Wilma Martins no Paço Imperial

26/jun

 

 

Um panorama da importante e consistente obra da artista Wilma Martins (Belo Horizonte, 1934 – Rio de Janeiro, 2022) será apresentado até 20 de agosto, e partir do dia 28 de junho, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, na exposição “Wilma Martins – Território da memória”. Esta será a primeira mostra póstuma da artista falecida no ano passado, aos 88 anos. Com curadoria de Frederico Morais, crítico de arte e marido da artista, e a historiadora de arte Stefania Paiva, que conviveu intensamente com Wilma nos seus últimos anos de vida, a mostra será composta por 37 obras, além de estudos, em um conjunto nunca antes reunido, incluindo trabalhos pouco conhecidos da artista, desde suas primeiras produções até a última. São gravuras, pinturas, desenhos e cadernos, que mostram a potência e as diversas facetas da obra de Wilma Martins.
A exposição apresentará desde os primeiros trabalhos da artista – pequenas gravuras da década de 1960 -, passando por xilogravuras maiores, pinturas e desenhos, chegando até a última obra feita por ela – “Dona Marta 24h” (2016), composta por 25 desenhos, que representam o Mirante Dona Marta, no Rio de Janeiro, em cada hora do dia e da noite, durante um período de 24 horas.

Xilogravuras

No início dos anos 1960, Wilma Martins produziu gravuras em preto e branco, em pequenos formatos, que apresentam, sobretudo, um exercício de observação da fauna e da flora. Após esse período inicial, Wilma passa a elaborar gravuras em grandes formatos, com formas orgânicas e geométricas, criando cenas místicas, alegóricas, compostas de núcleos onde seres se misturam entre si. “Os temas que Wilma aborda em suas gravuras são aqueles que falam da condição feminina – fecundação, gravidez etc. Mas esses temas aparecem estranhamente mesclados com outros – frequentes na arte medieval, que é sempre religiosa. No entanto, ela não foi buscar essa iconografia nos vitrais coloridos, mas nos psautiers nos quais encontrou toda forma de arcaísmos, anacronismos, de capitulares e iniciais zoomórficas, assim como enorme variedade de tramas gráficas, formas cilíndricas, ovóides, etc”, diz Frederico Morais.
Entre as xilogravuras apresentadas na exposição está o tríptico “O encontro” (1971), “a maior e a mais despojada e impactante xilogravura realizada por Wilma Martins”, segundo Frederico Morais. “É uma releitura do painel central do políptico Adoração do Cordeiro Místico. Uma magistral redução minimalista da obra do pintor flamengo. Wilma começou eliminando o cordeiro (a redenção), mantendo apenas o vermelho do altar, que de retangular se transformou em semicírculo. Na gravura de Wilma, as figuras femininas, escavadas no branco, corresponderiam às “anjas” que circundavam o altar. Agora, bem juntas, buscam ascender até o semicírculo vermelho. As figuras masculinas, negras, em conjuntos simetricamente agrupados, corresponderiam aos dois grupos humanos que aparecem, como que imobilizados, em primeiro plano na pintura de van Eyck – prelados com suas vestes vermelhas à direita, os demais representantes da sociedade civil à esquerda. Ambos se movimentam em direção à pirâmide de mulheres, para expulsá-las dali ou, ao contrário, para nelas se fundirem e juntos ascenderem. Desvestidos por Wilma, homens e mulheres, brancos e negros, anjos e humanos todos se igualam em sua humanidade. Ou não”, ressalta Frederico Morais.

 Pinturas e desenhos

Também fará parte da exposição um pequeno núcleo com a produção mais conhecida de pinturas e desenhos de Wilma Martins, incluindo a última obra produzida por ela, “Dona Marta 24h”, um conjunto composto por 25 obras. “Os trabalhos se diferem entre si pela luz que incide nas primeiras horas do dia, a sombra do entardecer ou o cair da noite. O vigésimo quinto desenho que compõe a instalação trata-se da mesma montanha em forma de quebra-cabeça (hobby de Wilma, assim como as palavras-cruzadas e os enigmas), onde cada peça representa uma hora dentre as 24h”, conta Stefania.
Além disso, será apresentado um caderno de bolso, cujas páginas trazem desenhos com paisagens do Rio de Janeiro, acompanhado por um bilhete escrito pela artista com instruções de uso. “Cabe destacar especialmente a série de desenhos focalizando o maciço da Dona Marta e o pequeno caderno de papel artesanal, (11,5×8,5 cm), registrando à maneira dos cicloramas do século XIX, no Rio de Janeiro,  toda a extensão da paisagem captada de sua varanda: Urca, Pão de Açúcar, Botafogo, Laranjeiras,  Silvestre, altos de Santa Teresa, Cristo Redentor”, ressalta Frederico Morais.
Completam a exposição três obras realizadas no início da década de 1980: “Santa Teresa I”, “Santa Teresa II” e “Santa Teresa com elefantes”. São pinturas criadas a partir da janela do ateliê/casa de Wilma, no bairro do Cosme Velho, no Rio de Janeiro. “Da parte mais baixa da cidade, ela pintou uma Santa Teresa suspensa, envolta em árvores e montanhas de cumes verdes. Pouco tempo depois, Wilma foi até o bairro de Santa Teresa, comprou o terreno que pintou tantas vezes, e ali ajudou a projetar a casa que tem uma varanda com vista para o ponto de onde ela olhava inicialmente. Esse deslocamento do ponto de origem criou uma conexão invisível, como um rebatimento da paisagem minuciosamente descrita por ela”, conta a curadora Stefania Paiva. “É a paisagem invadindo a casa, o que não se trata de uma liberdade poética, mas uma sensação real, pois em certas horas do dia, dependendo da luminosidade, essa paisagem se projeta através da porta de vidro dentro da casa, como se desejasse completar a forma circular do ciclorama. Inversamente, a biblioteca projeta-se na paisagem, nos fins de tarde, misturando-se com as árvores. Dupla leitura: livros e árvores”, explica Frederico Morais.

 

Conversa com Anna Braga no Paço Imperial

04/mai

No dia 12 de maio, às 15h, a artista multimídia Anna Braga fará uma conversa com o público na exposição “Submersões”, em cartaz no Paço Imperial,  até o dia 21 deste mês. Há 20 anos sem fazer uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro, a artista falará sobre os trabalhos que apresenta na mostra panorâmica, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Na exposição são apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, que trazem temas como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Os trabalhos, que ocupam três salões do Paço Imperial, em uma área total de mais de 300 m², pertencem a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea de Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

Boneca de papel no Paço Imperial

18/abr

 

A exposição individual de Maria Fernanda Lucena permanecerá exposta no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  até 20 de maio, quando a artista apresenta “Boneca de papel”, sua nova série de trabalhos. As obras exibidas começaram a ser pensadas através de práticas comuns à artista, o recorte e a colagem, fazeres que ela considera lúdicos por rememorarem modos de brincar, além de gestos costumeiros ao universo da moda, um dos pilares da sua produção. Frequentadora da feira de antiguidades da Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro, garimpa fotografias 3×4 e, partindo delas, elabora imagens sobrepostas. Sutura os rostos desconhecidos com figurinos de artistas da cultura pop e de suas referências musicais.

As pinturas de tinta a óleo sobre papelão são sustentadas por molduras em escala humana, medindo 1,80 metros de altura. O ornamento de madeira, que geralmente delimita, se transforma em parte integrante dos trabalhos, utilizado como um anteparo que divide e compartimenta, mas também possibilita frestas, além de impulsionar a construção de ambientes vazios e ecos, em uma narrativa labiríntica.

“Lucena cria um jogo de identidades. Há em suas pinturas humor e uma certa nostalgia, fruto das memórias que escolheu revolver. Suas figuras ganham corpo no modo que criou para exibi-las, são passantes, mas nos entregam algo”, ressalta Bruna Araújo, que responde pela curadoria da exibição.

 

Sobre a artista

Maria Fernanda Lucena nasceu em 1968 no Rio de Janeiro. Depois de estudar e trabalhar com indumentária e design de moda, ingressou na EAV- Parque Lage – frequentando diversos cursos onde passa a se dedicar ao desenho e à pintura. Suas exposições individuais foram curadas por Efrain Almeida, na C. galeria, e na galeria Sem título, e por Cesar Kiraly “A intimidade é uma escolha”, na galeria de Arte Ibeu, em 2017, no ano anterior foi vencedora do prêmio “Novíssimos”. Em projetos coletivos expôs a convite dos curadores Brígida Baltar, Isabel Portella e Marcelo Campos. Integra coleções particulares e o acervo do Mar – Museu de Arte do Rio.

 

Metapaisagens inaugura no Paço Imperial

30/mar

 

Luiz Pizarro apresenta obras recentes inéditas, abrindo espaço para a representação do Cosmos e questionando o homem como centro do universo.

Nos trabalhos mostrados por Luiz Pizarro na individual no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, (de 04 de março até 28 de abril), há uma notória preocupação do artista em expressar uma visão holística sobre os elementos, tirando a figura humana do centro das atenções para dar lugar ao todo, quer seja a natureza, a organicidade ou a harmonia universal. É disso que se trata “Metapaisagens”, que ocupa uma sala de 300m² com 18 telas de grandes formatos (medindo de 1,70m a 2,25m), produzidas entre o início de 2022 e 2023 em tinta acrílica, tendo as cores como elemento fundamental, uma forte característica em suas obras. No fundo do espaço, será apresentado o “Cubo Mágico”, – ou “Cubo dos Desejos” -, onde cada visitante é convidado a escolher uma cor nos novelos disponíveis, perpassando o total das letras do seu nome por pontos dentro da instalação interativa, “mentalizando desejos”. A figura geométrica também se faz presente em cubos brancos nas próprias telas, chamados por Pizarro de cubos de cristal. Esta é sua quarta mostra no Paço Imperial, onde já expôs, além de pinturas, gravuras e trabalhos em parafina.

“Estes trabalhos foram formulados em cima do conceito da colaboração, da interligação dos elementos. Já trabalhei muito a figura humana, desde o início da minha carreira. Desta vez, quis tirar isso das telas. Nossa contemporaneidade foi gerando uma centralidade que acabou sendo egocêntrica e egóica. Em “Metapaisagens”, o planeta Terra está representado por uma bola repleta de pontinhos que são a nossa imagem. Não somos mais do que pequenos pontinhos nesse planeta, planeta esse que também está inserido nesse espaço cósmico e sideral que, metaforicamente, é a tela como um todo, com plantas e flores, em um espaço aberto, o Cosmos”, diz Luiz Pizarro.

 

Sobre o artista

Luiz Pizarro nasceu em 1958, no Rio de Janeiro, residindo em Colônia, na Alemanha, de 1992 a 1998. Contemplado com a Bolsa Icatu de Artes, residiu e trabalhou em Paris, na Cité des Arts, entre março e agosto de 2006.  Formado em Engenharia de Produção pela UFRJ e em Administração Pública pela EBAP – FGV, concluiu sua formação artística no Parque Lage, de 1981 a 1983. Pintor e arte-educador, possui experiência de quase 30 anos em atividades educacionais e socioeducativas. Conhecido por integrar a chamada “Geração 80″ da arte brasileira, participou de duas edições da Bienal Internacional de São Paulo, lecionou com Beatriz Milhazes na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e coordenou projetos educacionais e sócio-interativos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu Nacional de Belas Artes. Dentro da programação da exposição, o artista pretende organizar visitas guiadas com grupos de moradores em situação de rua e jovens de abrigos. Atualmente é representado pela Galeria Patrícia Costa, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana.

 

 

Obras de Anna Braga no Paço Imperial

16/mar

 

O Paço Imperial inaugura na próxima quarta-feira, dia 22 de março, a exposição “Anna Braga – Submersões”, com um panorama da obra da artista multimídia, que há 20 anos não faz uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, serão apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, pertencentes a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”. Os trabalhos, que ocuparão três salões do Paço Imperial, trazem como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Até 21 de maio.

“Todos os trabalhos são em técnica mista, nos quais utilizo pintura, desenho, colagem, vídeo e fotografia na mesma obra. Faço interferências sobre o que encontro visualmente, dando outros significados para a imagem, transformando-a em algo completamente diferente”, conta a artista, nascida em Campos do Goytacazes, radicada no Rio de Janeiro, após ter passado um longo período no exterior, principalmente no Uruguai.

“As obras realizadas por Anna Braga nos colocam diante de imagens impregnadas de nexos que, como rastros, desenham um percurso de relações ao redor de temas como a destruição ambiental, a degradação urbana e a violência social, contextos encadeados em diversas situações nos trabalhos da artista. As três séries aqui reunidas – Memória Submersa, Ternas Peles e Puro Álibi – abarcam indagações entrecruzadas pelo próprio enredamento que caracteriza as sociedades contemporâneas e seus conflitos de identidade, classe, gênero, cor e grupo étnico”, afirma o curador Fernando Cocchiarale.

Na primeira sala estará a série “Memória Submersa”, que reflete, de forma poética, sobre ecologia, a partir do distrito de Atafona, em São João da Barra, no litoral campista, que está desaparecendo após sucessivas ressacas do mar. Através deste trabalho a artista faz uma veemente crítica à destruição da natureza, partindo de um exemplo local para falar globalmente sobre a questão da ecologia. Esta obra foi exposta originalmente no Museu Nacional de Brasília, em 2017. No Paço Imperial, no entanto, ela será acrescida de novos elementos, sendo composta por 17 trabalhos, entre obras bidimensionais, que estarão penduradas na parede, esculturas-objetos, instalações, um vídeo 3D e uma animação. Assim que entrar na exposição o público verá os vídeos, que ocuparão todas as paredes, fazendo uma imersão dos espectadores na obra.

“O que retorna à superfície, em poesia faz lembrar coisas que submergiram. A memória afetiva posta à prova vem contrariar o fenômeno natural das marés – quando arte não deixa apagar da memoria aquilo que se foi para sempre. Embora com isso não se reduza o sentido trágico da desaparição, a arte vem traduzir em metáforas essa melancolia e inexorável realidade”, afirma a artista.

Seguindo o percurso da exposição, na segunda sala estará a série “Ternas peles”, composta por sete trabalhos nos quais a artista cria interseções entre o nu artístico das estátuas gregas e imagens femininas presentes em antigos classificados de jornais da seção de termas e massagens. Anna Braga intervém manualmente nos periódicos, com pintura ou desenho e os fotografa, exibindo-os de três formas diferentes: como se fossem filmes usados para a impressão; impressos, mostrando a aproximação com a estatuária grega, e em uma instalação que se assemelha à cabeça da Medusa, com longas faixas feitas a partir da página em negativo, como fios de filmes. Com esta instalação, a artista pretende falar sobre o silêncio imposto sobre as mulheres e sobre os corpos trans. O resultado é uma potente reflexão sobre questões de gênero, a partir de corpos dissidentes, marginalizados e transexuais. “Neste trabalho destaco a luta social do ser humano para ter suas próprias opções sexuais e fazer delas o que bem entender. É mais um problema estrutural que a sociedade acumula”, ressalta.

Na terceira e última sala, estará a série “Puro Álibi”, composta por 12 trabalhos produzidos a partir do detalhe de uma fotografia publicada em um jornal de grande circulação, que mostra uma fila humana em um presídio. Nesta série, a artista destaca as sombras, transformando-as em novas figuras, dando um novo significado para a imagem para falar sobre o tema da violência. “A obra pertence a uma série na qual desenvolvo inúmeras metáforas forjadas em dorsos e posições de intimidação do homem em situações de ameaça. Neste caso específico trata-se de uma fila humana no pátio de uma prisão cujas sombras rastejantes sugerem outras verdades. Verdades que estão sendo realizadas nas imagens criadas pelo poeta entre a realidade, sonhos, temores e perplexidades do homem entre si e o outro, na vida e no tempo”, conta a artista.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Ao longo de sua trajetória, realizou diversas exposições, no Brasil e no exterior. Dentre as coletivas destacam-se: “Obranome”, no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, em 2013, e na EAV Parque Lage, em 2009, “30 anos de videoarte”, na EAV Parque Lage, em 2004, “Questões Diversas”, no Centro Cultural Correios, em 1998, entre outras. Dentre as principais exposições individuais destacam-se: “Visitando Ternas Peles” (2022), no Estúdio Dezenove, “Memória Submersa” (2017), no Museu Nacional da República, em Brasília, “Ternas Peles” (2003), no Palácio do Catete, Museu da República, “Transobjetos” (1996), na Caixa Cultural em Brasília, entre outras. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea do Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

 

 

Palestra e e-book no Paço Imperial

24/jan

 

Nesta sexta-feira, dia 27 de janeiro, às 16h, será realizada uma palestra gratuita com o artista Daniel Feingold, o curador Paulo Venancio Filho e o arquiteto e museólogo Giacomo Pirazzoli na exposição “Pequenos Formatos”, que comemora os 30 anos de trajetória do artista Daniel Feingold, no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Na ocasião também será lançado o e-book da exposição, editado pela AREA27 e Tamanduá, com visualização gratuita, 112 páginas, bilíngue, texto do curador Paulo Venancio Filho e imagens da exposição e das séries “Pintura Espacial”, “Oval Orgânica” e “Pinturinhas”.

A exposição pode ser vista até o dia 12 de fevereiro de 2023, no Paço Imperial. Com curadoria de Paulo Venancio Filho, são apresentadas cerca de 60 pinturas recentes e inéditas, em pequenos formatos, em óleo e bastão oleoso sobre tela, que marcam uma nova fase na obra do artista, com cores mais vivas e campos cromáticos inéditos. Como um desdobramento dessas novas obras, também são apresentadas oito pinturas inéditas, em grandes dimensões, produzidas este ano em óleo sobre tela, que dialogam com as obras de menor formato. A mostra tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.

“São planos cromáticos, linhas e situações de encontros plásticos que geram uma suposta dobradura do espaço, a partir de uma cor, na maioria das vezes plana, na superfície bidimensional da pintura”, diz o artista. “Faiscantes, elétricas, ácidas, como uma dança de centelhas que, entre si, disputam o espaço total da tela – um all over da era digital. Oriundas de um estilhaçamento prévio, em curso, que impossibilita toda e qualquer possibilidade e insiste em se conter nos limites da tela, que a custo o corpo procura controlar – o élan vital pintura”, completa o curador Paulo Venancio Filho.

Conhecido por suas pinturas monumentais, nas quais escorria o esmalte sintético pela tela, criando tramas, Feingold não só mudou o material, mas também as formas e a paleta, com cores mais vivas, muitas delas em neon, além da introdução do prata, trazendo mais luz e vitalidade para as telas.

 

 Sobre o artista

Daniel Feingold nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. Formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ, em 1983. Estudou História da Arte e Filosofia na UNIRIO/PUC, de 1988-1992; Teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, na EAV Parque Lage, de1988-1991 e fez mestrado no Pratt Institute, Nova York, em 1997. Dentre suas mais recentes exposições individuais estão “UrbanoChroma” (2019) – Projeto Tech_Nô, no Oi Futuro Flamengo; “Acaso Controlado” (2017), no Museu Vale do Rio Doce – Vitória, ES; “Fotografia em 3 séries” (2016), no Paço Imperial do Rio de Janeiro; ” Acaso Controlado” (2016), no Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, PR.

 

 

Visita guiada e conversa com Nadam Guerra

16/jan

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para a visita guiada da artista Liana Nigri em sua exposição “Gestos de Contato”, no dia 18 de janeiro, quarta-feira, às 18 horas.

A exposição reúne um conjunto de obras inéditas e recentes, em torno do gesto de modelar como ato escultórico, em que o corpo feminino é utilizado em contato direto com a matéria. “Gestos de Contato” abrange esculturas – em porcelana, terracota, metal, granito, mármore, desenhos a carvão, vídeo e fotografia.

Após a visita, Liana Nigri vai conversar com o artista e professor Nadam Guerra, que coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UNA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, onde ela criou a série “Ovo-Mundo”, em 2019, que resultou em esculturas de terracota e um vídeo com 2’10, presentes na exposição.

A mostra “Gestos de Contato” fica em cartaz até 28 de janeiro.

 

Sobre a artista

Liana Nigri nasceu em 1984, no Rio de Janeiro. É artista visual baseada no Rio de Janeiro. Sua pesquisa chama a atenção para a presença do corpo da mulher, uma observação íntima de marcas que evidenciam traços de tempo, experiências, contatos ou traumas. Encontrando voz dentro do espaço vazio de dobras da pele. Anualmente participa de residências artísticas, como LabVerde na Amazônia, “From the Laboratory to the Studio”, em Nova York, “In Context”, na Romênia, Terra Una, na Serra da Mantiqueira, e Despina, no Rio de Janeiro. Em breve será mestre do curso de “Estudos Contemporâneos das Artes” pela UFF, onde investiga a ideia de “Gestos de contato: corpo-matéria”.

 

Sobre Nadam Guerra

Artista e doutor em artes com a tese “Como tornar-se um Artista Mago”, Nadam Guerra é professor na EAV Parque Lage e no Instituto de Artes da UERJ. Coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UMA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, que desde 2007 já recebeu mais de 200 artistas para imersão em contexto rural e florestal. Fez as exposições individuais: Pintura da Lua (2020), Galeria Archidy Picado, em João Pessoa (2018); Paço Imperial, no Rio de Janeiro (2016); Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro (2015); Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza (2015); e Galeria do IBEU, Rio de Janeiro (2013). Tem obras em parceria com outros artistas como Michel Groisman (coletivo DESMAPAS) e Domingos Guimaraens, com quem criou em 2003 o Grupo UM, e o coletivo Opavivará!. Tem trabalhos nas coleções MAM Rio e Museu de Arte do Rio. Entre as exposições coletivas recentes, participou: SIART Bienal da Bolívia Literatura exposta, e Casa França Brasil, no Rio de Janeiro (2018); Alucinações à beira mar, MAM Rio (2017-19); Trust in Fiction, no CRAC Alsace (Centre art contemporain), em Altkirch, França, e Das Virgem em cardumes, no Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro (2016); 1ª. Bienal do Barro, em Caruaru, Pernambuco; Colloque international Performances, no Musée d’Art Contemporain, Marselha, França; Arte Actual, México (2014). Foi curador de festivais e eventos de performance como Cinema Manual Convida (Espaço Sesc, 2003), Visor (vários locais, 2004 – 2005), V::E::R, (2005 – Parque Lage, 2011 – Terra UNA), Sara-há (Saracura, 2016), Panorama de Dança (2017) e Corpos Críticos (2018, 2019).

 

Daniel Lannes – novo artista representado

13/dez

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a representação do artista Daniel Lannes.

 

Sobre o artista

Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981) vive e trabalha em São Paulo. O artista se formou em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006), tendo mestrado em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Pintando desde a sua infância, Lannes passou a se dedicar profissionalmente à produção artística em 2003, ano em que começou a cursar pintura com Chico Cunha e João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Na mesma instituição também foi aluno de Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, José Maria Dias da Cruz, Reynaldo Roels e Viviane Matesco.

A pintura de Daniel Lannes se debruça sobre o corpo físico, cultural e histórico, sendo a tríade sexo, poder e violência assunto fundamental para a sua poética. Transitando na fronteira entre o figurativo e o abstrato, suas composições podem trazer ora um nítido retrato de uma figura histórica, ora manchas difusas que sugerem um evento a ser completado pela nossa imaginação. Seu colorismo, fatura e composição, construídos através de pinceladas largas, constituem uma produção que demonstra apuro técnico e vigor experimental na mesma medida. Segundo Daniel Lannes, “…uma pintura bem sucedida é aquela na qual o acidente processual e a intenção narrativa intercalam-se na construção da imagem”. Revela-se, então, o leitmotiv de sua obra: narrar, não explicar.

Daniel Lannes foi ganhador do Prêmio Marcantonio Vilaça 2017/18, selecionado para a residência artística do programa LIA – Leipzig International Art Programme 2016/17, em Leipzig, na Alemanha; e para a residência Sommer Frische Kunst 2015, em Bad Gastein, na Áustria. Em 2013, foi indicado à 10ª edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO). Por duas vezes foi indicado ao Prêmio PIPA, em 2011 e 2013. Entre as suas principais exposições estão as individuais Jaula, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); A Luz do Fogo, Magic Beans Gallery, Berlim (2017); República, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio (2011); e as coletivas Contramemória, Theatro Municipal de São Paulo (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2021); Perspectives on contemporary Brazilian Art (2018); Art Berlin, Berlim; e Höhenrausch (2016), Eigen + Art Gallery, Berlim (2016). Suas obras fazem parte de diversas coleções privadas e públicas, entre elas: Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais; Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em maio de 2023, o artista abrirá a sua exposição individual na Galatea. Em breve, mais detalhes serão compartilhados. É, portanto, com muito entusiasmo que anunciamos Daniel Lannes entre os nossos artistas representados.

 

 

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

As cores sólidas de Germana Monte-Mór

26/set

 

A Galeria Estação, uma das mais celebradas vitrines da arte brasileira, inaugurou a exposição “Da infinidade da linha e da (im)perfeição das pedras”, que poderá ser vista pelo público até 05 de novembro. Sob a curadoria de Camila Bechelany, a mostra reúne cerca de 25 pinturas produzidas por Germana Monte-Mór nos últimos três anos. “São obras de diferentes dimensões caracterizadas por cores sólidas e justapostas, derivando as formas orgânicas que expressam a linguagem imagética da artista. Nelas, o plano da pintura ganha profundidade pela criação de fronteiras entre as formas por meio da aplicação de pigmentos, de asfalto sobre o tecido ou, ainda, por meio de incisões na tela”, diz Camila, que, ao abordar o trabalho de Germana, evoca um trecho do poema “Educação pela pedra”, de João Cabral de Melo Neto, que diz assim: “… No Sertão a pedra não sabe lecionar/ e se lecionasse, não ensinaria nada/ lá não se aprende a pedra: lá a pedra/ uma pedra de nascença, entranha a alma”.

De acordo com a galerista e colecionadora de arte Vilma Eid, anfitriã da Galeria Estação, a artista aproveitou muito bem o período de confinamento durante a pandemia para produzir bastante. Agora, essas pinturas compõem a segunda exposição individual de Germana Monte-Mór neste espaço cultural de Pinheiros. A primeira aconteceu em 2017, quando ela desenvolveu, na galeria, o núcleo de trabalho com artistas contemporâneos. “Germana é uma artista experiente, talentosa e consagrada. Ela mantém as mesmas formas de linhas orgânicas e curvilíneas, introduziu a cor, o feltro e as telas duplas, mantendo a mesma assinatura que nos leva imediatamente a reconhecer sua obra”, afirma Vilma.

Ainda nas palavras de Camila, a exposição espelha as múltiplas perspectivas pelas quais Germana observa as dimensões da vida. “Nas pinturas maiores, as formas lembram caminhos de rios sobre um terreno acidentado e rochoso, assemelhando-se a detalhes de mapas topográficos. A artista, que busca, desde o início de sua trajetória, modos de traçar linhas sobre o plano delimitando áreas de cor e matéria, encontrou uma nova forma de transposição de sua poética do papel para um espaço tridimensional criado sobre a superfície”, analisa.

Germana segue abrindo novos caminhos em sua sofisticada e engenhosa geografia criativa. “As formas que eu criava eram acompanhadas de sombras, que eu fazia na própria pintura. Agora, utilizo duas telas sobrepostas e essas sombras surgem em uma das camadas de forma concreta”, explica.

Sobre a artista

Germana Monte-Mór nasceu no Rio de Janeiro, em 1958, e vive em São Paulo desde 1983. É desenhista, gravadora, pintora e escultora. Formou-se em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, em Gravura pela Escolinha de Arte do Brasil e em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP. Em 2002, concluiu o mestrado em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP. Em 1989, recebeu a bolsa Ateliê II da Oficina Cultural Oswald de Andrade e o prêmio aquisição no 1º Prêmio Canson, do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM. Em 2004, ganhou a Bolsa Vitae de Artes, da Fundação Vitae. A busca por novos materiais é uma característica marcante da artista. Em sua trajetória, participou de importantes exposições coletivas e individuais em galerias e instituições renomadas, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Paço Imperial (RJ) e o Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto (SP). Suas obras integram coleções particulares e acervos célebres, como, dentre outros, o da Fundação Biblioteca Nacional (RJ), do Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), do Itaú Cultural (SP) e da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre (RS).

Sobre a curadora

Camila Bechelany atua como pesquisadora, crítica e curadora.  Em 2020, foi curadora da exposição Lugar Comum – Mostra 3M de Arte, SP com comissionamento de 10 obras para o espaço público. No mesmo ano foi residente do BAR Project em Barcelona e participante do programa de jovens curadores da ARCO Madrid em 2020. Em 2019, foi curadora do programa de residência, Pivô Pesquisa (SP). Foi integrante do grupo de críticos de arte do Centro Cultural São Paulo entre 2018 e 2019. Foi curadora convidada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2019 e curadora assistente no MASP entre 2016 e 2018. onde trabalhou nas mostras Histórias da sexualidade, Avenida Paulista, Guerrilla Girls entre outras. Entre seus projetos independentes estão Parques e outros pretextos (galeria Mendes Wood, 2019); Museu Vivo (Centro Pompidou, Paris, 2016) e a criação do espaço independente La Maudite em 2013. Foi participante bolsista do ICI, NY em 2012. É mestre em Antropologia Cultural pela EHESS de Paris e em Artes e Políticas Públicas pela Universidade de Nova York (NYU).

Sobre a Galeria Estação

Com um acervo entre os pioneiros e mais importantes do país, a Galeria Estação foi inaugurada no final de 2004 por Vilma Eid e Roberto Eid Philipp e consagrou-se por revelar e promover a produção de arte brasileira não-erudita. A sua atuação foi decisiva pela inclusão dessa linguagem no circuito artístico contemporâneo ao editar publicações e realizar exposições individuais e coletivas sob o olhar dos principais curadores e críticos do país. O elenco, que passou a ocupar espaço na mídia especializada, vem conquistando ainda a cena internacional ao participar, entre outras, das exposições “Histoire de Voir”, na Fondation Cartier pour l’Art Contemporain (França), em 2012, e da Bienal “Entre dois Mares – São Paulo | Valencia”, na Espanha, em 2007. Emblemática desse desempenho internacional foi a mostra individual do “Veio – Cícero Alves dos Santos”, em Veneza, paralelamente à Bienal de Artes, em 2013. No Brasil, além de individuais e de integrar coletivas prestigiadas, os artistas da galeria têm suas obras em acervos de importantes colecionadores brasileiros e de instituições de grande prestígio e reconhecimento, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte de São Paulo, o Museu Afro Brasil (São Paulo), o Pavilhão das Culturas Brasileiras (São Paulo), o Instituto Itaú Cultural (São Paulo), o SESC São Paulo, o MAM- Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o MAR, na capital fluminense.