Uma trajetória

18/nov

 

Fundada em São Paulo, em 2006, a Galeria Kogan Amaro possui atualmente duas unidades. A matriz ocupa um espaço de 230 metros quadrados e pé direito duplo no coração do bairro dos Jardins, em São Paulo, SP. Em maio de 2019, a galeria abriu sua filial em Zurique, em um espaço de 350 metros quadrados inaugurado com uma exposição de Nuno Ramos. A Kogan Amaro/Zurich situa-se no Löwenbräu Cultural Center, um complexo de museus e galerias na maior e mais dinâmica cidade da Suíça.

A vibrante programação contemporânea da galeria conta com o trabalho de artistas emergentes e em ascensão como Samuel de Saboia, Élle de Bernardini, Mirela Cabral, Bruno Miguel, Daniel Mullen, Mundano, Patricia Carparelli e Tangerina Bruno, e também de artistas brasileiras consolidadas como Nazareth Pacheco e Marcia Pastore, entre outros.

 

A Kogan Amaro organiza eventos duplos com um mesmo conceito, como a exposição da artista contemporânea Fernanda Figueiredo “A visita de Max Bill”, que aconteceu na galeria de Zurique simultaneamente à exposição histórica “Arte concreta dos anos 1950”. Esta mostra coletiva exibiu obras dos fundadores do movimento concretista no Brasil que haviam sido inspirados pela visita de Bill à primeira edição da Bienal de São Paulo, em 1951, como os finados artistas Willys de Castro, Lothar Charoux, Hércules Barsotti, Luiz Sacilotto e Judith Lauand. A filial suíça também organizou exposições individuais históricas com as obras de Frans Krajcberg, Servulo Esmeraldo e Flávio de Carvalho.

 

O portfólio da Kogan Amaro, de artistas consagrados com sólidas carreiras institucionais e de artistas contemporâneos emergentes, reflete o espírito ousado dos jovens sócios que a comandam, o casal Ksenia Kogan Amaro e Marcos Amaro, ambos de 35 anos de idade, que mesmo antes da galeria sempre estiveram envolvidos com as artes. A sócia-diretora e co-fundadora da galeria, Ksenia Kogan Amaro, nascida em Moscou, é também uma aclamada pianista clássica, colecionadora e artista performática. Ksenia concebeu um projeto de performance que apresentou ao redor do mundo junto com o ator John Malkovich, colaborou com Plácido Domingo, criou projetos para a UNESCO, e tocou em concertos para chefes de estado e para as famílias reais da Espanha e da Bélgica. O fundador da galeria, Marcos Amaro, é também artista plástico, colecionador, formado em Filosofia e Finanças, empreendedor e patrono das artes, assim como presidente do Museu FAMA e FAMA Campo.

 

A Galeria Kogan Amaro também atua como representante da Fábrica de Arte Marcos Amaro. A instituição promove arte-educação gratuita para a comunidade local, incluindo escolas públicas e privadas; realiza seminários; organiza exposições; concede bolsas e residências para artistas; confere um prêmio anual a artistas escolhidos por um júri de críticos de arte e especialistas; assim como patrocina intercâmbios com instituições culturais brasileiras e estrangeiras, visando a preservação, promoção e exposição da arte brasileira e internacional. O Museu FAMA foi criado em 2012 em uma propriedade de 25.000 metros quadrados que originalmente abrigava uma antiga fábrica têxtil do início do século XX, na cidade de Itu, região com uma população de 2 milhões de pessoas, a 50 minutos da capital do estado de São Paulo. Constituída desde 2008 com foco na arte brasileira, sua coleção permanente excede 2000 obras, desde as do século XVIII (Aleijadinho), passando pelo Modernismo brasileiro do século XX (Tarsila do Amaral, Pancetti, Di Cavalcanti, Portinari, Flávio de Carvalho, Brecheret, Lasar Segall, Antonio Gomide, Anita Malfatti, Maria Martins, etc.) ao FAMA Campo, dedicado exclusivamente à land art. A potência da coleção permanente está contida em seus trabalhos conceituais e contemporâneos criados por artistas icônicos como Tunga, Leda Catunda, Jac Leirner, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Maria Nepomuceno, Carmela Gross, Laura Lima e Nelson Leirner, muitos dos quais foram exibidos em edições passadas da Bienal de São Paulo, da Bienal de Veneza e da Documenta de Kassel. A coleção consiste principalmente em obras tridimensionais em grandes formatos, mas há também um grande número de pinturas, gravuras, desenhos, fotos, instalações, etc. Desde junho de 2018, a enorme área externa da FAMA foi remodelada em um jardim de esculturas com obras em grandes formatos de artistas renomados, como Nuno Ramos, Caciporé Torres, Emanoel Araújo, Gilberto Salvador, Frans Krajcberg, José Resende, José Spaniol, Marcos Amaro, Mario Cravo, Mestre Didi, Sergio Romagnolo e Henrique Oliveira. O Museu FAMA é o maior patrimônio privado de arte do estado de São Paulo, e um dos museus mais inovadores do Brasil, visando promover e disseminar o rico e diverso legado artístico do país.

 

 

Trajetória da Galeria Kogan Amaro

 

Quando adquiri a marca Emmathomas em 2017, não tinha nenhuma experiência como galerista, e nenhum faturamento. Após três anos de muita dedicação, construímos uma equipe sólida e consistente, representamos um elenco de artistas altamente qualificados e jovens promissores, participamos das principais feiras internacionais do mundo da arte, entre elas ArtBasel Miami e SP-Arte, e em 2020 aderimos fortemente às plataformas online e viewing rooms.

 

Neste meio tempo, mudamos a marca para Kogan Amaro – transmitindo mais confiança para nossos stakeholders -, consolidamos nosso espaço em São Paulo, e abrimos uma unidade num dos principais endereços de Zurich – onde levamos o que há de melhor na Arte brasileira.

 

Sabemos que ainda há muito pela frente. Queremos internacionalizar ainda mais a galeria, prosseguir buscando novos talentos, consagrar artistas vivos, e consolidar definitivamente nosso espaço na Suíça.

 

Agradeço à todos que nos ajudaram até aqui. Seguimos à luta!

 

Museu Afro Brasil retoma atividades 

20/out

 

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O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil, retomará suas atividades presenciais a partir da próxima terça-feira, 20 de outubro, às 11h. Após mais de seis meses de paralisação em decorrência da pandemia da Covid-19, a retomada das ações com público presencial seguirá rígidos protocolos sanitários que buscam a manutenção da segurança e saúde de usuários e equipes do museu, conforme orientações de autoridades estaduais e municipais.

 

Entre as ações planejadas, estarão disponíveis as mais de 8 mil obras que compõem a exposição de longa duração do museu. Dividida em seis núcleos temáticos, a mostra aborda temas relacionados à arte, cultura, história e memória africana e afro-brasileira; visando promover o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio nacional.

 

 

A exposição temporária “Heranças de um Brasil Profundo” é outra mostra que estará aberta para visitação. Inaugurada em janeiro de 2020, com curadoria de Emanoel Araujo, nela o público poderá entrar em contato com fotografias, esculturas, pinturas e instalações que remontam aos universos culturais indígenas. Patrocinada pela EDP Brasil, com o apoio do Instituto EDP, Heranças de um Brasil Profundo possui mais de 500 peças produzidas em diferentes tempos, por diversos olhares indígenas e não-indígenas.

 

 

Por fim, uma instalação concebida por Emanoel Araujo presta uma homenagem aos 150 anos do poema “Navio Negreiro”, do poeta oitocentista Castro Alves. Realizada em diferentes planos, a montagem apresenta, em dimensões tridimensionais, a conhecida litogravura “Escravos negros no porão do navio”, de Johann M. Rugendas, ladeada por plotagens de Hansen Bahia, xilogravador alemão que radicou-se no Brasil. Outro destaque da instalação está em sua especial trilha sonora, cuja leitura do poema é feita pelas vozes de Caetano Veloso e Maria Bethânia, sob harmonia e ritmo de Carlinhos Brown.

 

O Museu Afro Brasil segue os protocolos e orientações legais para a reabertura e contato presencial. Seus funcionários estão sendo capacitados e a infraestrutura do prédio está adequada com as novas normas técnicas para o funcionamento de equipamentos culturais.

 

Josafá Neves e a Mitologia afro

10/mar

Exposição de Josafá Neves encontra-se em exibição no Museu Nacional da República, em Brasília, DF, trazendo reflexões sobre arte, religião e origens. Mostra inédita na capital do país, a exposição “Orixás” provoca o olhar do público em relação à História da Cultura Africana Brasileira, um convite para mergulhar na história do negro em nosso país, transformada em obra de arte através de esculturas, pinturas e instalações. O trabalho do artista transcende às últimas duas décadas e tem inspirado gerações, agregando grande valor à arte contemporânea. “Orixás: geometria, símbolos e cores” alude à última fase em que se encontra o trabalho do brasiliense Josafá Neves. Pesquisando a mitologia iorubana ele busca soluções estéticas, símbolos e cores pertinentes a cada um dos 16 orixás estudados à exercícios geométricos que permitam aproximações com uma dimensão simbólica. A curadoria da exposição é assinada por Marcus de Lontra Costa, crítico de arte e curador.

 

Segundo Nelson Inocêncio, professor de artes visuais da Universidade de Brasília, “…o trabalho de Josafá Neves nos remete às poéticas de outros artistas afro-brasileiros que produziram suas obras com base nas mitologias africanas”. Ele mesmo admite a influência de Rubem Valentim na elaboração de seus emblemas alusivos a várias divindades do panteão iorubano. A arte de Josafá não se restringe a este diálogo com o mestre, mas também se espraia, permitindo que estabeleçamos aproximações com as poéticas de outros de artistas como Emanoel Araújo, do mineiro Jorge dos Anjos e do carioca-brasiliense Olumello. Sua pintura tem como peculiaridade as pinceladas negras, as quais expressam com firmeza seus sentimentos em traços distintos. A prática da pintura para o artista é de um valor incontestável e efetivo. Preparando as telas de forma paternal e zelosa, peculiarmente pinceladas na cor preta, atinge as mais íntimas emoções dos expectadores em seus 24 anos de dedicação integral ao ofício das artes.

 

A palavra do curador

 

As obras produzidas por Josafá Neves para essa exposição revelam a potência de imagens desprezadas pelo discurso oficial. Aqui não há espaço para acomodações, discursos conciliatórios, não há a busca em criar uma falsa ideia de harmonia e integração social num país majoritariamente formado por mestiços, filhos do estupro de mulheres negras por parte do homem branco, afirma Marcus de Lontra Costa.

 

Sobre o artista

 

Artista autodidata nascido em Gama, Brasília – DF, em 1971. Josafá Neves começou a desenhar aos cinco anos de idade nas calçadas e ruas onde morava. Mudou-se para Goiânia com sua família aos sete anos e foi nesta cidade, desde 1996, que Josafá Neves passou a se dedicar integralmente às artes plásticas. Artista com trajetória e reconhecimento internacional, participou de diversas exposições individuais e coletivas, em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Goiânia, Havana/Cuba, Caracas/Venezuela, Paris /França e USA.

Até 29 de março.

 

 

Exposições dos 15 anos do Museu Afro Brasil

13/nov

Museu Afro Brasil inaugura conjunto de exposições em celebração ao 20 de novembro. Walter Firmo, João Câmara, Castro Alves e jovens artistas contemporâneos da Bahia estão entre os destaques das aberturas que também celebram os 15 anos da instituição. Juntas, as mostras reúnem mais de 300 obras.

 

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, promove no próximo dia 20 de novembro, quarta-feira, a partir das 11 horas, a abertura de uma série de exposições em celebração ao Mês da Consciência Negra e em homenagem aos 15 anos da instituição.

 

Integram este largo panorama das artes plásticas do país as mostras: Castro Alves – 150 anos do poema O Navio Negreiro, instalação de Emanoel Araujo, As gravuras aquareladas de Rugendas – Doação de Ruy Souza e Silva, Walter Firmo – Ensaio sobre Bispo do Rosário, Rommulo Vieira Conceição – Tudo que é sólido desmancha no ar, A geometria de Paulo Pereira, Anderson AC- Pintura muralista e Elvinho Rocha – Pinturas do inconsciente. Um painel em homenagem aos 150 anos de nascimento da famosa mãe-de-santo baiana Mãe Aninha (Eugênia Anna dos Santos), fecha o núcleo brasileiro da mostra.

 

Já os artistas estrangeiros estão representados no conjunto de exposições através do trabalho de Alphonse Yémadjè e Euloge Glélé, ambos do Benim, que apresentam as individuais Alphonse Yémadjè – Símbolos dos Reis Ancestrais do Benim e Euloge Glélé – Esculturas dos Deuses Africanos do Benim. Completam a programação expositiva Arte Nativa – África, América Latina, Ásia e Oceania – Coleção Christian Jack-Heymès, que reúne máscaras e esculturas dos quatro continentes visitados pelo colecionador francês radicado no Brasil, e Melvin Edwards – Fragmentos linchados, formada por seis esculturas em ferro deste que é considerado um dos mais importantes artistas estadunidenses de sua geração.

 

Castro Alves – 150 anos do poema O Navio Negreiro

 

Instalação criada por Emanoel Araujo, a obra homenageia os 150 anos do seminal poema “O Navio Negreiro”, do poeta romântico e abolicionista baiano Castro Alves (1847-1871). Realizada em diferentes planos, a instalação tridimensionaliza a conhecida litogravura de Rugendas “Escravos negros no porão do navio”, ladeada por plotagens de Hansen Bahia (1915-1978), xilogravurista alemão radicado no Brasil, que ilustram o suplício dos negros escravizados. Também integra a instalação o áudio do célebre poema nas vozes de Caetano Veloso e Maria Bethânia, com participação de Carlinhos Brown.

 

As gravuras aquareladas de Rugendas – Doação de Ruy Souza e Silva

 

As 12 litogravuras icônicas de Johan Moritz Rugendas (1802-1858), recentemente doadas à coleção do Museu Afro Brasil pelo colecionador Ruy Souza e Silva, contextualizam a vida da população negra escravizada do século XIX. Essas imagens foram originalmente publicadas no luxuoso álbum “Voyage Pittoresque dans le Brésil”, editado em Paris pela Casa Engelmann & Cie., entre 1827 e 1835. Rugendas chegou ao Brasil em 1821 como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil km pelo interior do país com objetivo de constituir um inventário completo do Brasil.

 

Walter Firmo – Ensaio sobre Bispo do Rosário

 

Interno por quase toda sua vida na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, o artista Arthur Bispo do Rosário (1911-1989) foi retratado neste comovente e único ensaio fotográfico produzido por Walter Firmo no ano de 1985. As imagens expostas captam extraordinários momentos de Bispo, prolífico criador em sua expressividade, muito além de seu inconsciente criativo. No total, a mostra apresenta 23 fotografias.

 

Rommulo Conceição – Tudo que é sólido desmancha no ar

 

Um conjunto de fotografias da série “Entre o espaço que eu vejo e o que percebo, há um plano”, de 2016 – 2017, desenhos sobre fotografias da série “Tudo que é sólido desmancha no ar”, de 2017, e duas esculturas/instalação, entre elas “Duas pias, ou quando o lugar se transforma em conteúdo”, compõe a individual do artista baiano radicado em Porto Alegre, RS.

 

A Geometria de Paulo Pereira

 

Vinte e nove esculturas trazem a público a geometria de caráter quase minimalista da produção do artista. Sua produção é caracterizada por um jogo entre forma e conteúdo a partir do uso de madeira escura como o jacarandá, aliada a cortes metálicos de movimentos sinuosos que alimentam uma imaginação construtiva que torce formas côncavas e convexas.

 

Anderson AC – Pintura Muralista

 

Um total de 14 obras, entre pinturas e infogravuras, colocam o público em contato com a pintura espessa e expressionista do artista baiano, cuja produção, marcada pela consciência de um mundo cheio de diferenças sociais, se relaciona com a produção de murais urbanos.

 

Elvinho Rocha – Pinturas do inconsciente

 

 Élvio Rocha exibe 44 obras, entre pinturas em tinta acrílica sobre tela e guaches sobre papel, que mostram sua representação dos símbolos guardados em seu subconsciente. “Mais que pintura, essa é a revelação de uma mente sequiosa de se comunicar com o universo da criação artística”, escreve Emanoel Araújo, curador da mostra individual.

 

Euloge Glélé – Esculturas dos Deuses Africanos do Benim 

 

Conhecido pelas esculturas de máscaras tradicionais dos gèlèdes, o artista natural do Benim apresenta nesta individual 21 estatuetas de argila cozida com representações de personagens de cerimônias tradicionais encontradas nos terreiros dos povos fon.

 

Alphonse Yémadjè – Símbolos dos Reis Ancestrais do Benim

 

Nesta individual, o veterano artista africano apresenta 10 obras criadas a partir do aplique ou “appliqué”, técnica de junção, justaposição, costura ou enlace de materiais têxteis sobrepostos, cujo conjunto resulta num verdadeiro livro de histórias em quadrinhos.

 

Arte Nativa – África, América Latina, Ásia e Oceania

 

Na exposição são apresentadas 51 esculturas, além de tecidos, indumentária tradicional e colares do antiquário e colecionador francês de arte tribal, radicado em São Paulo desde os anos 1970. O raro e precioso conjunto de peças revela as descobertas de Christian em suas inúmeras viagens por diferentes continentes. O livro “Fetiches – diário de uma coleção de arte tribal” é uma primorosa edição de autor e tem distribuição pela Editora Olhares.

 

João Câmara, Rap e Samba no Dia da Consciência Negra

 

Também será aberta nesta quarta-feira, dia 20 de novembro, às 11h, no Museu Afro Brasil, a exposição “João Câmara – Trajetória e Obra de um Artista Brasileiro”. Com curadoria de Emanoel Araujo, a mostra apresenta um conjunto com cerca de 50 obras (entre pinturas e litografias) do artista paraibano radicado em Pernambuco e conhecido por refletir em sua obra as raízes da cultura nacional.

 

No mesmo dia, paralelamente a abertura das exposições, acontece do lado externo do Museu Afro Brasil, às 11h, apresentação do bloco “Pega o lenço e vai”, de Mauá. O período da manhã do dia 20 reserva ainda o lançamento do livro “Fetiches – Diário de uma coleção de arte tribal”, de Christian-Jack Heymès.

 

Às 16h, no Auditório Ruth de Souza, o premiado MC, poeta e produtor paulista Rincon Sapiência, encerra a programação do dia com um bate-papo aberto ao público. No encontro, o artista falará sobre as influências musicais do oeste africano presentes no single “Meu Ritmo”, seu mais recente videoclipe. Participa do encontro a pesquisadora de danças e ritmos africanos, Kety Kim Farafina.

 

Homenagem à Bahia 

02/mai

Como parte das comemorações dos seus 15 anos, o Museu Afro Brasil, abre no dia 07 de maio, as exposições “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também” e “Aberto pela Aduana – Livro de Artista de Eustáquio Neves”, ambas com curadoria de Emanoel Araújo.

 
“Essa exposição (sobre a Bahia) fala de alguns fatos e pessoas, sobretudo dos artistas, dos homens e das mulheres. Mulheres que fizeram da Bahia essa mágica, inusitada e preciosa cidade, de todos os santos, de muita sensualidade e de pouco pudor, que se esvai pelas ladeiras e ruas sinuosas”, declara Emanoel Araújo.

O núcleo central da mostra é composto pelo modernismo baiano, representado por uma robusta seleção de telas de Carlos Bastos (1925 – 2004), tapeçarias de Genaro de Carvalho (Salvador, Bahia, 1926 – 1971), esculturas em ferro ou “ferramentas de santo”, ligadas à religiosidade afro-brasileira, de José Adário dos Santos (1947), esculturas e gravuras de Rubem Valentim (1922 – 1991), além de jóias de Waldeloir Rego (1930 – 2001).
A representação da baiana está presente na escultura de Noêmia Mourão, nos vestidos de renda Richelieu, além de dezenas de bonecas de cerâmica, madeira e louça. Carmen Miranda, a “pequena notável” que celebrizou a figura da baiana mundo afora, é também homenageada com a exibição de fotografias de revistas, iconografia em porcelana esmaltada, além de um vestido original. A seção inclui ainda fotografias de outras baianas ilustres como Marta Rocha (1936), Miss Brasil em 1954, e Helena Ignez, musa do Cinema Novo.

 
Fotografias e pinturas de personalidades baianas do século XX como o escritor Jorge Amado (1912 – 2001), o compositor Dorival Caymmi, aqui homenageado em painel da artista Regina Silveira, Mãe Menininha do Gantois (1894 – 1986), entre outros, se somam aos bustos em gesso patinado dos alfaiates João de Deus do Nascimento e Luiz Gonzaga das Virgens, e dos soldados Lucas Dantas Amorim Torres e Manoel Faustino dos Santos Lira, realizadas em 2004 pelo artista Herbert Magalhães. Estes são heróis da Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Conjuração Baiana ou, ainda, Inconfidência Baiana, revolta social de caráter popular ocorrida em 1798, inspirada pelo ideário da Revolução Francesa.

 
A expressão baiana da arte barroca, que no Brasil diferenciou-se da matriz europeia, não poderia ficar de fora da curadoria. Emanoel Araújo reúne nessa seção fotografias de Silvio Robatto, Davi Glatt, óleos sobre tela de pintores baianos do século XVIII como Joaquim da Rocha (1737 – 1807), Teófilo de Jesus (1758 – 1847) e Veríssimo de Freitas (1758 – 1806), azulejaria, livros e revistas, além de um extenso panorama da cidade de Salvador feito por Floro Freire. A exposição conta ainda com um conjunto de fotografias de Mário Cravo Neto e aquarelas do século XIX da artista inglesa Maria Graham (1785 – 1842), retratando o cotidiano das baianas de Salvador.

“A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também” reserva ao público a projeção de filmes ligados ao imaginário baiano como: “Barravento” (1962), dirigido por Glauber Rocha; “Bahia de Todos os Santos” (1960), com direção de Trigueirinho Neto, além da série de documentários do projeto “Centenário de Alexandre Robatto Filho – Pioneiro do Cinema na Bahia”, que conta com os filmes “Entre o Mar e o Tendal” (1952-1953), “Xaréu” (1954), “Vadiação” (1954), Igreja” (1960), “Desfile dos 4 séculos” (1949), “O Regresso de Marta Rocha” (1955), “Um Milhão de KVA” (1949), “A Marcha das Boiadas” (1949), “Ginkana em Salvador” (1952), e “Os Filmes que Eu Não Fiz” (2013).

 

Paralelamente a abertura da exposição “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também”, o Museu Afro Brasil apresenta “Aberto pela aduana – Livro de Artista de Eustáquio Neves”, a primeira exposição individual do premiado fotógrafo e artista multimídia mineiro em São Paulo desde 2015, quando exibiu “Cartas ao Mar”, também no Museu Afro Brasil.
“Aberto pela Aduana”, além de ser o título da exposição, é o nome da principal obra da mostra, o “Livro de Artista de Eustáquio Neves”, produzido a partir da manipulação de materiais de arquivo do fotógrafo, desenhos, colagens entre outras técnicas. Apesar de ter uma estrutura geral semelhante a um livro, a obra é na verdade um objeto de arte que fala por si próprio. Segundo Eustáquio, o nome “Aberto pela Aduana” foi escolhido para estimular a discussão em torno das múltiplas violações do corpo negro, desde o tráfego negreiro aos dias atuais.

 
Aduana, vale lembrar, é o nome dado a repartição governamental de controle do movimento de entradas (importações) e saídas (exportações) de mercadorias para o exterior ou dele provenientes. E é justamente neste ponto que as relações envolvendo a objetificação de milhares de corpos negros durante o tráfico atlântico e, na contemporaneidade, com os estratosféricos números de mortes por causas violentas de jovens negros em todo o território nacional, são traçadas. Entre as obras apresentadas ao público pela primeira vez, além do próprio “Livro de Artista”, estão trabalhos da emblemática série “Máscara de Punição”, formada por imagens construídas a partir da apropriação de um retrato da mãe do artista mesclado a uma foto de uma máscara de ferro. Compõe a mostra obras da emblemática série “Encomendador de Almas”, de 2006.

 
Nas palavras de Emanoel Araujo, curador da exposição, “a fotografia encontra em Eustáquio Neves um homem devoto dos dramas que envolveram e envolvem um passado atormentado e atormentador da nossa história. História de um povo que foi conduzido ao degredo humano e de tamanha força que não se apaga, não sai da nossa alma. (…) Por certo o seu desempenho de grande artista manipulador dessas imagens comove, penetra, sangra e une passado e presente”.

 

 

“O Universo de Emanoel Araujo, Vida e Obra”

 

Juntamente com a abertura das exposições ocorrerá o lançamento do livro “O Universo de Emanoel Araujo, Vida e Obra”, da Capella Editorial. Com imagens de cartazes, livros, xilogravuras, esculturas em aço, madeira, concreto, fibra de vidro; máscaras, painéis em mármore, concreto e granito; gravuras, totens, relevos, estruturas, biombos, além de textos, entrevistas e pensamentos de Emanoel Araujo, também curador e diretor do Museu Afro Brasil, a obra eterniza o trabalho do artista, cuja produção convida à reflexão sobre a sociedade brasileira – ainda violenta, racista, desigual e injusta. Mais que um livro de arte é um registro histórico da cultura brasileira.

 

 

De 07 de maio a 1º de setembro.

Presença Afro Brasil

09/mai

Mostra homenageia artistas e personalidades negras dos séculos XIX e XX, além da arte afro-atlântica de Cuba e do Haiti. No dia 12 de maio, sábado, Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, inaugura a exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”. A mostra, com curadoria de Emanoel Araújo, destaca a definitiva presença negra na arte, história e memória brasileiras.

 

Nos 130 anos da abolição da escravidão (1888), o Museu Afro Brasil ressalta a competência, o talento e a resistência negra nos campos da arquitetura, artes plásticas, escultura, ourivesaria, literatura, música, dança, teatro, idioma e costumes. A mostra destaca a produção dos séculos XIX e XX, por meio de pinturas, fotografias, litografias, esculturas e desenhos que evidenciam e valorizam a fundamental contribuição africana e afro-brasileira na construção do país..

 

“Isso é Coisa de Preto é um jargão, um termo preconceituoso e racista nacional, muito usado para descriminar a condição de ser afro-brasileiro. Ressignificar tal terminologia, com o objetivo de ressaltar que ‘coisa de preto’ é ter excelência nas artes, ciências, esportes, medicina e em outros campos relevantes da sociedade, é um dos objetivos da exposição”, salienta Emanoel Araújo.

 

Mulheres e homens negros que marcaram época na recente história brasileira em suas respectivas áreas, tais como o médico Juliano Moreira, o poeta Luiz Gama, o escritor Manuel Querino, a cantora Elza Soares, o editor Francisco Paula Brito, os músicos Dorival Caymmi, João do Vale, Cartola, Milton Nascimento, Luiz Melodia, Jamelão, Pixinguinha, Paulinho da Viola e Itamar Assumpção, a bailarina Mercedes Baptista, o abolicionista José do Patrocínio, a atriz Ruth de Souza, o jogador Pelé, Madame Satã, entre outros, estão entre as personalidades negras representadas na mostra.

 

Nomes como o dos irmãos Arthur Timótheo e João Timótheo, Heitor dos Prazeres, Solano Trindade, Yedamaria, Mestre Valentim, Nelson Sargento, Eustáquio Neves, Walter Firmo, Rubem Valentim, Estevão Silva, José Teóphilo de Jesus, Benedito José Tobias, Mureen Basiliat, Rafael Pinto Bandeira, Washington Silveira, Otávio Araujo, Waldomiro de Deus, Antonio Firmino Monteiro, Pierre Verger, Carybé, João Alves, Maria Lídia Magliani, Caetano Dias, Belmiro de Almeida, Mestre Benon e João da Baiana são alguns dos artistas com trabalhos na expostos na mostra.

 

“Se por um lado a data marca os 130 anos da extinção do trabalho escravo no Brasil, por outro ainda somamos 400 anos de preconceitos, racismo e indiferença das elites oligárquicas desse país com relação aos negros e negras. São 400 anos de ausência de políticas públicas capazes, ao menos, de sanar esses absurdos que não só envolvem a questão de cor e de raça, mas também a pobreza que atinge as comunidades onde a maioria negra é constantemente objeto do maltrato, do isolamento e da violência noticiada todos os dias pela imprensa, como se normal fosse o mal que atinge em pleno século XXI essa camada da população excluída da educação, da saúde, da moradia e dos direitos e privilégios das outras classes sociais”, afirma o curador sobre os 130 anos da abolição da escravatura no Brasil.

 

 

 

Arte Afro-Atlântica de Cuba e Haiti

 

A exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”, revê ainda a produção artística de dois países com predominante população negra: Cuba e Haiti. Obras provenientes do sincretismo religioso e da união entre os cultos do vodum e da igreja católica, presentes no cotidiano de inúmeras famílias destas duas nações abastecidas por corpos negros durante o período do tráfico negreiro também integram a exposição.

 

Esculturas e pinturas que remetem à prática religiosa nos templos afro-cubanos e revelam a sintonia deste povo com a ancestralidade africana, em especial seus escultores que entenderam intimamente como interpretar este sincretismo, integram a o núcleo dedicado a república socialista de Cuba.

 

A exposição mostra também a vitalidade criativa do povo haitiano, através das linguagens que a obra de arte pode oferecer: das esculturas em ferro recortadas com seres míticos, das assemblagens evocando associações secretas e das bandeiras bordadas com miçangas, com símbolos do sincretismo religioso. Todo esse cabedal exposto nesta exposição revela um povo voltado para manifestações artísticas profundas, unido pela fé e pelo desejo espiritual das permanências ancestrais.

 

 

Vernissage com música africana ao vivo

 

O grupo Os Escolhidos, criado em 2014, no Brasil, e formado por imigrantes e refugiados da República Democrática do Congo, se apresentará durante abertura da exposição “Isso É Coisa de Preto – 130 Anos da Abolição da Escravidão”. Na ocasião, o grupo entoará diferentes gêneros musicais como rumba congolesa, acapela, zouk, world music, além de estilos próprios da região do Congo cantados em diferentes idiomas como lingala, kikongo e swahili.

 

Até 29 de julho.

Os africanos, cinco exposições

16/abr

O Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugura cinco exposições e homenageia Mestre Didi e Frans Krajcberg. Nova geração de artistas africanos e o olhar europeu na fotografia contemporânea também estão entre os destaques das mostras. Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, abre simultaneamente no sábado, 21 de abril, às 11h00, cinco novas exposições: “Um Frans, a natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e fotografias”; “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade”; “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea”; “África Contemporânea” e “África e a presença dos espíritos”.


Com curadoria de Emanoel Araújo, os destaques das exposições ficam por conta das homenagens póstumas a dois nomes fundamentais das artes visuais no Brasil no século 20, ambos, coincidentemente, com íntima relação com a natureza: o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans Krajcberg (1921-2017), falecido no ano passado, e Mestre Didi (1917-2013), cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 2 de dezembro.


Um Frans

Conhecido por dedicar sua vida e obra à defesa da natureza brasileira, a mostra individual “Um Frans”, a natureza reúne esculturas, relevos e fotografias de Krjacberg que revelam a revolta do artista contra a destruição do planeta.  A exposição destaca o modo criativo com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um grito da natureza por socorro”. “Frans foi um eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma peregrina as matas e florestas do Brasil. Em sua longa vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas, das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da sua obra”, ressalta o curador.

 

 

 

Um Deoscóredes  

 

 

A exposição “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade” é uma homenagem ao centenário de nascimento de Mestre Didi (1917-2013), Alapini do Ilê Asipa e filho de Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista, produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira.

 

Repleta de elementos da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi “é como a união da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”, define Emanoel Araújo. Dentro da exposição, será exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário “Alapini: A Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá”, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold.

 

 

 

Os africanos

 

Muitos foram os fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos e das manifestações culturais África afora. “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea” reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester (Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia (Portugal).

África Contemporânea

 

A exposição “África Contemporânea” apresenta trabalhos de artistas de países como Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana, tais como Dominique Zinkpè, Aston, Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas, esculturas, instalações, desenhos e colagens. Sobre a atual produção artística em África, Emanoel destaca o compromisso das novas gerações com temas da atualidade: “A arte contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais, extrai daí sua invenção plástica”.

África e a Presença dos Espíritos

 

A mostra “África e a Presença dos Espíritos” reúne esculturas, máscaras, asens e moedas produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão espiritual desses diferentes povos”, explica Emanoel.

 

 

De 21 de abril a 10 de junho.

Emanoel Araújo no MASP

09/abr

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, inaugurou sua terceira exposição de 2018, ano dedicado às histórias afro-atlânticas. “Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” apresenta 70 obras de Emanoel Araújo, um dos nomes mais expressivos do cenário artístico brasileiro, responsável por promover a arte e a cultura negras no país. Além de artista, Araújo é também curador e gestor cultural, tendo sido diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e fundador do Museu Afro Brasil, que atualmente dirige. A mostra ocupa a galeria do segundo subsolo do Museu, local onde o artista realizou sua primeira individual no MASP, em 1981, que, na época, também ocupou o Vão Livre com esculturas de grandes dimensões.

 


Entre as 70 obras presentes, 40 delas são esculturas e xilogravuras e 30 são cartazes, evidenciando sua aproximação com técnicas que vão além das artes plásticas, como a tipografia e a diagramação. Na mostra, os trabalhos oferecem um panorama dos diferentes períodos da carreira do artista, sem apresentarem, no entanto, um recorte cronológico ou retrospectivo.

 

 

A mostra, assim, dá destaque a um viés pouco explorado da trajetória de Emanoel Araújo, a temática afro-brasileira, afastando-se das interpretações que comumente associaram sua obra ao abstracionismo geométrico e ao construtivismo brasileiro. A temática afro-brasileira, assim, é evidente no uso de simbologias das religiões de matriz africana, em esculturas que aludem a orixás do candomblé, por exemplo; na representação de relações afro-atlânticas, principalmente relacionadas ao tráfico de africanos escravizados, como na série de navios negreiros; e na construção de composições geométricas com formas e paleta de cores inspiradas em padronagens de tecidos tradicionais africanos, a exemplo de suas gravuras.

 

No espaço expositivo, os diferentes conjuntos de obras estão dispostos em quatro núcleos: geometrias; máscaras; orixás; e navios.

 

Muitas das xilogravuras de Araújo são composições abstratas e geométricas, impressas em cores saturadas e contrastantes, baseadas nas cores do pan-africanismo: o preto, o vermelho e o verde. É o caso das gravuras da série “Suíte Afríquia”, de 1977, que marca um momento de virada na obra do artista, a partir de sua participação no 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra e Africana (FESTAC), realizado no mesmo ano, em Lagos, na Nigéria. Imerso na realidade e vivências africanas, Araujo expandiu suas referências formais e temáticas da cultura africana, bem como seus desdobramentos nas relações com a cultura brasileira.

 

Justapostas às xilogravuras, estão esculturas de máscaras, que aludem aos objetos ritualísticos de religiões de matriz africana. As formas e cores das composições comumente fazem referência a determinados orixás. É o caso de associação a Exu, em uma máscara em preto e vermelho; ou a Oxalá, em uma composição de cor branca.

 

A partir dos anos 2000, Araújo passa a desenvolver de maneira mais direta a temática dos orixás em esculturas verticais de parede, de formato totêmico. A menção aos orixás aparece no título de cada trabalho, junto com símbolos próprios da cosmologia do candomblé, representados por cristais, miçangas, pregos, ferramentas de orixás, correntes de metal, fragmentos de madeira de lei e aço. A obra “Ogum” (2007), por exemplo, é formada por diversos objetos de metal, como correntes e um cutelo, que fazem referência à entidade da metalurgia e da tecnologia; já “Oxóssi” (2007), um arco e uma flecha de metal, insígnias do orixá que dá título ao trabalho.

 

Por fim, o núcleo de navios negreiros exibe uma seleção de esculturas de parede, nas cores preta e vermelha, com pregos cravejados e correntes de ferro, fazendo alusão às embarcações que trouxeram forçadamente africanos para serem escravizados nas Américas e no Caribe. Com essa série, Araújo expõe a violência e a perversidade dessa rede afro-atlântica de tráfico humano, chamando a atenção para o papel perverso do Brasil nesse processo, ao receber o maior número de africanos escravizados – 40% do fluxo migratório, estima-se, desembarcou no país -, além de ter sido a última nação das Américas a abolir a escravidão, com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, e que, em 2018 completa 130 anos.

 

À ocasião da exposição, o MASP lançará um catálogo de 168 páginas, com reprodução dos trabalhos expostos na mostra, texto do curador, Tomás Toledo, que também organiza a publicação, e republicação de textos de Clarival do Prado Valladares e George Nelson Preston e de uma entrevista com Emanoel Araújo feita por Adriano Pedrosa.

 

A exposição “Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” integra o ciclo de 2018 do MASP em torno das histórias afro-atlânticas. O programa está inserido em um projeto mais amplo de exposições, palestras, oficinas, seminários e atividades do Museu, que atenta para histórias plurais, que vão além das narrativas tradicionais, tais como Histórias da loucura (iniciada em 2015), Histórias da infância (em 2016) e Histórias da sexualidade (em 2017). A programação inclui ainda uma série de mostras monográficas de Aleijadinho, Maria Auxiliadora, Melvin Edwards, Rubem Valentim, Sônia Gomes, Pedro Figari e Lucia Laguna.

 

“Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” tem curadoria de Tomás Toledo, curador do MASP. O escritório de arquitetura METRO Arquitetos Associados assina a expografia da mostra.

 

 

Até 03 de junho.

No Museu Afro Brasil, catálogo

21/fev

Depois de ficar em cartaz por aproximadamente sete meses e reunir um público de cerca de 100 mil visitantes, encerra, no dia 04 de março, a exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro”, no Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP. Essa foi a maior exposição sobre Barroco realizada no país desde a “BRASIL + 500 Mostra do Redescobrimento”, no ano 2000.

 

Um dia antes do encerramento oficial da exposição, na manhã do dia 03 de março, sábado, às 11h00, será lançado o catálogo da exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro”, no museu. Com 400 páginas e imagens das principais obras expostas na mostra, o catálogo conta com textos de Emanoel Araújo, Myryam Andrade Ribeiro de Oliveira, Fernando da Rocha Peres, Clarival do Padro Valladares, Percival Tirapeli, João Marino, Dom Clemente, Maria da Silva-Nigra, João Carlos Teixeira Gomes, entre outros pesquisadores do movimento artístico. No dia do lançamento, o catálogo da exposição “Barroco Ardente e Sincrético – Luso-Afro-Brasileiro” será vendido a preço promocional. Após a data, o catálogo poderá ser adquirido na lojinha do Museu Afro Brasil.

 

 

Sobre a exposição

 

Com curadoria de Emanoel Araújo, a exposição – que também presta uma homenagem ao Jubileu de 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil – introduz o visitante ao espírito do barroco, passando pelas suas referências na cultura erudita e popular entre os séculos XVII e XIX, abordando as contribuições dos dois mais expressivos artistas do barroco brasileiro: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, em Ouro Preto e Mestre Valentim, no Rio de Janeiro. Focada nas variadas manifestações do estilo artístico em Portugal e no Brasil com ênfase em suas expressões em um país miscigenado, a mostra reúne ainda pinturas, esculturas, mobiliários, oratórios, talhas, esculturas, azulejarias, pratarias e porcelanatos de artistas fundamentais para a compreensão do movimento barroco como José Joaquim da Rocha, Joaquim José da Natividade, Leandro Joaquim, José Patrício da Silva Manso, Frei Jesuíno do Monte Carmelo, José Teófilo de Jesus e Antônio Joaquim Franco Velasco.

 

Para a realização do projeto “Barroco Ardente e Sincrético. Luso-afro-brasileiro” o Museu Afro Brasil contou com o patrocínio da EDP Brasil (via ProAC ICMS) e com apoio do Instituto EDP, que coordena as ações socioambientais da empresa, além do apoio do Itaú Cultural, Rainer Blickle, Ladi Biezus, Orandi Momesso, Ruy Souza e Silva, e a parceria cultural com o Sesc SP.