A mostra fica em cartaz até 29 de dezembro.

Desde A Tona  – Dudi Maia Rosa

O trabalho de Dudi Maia Rosa tem um marco, descrito em suas declarações e comentado por vários críticos, que é quase uma fábula de origem – e sabe-se que fabulação não se opõe necessariamente a verdade. O relato diz que, a certa altura, houve uma espécie de revelação, quando ele inventou um objeto artístico basicamente feito de resina de poliéster, fibra de vidro e pigmentos, que tende ao tridimensional. Porém umbilicalmente ligado à longa tradição formal e simbólica da pintura, e no qual a distinção entre imagem e suporte se dissolveu. Com o apelido de “resina”, esses trabalhos têm sido um laboratório da produção de Dudi – embora não exclusivamente -, e seu aspecto geral passou por várias gerações, muitas vezes remetendo ao “quadro”, mas de um modo todo próprio. Feito pelo artista em um molde deitado, uma das particularidades do objeto “resina” é que o que estava no fundo do molde será a superfície, quando ele estiver pronto para ser levantado na vertical e se apresentar a nós. É como se o que vemos nessas obras se originasse do movimento de fazer algo submerso vir à tona. Quase todas as “resinas” desta exposição são trabalhos recentes ou nunca mostrados, mas relacionados a uma linhagem há tempos consolidada na produção de Dudi, que soma a expansão generosa da cor ao afloramento, afetivamente irônico, de referências vindas da história da arte. Por exemplo, a pincelada, o grafismo, a listra, o jogo positivo-negativo, a iconografia simbólica (como a cobra-ourobouros), a apropriação de imagens (lá estão duas musas do cinema, Monica Vitti e Odete Lara), e até o quadro ele mesmo e sua moldura – embebida em humor, a materialidade do objeto de arte é, e não é, a própria representação. Uma certa rusticidade se destaca nessa nova safra: no aspecto fragmentário de grandes chapas de cor, na aspereza franca de algumas superfícies, ou, ainda, no desnudamento da própria substância que dá corpo a essas obras. Rusticidade e fragmento estão igualmente no corpo (e na alma contemporânea) dos pequenos trabalhos que parecem, ao mesmo tempo, atrair e gerar formas, entre materiais no limiar do reconhecimento e coisas identificáveis que surgem na sua superfície compacta. E, desse ponto de vista, são próximos também das esculturas em exposição, já que nelas podemos vislumbrar uma ou outra forma reconhecível do mundo na iminência de aparecer integralmente (uma harpa? um gradil? um ornamento arquitetônico?), ou como se recém-saída da pura matéria (um raio? uma nota musical?). Mais uma família de obras de Dudi, algumas mostradas aqui, faz pensar em fábulas e coisas que vêm à superfície: a série das Cábulas, que ele executa mesclando técnicas industriais e artesanais deslocadas do habitual. Se o que vemos aflorar nas “resinas” pode ser cogitado como um movimento no espaço, nas Cábulas ele transcorreria mais no tempo, através da memória coletiva. Isso porque suas imagens foram processadas a partir do repertório de antigos desenhos animados, guardando traços da visualidade das fábulas de cinema. Com um DNA assim, não é à toa que essas cenas e aparições de objetos isolados flutuando sobre um fundo mais ou menos homogêneo sejam um pouco como as sobras que identificamos de um sonho. O que, por sua vez, sugere analogias desses trabalhos também com as esculturas e os pequenos relevos, onde algumas coisas se deixam ver individualmente em meio ao que não está completamente revelado ou apenas desinteressado de qualquer semelhança. Em paralelo à efetiva sedução da sua materialidade, onde a luz opera de tantas maneiras, poderíamos, então, imaginar uma corrente que sobe e desce, entre o fundo e a tona de todas as obras expostas aqui. Ou, dito de outra forma: ao olhar para aquilo que nos chama com força nesses trabalhos, consideremos também o seu “calado”, aquela parte do barco que vai da ponta da quilha submersa até a linha visível da água. Levados por Dudi, neste barco estamos.

João Bandeira – curador

Sobre o artista

Dudi Maia Rosa tem uma trajetória de mais cinco décadas de trabalho artístico, documentado em publicações e textos de importantes críticos de arte, que destacam sua utilização de técnicas e materiais diferenciados. Realizou sua primeira exposição individual no MASP, em São Paulo (1978), e participou da Bienal de São Paulo (1987 e 1994), da Bienal do Mercosul (2005 e 2015) e da Bienal de Johannesburgo (1995), entre outras mostras coletivas relevantes. Possui obras em coleções dos principais museus do Brasil, além do Stedelijk Museum (Amsterdan) e da Collection Pinault (Paris). Lírica e Tudo de Novo (Galeria Millan, 2019 e 2022) estão entre as suas exposições individuais mais recentes.

Sobre o curador

João Bandeira foi coordenador de artes visuais do Centro Maria Antonia da Universidade de São Paulo (2005 a 2016) e atualmente coordena o Espaço das Artes da ECA-USP. Escreveu textos para artistas como Waltercio Caldas, Regina Silveira, Jac Leirner e David Batchelor e fez a curadoria de exposições de Evgen Bavcar (Itaú Cultural, 2003); Nuno Ramos e Cildo Meireles (Maria Antonia, 2012); Lina Bo Bardi (Sesc Pompeia, 2014); Geraldo de Barros, Rubens Gerchman e Antonio Dias (Sesc Pinheiros, 2018); Iole de Freitas (Instituto de Arte Contemporânea, 2018, e Instituto Ling, 2021); entre outros.

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

Duas exposições na Fundação Iberê Camargo

18/ago

No dia 26 de agosto, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas”, do fotógrafo multimídia, artista plástico e cineasta, Miguel Rio Branco. Organizada pelo próprio artista e por Thyago Nogueira, coordenador da área de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles (IMS) e editor da revista ZUM, “Palavras” foi vista no IMS São Paulo (2020) e IMS Rio de Janeiro (2022-23). São 127 obras que mostram a vivência de Miguel Rio Branco pelas cidades por onde andou, com as pessoas com quem cruzou e os ambientes que explorou, de uma maneira muito particular de escrever com imagens. “Vejo que a maior parte da população é marginal. Eu fui atraído por umas situações humanas que me chocavam e que, ao mesmo tempo, me atraíam porque havia uma força vital ali de resistência”, diz o artista. Para Thyago Nogueira, “É possível dizer que Miguel Rio Branco dedicou sua carreira a construir uma elegia da experiência urbana e coletiva, encenada pelas pessoas que cruzaram seu caminho. Rever suas obras hoje é perceber a potência que desperdiçamos e lidar com um sentimento profundo de melancolia. Mas é também encarar nossas contradições com uma nitidez atordoante e abrir-se à oportunidade corajosa de entender como chegamos até aqui. Múltiplas e mutantes, essas obras cruzadas ecoam não apenas o pensamento original do artista, mas uma nova e perturbadora sinfonia”.

Um artista pleno

A fotografia só como documento nunca interessou a Miguel Rio Branco. As referências que o tornaram um dos maiores nomes da fotografia e da arte contemporânea brasileira vêm quase sempre da pintura e do cinema. Conhecido por seu trabalho com a cor, o ponto principal da sua obra é justamente a construção. Em 1983, por exemplo, a 17ª Bienal de São Paulo apresentou, pela primeira vez, a instalação “Diálogo com Amaú”, uma projeção de imagens de um índio caiapó, o Amaú, em diálogo com imagens de sexualidade e morte advindas de outros trabalhos, ao som de um ritual na Aldeia Gorotire, no sul do Pará. Esta instalação foi um marco em sua carreira, onde fica perceptível a força que a imagem em movimento, a música e a montagem têm em sua trajetória. “Palavras cruzadas, sonhadas, rasgadas, roubadas, usadas, sangradas” começa nos anos 1970, por um momento pouco conhecido do artista, quando Miguel Rio Branco se muda para Nova York. Ele pega uma câmera e começa a fazer as primeiras fotografias em preto e branco, algo raro em seu trabalho, ao redor do bairro boêmio East Village e da Rua Bowery, onde conviveu ao lado de artistas como Antonio Dias (1944-2018), Hélio Oiticica (1937-1980) e Rubens Gerchman (1942-2008). Miguel Rio Branco tocava na ferida, registrando os contrastes sociais das metrópoles e a exclusão dos marginais. A mostra avança para trabalhos mais conhecidos, mas com imagens novas, quando o artista viaja pelo interior do Brasil na tentativa de elaborar uma síntese da identidade brasileira através da fotografia. Depois caminha para notórias obras, como a série dos boxeadores da Academia Santa Rosa, na Lapa, Rio de Janeiro, onde Miguel Rio Branco fotografou com uma câmera analógica de médio formato. São imagens mais calmas, mais paradas e mais contemplativas, diferente das em 35 milímetros do começo da carreira, com uma velocidade intensa. A exposição vai mostrando a mudança para uma fotografia mais pictórica, o que ele fez mais recentemente. Imagens que possuem bastante textura, jogo de luzes, elementos muito simples, mas com uma força expressiva muito grande. “Gosto de dizer que esta exposição é uma espécie de antirretrospectiva. Apesar de tentar traçar o desenvolvimento complexo da linguagem do Miguel Rio Branco, tudo que aparece foi montado para este projeto”, afirma Thyago Nogueira.

Sobre o artista

A bagagem genética. Filho de diplomatas, bisneto do Barão de Rio Branco e tataraneto do Visconde de Rio Branco por parte de pai, a genética bateu forte para o lado materno. Miguel Rio Branco é neto de J. Carlos (1884-1950), um dos maiores caricaturistas e cronistas de costumes do início do século 20 no Rio de Janeiro, a quem Miguel dedicou o catálogo desta exposição no Instituto Moreira Salles. Nasceu em 1946 e viveu até os três anos de idade em Las Palmas de Gran Canarias, na Espanha, de onde partiu e passou a infância entre as cidades de Buenos Aires, Lisboa e Rio de Janeiro.  Entre os anos 1961 e 1963, morou na Suíça, onde estudou e desenvolveu os primeiros trabalhos como ilustrador de um jornal local e cenografia de uma peça teatral. Em 1964, envolvido pelo desenho e pela pintura, realizou a primeira exposição “Paintings and drawings”, na Galeria Anlikerkeller, em Berna. Neste mesmo ano, mudou-se com os seus pais para Nova York, onde fez um curso básico de fotografia no New York Institute of Photography. A partir de então, realizou uma série de fotografias nas ruas desta cidade que serviram, principalmente, como colagens em suas pinturas. Em 1972, com a morte de sua mãe, Miguel Rio Branco retornou ao Rio de Janeiro e dedicou-se, principalmente, ao cinema, trabalhando, ao longo desta década, como diretor de fotografia e câmera. Dirigiu 14 curtas-metragens e fotografou oito longas. Ganhou o prêmio de melhor direção de fotografia por seu trabalho em “Memória Viva”, de Otavio Bezerra, e “Abolição”, de Zozimo Bulbul, no Festival de Cinema do Brasil de 1988. Também dirigiu e fotografou sete filmes experimentais e dois vídeos, incluindo “Nada levarei quando morrer aqueles que mim deve cobrarei no inferno”, que ganhou o prêmio de melhor fotografia no Festival de Cinema de Brasília e o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio da Crítica Internacional no XI Festival Internacional de Documentários e Curtas de Lille, França, em 1982. Em 1980, tornou-se correspondente da Magnum Photos. Como registrado no site da empresa, “Miguel Rio Branco, fascinado por lugares de forte contraste, na força das cores e da luz tropical, fez do Brasil sua principal área de exploração.” Em 1985, publicou “Dulce Sudor Amargo”, livro em que traçou um paralelo entre o lado sensual e vital de Salvador, Bahia, e o lado histórico da cidade, que na época (1979) era habitada por prostitutas e marginais. É um ensaio sobre a vida e a morte, sobre as cicatrizes deixadas pelo tempo e pela vivência. Em 1996 veio “Nakta”, uma publicação que explora o tema do bestiário no homem e no animal, seguido de um projeto visual e poético alimentado por um feliz encontro com o poema “Nuit Close”, de Louis Calaferte, colaboração que ganhou o Prix du Livre Photo.  “Silent Book” (1997) trouxe quadros de corpos e espaços afetados pelo tempo; a decrepitude é ampliada pela luz, e a carne ferida, o envelhecimento e a morte assombram a obra por meio de cores terrosas e vermelho-sangue. Já em “Miguel Rio Branco” (1998), Lélia e Sebastião Salgado escreveram no posfácio: “Miguel Rio Branco usa a cor como um pintor e a luz como quem faz cinema.” O livro “Entre os Olhos o Deserto” (2001) aponta uma evolução para uma forma híbrida, usando imagens de fotografias e vídeos extraídos dos filmes experimentais do artista. Da mesma forma, suas exposições funcionam como instalações, conceito crucial para o seu trabalho, pelo qual – sem descurar a importância da imagem única – criar um discurso através das imagens é o objetivo final. A publicação e a exposição “Plaisir la douleur” (2005) confirmam isso. “Você Está Feliz?” (2012) explora diferentes possibilidades de felicidade e de infância, sem excluir os aspectos difíceis do crescimento e do ambiente em que o ser humano se desenvolve. Miguel Rio Branco se distancia de uma concepção romântica, provocando o leitor a refletir sobre os significados atribuídos à felicidade. Em “Maldicidade” (2014), o artista reúne, em fotografias, cenas urbanas de metrópoles de diversas partes do mundo – Japão, EUA, Brasil, Cuba, Peru -, captadas entre 1970 e 2010, abordando o isolamento dos marginalizados das grandes cidades.

Até 12 de novembro.

Afonso Tostes: a arte no desequilíbrio para destacar a fragilidade da vida.

“A realização da escultura, na maneira de trabalho, passa pela tentativa de associar coisas naturais e misteriosas à previsibilidade humana. Busco naquilo que está morto alguma vida escondida. Assim a madeira, antes árvore, deixa de ser apenas material, e, pelo esforço físico, se torna escultura e campo de reflexão. Não obstante, tento encontrar beleza na poética mais simples possível”, afirma Afonso Tostes.

Também no dia 26 de agosto, a Fundação Iberê Camargo abre a exposição “Afonso Tostes – Ajuntamentos”. Nos 25 trabalhos, a maioria esculturas feitas em madeiras e troncos de árvores, observa-se uma produção irrequieta. Esculturas, pinturas e desenhos que nunca se acomodam no lugar comum; as peças dialogam com os espaços.   Conhecido por suas grandes instalações, Afonso Tostes resgata as histórias preliminares dos materiais, principalmente a madeira, expõe e transforma suas narrativas, de acordo com uma sensível reconstrução no espaço expositivo, ou mesmo com a ressignificação de objetos, como ferramentas e utensílios de trabalho.  “Trabalho sobre o que já existe, o que encontro por aí, materiais que sofreram a interferência da mão humana e do tempo. Me interessa a relação do homem com seu entorno, com a natureza. Não falo apenas da relação com o meio ambiente, mas também das relações pessoais, das nossas expressões visíveis e invisíveis”, explica Afonso Tostes. No livro “Entre a cidade e a natureza”, Daniel Rangel, curador-geral do Museu de Arte Moderna da Bahia, descreve muito bem o espírito livre de um dos principais escultores brasileiros, que tem a cultura de um país e seu povo como inspiração: “Capoeirista, homem do mar, do orixá e do fazer manual, Afonso Tostes utiliza em seu trabalho as mesmas ferramentas que os artesãos, carrega o popular em si mesmo, em suas experiências e nos caminhos que decidiu trilhar. (…) Interessa-se mais pela troca com o grupo e pela riqueza cultural que pelos lugares em si. Apesar de executar suas esculturas por meio da observação, em caminhada pela cidade e na natureza, seu assunto principal é o ser humano. Suas obras revelam pessoas, muitas vezes, invisíveis na sociedade (…) Seus olhos pensam e emite mensagens, e, muitas vezes, precisamos estar livres para entender essa comunicação aberta exuniana. Rompe as estruturas com suas mãos, que curam com sua arte. Prazer, alegria, sensibilidade, emoção, um se dar constante com as diversas linguagens que ele expressa com sua mente plural”. Ainda menino, Afonso Tostes tomou gosto pelas viagens, transitando entre Belo Horizonte, onde nasceu em 1965, e fazendas no interior de Minas Gerais. Contemplador das porteiras e árvores, currais e cavalos, desenvolveu interesse pela investigação da natureza e sua relação com o homem.  Desde sempre, demonstrou aptidão para o desenho, aprimorada na Escola Guignard, principal instituição formadora de artistas em Minas Gerais e onde teve o primeiro contato com as tintas. Em 1987, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu os estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com Carlos Zílio, Charles Watson e Daniel Senise. Das amizades que fez com artistas, críticos e curadores veio o primeiro trabalho como assistente de Antonio Dias e como cenógrafo para teatro e televisão. Sua obra é marcada por influências brasileira e internacional, que vão da arte contemporânea ao fazer livre e espontâneo, em que o belo não é uma construção teórica, mas uma vontade simples do ornamento, uma necessidade fundamental. Atualmente, sua obra figura em coleções como MAM-RJ (Brasil), MAM-BA (Brasil), MAC Niterói (Brasil), Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França) e Coleção SESC de Arte (Brasil).

Até 22 de outubro.

Antonio Dias entre o Brasil e a Europa

06/jul

O crítico e historiador de arte Sérgio Martins aborda a trajetória do grande artista Antonio Dias (1944-2018) no livro “Arte negativa para um país negativo: Antonio Dias entre o Brasil e a Europa” (Ubu Editora, 2023), com 256 páginas e 95 imagens, fruto de pesquisa dentro de programas da Faperj e do Capes. A história singular de Antonio Dias, que foi para Paris com uma bolsa de estudos em 1966, onde participou dos movimentos de maio de 1968, e depois segue para Milão, onde passou a fazer parte de um dos principais centros de irradiação artística das décadas seguintes, sem nunca se desconectar do Brasil. Em 1999, fixa residência no Rio de Janeiro, sem deixar de fazer constantes viagens internacionais.

Sobre o livro

“Arte negativa para um país negativo: Antonio Dias entre o Brasil e a Europa” lançamento da Ubu Editora, foi lançado na Livraria da Travessa Ipanema, Rio de Janeiro. O legado de Antonio Dias é representado, com exclusividade, pela galeria Nara Roesler (São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York). O projeto para o livro começou em 2018, “embora a ideia já tivesse começado a se delinear um pouco antes, por conta de meus trabalhos prévios sobre a obra do Antonio”, conta Sérgio Martins. “A pandemia e a morte do próprio Antonio trouxeram dificuldades e mudaram os rumos da pesquisa. Mas contei com financiamentos da Capes, da Fundação Alexander von Humboldt – que me permitiram passar um ano e meio como pesquisador visitante na Freie Universität Berlin -, do Getty Research Institute, e sobretudo da Faperj, que foram fundamentais para a pesquisa internacional e para a realização do livro”. Ele acrescenta que “o foco original era o álbum “Trama”, mas isso mudou e o livro acabou se voltando para dois períodos de transição: 1968, com as pinturas negras, e 1971-1974, com a série “The Illustration of Art”. Entretanto, o livro se expande para períodos anteriores e posteriores, diz o autor. O exemplar custa R$ 89,90. A crítica Sônia Salsztein afirma que descobre-se com prazer, no curso da leitura, tratar-se de um notável experimento de reflexão e escrita sobre arte contemporânea, em que o domínio da cultura histórica e o rigor na exposição dos argumentos em nada intimidam o movimento dubitativo e experimental das ideias, diante de questões que ainda se mantêm em aberto no horizonte contemporâneo”.

Sobre o artista

Nascido em Campina Grande, Paraíba, em 1944, Antonio Dias migrou para o Rio de Janeiro em 1958, onde teve aulas com Oswaldo Goeldi (1895-1961) no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes. Participa da 4ª Bienal de Paris, em 1965, e recebeu uma bolsa de estudos do governo francês, dando então início a um autoexílio na Europa.

Antonio Dias – Trajetória Transnacional

“A ideia era refletir sobre a especificidade da trajetória transnacional do Antonio, na medida em que ele se forma em meio ao debate vanguardista brasileiro, mas logo em seguida adentra uma cena artística muito mais estruturada, mercantilizada – e que rapidamente assumia uma feição pós-vanguardista – a partir da centralidade que Milão tinha em relação ao circuito europeu naquele momento. É como se o Antonio e sua obra encarnassem um ponto de contato muito vivo entre duas dimensões geopoliticamente distintas do fazer artístico naquele momento: uma vanguarda semiperiférica e a circulação da arte num mercado central – ainda que num país, a Itália, que também tinha certos traços semiperiféricos”, observa Sérgio Martins.

Ele acrescenta que no livro tenta “acompanhar as idas e vindas do trabalho do Antonio ao longo de diferentes manobras poéticas que ele experimenta para dar conta dessa fricção”. “O interessante é ver que ele evita tanto se colocar como um artista latino-americano ou brasileiro na Europa – no sentido não buscar cultivar essa identidade como meio de se situar e se promover – quanto aderir a grupos italianos e europeus como a Arte Povera, apesar de aberturas e flertes que acontecem ao longo do caminho. Então eu tento acompanhá-lo nesse limiar tênue, atentando para o diálogo com várias figuras importantes no Brasil e na Europa naquele momento, como Pierre Restany, Hélio Oiticica, Harald Szeemann, Giulio Paolini, Tommaso Trini, Giulio Carlo Argan, o grupo Fluxus e a pintura analítica italiana, entre outros”.

Sobre Sérgio Martins

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Estudou história da arte na University College London (UCL), onde obteve o mestrado em 2005 e o doutorado em 2011, com bolsa do Higher Education Funding Council for England e da UCL Graduate School. Sua tese resultou no livro “Constructing an Avant-Garde: Art in Brazil, 1949-1979″ (MIT Press, 2013). Em 2014, tornou-se professor do Departamento de História da PUC-Rio e, entre 2020 e 2022, foi pesquisador visitante na Freie Universität Berlin com bolsa Capes/Humboldt Senior Fellowship. É pesquisador bolsista do CNPq desde 2023 e do programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE) da Faperj desde 2018. Em 2012, organizou o número especial “Bursting on the Scene: Looking Back at Brazilian Art” do periodic inglês “Third Text”. Tem artigos publicados também nos periódicos “October”, “ARTmargins”, “Artforum”, “ARS”, “Modos e Novos Estudos Cebrap”, entre outros, e contribuiu para os catálogos de mostras como “Cildo Meireles” (Fundação Serralves/Museo Nacional Reina Sofia, 2013), “Hélio Oiticica: to Organize Delirium” (Carnegie Museum/ArtInstitute of Chicago/Whitney Museum, 2016), “Alexander Calder: Performing Sculpture” (Tate Modern, 2015), “Anna Maria Maiolino” (MoCA Los Angeles, 2017), “Lygia Pape: a Multitude of Forms (The Metropolitan Museum of Art, 2017)”, “Antonio Dias: derrotas e vitórias” (MAM-SP, 2021) e “Louise Bourgeois: Imaginary Conversations” (The National Museum, Oslo, 2023.

Centelhas em Movimento

16/dez

 

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP,  visita a Coleção Igor Queiroz Barroso. Em exibição cerca de 190 obras de mais de 55 artistas do acervo cearense.

Esta exposição da Coleção Igor Queiroz Barroso inaugura o programa “Instituto Tomie Ohtake visita”, que busca dar acesso ao grande público a obras de qualidade atestada e pouco exibidas, apresentadas sob diferentes leituras curatoriais. “Ao estar desobrigado de uma coleção permanente, por não ser um museu, o Instituto Tomie Ohtake tem flexibilidade para visitar múltiplos agentes do meio artístico, imergindo em seus repertórios, ações e acervos, e oferecendo aos públicos uma montagem articulada que atravessa a história da arte de modo único e temporário”, afirma Paulo Miyada, que assina a curadoria de “Centelhas em Movimento”, ao lado de Tiago Gualberto, artista e curador convidado para desenvolver a abordagem curatorial da coleção.

Baseada em Fortaleza, CE, a Coleção Igor Queiroz Barroso tem sido formada nos últimos 15 anos, ainda que suas raízes sejam mais antigas. Colecionar arte (em especial, colecionar arte moderna brasileira) é uma dedicação antiga na família de Igor Queiroz Barroso, remontando às iniciativas de seus avós paternos, Parsifal e Olga Barroso, e maternos, Edson e Yolanda Vidal Queiroz, e carregada até ele por seu tio Airton, e sua mãe, Myra Eliane. Essa herança implicou o convívio com a arte, a percepção do sentido do colecionismo e até mesmo a guarda de obras que até hoje estão entre os pilares de sustentação do conjunto que Igor tem reunido. A Coleção Igor Queiroz Barroso conta com cerca de 400 obras e destaca-se por selecionar não apenas artistas de grande relevância histórica, mas por buscar obras de especial significância na trajetória desses artistas.

No recorte realizado para a exposição – de uma coleção que abriga obras produzidas entre os séculos XVIII a XXI de nomes nacionais e estrangeiros – destaca-se a produção de artistas atuantes no Brasil ao longo do século XX, sob a ambivalência do modernismo, movimento tão discutido neste ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna paulista.

As esculturas, pinturas e desenhos reunidos indicam a diversidade abarcada pela mostra.  Gualberto destaca obras conhecidas como Ídolo (1919) e Cabeça de Mulato (1934) de Victor Brecheret (1894-1955), Índia e Mulata (1934) de Cândido Portinari (1903-1962), além de trabalhos de Alfredo Volpi (1896-1988), Willys de Castro (1926-1988), Lygia Pape (1927-2004), Mary Vieira (1927-2001), Djanira da Motta e Silva (1914-1979), Chico da Silva (1910-1975) e Rubem Valentim (1922-1991). O curador acrescenta ainda nomes célebres da arte brasileira como Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Maria Martins (1894-1973) e um grande número de obras produzidas entre as décadas de 1950 e 1970. “Esse adensamento de produções também reflete um contingente bastante diverso de artistas, além de nos oferecer privilegiados pontos de observação das maneiras com que os valores modernos foram transformados e multiplicados na metade do século”.

Segundo a dupla de curadores, desde seu primeiro ambiente, a mostra compartilha enigmas sobre a formação da arte brasileira e seus profundos vínculos com o território e a nação. “São convites para que cada visitante encontre seus caminhos e hipóteses por essas montagens, encontrando o modernismo, suas consequências e desvios em estado de ebulição, com sua cronologia embaralhada, suas hierarquias em suspensão e com a constante possibilidade de encontrar retrocessos nos avanços e saltos adiante nos retornos. Uma forma de reacender o calor impregnado na fatura de cada uma das obras”, completam Tiago Gualberto e Paulo Miyada.

Foi neste contexto pensada a expografia de “Centelhas em Movimento”, construída com  painéis flutuantes e autoportantes, que colocam em relações de eco e contraste obras de artistas distintos, de momentos e contextos diferentes: retratos e fisionomias, com Ismael Nery, Di Cavalcanti, Brecheret, Da Costa, Segall; evocações cosmogônicas, com Antonio Bandeira e Antonio Dias, em contato com a Piedade barroca de Aleijadinho; paisagens, com Chico da Silva, Beatriz Milhazes, Manabu Mabe, Danilo Di Prete, Teruz; rupturas concretas ao lado de obras figurativas, com Volpi, Da Costa, Lygia Clark, Maria Leontina; parábolas conceituais que tangenciam sintaxes formais, com Sérvulo Esmeraldo, Mira Schendel, Sergio Camargo, Ivan Serpa; e cheios e vazios com Antonio Maluf, Luis Sacilotto, Ligia Pape, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Rubem Valentim. Como explica Tiago Gualberto: “Evitou-se a aplicação uniforme de organizações cronológicas dos trabalhos ou sua segmentação por autoria. O que certamente tornará a visita à exposição uma oportunidade de deflagrar nuances ou agitadas centelhas resultantes desses encontros”.

 

Sobre Igor Queiroz Barroso

O empresário Igor Queiroz Barroso é, atualmente, presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz, do Instituto Myra Eliane e da Junior Achievement do Ceará. Também coordena o Conselho do Lar Torres de Melo. Atuou, ainda, na criação do Memorial Edson Queiroz, em Cascavel, no Ceará.

Até 19 de abril de 2023.

 

 

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

Formas diferentes de retratar a paisagem

16/nov

 

A galeria samba arte contemporânea, Shopping Fashion Mall, apresenta até 11 de dezembro, as exposições “Primavera em Júpiter”, do artista carioca Fernando Mello Brum, e “Mario Baptista Street”, do premiado fotógrafo paulistano Mario Baptista, em seus dois espaços em São Conrado. Em comum, as exposições trazem formas diferentes de retratar a paisagem, em obras com cores fortes e vibrantes. As duas exposições que tem a paisagem como tema, Fernando Mello Brum apresenta desenhos e pinturas inéditos que marcam uma nova fase em sua obra e o fotógrafo Mario Baptista fará sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro.

“Apesar de um ser pintura e o outro fotografia, a paisagem é um tema comum na pesquisa dos dois artistas. São olhares diferentes, formas diferentes de se retratar a paisagem. Fernando tem o olhar para o micro, Mario para o macro”, afirma Cali Cohen, sócia da galeria samba arte contemporânea.

Fernando Mello Brum apresentará 40 trabalhos inéditos, sendo 20 pinturas em óleo sobre tela e 20 desenhos, alguns em pastel oleoso e outros em nanquim. As obras são fruto da observação do artista sobre o cotidiano e marcam uma nova fase de maturidade pictórica em seu trabalho, com cores fortes, marcantes e vibrantes, que trazem o embate entre a paisagem real e fragmentada.

“Pego ideias, coisas que interessam ao meu olhar, sempre voltado para a paisagem e para os pequenos detalhes, que muitas vezes passam despercebidos ao olhar dos outros”, conta Fernando Mello Brum, que em suas obras amplia detalhes do que vê a sua volta, dando a elas, através de um olhar particular um novo sentido.

As obras se aproximam mais do universo lúdico e infantil, o que se deve à convivência com o sobrinho de três anos, exaltando além das cores, as características físicas da tinta, como peso e maleabilidade, que o artista explora sobrepondo, raspando, misturando, criando volumes e deixando marcas de pinceladas aparentes, nos dando a sensação de movimento.

Já Mario Baptista apresentará 13 fotografias inéditas, produzidas entre 2018 e 2022, que retratam detalhes captados pelo olhar atento do fotógrafo em grandes metrópoles pelo mundo, em imagens que quase parecem pinturas, com cores fortes e vibrantes. Para conseguir o efeito desejado, o artista usa a técnica de longa exposição e trabalha com contrastes. A exposição integra a 15ª edição do FotoRio. As fotografias da exposição apresentam momentos efêmeros e detalhes que não escaparam ao clique do fotógrafo. “Para fotografar, procuro ir a lugares de grande concentração de cores, geometria, grafite, luzes, néon, coisas que chamam atenção. Eu costumo dizer que eu não tiro fotos, são elas que me tiram”, afirma Mário Baptista, que apesar de fotografar desde os 13 anos, somente há três resolveu se dedicar exclusivamente à fotografia. Autodidata, já coleciona diversos prêmios em seu currículo, como o PX3 – Prix de la Photographie Paris. Feitas em São Paulo, Oxford, Paris e Los Angeles, as imagens são um retrato das grandes metrópoles. “O lugar geográfico é mero acaso do destino. Todos esses lugares estão dentro de mim. O meu olhar naturalmente busca referências que conversam”, conta Mário Baptista.

 

Sobre Fernando Mello Brum

Fernando Mello Brum é formado em Design pela PUC-Rio. Trabalha através da observação do cotidiano no campo pictórico. Busca explorar o conceito de paisagem de modo nostálgico, onde é possível compreender a dinâmica dela: incluindo a manipulação de seus efeitos e os limites do espetáculo. Suas pinturas criam uma relação com a realidade da paisagem e aquela que pode vir a ser imaginada pelo espectador. Em 2015 e 2016, participou da feira Art Lima, Peru, com a Galeria TAC. Em 2017, realizou exposição individual na Galeria TAC em Lima, Peru. Em 2019, realizou uma residência artística em Berlim, Alemanha, finalizada com uma individual na Galeria coGalleries na mesma cidade. Neste mesmo ano fez mais uma exposição individual na Z42 Arte no Rio de Janeiro, com curadoria de Fernando Cocchiarale. Em 2020, participou de uma exposição coletiva na Galeria Simone Cadinelli no Rio de Janeiro, em 2021, do Salão de Artes Visuais na Galeria Ibeu Online, no Rio de Janeiro e da Coletiva Da Pintura, com curadoria de Isabel Portella e Patrícia D’Angelo na Z42 Arte em 2022.

 

Sobre Mario Baptista

Mario Baptista recebeu os seguintes prêmios: Grande Prêmio Fotografe 2022 – Finalista – série “O que vemos, o que nos olha”. Setembro, 2022 International Photography Awards IPA – Finalista – “His own paths”. Setembro,22. Monovisions Photography Awards – Menção Honrosa – “His own paths”. Passaram-se três décadas para que Mario Baptista realizasse uma exposição individual desde que ganhou sua primeira máquina fotográfica. Apesar do longo período de convivência com câmeras, ele passou a se dedicar exclusivamente à fotografia somente em 2019. O fruto dessa imersão plena na captura de imagens foi conhecido em 2021, quando abriu, em São Paulo, a mostra “Cidade Errante”. Fruto de seu olhar sensível e apurado diante da paisagem urbana e humana da metrópole, a exposição reuniu 17 imagens selecionadas sob a curadoria do jornalista, fotógrafo e crítico Eder Chiodetto. Desde então, Mario Baptista segue produzindo novos trabalhos e ressignificando seu acervo pessoal de fotos anteriores junto a curadores que trazem outros olhares sobre a produção do artista. Esse desenvolvimento pode ser apreciado em sua participação em março de 2022, na nova feira paulista ArtSampa 22 no museu OCA do Ibirapuera, como também pelos ensaios curatoriais: Diálogos… e o que vem depois; O que vemos, o que nos vê; Paisagens Mediadas; Alquimia fotossensível; Imaginários Urbanos; e outros. Baptista também tem uma intensa atividade com o projeto social Feito Formiguinhas.

 

Sobre a galeria

A samba arte contemporânea, fundada em 2015 por Arnaldo Bortolon e Cali Cohen, é um espaço que privilegia o diálogo contínuo entre artistas renomados e emergentes de diferentes gerações e regiões brasileiras. Com seu variado acervo em exposição permanente, apresenta de forma singular as obras desses artistas, que colocados lado a lado, nos oferecem inúmeras possibilidades de apresentação e percepção, independentemente de escala, suporte e técnica. A galeria possui dois espaços expositivos, sua ocupação se alterna entre as exposições de acervo, as individuais dos artistas representados e as de projetos curatoriais particulares. Com o intuito de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, a galeria se propõe também a ser um espaço de pesquisa, experimentação e educação através de ações relacionadas. Atua em cooperação com projetos de integração da arte com o entorno, extrapolando o espaço expositivo da galeria e aproximando as obras dos artistas do público circulante. A galeria trabalha com Antonio Bandeira, Antonio Dias, Adriana Lerner, Anna Maria Maiolino, Ascânio MMM, Bruna Amaro, Erinaldo Cirino, Diogo Santos, Elisa Arruda, Fernando Mello Brum, Franz Weissmann, Ione Saldanha, José Rezende, Jota Testi, Manfredo de Souzanetto, Roberval Borges, Thiago Haidar, Washington da Selva, entre outros.

 

 

Acervo em Araraquara

03/out

 

A mostra “Ausente Manifesto” é uma parceria do Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Sesc São Paulo, Araraquara, São Paulo, SP, permanecerá em cartaz até 11 de dezembro e reúne obras do acervo do MAM-SP e de seu clube de colecionadores. As obras escolhidas inspiram a premissa da ausência percebida, evidenciam o que não está presente ao espectador, remontando ao que está invisível e que pode ser imaginado, ganhando concretude a partir do olhar do público.

“Ausente Manifesto”, com curadoria de Cauê Alves – curador do MAM, e Pedro Nery – museólogo da instituição, traz o trabalho de artistas contemporâneos que transpõem as divisões sedimentadas das linguagens artísticas, trazendo à tona um jogo entre desenho e instalações, vídeo e imagem, fotografia e representação.

Os trabalhos selecionados ganham concretude a partir do olhar do público, como no caso da obra de Regina Silveira, que projeta uma sombra de um móbile de Alexander Calder esparramando pela parede, distorcendo a peça que está ausente; ou Mácula, de Nuno Ramos, que mostra uma foto tirada diretamente para o sol e que revela um halo de luz, com inscrições em braile, criando visualidade de uma experiência primordial de significação. No jogo irônico da obra Working Class Hero, da série The Illustration of Art, de Antonio Dias, o artista se filma comendo um prato de arroz e feijão e depois lava a louça usada, colocando em questão a idealização simbólica da produção artística e do museu. “Assim, é das próprias obras que temos a experiência de espectadores da produção simbólica, e de seu questionamento”, dizem os curadores. O telhado de Marepe faz uma miragem de uma casa completa, com janelas, paredes e portas, e na obra de Damasceno é possível ver um homem que olha um quadro feito do instrumento que permite desenhar, dessa forma, o olhar do público é que confirma e atribui essas condições.

Na exposição, sente-se a ausência do objeto e, ao mesmo tempo, é possível imaginá-lo pendurado ali. Esse preenchimento é justamente o universo simbólico pretendido. “Falar do que não está presente é, na verdade, o tema central do museu. Os objetos expostos, guardados e preservados, estão lá por seus valores simbólicos, por exemplo, um simples lápis quando entra para a coleção de um museu, deixa de servir à escrita e passa apenas a atender ao olhar do visitante”, comentam os curadores.

A exposição reforça um caráter inusitado e, por vezes irônico, da arte contemporânea em deturpar a lógica de representação dos objetos que são reconhecidos por suas utilidades, estabelecendo, dessa forma, uma ordem diferente entre o que é representar e criar. A arte é produtora do simbólico de nascença, ou seja, quando criada ela não tem uma utilidade prática.

Artistas que integram a mostra: Adriana Varejão, Angela Detanico, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Cao Guimarães, Carlito Carvalhosa, Cinthia Marcelle, Coletivo Garapa, Dora Longo Bahia, Ernesto Neto, Fabiano Marques, Fabrício Lopez, Gabriel Acevedo Velarde, Gilvan Barreto, Jonathas de Andrade, José Damasceno, José Patrício, Lenora de Barros, Lucia Koch, Marcius Galan, Marepe, Matheus Rocha Pitta, Mídia Ninja, Milton Machado, Milton Marques, Nelson Leirner, Nuno Ramos, Rafael Lain, Regina Silveira, Rivane Neuenschwander, Romy Pocztaruk, Sara Ramo, Tadeu Jungle, Thiago Bortolozzo, Thiago Honório e Waltercio Caldas.

 

Fotos inéditas de Luiz Garrido

12/set

 

 

Guardadas durante mais de 50 anos, imagens exclusivas serão apresentadas na galeria samba arte contemporânea, Shopping Fashion Mall, São Conrado, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de fotos inéditas e exclusivas da lua de mel de John Lennon e Yoko Ono, feitas pelo fotógrafo carioca Luiz Garrido em Paris, Londres e Amsterdã, exibidas pela primeira vez na exposição “John Lennon e Yoko Ono – Honeymoon for Peace”, chegando à cidade depois de ter sido apresentada em 2020 na galeria Carcará Photo Art, em São Paulo. A exposição apresenta momentos privados do casal, em 27 fotos vintage, impressas em 1969, em preto e branco, em fotos únicas, sem edição. No dia 17 de setembro, às 17h, Luiz Garrido conversará com o público na galeria samba, falará sobre as fotos, as histórias que viveu com o famoso casal e como conseguiu ser o único fotógrafo do mundo a acompanhá-los em momentos íntimos durante a lua de mel, que incluiu o lançamento do “Bed-in for peace”, a campanha pela paz e contra a Guerra do Vietnã.

 

Fotos exclusivas

 

Fotógrafo freelancer da revista Manchete, Luiz Garrido estava em Paris quando o casal chegou ao famoso hotel Plaza Athenée para a lua de mel. “Todo mundo estava tentando fazer as fotos. Como eu conhecia o pessoal do hotel, mandei um bilhete com umas flores escrito: “Se não quiserem fazer a foto, fiquem com as flores”. A estratégia deu certo e Garrido e o repórter Carlos Freire foram convidados para subir e acompanhar o casal, que depois seguiu para Amsterdã e Londres, onde ficaram por cerca de dez dias, tendo seu dia a dia registrado pelo fotógrafo. “Ficamos como se fossemos parte da equipe. As fotos mostram a intimidade deles, eles gravando, fazendo músicas, vendo televisão, comendo…”, conta Garrido, que fez cerca de 350 fotos, que ainda permanecem inéditas e farão parte de um livro a ser lançado em breve. Na revista Manchete foram publicadas fotos coloridas, feitas para a matéria. As fotos em preto e branco, que são apresentadas na exposição, mostram os bastidores e foram feitas para o acervo pessoal do fotógrafo, que foi contratado pela revista depois do episódio.

 

Momentos privados

 

As imagens mostram diferentes momentos da vida pessoal de Lennon e Yoko, como Lennon escrevendo um poema, a letra de uma nova música ou reescrevendo “Give peace a chance”. As fotos também mostram Lennon, em Londres, escolhendo a capa para seu primeiro álbum solo em seu escritório. Outras fotos mostram Yoko digitando os textos de Lennon e comendo comida macrobiótica. Há também registros de Yoko servindo chá de pijama no Hilton Hotel, em Amsterdã, após uma coletiva de imprensa. Há uma foto que mostra Lennon e Ringo. É o início de sua carreira solo e a separação dos Beatles. Foi também um momento de forte engajamento político. Sobre o privilégio de ter sido o único fotógrafo a acompanhar o casal, Garrido diz: “É o modo de chegar, de dar o approach. Tentei ser diferente dos outros, e a Yoko me deixou ficar. Você nunca pode se envolver, tem que ficar de fora para poder observar. John Lennon era John Lennon e eu era só o fotógrafo, não ficava de tiete”, afirma.

 

Sobre o artista

 

Luiz Garrido (Rio de Janeiro, 1945) é um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, como fotojornalista, publicitário ou fotoartista. Foi correspondente da revista Manchete em Paris, em 1968. Voltou ao Brasil em 1971, concentrando-se em fotografia de estúdio, nas áreas editorial, de charme, moda e publicidade. Em seguida, fundou a agência Casa da Foto (com Ricardo de Vicq, Levindo Carneiro e Paulo Pinho) em 1982. Foi agraciado com o Prêmio Abril em quatro ocasiões diferentes (1980, 1983, 1987 e 1995) e considerado fotógrafo de publicidade do ano em 1983 pela Associação Brasileira de Propaganda.

 

Sobre a Samba

 

A samba arte contemporânea, fundada em 2015 por Arnaldo Bortolon e Cali Cohen, é um espaço que privilegia o diálogo contínuo entre artistas renomados e emergentes de diferentes gerações e regiões brasileiras. Com seu variado acervo em exposição permanente, apresenta de forma singular as obras desses artistas, que colocados lado a lado, nos oferecem inúmeras possibilidades de apresentação e percepção, independentemente de escala, suporte e técnica. A galeria possui dois espaços expositivos, sua ocupação se alterna entre as exposições de acervo, as individuais dos artistas representados e as de projetos curatoriais particulares. Com o intuito de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, a galeria se propõe também a ser um espaço de pesquisa, experimentação e educação através de ações relacionadas. Atua em cooperação com projetos de integração da arte com o entorno, extrapolando o espaço expositivo da galeria e aproximando as obras dos artistas do público circulante. A galeria trabalha com Antônio Bandeira, Antônio Dias, Adriana Lerner, Anna Maria Maiolino, Ascânio MMM, Bruna Amaro, Erinaldo Cirino, Diogo Santos, Eduardo Sued, Fernando Mello Brum, Franz Weissmann, Ione Saldanha, José Rezende, Jota Testi, Manfredo de Souzanetto, Roberval Borges, Rubem Ludolf, Thiago Haidar, Washington da Selva, entre outros.

 

Abertura: 14 de setembro de 2022, às 10h.

Exposição: de 15 a 25 de setembro.

Conversa com Luiz Garrido: 17 de setembro, às 17h na  samba arte contemporânea

Sobre a Carcará

 

A Carcará Photo Art foi fundada em 2016, por Carlo Cirenza (editor e diretor). A galeria já fez parcerias com grandes nomes da fotografia brasileira, como José Oiticica Filho, Athos Bulcão, Antonio Guerreiro e Luiz Garrido.