Indicado ao Prêmio PIPA 2021.

18/ago

 

 

O artista Adriano Machado possui mestrado em Artes Visuais pela UFBA e desenvolve projetos artísticos em fotografia, vídeo e objetos que buscam discutir questões sobre identidade, território, ficção e memória, investigando processos de políticas de vida. Suas obras apontam para a condição humana entre os espaços de convivência e os territórios afro-inventivos. Participou de exposições como Casa Aberta: Passagens (Casa França-Brasil, 2021); Bienal de Cerveira (Portugal, 2020); Valongo Festival Internacional da Imagem (Santos/SP, 2019); Concerto para pássaros (Goethe Institut, Salvador, 2019); Panapaná “Vamos de mãos dadas” (João Pessoa, 2018). Ganhou o prêmio principal nos Salões de Artes Visuais da Bahia em 2013 e menções especiais em 2011 e 2014, e o Prêmio Funarte de Residências Artísticas 2019. Também realizou residências artísticas na Pivô Pesquisa Ciclo III/Beck’s (São Paulo, 2020); Fluxos: Acervos do Atlântico Sul (Salvador, 2019) e VerdeVEZ, no Campo arte contemporânea (Teresina, 2019). Nasceu em Feira de Santana, BA, 1986. Vive e trabalha entre Feira de Santana e Alagoinhas, BA. Artista representado pela Galeria Kogan Amaro, São Paulo, SP.

 

 

 

 

 

 

Dois na Capa e Contracapa

25/mai

 

A Anexo LONA, Centro, São Paulo, SP, recebe (de 29 de maio a 28 de julho) exposição, com curadoria e conceito de Marcio Harum – “CAPA e CONTRACAPA” – cuja sugestão de unicidade, é “2”. O espaço abre as mostras simultâneas dos artistas Fabio Menino e Viviane Teixeira que exaltam o pictorialismo, cada um à sua maneira, utilizando-se da técnica de representação artística mais antiga do mundo: a pintura. O conceito expositivo pensado por Marcio Harum subverte paradigmas uma vez que o conteúdo é sempre buscado no miolo e não nas capas e contracapas.

“As duas exposições individuais simultâneas (…..) irrompem no espaço como som, com dois lados dissonantes, mas complementares. A proposição surge movida pela inspiração gráfica do ato de se criar uma incerta e possível ligação tátil; como frente e verso de um álbum musical, em que pinturas exibidas nas paredes são as próprias gravações sonoras” explica o curador.

CAPA, com a artista plástica carioca Viviane Teixeira, permite um passeio por seu universo pictórico ficcional, onde uma corte fantasiosa possui figuras femininas como soberanas. Referências históricas da Família Real Brasileira, games, contos dos irmãos Grimm, as cartas de baralho, os jogos de tabuleiro, o jogo de xadrez, músicas, músicos, livros e artistas como Philip Guston, Paula Rego, Louise Bourgeois, Pia Fries, Laura Lima, Cristina Canale, etc., permeiam os questionamentos que gestam a obra. “Tais questões estão vinculadas às escolhas cromáticas contundentes, aos objetos associados ao desenho e às formas híbridas e fluidas que remetem a cenas e personagens arquetípicos saídos dos contos de fadas e que travam intensos duelos e diálogos”, diz Viviane Teixeira.

“A produção da artista vem sendo publicamente acompanhada mais de perto desde sua participação no edital Programa de Exposições do CCSP em 2015, e de lá pra cá tem marcado em suas obras de pintura uma vívida sucessão de alter egos e avatares anacrônicos, estando fixados em uma mise-­‐en-­‐scène bastante singular de cenários e figurinos voltados aos jogos, rituais, hábitos e costumes de outrora”, diz Marcio Harum.

Em “CONTRACAPA”, o artista paulistano Fabio Menino apresenta telas figurativas com forte apelo realista onde as cores e formas definidas de objetos do cotidiano, ou não, mas conhecidos e quase comuns, produzidos em escala industrial, mas agora vistos por suas funções, significados e potencias pictóricas. As escolhas não são aleatórias. Os objetos representados por Fabio Menino possuem um ponto de convergência. Como explica o artista: “são suas funções: de proteção, segurança ou mesmo como ferramenta; executando um papel que um coro sozinho não pode realizar”.

“Há entre o conjunto de telas do artista uma menção a ‘99,00’ -­‐  se tal cifra é sobre o preço da carne, o valor de materiais artísticos ou um mal-­‐entendido visual qualquer,na realidade não importa. Com a seleção exposta de pinturas, a indagação que fica acerca do vínculo identitário com o mundo físico das imagens de Fabio Menino traduz-­‐se por ser pura ficção, ou não”, elucida Marcio Harum.

Sobre o curador

Marcio Harum vive em São Paulo. Trabalha na interseção entre curadoria, programas públicos e educação. Coordenou o programa “CCBB – Arte e Educação” no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, entre 2018 e 2020. Foi curador de artes visuais do Centro Cultural São Paulo entre 2012 a 2016 e dirigiu o programa “experiências dialógicas” no Centro Cultural de España, São Paulo, entre 2009 a 2011. Tem participado de comissões julgadoras dos mais diversos editais de artes visuais do país. Vem realizando cursos, interlocuções, laboratórios e acompanhamentos artísticos em diversos formatos on-line. Integra o comitê curatorial da 1ª Bienal de Arte Contemporânea SACO no Chile.

Sobre os artistas

Fabio Menino vive e trabalha em São Paulo. Bacharelando em Arte e Design na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG. Possui cursos de apoio e aperfeiçoamento em artes plásticas – Arte no Brasil, Relatos Alternativos | Tadeu Chiarelli; Arte Contemporânea | Pedro França; Conversa Circular | Leda Catunda (Instituto Tomie Ohtake, SP); Arte Contemporânea: História | Mirtes Marins, entre muitos, além de atuar como assistente direto de artistas como Stephan Doitschinoff, Paulo Nimer PJ e Hildebrando de Castro. Em sua trajetória artística, participou de mostras coletivas em galerias e instituições, tais como Cartografias , Instituto de Artes e Design, UFJF , Juiz de Fora-MG, SAV – Salão de Artes Visuais de Vinhedo, Vinhedo-SP, 15º Salão Nacional de Arte de Jataí, Museu de Arte Contemporânea de Jataí – Jataí-GO, Prêmio aquisitivo – 45º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Santo André-SP, 26º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande, Praia Grande-SP, 44º SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo – MARP, Ribeirão Preto, SP, Mostra de Arte da Juventude-MAJ – SESC Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Sauna Mística – Galeria AM – São Paulo, SP, Casa Carioca – MAR | Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ.

Viviane Teixeira vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Pintura pela EBA, UFRJ (2003) e cursou EAV do Parque Lage, RJ (2004-12). Foi selecionada para as exposições individuais: The Queen seated inside her Castle – A Rainha Suplente, Capítulo II, CCSP/SP (2015-16) e The Queen seated inside her Castle – A Sala do Trono, Paço Imperial, RJ (2016) e para as coletivas: Arte Londrina 7 (2019), 14° Salão de Artes de Itajaí, SC (2018), 18° Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, Panoramas do Sul, Sesc Pompéia, SP (2013-14), 4° Salão dos artistas sem galeria, Zipper Galeria e Casa da Xiclet, SP (2013), 36° SARP, Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo, SP (2011), 17° Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Galeria de Arte Graça Landeira, Belém, PA (2011), Abre Alas 5, Galeria A Gentil Carioca, Barracão Maravilha, RJ (2009), Artistas selecionados na Universidarte XIV, Intervenção no Museu da República, RJ (2007), Novíssimos 2007, Galeria de Arte IBEU, RJ e Selecionados Universidarte XIV, Casa França-Brasil, RJ (2006) além de participar de outras exposições em galerias e centros culturais no Brasil ao longo desses anos, como a individual As múltiplas faces da Rainha, na Galeria Movimento,RJ (2017).

Galeria do Lago, no Museu da República

13/dez

No dia 14 de dezembro, a Galeria do Lago, no Museu da República, Catete, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Jardim do Éden”, da artista Patrizia D’Angello, com curadoria de Isabel Portella. A exposição apresenta 25 pinturas recentes e inéditas e o conceito foi pensado a partir dos muitos banquetes realizados no Palácio do Catete, sede do Governo Federal entre 1896 e 1960 e que hoje abriga o Museu da República

 

“Numa narrativa bem humorada, mas repleta de sutis paralelos, a artista se debruça sobre os grandes temas da pintura figurativa, o retrato, a paisagem e a natureza morta. Em seus trabalhos, Patrizia procura discutir os limites do real, da mímesis e as implicações no mundo contemporâneo”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

Para realizar a exposição, a artista mergulhou no acervo do Museu, em documentos relacionados ao tema, como uma bela coleção de convites e menus das muitas recepções ocorridas ali, bem como fotos, vasos, pratarias, sancas e mobiliário pertencentes ao Palácio do Catete, que aparecem nas obras mesclados a seu repertório poético.

 

De família italiana, Patrizia D’Angello cresceu rodeada por encontros em volta da mesa, com comida farta. Para ela, “comer junto é uma maneira de se compartilhar afeto”. Desta forma, seu trabalho sempre esteve atravessado pela comida, que, em suas naturezas mortas, ganham outras camadas de sentido. Movida por um humor dionisíaco e tendo como norte a Pop Art e a Tropicália, os trabalhos de Patrizia D’Angello estão sempre reverberando questões do feminino/feminismo. Em uma operação ambivalente de afirmação e crítica, a artista desloca sentidos e, com humor, joga luz sobre a pretensa “normalidade” do patriarcado e suas práticas predatórias. “A abordagem desse espaço tão representativo do poder, do patriarcado, da ordem vigente, se dá através do campo relegado desde sempre ao domínio das mulheres, a cozinha, a mesa, a decoração, o enfeite, o bordado, o doce, o belo… Um universo, segundo essa lógica dominante, menor, secundário, fútil e frívolo, por isso mesmo entregue de bom grado às mãos que vieram pra servir”, ressalta a artista.

 

A grande pintura “Jardim do Éden”, que dá nome à exposição, retrata um piquenique realizado sobre uma canga com a imagem da famosa pintura do renascimento, “O nascimento da Vênus”, de Sandro Botticelli (Itália, 1445 – 1510). “Também queria falar da área externa do museu, do lindo parque e dos convescotes que ali aconteceram no passado de forma reservada e que seguem acontecendo hoje com o espaço convertido em museu, de forma pública e democrática”, explica a artista, que em suas pesquisas encontrou imagens da família de Pereira Passos (1836-1913), prefeito do então Distrito Federal entre 1902 e 1906, nos jardins do Palácio do Catete.

 

A imagem da Vênus de Botticelli, uma das tantas idealizações da mulher presentes na História da Arte, serve de leito para um piquenique, onde, junto ao seu peito, repousa uma faca e sobre seu corpo é servida a comida. O trabalho se chama “Jardim do Éden” e, a um só tempo, a artista relaciona a idealização, a objetificação, a exploração e toda uma narrativa milenar escrita por homens sobre o que foi e qual deve ser o papel da mulher.

 

O pensamento crítico aparece sempre de forma sutil, quando a sobreposição do título à imagem produz um ruído desconsertante. “O título dos trabalhos é parte indissociável da obra, pois é através do deslocamento de sentido engendradado nessa operação de nomear que desenvolvo a narrativa que me interessa explorar”, conta Patrizia D’Angello. Muitas vezes, os nomes das obras remetem a questões que não estão retratadas diretamente na pintura. Um exemplo disso é a obra “Canavial”, com a imagem de um açucareiro de prata. A figura bonita, que remete à riqueza, é quebrada com a lembrança do título, que imediatamente remete à exploração e à escravidão. No entanto, tudo é feito de forma leve, quase imperceptível e, a um primeiro olhar, o que se vê são belas e sedutoras imagens. “Se o feminismo, a sensualidade erótico-sensorial, o patriarcado, a exploração são questões que interessam à artista explorar, ela o faz com humor, numa crítica que expõe engrenagens perversas e desnuda atitudes machistas, sem perder a doçura”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

“Retrato mulheres insurgentes e empoderadas a debochar desse mundo constituído sob valores alheios e desfavoráveis, piqueniques, mesas, comidas, doces, vasos e ornamentos onde tudo parece estar onde deveria estar exceto pelo fato de que essa afirmação resvala numa bem humorada crítica”, diz a artista.

 

Sobre a artista

 

Patrizia D’Angello nasceu em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio e em Moda pela Candido Mendes, a partir de 2008, cessou todas as atividades em outras áreas pra se dedicar exclusivamente à arte. Desde então, desenvolve uma poética que, através de artifícios da narrativa do cotidiano, incorpora e comenta a vida em suas grandezas e pequenesas, em seus potenciais de estranhamento e em suas banalidades, espelhando e refletindo aquilo que diz respeito à vida. Transita pela produção de objetos, performance, fotografia, video e, mais assiduamente, pela pintura. Frequentou a Escola de Artes Visuais no Parque Lage, onde realizou diversos cursos. De setembro de 2014 a Março de 2015 esteve no programa de bolsa residência-intercâmbio com a École Nationale Superieure des Beaux Arts de Paris. Foi indicada ao prêmio PIPA em 2012. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Lush” (2018), no Centro Cultural Municipal Sergio Porto, no Rio de Janeiro; “Assim é se lhe parece – Casa, Comida e Roupa Lavada” (2016), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro; “Kitinete” (2016), no Ateliê da Imagem, no Rio de Janeiro; “No Embalo das Minhas Paixões”, na Galeria de Arte IBEU, no Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas últimas exposições coletivas estão: “Primeiro salão de Arte Degenerada”, no Ateliê Sanitário, “Rios do Rio”, no Museu Histórico Nacional, “Passeata”, na Galeria Simone Cadinelli, “My Way”, na Casa França-Brasil, todas este ano, no Rio de Janeiro; “Futebol Meta Linguagem” (2018), no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, no Rio de Janeiro; “Poesia do Dia a Dia” (2017), no Centro Cultural Sergio Porto, no Rio de Janeiro; “Quero que Você me Aqueça nesse Inverno” (2016), no Centro Cultural Elefente, em Brasília; “Attentif Ensemble” (2015), no Jour et Nuit Culture, em Paris; “Portage” (2014), no ENSBA, em Paris; “Como Se Não Houvesse Espera” (2014), no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, entre outras.

 

Sobre a Galeria do Lago

 

A Galeria do Lago apresenta programas contínuos de exposições de arte contemporânea, que visam a discutir aspectos da produção da arte atual, com obras que de alguma maneira se relacionem com o Museu da República.

 

De 14 de dezembro de 2019 a 15 de março de 2020.

 

Instalação de Daniel Senise

25/jul

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura no dia0 3 de agosto a exposição “Antes da Palavra”, exibição individual de Daniel Senise. A abertura ocorre às 14h e pode ser visitada até 29 de setembro, no Átrio e 2º e 3º andares.

 

Com curadoria de Daniela Labra, a mostra apresenta 23 trabalhos de Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, constituída por duas grandes telas suspensas no Átrio, postadas frente a frente, cujas lonas são lençóis usados em um motel carioca e no INCA – Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. “As marcas e manchas visíveis nas superfícies das peças são prova de um tempo transcorrido que é protagonista. Nesse lugar, essa representação – como numa natureza-morta, é substituída pela temporalidade de fato, palpável, a qual exacerba um segundo paradoxo, o da representação/real, contido na obra de arte contemporânea”, explica a curadora.

 

O título da obra decorre do cálculo de pessoas que passaram por esses lençóis ao longo de seis meses. Senise pouco interferiu na maculada imensidão branca, de onde saltam imagens mentais de estórias pessoais desconhecidas. Os números das presenças/ausências, registros, lembranças, momentos de muito amor, mas também de muita dor, impregnados nos tecidos foram alcançados com a ajuda de um matemático e nomeiam cada face da instalação: “Branco 237″ refere-se à movimentação no hospital, enquanto “Branco 1.350″, no motel.

 

Somadas, essas cifram atingem 1.587 dramas e êxtases de desconhecidos amalgamados nesta obra de aspecto solene e vertiginoso. Em Porto Alegre, por questões de adequação ao espaço, esta é uma versão reduzida do trabalho original, intitulado “2.892”, criado no final da década de 1990 e exibido apenas em 2011, na Casa França-Brasil, Rio.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

Outra novidade da mostra é a joia feita com exclusividade por Daniel Senise para a Fundação Iberê Camargo, à venda na loja do espaço cultural. “A peça corresponde ao inverso dos nichos das placas de concreto aparente presentes na fachada da Fundação. O objeto foi moldado em um nicho próximo à entrada da arquitetura de Álvaro Siza e se encaixará perfeitamente, funcionando como uma “chave de acesso” ao prédio”, diz o artista.

 

“Museu”, exposição de Daniel Senise

15/abr

Encontra-se em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, a exposição “Museu”, exibição individual de Daniel Senise. “Museu” reúne um conjunto de nove obras recentes – seis pinturas em grandes formatos e três trabalhos em papel – criadas entre 2017 e 2019. São monotipias que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo – como a National Gallery (Londres), a Frick Collection (Nova Iorque), o Rijksmuseum (Amsterdan) e o Museu Nacional de Belas Artes (RJ) -, e aquarelas que reproduzem a padronagem dos pisos de madeira de instituições culturais, como o Museu de Arte Antiga de Lisboa.

 

Ao longo dos seus mais de 30 anos de atividade trabalhando nos limites da figuração na pintura, Daniel Senise é considerado um dos maiores expoentes da chamada “Geração 80″ e se afirma como um nome importante na cena internacional contemporânea. Para a curadora Daniela Name, nessa exposição Senise reinveste na questão fundamental de sua obra: a ênfase no ausente. As telas representam os espaços vazios dos museus, vestígios e fragmentos que evocam a memória desses locais. “O conjunto de obras reunidas em Museu evidencia como a imagem latente – ela que não está – atinge uma força radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las. Ela é talvez mais presente em sua ausência do que seria em sua representação”, afirma Daniela em seu texto curatorial.

 

 

A palavra da curadora

 

Reencenar a pintura

 

Museu reúne um conjunto de pinturas recentes de Daniel Senise que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo – caso da National Gallery, em Londres, e da Frick Collection, em Nova Iorque -, além de aquarelas que reproduzem a padronagem dos pisos de madeira de instituições culturais. Os museus são hoje uma espécie de ruína, uma nostalgia de outro tipo de relação com a imagem. Apontam para a saudade de um diálogo mais vagaroso e áspero, distante da aceleração das redes sociais e suas fotografias produzidas num turbilhão ininterrupto, mas efêmero e deslizante, com pouquíssima aderência à memória.

Ao se relacionar com os museus, Senise reinveste na questão fundamental de sua obra: a ênfase no ausente. Ao longo de sua carreira, o artista se apropriou de obras de Giotto, Caspar Friedrich, Michelangelo e James Whistler, adulterando-as, velando-as integralmente ou abrindo mão de alguns de seus detalhes fundamentais; também marcou a trajetória de um bumerangue sem apresentar o objeto; usou lençóis de hospitais e motéis para criar uma monumental Via Crucis de corpos ausentes.

Aquilo que falta está ainda em Ela que não está – nome de obra paradigmática que aponta para a ausência que sempre foi o princípio e o fim, aquilo que mais importa em sua obra. O protagonismo dessa imagem recalcada, proveniente de outro tempo e outro espaço, tem feito da obra de Senise uma espécie de conversa com fantasmas.

Tais espectros jamais foram assustadores para o artista. E o conjunto de obras reunidas em Museu evidencia como a imagem latente atinge uma voltagem radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las. Assim como Hamlet, que conversa desenvoltamente com o fantasma de seu pai, Senise vem lidando com o legado de imagens da história da arte como um fóssil em brasa, o leitfossil em constante movimento de que nos fala Warburg. O príncipe atormentado de Shakespeare monta uma peça dentro da peça, num paradigma para a metalinguagem artística. Ao dar outra vida para esses museus amputados, Senise reencena a pintura dentro da pintura, num jogo de reflexos por vezes dilacerante e inquisidor: o que temos feito com as imagens que nos importam?

Daniela Name, curadora.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Senise nasceu em 1955 no Rio de Janeiro. Em 1980, se formou em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo ingressado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no ano seguinte, onde participou de cursos livres até 1983. Foi professor na mesma escola de 1985 a 1996. Desde os anos oitenta, o artista vem participando de mostras coletivas, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de La Habana, a Bienal de Veneza, a Bienal de Liverpool, a Bienal de Cuenca, a Trienal de Nova Delhi, entre outras realizadas no MASP e no MAM de São Paulo; no Musee d’Art Moderne de la Ville de Paris; no MoMA, em New York; no Centre Georges Pompidou, em Paris; e no Museu Ludwig, em Colônia, na Alemanha. Daniel Senise também tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, entre eles o MAM do Rio de Janeiro; o MAC de Niterói; o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; a Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro; o Museum of Contemporary Art Chicago; o Museo de Arte Contemporáneo, em Monterrey, no México; a Galeria Thomas Cohn Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro; a Ramis Barquet Gallery e a Charles Cowley Gallery, em Nova York; a Galerie Michel Vidal, em Paris; a Galleri Engström, em Estocolmo; a Galeria Camargo Vilaça, em São Paulo; a Pulitzer Art Gallery, em Amsterdam; a Diana Lowenstein Fine Arts Gallery, em Miami; a Galeria Silvia Cintra, no Rio de Janeiro; a Galeria Vermelho, em São Paulo; a Galeria Graça Brandão, em Lisboa; e a Galeria Nara Roesler de Nova York. Atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

 

 Sobre a curadora

 

Daniela Name nasceu no Rio de Janeiro, em 1973. É crítica e curadora de arte, doutora em Comunicação e Cultura e mestre em Histórica e Crítica da Arte pela UFRJ e autora dos livros Norte – Marcelo Moscheta (2012), Almir Mavigner (2013) e Amelia Toledo – Forma fluida (2014). É crítica-colaboradora do jornal O Globo; editora da Revista Caju, uma publicação online dedicada a ensaios e críticas de arte e cultura e assessora de Cultura e Arte da Associação Redes da Maré.

 

 

Até 13 de julho.

Piti Tomé no Paço Imperial

09/abr

Na próxima quinta-feira, dia 11 de abril, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “90 tentativas de esquecimento”, com mais de 100 obras inéditas da carioca Piti Tomé, que discutem questões sobre a memória e o esquecimento, em trabalhos que giram em torno da fotografia. Com curadoria de Efrain Almeida, a exposição ocupará dois espaços do Paço Imperial, com obras produzidas entre 2018 e 2019, que dialogam entre si. Esta é a primeira exposição individual da artista em uma instituição, após ter começado sua trajetória em 2012, e já tendo participado de mostras coletivas no MAM Rio, onde possui obras na coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio; na Casa França-Brasil; no Museu da República; no Parque Lage; no Espaço Cultural BNDES, entre muitos outros. Paralelamente à exposição no Paço Imperial, a artista apresenta mostra na C. Galeria, no Jardim Botânico. 
 
Até 07 de julho.

Maiolino na Luisa Strina

15/fev

A segunda mostra individual de Anna Maria Maiolino na Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, (até 23 de março) antecede em poucos meses uma grande retrospectiva que está sendo preparada para o PAC – Padiglione d’Arte Contemporanea, de Milão. Intitulada “O amor se faz revolucionário”, de 28 de março a 09 de junho, a exposição tem curadoria de Diego Sileo e é a maior já realizada pela artista em seu país natal, e segue do PAC Milano para a Whitechapel Gallery, em Londres, de outubro de 2019 a janeiro de 2020. Celebração dos 60 anos de trajetória da artista – que engloba mais de 50 mostras individuais, além de participações em mais de 300 exposições coletivas -, “O amor se faz revolucionário” envolve todas as mídias com as quais Maiolino trabalha: desenho, escultura, vídeo, performance, arte sonora, instalação, fotografia e gravura, e na mostra em Milão ela apresentará uma performance inédita.

 

Antes de embarcar para a Itália, Anna Maria Maiolino exibe “EM TUDO – TODO”, 19 obras que tem como protagonista a linha, com seus pontos constitutivos, tanto nas esculturas como nos desenhos expostos. São 4 peças da série “Cobrinhas”, realizadas em 2018, trabalhos escultóricos que a artista vem desenvolvendo há quase 30 anos com a mesma metodologia e técnica, em que o gesto de confeccionar rolinhos (como linha), repetido, configura as esculturas, finalizadas em cimento estrutural branco e pó de mármore. Completam a mostra 15 trabalhos sobre papel, pertencentes às séries “Conta-Gotas”, de 2016; “Pulsões & Traços”, de 2015; “Meandros”, de 2014; “Projetos de Escarificações”, de 2012; e “Vestígios”, de 2012.

 

“Do ponto e da linha já nos falou Kandinsky lindamente, basta recordar seus pensamentos como: “Tudo começa num ponto, e nasce a linha”. É ela que confere a materialidade dos rolinhos ou cobrinhas, e é ela também que compõe as experiências gráficas dos desenhos – e do desenho de todos os tempos, mas que se renova na poética aqui apresentada”, explica a artista. Anna Maria Maiolino já discorreu, em diferentes oportunidades, sobre a importância da linha em seu trabalho. Em uma conferência proferida em Nova York, em 2010, a artista esclarece: “Tomo como ponto de partida a linha desenhada. Pois o desenho foi e é a primeira ferramenta a ser utilizada, que me serve de ponte para agenciar minha mente do imaterial para o tangível e faz com que eu diga: “existo porque desenho”. Pois, quem desenha, desenha seus próprios desejos, na conjunção com as experiências do viver”.

 

No curso deste “ver originário” e se apoiando em sua própria experiência de artista, Anna Maria Maiolino reafirma que o desenho é produto do agenciamento da mente com as funções e as ações básicas do viver humano. “Estas funções e ações tão ancestrais tornam o desenho UNO com as possibilidades da construção da linguagem – substrato do nosso código genético. Construindo a linguagem, materializando sentimentos, damos e recebemos, numa relação simbiótica de intercâmbios. Nesse sentido, a percepção – atividade originária da consciência – faz eclodir e manifesta a significação junto com o objeto. (…) Os surrealistas diziam que o desenho é o ECO das nossas pulsões e dos nossos sonhos. Para mim ele é isso, mas é também construção de materialidade, porque a linha materializada pode ocupar as múltiplas dimensões do espaço real.”

 

 

Sobre a artista

 

Em 2017, uma ampla retrospectiva da obra de Maiolino foi apresentada no MoCA Los Angeles, como parte do projeto Pacific Standard Time: LA/LA, patrocinado pela Getty Foundation. Em 2010, uma importante retrospectiva itinerante foi apresentada na Fundação Antoni Tàpies, Barcelona, viajou para o Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela, Espanha, e para o Malmö Kunsthalle, na Suécia (2011). A obra de Maiolino integra mais de 30 coleções de museus e instituições culturais no Brasil e no exterior, entre os quais se destacam MoMA, MoCA Los Angeles, MASP, Malba, Reina Sofia, Centre Pompidou, Tate Modern e Galleria Nazionale di Roma. Suas principais exposições individuais, a partir da década de 2000, incluem Errância Poética (Poetic Wanderings), Hauser & Wirth, Nova York (2018); TUDO ISSO, Hauser & Wirth, Zurique (2016); CIOÈ e performance in ATTO, Galleria Raffaella Cortese, Milão (2015); Ponto a Ponto, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2014); Afecções, Prêmio MASP Mercedes–Benz de Artes Visuais, MASP, São Paulo (2012); Continuum, Camden Arts Centre, Londres (2010); Territories of Immanence, Miami Art Center, Miami (2006); Muitos, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2005); Vida Afora/A Life Line, The Drawing Center, Nova York (2002); e N Times One (da série Terra Modelada), Art in General, Nova York (2002). Entre as mostras coletivas de que participou em anos recentes, destacam-se Mulheres Radicais, Pinacoteca do Estado, São Paulo (2018); Radical Women: Latin American Art, 1960–1985, Hammer Museum, Los Angeles (2017); Delirious: Art at the Limits of Reason, 1950-1980, MET Breuer, Nova York (2017); Lugares do Delírio, MAR – Museu de Arte do Rio (2017); Resistence Performed – Aesthetic Strategies under Repressive Regimes in Latin America, Migros Museum, Zurique (2015); The EY Exhibition: The World Goes Pop, Tate Modern, Londres (2015); International Pop, Walker Art Center, Minneapolis (2015); The Great Mother, Palazzo Reale, Milão (2015); Impulse, Reason, Sense, Conflict, CIFO Art Space, Miami (2015); Artevida, MAM Rio de Janeiro e Casa França-Brasil, Rio de Janeiro (2014); DOCUMENTA 13, Kassel (2012); On Line: Drawing Through the Twentith Century, MoMA, Nova York (2010); 29ª Bienal de São Paulo (2010).

 

 

Até 23 de março.

Carnaval & arte Contemporânea

12/fev

Um dos principais nomes da performance brasileira contemporânea, Tiago Sant’Ana iniciou o ano com agenda cheia. Com a exposição “Baixa dos Sapateiros” – em cartaz na Simone Cadinelli Arte Contemporânea -, que foi prorrogada até 28 de fevereiro, neste mês o artista reuniu carnaval e arte contemporânea. No dia 9, Tiago apresentou uma obra no Baile da Aurora Sincera!, no Solar dos Abacaxis, junto com mais 29 artistas investigando e experimentando a poderosa intercessão entre carnaval, política e arte. O evento contou com dois blocos, show surpresa e DJs.

 

O artista também participa da exposição “Uma delirante celebração carnavalesca – O legado de Rosa Magalhães”, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, com uma homenagem à trajetória de Rosa Magalhães, com duração de 40 dias, até 27 de abril. A mostra faz parte do projeto Carnavalize, que resgata a história da folia e homenageia diversas personalidades do Carnaval.

 

A exposição foi dividida em três núcleos temáticos: “Os Brasis e Brazis”, “Antropofagia Cultural” e “O Imaginário Viajante”. Neste contexto, Tiago Sant’Ana e os outros artistas convidados realizaram uma releitura do universo da artista, marcando a importância e reverberação do trabalho da carnavalesca no universo folião por várias gerações.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Sant’Ana nasceu em Santo Antônio de Jesus, Bahia, em 1990. É artista performático, doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Desde o ano de 2009 desenvolve pesquisas em performance e seus possíveis desdobramentos. Como artista, seus trabalhos imergem nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras – tendo influência das perspectivas decoloniais.  Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018. Realizou a exposição solo “Casa de purgar”, 2018, no Museu de Arte da Bahia e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como “Histórias Afro-atlânticas”, 2018, no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” – 2017 – 2018, no Fowler Museum at UCLA, “Negros indícios”, em 2017, na Caixa Cultural São Paulo, “Reply All”, em 2016, na Grosvenor Gallery, e “Orixás”, 2016, na Casa França-Brasil. Entre 2016 e 2017 foi professor substituto do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia.

 

Tiago Sant’Ana, performance/workshop

11/jan

O ano começa com agenda cheia na Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ: na segunda quinzena de janeiro, a galeria promoverá workshop e performance do artista visual Tiago Sant’Ana. Nos dias 14 e 15 de janeiro, Tiago ministra o workshop “A Performance Negra nas Artes Visuais do Brasil”, com o objetivo de debater a linguagem da performance e seus intercâmbios estéticos com as poéticas negras. O conteúdo programático envolve um panorama sobre a história da arte da performance, discussão dos conceitos de arte afro-brasileira e arte negra e dos cruzamentos conceituais entre performance e a questão da negritude no Brasil. Na ocasião também será apresentado um repertório histórico de artistas da performance negra nas artes visuais do Brasil, com ênfase nos desafios e nas potências de produzir arte negra na contemporaneidade. Este workshop se destina a artistas visuais, ativistas, pessoas pesquisadoras do campo das artes e demais interessadas.

 

No dia 16, quarta-feira, às 19h30, Tiago Sant’Ana realiza uma performance, revelando uma estratégia da produção do açúcar na Bahia através do uso de uma forma com nome “pão de açúcar”. Supostamente, é a estrutura em metal que inspira o nome da pedra no Rio de Janeiro. A performance “Pão de Açúcar” tem como proposta aproximar a cultura da cana-de-açúcar da Bahia com a paisagem carioca, instigando o público a pensar numa dobra do tempo e do espaço, já que a própria exposição do artista, “Baixa dos Sapateiros” que está em cartaz na galeria, abre esse entre lugar no Rio de Janeiro para pensar uma geografia histórica de Salvador. “Salvador e Rio de Janeiro possuem muitas histórias em comum, basta pensar em todas as pessoas negras escravizadas que chegaram nessas duas localidades e como as culturas dessas cidades se sustentam em boa parte na cultura afro e no trabalho das pessoas negras”, afirma o artista.

 

 

Sobre a exposição “Baixa dos Sapateiros”

 

A mostra individual, que vai até o dia 13 de fevereiro, trata da imagem histórica dos sapatos como símbolo de libertação pós-abolição negra no Brasil. Essa abolição, oficiosa e sem reparação, era simbolizada pelo gesto de pessoas negras poderem calçar sapatos – tal qual a população branca. O título, “Baixa dos sapateiros”, remete a uma região de mesmo nome em Salvador, Bahia, local em que muitas pessoas negras recorriam para confeccionar seus sapatos. “O nome surge com essa proposta de falar de um lugar em que muitas pessoas iam desejando essa representação da liberdade, que eram os sapatos”, informa o artista. “Era uma geografia que simbolicamente envolvia uma expectativa por essa promessa de cidadania para as pessoas negras, que nunca chegou completamente até hoje”, revela. Considerado um dos pontos altos da exposição, as esculturas com sapatos de açúcar cristal estabelecem um paralelo com o complexo sistema de exploração da cana-de-açúcar e a chegada de muitos engenhos na região do Recôncavo. Clarissa Diniz é responsável pela curadoria da exposição, que conta com vídeo, fotografias, objetos e instalações em torno do tema.

 

 

Sobre o artista

 

Tiago Sant’Ana nasceu em 1990, em Santo Antônio de Jesus. É artista performático, doutorando em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia. Desenvolve pesquisas em performance e seus possíveis desdobramentos desde 2009. Seus trabalhos como artista tratam de imersões nas tensões e representações das identidades afro-brasileiras. Foi um dos artistas indicados ao Prêmio PIPA 2018. Realizou recentemente a exposição solo “Casa de purgar”, 2018, no Museu de Arte da Bahia e no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Participou de festivais e exposições nacionais e internacionais como “Histórias Afro-atlânticas”, 2018, no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis”, 2017-2018, no Fowler Museum at UCLA, “Negros indícios”, 2017, na Caixa Cultural São Paulo, “Reply All”, 2016, na Grosvenor Gallery, e “Orixás”, 2016, na Casa França-Brasil. Foi professor substituto do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia entre 2016 e 2017.

My Way

Atravancando meu caminho,

Eles passarão…

Eu passarinho!”

Mario Quintana

 

Em seu “Poeminho do Contra” Mario Quintana faz troça, nada circunstancial, do fato de ter sido rejeitado (novamente) como membro da Academia Brasileira de Letras (assim reza a lenda), e de maneira sarcástica, dentro de seu linguajar direto e sem pompa, característica do poeta que acabou por deixar uma marca indelével na literatura brasileira, nos fala do eterno embate entre permanência e efemeridade. Para Hannah Arendt a permanência de uma obra de arte dá à Humanidade uma sensação de imortalidade pelo que é criado por meros mortais, uma constância que se sobrepõe ao tempo.

 

Reunidos em torno da ideia de apresentar o seu mundo particular tanto das ideias quanto das imagens, os artistas da mostra “My Way” abrem o ano expositivo da Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com liberdade de apresentarem novos trabalhos ou revisitarem questões que entendam ainda em voga de processos anteriores e que precisem ser novamente evocados pelo olhar do outro, pelo público que, como dizia Marcel Duchamp, “…mais tarde se transforma na posteridade (…), estabelece o contato entre a obra de arte e o mundo exterior”.

 

A exposição pretende ressaltar a diversidade de pensamentos, e de como é possível estarem lado a lado, conviverem pacífica e harmoniosamente linguagens as mais variadas, que se apresentam não como um impedimento ao diálogo, ao contrário, como motor que faz girar a engrenagem do saber, da curiosidade, do despertamento e do deslumbramento. Cada um faz a sua jornada íntima. Como diz a música: “eu vivi uma vida plena, viajei por todos os caminhos, mas mais do que isso, eu fiz do meu jeito”.

 

Osvaldo Carvalho (curador)

 

 

 

Artistas: Angela Od, Bet Katona, Cesar Coelho, Eduardo Mariz, Fábio Carvalho, Gabriel Grecco, Helena Trindade, Hugo Houayek, Jozias Benedicto, Leonardo Videla, Lia do Rio, Marcia Clayton, Osvaldo Carvalho, Osvaldo Gaia, Otavio Avancini, Patrizia D’Angello, Paulo Jorge Gonçalves, Rafael Vicente, Raimundo Rodriguez, Rodrigo Pedrosa, Stella Margarita, Suely Farhi, Viviane Teixeira.

 

 

 

 

Até 11 de fevereiro.