KubikGallery e Emanuel Nassar

02/ago

A Kubik Gallery (Porto, Portugal e São Paulo, SP) comunica período de férias e anuncia a abertura da exposição “Trapiocas”, individual de Emmanuel Nassar no dia 22 de setembro.

 

Sobre o artista

 

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, em Capanema, Brasil, vive e trabalha em Belém e São Paulo. Trabalha com elementos associados à tradição popular brasileira, influenciado pelo pop e pela arte construtiva.

 

O artista exibiu seus trabalhos nas 20ª e 24ª Bienal Internacional de São Paulo, ganhou o grande prêmio da 6ª Bienal de Cuenca e participou da 45 ª Bienal de Veneza. Seu trabalho está nas coleções do Museu da Universidade de Essex (Inglaterra), Fundação Cisneros – Coleção Patricia Phelps de Cisneros (Nova York/Caracas), Marcantonio Vilaça, MAM-Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu do Estado do Pará, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros.

Em torno de Nery no MAM SP

01/ago

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, a convite do MAM São Paulo, organizou três mesas de debate inspiradas na exposição “Ismael Nery: feminino e masculino”,com curadoria de Paulo Sergio Duarte. O curador da exposição descreve o artista como alguém que teve coragem de caminhar sozinho, de descobrir-se e de construir um olhar sincronizado com a arte de seu tempo, mas não com os intelectuais de seu país. Assim, insinua que o artista construiu seu universo pictórico por meio do trabalho de desvelamento – um processo de retirada de camadas e véus que o levou à descoberta de si, ao encontro com o mundo e à sua arte. A primeira aconteceu em 26 de julho e as seguintes em 02 de agosto e 09 de agosto às 20h no Auditório do MAM São Paulo, Parque Ibirapuera, portão 3.

 

Nascido em 1900 Ismael Nery morreu aos 34 anos, de tuberculose. Segundo Duarte, Nery era católico e professava sua fé em discussões filosóficas; na época estava na moda ser materialista e anticlerical, mas ele era um dândi narcisista – a exposição está repleta de autorretratos e autorretratos com sua mulher, Adalgisa, reconhecida pela beleza e inteligência. Ainda, segundo a apresentação do curador, o pintor era vaidoso e exímio dançarino; poderia se dizer hoje que era um “artista performático”.

 

A questão de gênero e a sexualidade estão muito presentes em sua ousada produção. São olhares maliciosos, figuras andróginas, relações entre feminino e masculino, corpos fundidos – como se uma ou mais camadas de decoro e civilização tivessem sido retiradas da tela – e a impressão que sempre há algo anterior, primordial, misterioso, de difícil nomeação. Questões dessa mesma natureza sempre estiveram na pauta da Psicanálise. Acreditamos que esta exposição e os debates a seguir nos dão a oportunidade de compartilhar nosso pensamento com o de outras áreas da cultura.

Luciana Saddi – Diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP

 

Visita mediada à exposição “Ismael Nery: feminino e masculino”pelos educadores do MAM: 20h

 

Debate no auditório: 20h30 

 

Mesa 1 – quinta-feira, 26 de julho, às 20h30

A cosmogonia de Ismael Nery, com Silvana Rea

A psicanalista vai abordar a poética de Ismael Nery em suas relações com a história da arte e com a psicanálise.

Silvana Reaé graduada em cinema e psicologia, Doutora em Psicologia da Arte pela Universidade de São Paulo, diretora científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

A lei do desejo, com Pedro Paulo Pimenta

Na história da filosofia, há um momento, a segunda metade do século XVIII, em que o desejo sexual passa a representar o desejo enquanto tal. Essa identificação tem como contraparte a atribuição exclusiva do prazer sexual à espécie humana, o que acarreta uma redefinição da ideia de gênero.

Pedro Paulo Pimentaé professor livre-docente de filosofia moderna na USP e autor de A trama da natureza(Unesp, 2018).

 

Mesa 2 – quinta-feira, 2 de agosto, às 20h30

O sexo e as pessoas ou a desnaturalização do sexual proposta por Freud, com Oswaldo Ferreira Leite Netto

Como psicanalista, o autor tece considerações sobre a sexualidade humana e a impossibilidade de considerá-la em seus aspectos biológicos apenas: masculino e feminino.

Oswaldo Ferreira Leite Nettoé psiquiatra e psicanalista da SBPSP, onde coordena o grupo de estudos “Psicanálise e Homossexualidade”, e membro do comitê de identidade de gênero e diversidade da IPA. É diretor do Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Desenhos da intimidade: a sinceridade do traço secreto, tesouro do artista, com Alex Cerveny

O artista falará sobre o que é próprio do desenho, da intimidade de Ismael  Nery com a representação do corpo/mente e a liberdade que este tipo de desenho, “secreto” e informal, proporciona.

Alex Cerveny pertencente à geração de artistas surgida no Brasil nos anos 1980, com formação independente, especializou-se primeiro em desenho e gravura, expandindo depois para outros meios. Desde 2002, é representado pela galeria Casa Triângulo, de São Paulo.

 

Mesa 3 – quinta-feira, 9 de agosto, às 20h30

Espectros, com Leopold Nosek

Com quantos espectros se faz uma pessoa?

Leopold Noseké psicanalista da SBPSP. Autor, entre outros trabalhos, do livro “A Disposição para o Assombro” ed. Perspectiva. Em 2014 ganhou o prêmio Mary Sigourney Award.

O poço de contradições, com Paulo Sergio Duarte

Uma obra singular no modernismo brasileiro realizada sobre a base de conflitos entre religião e sexualidade.

Paulo Sergio Duarte, curador da exposição é crítico, professor de História da Arte e professor-pesquisador do Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESAP) da Universidade Candido Mendes e da Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro (Parque Lage). Dirigiu projetos culturais e educacionais para o governo federal e para os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro. Publicou diversos livros sobre arte moderna e contemporânea.

 

Quintas-feiras

26 de julho, 2 de agosto, 9 de agosto às 20h

Auditório do MAM São Paulo

Parque Ibirapuera, portão 3

Conversas na Nara Roesler

31/jul

Na ocasião das exposições “Fragmentos do Real [Atalhos]”, de Fabio Miguez e “No Meio”, de Bruno Dunley, a Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, convida para uma conversa aberta ao público com o professor, curador e crítico Tadeu Chiarelli, acompanhado dos artistas Bruno Dunley e Fabio Miguez, ambos pertencentes a gerações marcadas pela retomada da pintura, e que compartilham referências históricas do universo pictórico.

 

 

Conversas na galeria
Sábado, 04 de agosto 11h

Traços Brasileiros  

27/jul

 

A exposição “Traços Brasileiros – A cultura brasileira pela ótica de artistas plásticos”, que acontece de 09 de agosto a 06 de setembro no Centro Cultural Light, Centro, é uma coletiva de artistas plásticos oriundos do Atelier Oruniyá (Rio de Janeiro) e do Grupo Casa Amarela (Barra Mansa), além de artistas formandos da Escola de Belas Artes da UFRJ e UFRRJ. A curadoria e coordenação da exposição é do designer e pesquisador Guilherme Lopes Moura. A exposição retrata o Brasil em sua ampla diversidade de manifestações culturais, lendas, hábitos, brincadeiras, ícones artísticos, enfim, os traços que compõem o imaginário brasileiro ao longo de sua extensão geográfica. Os suportes serão os mais diversos: desde a pintura a óleo, gravura e aquarela até oficinas de cerâmica, crochê, mosaico, bordado livre, entre outras técnicas e suportes que, assim como a nossa cultura, só enriquecem o modo de ser – e de se expressar – do brasileiro. Bumba meu boi, Saci-Pererê, Iara, Capoeira, Jongo, Folia do Divino Espírito Santo, Cordel e Festas Juninas são apenas alguns dos temas que serão retratados nesta exposição durante o mês do folclore. Além disso, na abertura da exposição, o artista cearense Cabral da Cabaceira fará declamação de poesia matuta.

 

 

O mês de agosto e o folclore

 

O tão conhecido termo folclore vem do inglês folklore, que é a junção de povo (folk) e sabedoria (lore), significando “sabedoria do povo”. Este termo foi criado pelo arqueólogo inglês William John Thoms em 22 de agosto de 1846 e em pouco tempo passou a ser adotado pelos estudiosos da cultura popular ao redor do mundo. No Brasil, 22 de agosto foi oficializado como o dia do folclore (e por conseguinte o mês) em 1965 por meio de decreto federal. A Carta do Folclore Brasileiro, elaborada no I Congresso Brasileiro de Folclore, em 1951, define que “Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humanos ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica.”

 

 

Sobre o Atelier Oruniyá

 

O Atelier Oruniyá reúne cinco artistas – Ana Moura, Gilliatt Moraes, Lucas Moura, Nelson Macedo e Renato Alvim – que têm como propósito comum o processo de produção da imagem, investigando a construção do sentido abstrato e poético da forma visual e, a exemplo de tantos artistas que nos precederam, entendem que não há outro caminho senão o comprometimento com o legado da tradição. Acompanham também André Bombonatti, Anna Lívia Mohanan, Ayla de Oliveira, Enji fundão, Juliana Mizrahi, Laura de Castro, Letícia Martins, Maria Artemis, Monike Silva, Paula Siebra e Vitor Hara, formandos das Escolas de Belas Artes da UFRJ  e UFRRJ, onde alguns artistas do Atelier Oruniyá lecionam.

 

 

Grupo Casa Amarela

 

Grupo de Artistas e Artesãos oriundos do Espaço Atelier Escola, que buscam uma identidade Nacional, regional e local para sua produção artística e que tem na Arte Nacional e na Cultura do Médio Paraíba sua fonte de inspiração e pesquisa. Tem como objetivo criar um núcleo de Arte no interior do Estado do Rio de janeiro, criar uma pedagogia para criação de grupos artísticos para alavancar a fruição e o comércio das Artes e artesanato, constituir espaços de propagação da arte e do artista local/regional, tornar sustentável espaços culturais que não tem apelo massivos. Formado pelos artistas Alexandre Brante, Andreia Lima, Cristiane Albernaz, Francis Marques, Izabel Meloto, Lélis Maria, Marcelo Campos, Messias Jr, Niki Campos, Paulo Valério, Thaisa Moura, Vera Lúcia Pereira e Viviane da Silva.

 

 

Sobre o curador e coordenador geral

 

Formado em Comunicação Visual – Design na UFRJ, fundador da Folha Verde Design, realizadora da exposição. É fotógrafo e pesquisador da cultura popular brasileira, autor do livro Folia de Reis na Serra Fluminense e idealizador da exposição “Folia de Reis: Mensageiros dos Reis Magos”, que aconteceu em janeiro de 2018 no Centro Cultural Light. Desde 2009 já desenvolveu identidade visual de mais de 100 projetos, entre mostras de cinema, peças de teatro e identidade corporativa.

Iole de Freitas na Silvia Cintra + Box 4

26/jul

Inaugura dia 09 de agosto a nova individual da artista Iole de Freitas na Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. O título da mostra é “Papel de aço”. Em exibição nove esculturas brancas, de pequeno e médio porte, que ocuparão  o espaço da galeria da mesma forma como ficaram no atelier da artista – apoiadas em compensados de madeira simples – durante todo o processo de pesquisa.

 

Esta nova série é um desdobramento da exposição “O peso de cada um”, realizada em maio no MAM do Rio de Janeiro, quando a artista deixa o emprego das chapas de poliuretano com que vinha trabalhando há anos e se concentrou apenas no aço inox. O desafio da mostra na galeria foi o de realizar esculturas em uma escala bem menor do que as que foram exibidas no museu, e propor uma nova relação com elas. Agora a obra não mais se relaciona com o espaço e com a arquitetura e sim com o próprio corpo da obra.

 

O começo dessa pesquisa foi feito com papéis vulgares, cartolinas, que Iole recortava e dobrava explorando as possibilidades do côncavo e do convexo. O passo seguinte foi transpor esse resultado para o alumínio, que já é um material mais grosso e pesado e posteriormente, já na calandra, reproduzir isso no aço, o material final da obra.

 

Mas ainda faltava um elemento, a cor, que apareceu da necessidade da artista em trazer luminosidade e transparência para as esculturas. Com inúmeras camadas de pintura branca e lixa, Iole consegue reproduzir nas peças a luz, a sombra e a rugosidade do papel.

 

Faz parte da mostra ainda um vídeo no qual o espectador terá a oportunidade de ver a própria artista falando sobre seu processo criativo.

 

 

Até 15 de setembro.

Na Gentil Carioca

25/jul

Maxwell Alexandre – O Batismo de Maxwell Alexandre. No dia de abertura da exposição, em ato de peregrinação, o artista e os membros “d’A Noiva Igreja do Reino da Arte”, levaram a pé da Rocinha as pinturas-mãe, pinturas apelidadas carinhosamente pelo artista, numa jornada religiosa de quatro horas, onde todas,  foram enroladas e carregadas nos ombros até o centro do Rio de Janeiro. Em formato de grande escala, as telas, ao chegarem na A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, foram içadas nas salas expositivas. Todo o ato foi filmado e transmitido ao vivo num telão na galeria.

 

 

Até 12 de setembro.

Lorenzato no Paço Imperial

24/jul

 

“Lorenzato: pintura com exercício de liberdade”, encontra-se em exibição no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

Pela primeira vez o público carioca tem o privilégio de receber uma exposição individual do artista ítalo-brasileiro, Amadeu Lorenzato, nascido em 1900, em Belo Horizonte, Minas Gerais e falecido em 1995, na mesma cidade.

 

A exposição se compõe de cinquenta e nove pinturas exibidas de uma maneira em que não se torna relevante o caráter cronológico das obras, mas sim suas aproximações por afinidades poéticas e formais. Com uma trajetória singular, o artista produziu uma obra que escapa dos rótulos e classificações, muitas vezes redundantes e simplistas, e que tampouco alcança a complexidade de um verdadeiro trabalho artístico. A obra de Lorenzato está impregnada de seu cotidiano simples e de suas vivências no âmbito artístico e pessoal. Trabalhando com pinturas e esculturas, pegou emprestadas matérias e técnicas das artes decorativas e de seu ofício primeiro (pintor de paredes), do qual tirou o cimento e os pentes para criar texturas na superfície da pintura. Nesses gestos de apropriações de técnicas e materiais, o artista subverte o uso original da matéria e o reinaugura como método no seu fazer artístico. Ao produzir imagens de grande potência visual e poética e ao articular com precisão e maestria o cruzamento híbrido de saberes populares/eruditos, sua produção artística ultrapassa as escolas artísticas, sempre tão hierarquizadas, resultando uma obra atemporal e permitindo vínculos possíveis com a produção modernista brasileira e internacional. Com uma visualidade formal e estrutural sofisticada, Lorenzato nos coloca diante de uma produção que nos faz refletir e encontra ecos na produção artística contemporânea. Ele foi buscar no seu cotidiano simples os “temas” de suas obras: imagens de casas, paisagens e retratos de pessoas próximas, e naturezas-mortas. O universo do artista nos é apresentado em uma ótica amorosa e afetiva. Ele usa suas experiências vivenciais como matéria para produzir um discurso visual, rico, intenso, poético e ao mesmo tempo absolutamente impregnado de um modo de vida permeado pelo exercício de liberdade.

Efrain Almeida e Wilson Lázaro

 

 

Até 05 de agosto.

Dois na Cavalo

23/jul

Na próxima quinta, dia 26 de julho, a Cavalo inaugura as individuais ‘Batom’ de Daniel Albuquerque e “Shaka Sign” de Camila Oliveira Fairclough. As exposições dos artistas cariocas se dividem e se atravessam nas salas da galeria localizada no bairro de Botafogo.

 

Daniel Albuquerque exibe obras tridimensionais que fazem parte de sua produção recente. Os trabalhos utilizam materiais tradicionais da escultura como cerâmica e gesso moldados pelo artista em formas como cigarros, chicletes mastigados e línguas contorcidas, além de obras realizadas em tricô. “Batom”, título homônimo de uma peça presente na exposição, é segundo Daniel um signo que concilia sua pesquisa em questões cromáticas e representação com seu interesse em gestos íntimos. Esses rituais cotidianos e hábitos de prazer se relacionam com diversas vezes com o tabagismo como no caso da obra ‘Retoque’ com a qual o expectador se depara ao entrar na galeria. Em tons carnais e com as dimensões aproximadas de uma banheira doméstica, a escultura remete a algo entre uma prótese bucal e um enorme cinzeiro.

 

Carioca radicada em Paris, Camila Oliveira Fairclough apresenta uma série inédita de pinturas acrílica sobre poliéster baseadas em obras célebres de artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Willys de Castro. Camila reproduz composições geométricas e poesias do movimento Neoconcreto sobre as estampas de bermudas esticadas em chassi numa atitude de apropriação artística. “Shaka Sign” é a primeira individual de Camila Oliveira Fairclough no Brasil e faz referência ao gesto popularmente conhecido como hang loose, uma saudação havaiana incorporada pela cultura surfista. Na tradução e reinterpretação das obras em estampas praianas a artista parece refletir sobre a estereotipação da cultura de um país tropical. Acostumada desde criança a viver em diversos países, a artista possui uma investigação em pintura e instalações vibrantes que abordam linguagem e o emprego de composições já existentes. “Acredito que podemos ler imagens e formas. Eu não escolho entre os dois. É equivalente.” revela Fairclough.

 

‘Batom’ e ‘Shaka Sign’ é um encontro proposto pelos galeristas Ana Elisa Cohen e Felipe R Pena de dois artistas que desdobram a pintura e a tridimensionalidade em língua, tanto a corporal quanto a simbólica. São exposições que encontram nas práticas vistas como triviais uma forma de criar as camadas de um corpo que é, sobretudo, social.

 

 

Até 01 de setembro.

Rodrigo Torres na SIM SP

20/jul

 

A SIM galeria, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta a série “Neolítico Express”.

 

Os trabalhos da série Neolítico Express, de Rodrigo Torres, estabelecem um diálogo curioso com a tradição: consagram, através de uma profanação minuciosa, a ambiguidade entre a obra intrínseca e extrínseca que marca nossa experiência com a arte contemporânea. No caso, a familiaridade com itens valiosos, num contexto decorativo ou museológico, é discutida em um processo de ruptura com o esperado ponto de vista reverente, aquele certo de encontrar ali algo de cujo núcleo emana uma verdade e beleza integral   , para ser problematizado quanto a um desenvolvimento particular da escultura no Brasil: o estremecimento das bases de uma autonomia, a partir da conclamação da cumplicidade diante de um estágio intermediário em que nada deveria ser visto como autêntico ou acabado de antemão.

 

Podemos pensar de início nosBólidesde Oiticica, no fato de que levam, desde o início da década de 1960, a uma relação renovada do público com o objeto, de outra forma, do participador com uma obra, que é simultaneamente um dispositivo sensorial e conceitual a ser acionado em um segundo estágio de aproximação. Ele participa no sentido de adensar a experiência ótica com uma camada de injunções às vezes precárias que culminam em significativas reconsiderações. E, principalmente, imagina que não há um único vetor construtivo que faz o artista produzir um objeto em uma totalidade que se mostra irredutível, mas um processo com idas e vindas que equaliza a posição de todos em um patamar. Nele o criador se constitui por um espelhamento instantâneo em uma criatura que reivindica seu lugar também como sujeito incompleto.

 

Mais recentemente, os Phanógrafos de projeção e deposição(2010), de Tunga, também se estruturaram a partir de um recipiente, vasos de cristal Baccarat, contidos por caixas articuladas que encerram sua gênese e seu funcionamento implícito. A origem desse fenômeno tange a compreensão de um princípio criativo que se afiança no onírico, superando embates voltados para a subtração de material, substituindo-os por encontros mágicos com o que está ali dado, como se aproveitasse o vácuo deixado pelo fato do ready-made ser, antes de mais nada, uma peça de cerâmica que surgiu no mundo da arte inadvertidamente. Nos Phanógrafos, a equação experimental se apresenta a partir do ficcional, estruturas que sempre comportam um segundo núcleo que irradia cor e materialidade furtiva, pois o objeto central também não se mostra integralmente, e sua cota obscura se preenche pela ansiedade de se conjugar delicadeza e brutalidade.

 

As ânforas de Rodrigo não contêm, não são recipiente, mas o conteúdo parcialmente embalado por um invólucro que se distanciaria no tempo do artefato encontrado pelo arqueólogo. Ali, a máxima minimalista em torno de um cubo anódino, de que “você vê o que você vê”, abre-se em um ciclo de perguntas e respostas bem menos tautológicas: não vemos tudo, e as partes nunca se equivalem, depondo o equilíbrio formal, calçando-o na gravidade, no equilíbrio real de um vaso sobre um balde, dentro de uma caixa ou sobre a mesa.

 

Produzidas e finalizadas em seu estúdio na Fábrica Bhering, no Rio de Janeiro, lugar onde doces eram industrializados, longe de seus ancestrais chineses e gregos, as ânforas demonstram não apenas quebrar a redoma que instaura a obra em uma temporalidade especial que se destaca da cotidiana, mas também eternizar o momento em que esses dois tempos se encontram, quando desembalamos ou embalamos algo, quando encontramos algo que vem, através de uma lição de Joseph Beuys, reforçar potencialidades metafísicas da matéria – títulos desmentidos por legendas induzem a uma manipulação virtual que ocorre, então, junto à observação atenta das propriedades de uma objectualidade que se instaura no provisório.

 

A argila primordial que amalgama o isopor, o papelão, a fita adesiva, resquícios de líquidos já vertidos ou a se verter, incorpora o mimetismo que engloba a pintura, que de fato reveste as peças  e o que parece ser o papelão areado esculpido escrupulosamente para que pareça ser aquilo em definitivo. Como se estivesse mesmo em trânsito, inviolada por alguém, acondicionada anonimamente por outro, cada uma delas se mostra em um pedestal neutro, na galeria, que sustenta outro suporte: a escultura como plataforma para o pensamento a respeito da preciosidade de sua incongruência e seu fascínio atual.

Rafael Vogt Maia Rosa

 

 

 

De 28 de julho até 25 de agosto.

Palestras

A Fundação Bienal de São Paulo convida para ações de difusão da 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas

 

Palestra
estrutura e práticas curatoriais
24 de julho, terça-feira
19h – 21h

 

 

Apresentação do projeto curatorial da 33ª Bienal de São Paulo – “Afinidades afetivas”, um sistema operacional alternativo que privilegia o olhar dos artistas sobre seus próprios contextos criativos, organizado a partir de mostras coletivas concebidas por artistas-curadores e apresentações de projetos individuais. A palestra também traz um breve histórico das Bienais de São Paulo desde suas primeiras edições.

 

Palestra
convite à atenção
31 de julho, terça-feira
19h – 21h30

 

Apresentação de um panorama dos materiais educativos das Bienais de São Paulo, seguida de conversa sobre as reflexões e práticas que integram o projeto educativo da 33ª Bienal de São Paulo e que permearam o desenvolvimento da publicação educativa “Convite à atenção”. A publicação é composta por exercícios que configuram um convite a estar atento à experiência com a arte.

 

 

 

Fundação Bienal de São Paulo
Lounge Bienal (entrada pela rampa externa)
Parque Ibirapuera, Portão 3, Pavilhão da Bienal