Reabertura da Galeria do Lago

06/dez

 

 

 

No dia 4 de dezembro, será reaberta a exposição da artista Patrizia D’Angello, na Galeria do Lago, no Museu da República, depois de quase dois anos fechada devido à pandemia de Covid-19. Rebatizada de “Jardim do Éden 1.2”, a exposição, que tem curadoria de Isabel Portella, será ampliada, com novas obras, que foram produzidas durante o período de isolamento, ganhando um novo significado. “A exposição reabre impactada pelo tempo passado”, afirma a artista, que lançará, no dia da abertura, o catálogo da primeira versão da mostra e estará aberta até 20 de fevereiro de 2022.

 

Das 25 pinturas que integravam a exposição original, 15 permanecem e outras 13 foram acrescidas, totalizando 28 obras. Os novos trabalhos foram produzidos no ateliê que a artista tem em casa e retratam a natureza. “Durante a quarentena, confinada em um apartamento super urbano, totalmente apartada do ar, da água, do mato, do céu e do sol, retomei uma série de pinturas já iniciada de lagos e vegetação de cores fluidas, lisérgicas e tempo suspenso, uma espécie de vertigem necessária onde é possível ver discos voadores flutuando na água e nenúfares no céu, um salvo conduto  para se passar os dias monocórdicos de um eterno presente sem sucumbir a loucura”, conta a artista.

 

Na primeira sala da exposição, estarão os novos trabalhos, produzidos durante o isolamento social. “É uma atmosfera onírica, tal qual um banquete de pratos flutuantes ofertando a natureza em consonância com o parque do Museu da República, que adentra pelas janelas e portas mediando, assim, a construção que se dá na segunda sala, onde novos trabalhos corroboram e se somam à narrativa já desenvolvida no primeiro momento da exposição”, ressalta a artista .

 

O conceito da mostra foi pensado a partir dos muitos banquetes realizados no Palácio do Catete, sede do Governo Federal entre 1896 e 1960 e que hoje abriga o Museu da República. Para realizar a primeira fase da exposição, a artista mergulhou no acervo do Museu, em documentos relacionados ao tema, como uma bela coleção de convites e menus das muitas recepções ocorridas ali, bem como fotos, vasos, pratarias, sancas e mobiliário pertencentes ao Palácio do Catete, que aparecem nas obras mesclados a seu repertório poético. “Numa narrativa bem humorada, mas repleta de sutis paralelos, a artista se debruça sobre os grandes temas da pintura figurativa, o retrato, a paisagem e a natureza morta. Em seus trabalhos, Patrizia procura discutir os limites do real, da mímesis e as implicações no mundo contemporâneo”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

Movida por um humor dionisíaco e tendo como norte a Pop Art e a Tropicália, os trabalhos de Patrizia D’Angello estão sempre reverberando questões do feminino/feminismo. Em uma operação ambivalente de afirmação e crítica, a artista desloca sentidos e, com humor, joga luz sobre a pretensa “normalidade” do  patriarcado e suas práticas predatórias. “A abordagem desse espaço tão representativo do poder, do patriarcado, da ordem vigente, se dá através do campo relegado desde sempre ao domínio das mulheres, a cozinha, a mesa, a decoração, o enfeite, o bordado, o doce, o belo… Um universo, segundo essa lógica dominante, menor, secundário, fútil e frívolo, por isso mesmo entregue de bom grado às mãos que vieram pra servir”, ressalta a artista.

 

O pensamento crítico aparece sempre de forma sutil, quando a sobreposição do título à imagem produz um ruído desconsertante. “O título dos trabalhos é parte indissociável da obra, pois é através do deslocamento de sentido engendradado nessa operação de nomear que desenvolvo a narrativa que me interessa explorar”, conta Patrizia D’Angello. “Se o feminismo, a sensualidade erótico-sensorial, o patriarcado, a exploração são questões que interessam à artista explorar, ela o faz com humor, numa crítica que expõe engrenagens perversas e desnuda atitudes machistas, sem perder a doçura”, afirma a curadora Isabel Portella. “Retrato mulheres insurgentes e empoderadas a debochar desse mundo constituído sob valores alheios e desfavoráveis, piqueniques, mesas, comidas, doces, vasos e ornamentos onde tudo parece estar onde deveria estar exceto pelo fato de que essa afirmação resvala numa bem humorada crítica”, diz a artista.

 

 

Sobre a artista

 

Patrizia D’Angello nasceu em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio e em Moda pela Candido Mendes, a partir de 2008, cessou todas as atividades em outras áreas pra se dedicar exclusivamente à arte. Desde então, desenvolve uma poética que, através de artifícios da narrativa do cotidiano, incorpora e comenta a vida em suas grandezas e pequenesas, em seus potenciais de estranhamento e em suas banalidades, espelhando e refletindo aquilo que diz respeito à vida. Transita pela produção de objetos, performance, fotografia, video e, mais assiduamente, pela pintura. Frequentou a Escola de Artes Visuais no Parque Lage, onde cursou diversos cursos. De setembro de 2014 a Março de 2015 esteve no programa de bolsa residência-intercâmbio com a École Nationale Superieure des Beaux Arts de Paris. Foi indicada ao prêmio PIPA em 2012. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Lush”, 2018, Centro Cultural Municipal Sergio Porto, Rio de Janeiro; “Assim é se lhe parece – Casa, Comida e Roupa Lavada”, 2016, Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro; “Kitinete”, 2016, Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro; “No Embalo das Minhas Paixões”, Galeria de Arte IBEU; Banquete Babilônia, Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas últimas exposições coletivas estão: Casa Carioca, MAR; Cada Um Grita Como Quiser, Galpão Dama; Baguncinha, Casa de Pedra; Galeria Gema, todas  este ano, ”Signo Traço Atração”, Galeria Evoé, 2020; “Primeiro salão de Arte Degenerada”, Ateliê Sanitário, 2019; “Rios do Rio”, Museu Histórico Nacional, 2019; “Passeata”, Galeria Simone Cadinelli, 2019; “My Way”, Casa França-Brasil, 2019, no Rio de Janeiro; “Futebol Meta Linguagem”, Centro de Artes Calouste Gulbenkian, 2018, Rio de Janeiro; “Poesia do Dia a Dia”, Centro Cultural Sergio Porto, 2017, Rio de Janeiro; “Quero que Você me Aqueça nesse Inverno”, Centro Cultural Elefente, 2016, Brasília; “Attentif Ensemble”, Jour et Nuit Culture, 2015, Paris; “Portage”, ENSBA, 2014, Paris; “Como Se Não Houvesse Espera”, Centro Cultural da Justiça Federal, 2014, Rio de Janeiro, entre outras.

 

Sobre a Galeria do Lago

 

A Galeria do Lago apresenta programas contínuos de exposições de arte contemporânea, que visam a discutir aspectos da produção da arte atual, com obras que de alguma maneira se relacionem com o Museu da República.

 

Raul Mourão expõe em Salvador

01/dez

 

 

 

O MENOR CARNAVAL DO MUNDO

 

A Roberto Alban Galeria, Salvador, BA, tem o prazer de anunciar a exposição “O menor carnaval do mundo”, exposição individual de Raul Mourão. Segunda exposição do artista na galeria, a mostra que será inaugurada dia 09 de dezembro e fica em exibição até 05 de fevereiro de 2022 reúne um conjunto de 44 obras recentes, oriundas de diferentes séries e campos de investigação de sua vasta produção, iniciada na segunda metade da década de 1980.

 

Expoente de uma geração que marcou o cenário carioca na década seguinte, Raul Mourão é notadamente conhecido por uma produção multimídia, que se desdobra em esculturas, pinturas, desenhos, vídeos, fotografias, instalações e performances. Frequentemente, o artista investiga os cruzamentos entre estes campos e linguagens, estimulando relações multidisciplinares em sua prática, lançando mão de um vocabulário visual único e de um peculiar senso de apreensão da realidade que o cerca.

 

A obra de Mourão alimenta-se, assim, de trivialidades e signos da vida cotidiana e de sua vivência da paisagem urbana, então interpretados e reconfigurados pelo artista em um processo de elaboração de seu olhar sobre eles, tão engenhoso quanto perspicaz, capaz de refletir sobre o que nos parece mundano, efêmero; mas também sobre questões mais amplas, como o contexto sócio-político do país.

 

Este fluxo entre as esferas individual e coletiva acontece em uma constante retroalimentação entre estes polos, resultando em uma produção artística de alta voltagem inventiva e linguística, em estado de ebulição e renovação contínuos, ao passo em que determinados temas, elementos e materiais seguem em experimentações constantes e variadas dentro do processo criativo do artista.

 

Em O menor carnaval do mundo, Mourão reforça este interesse por mídias e suportes diversos ao apresentar obras recentes de diferentes séries de sua produção, todas realizadas nestes últimos anos. O conjunto reúne desde novas esculturas cinéticas a pinturas de sua série “Janelas”, de fotografias e pinturas da série “SETADERUA” à vídeos como “Bang-Bang” – obra já exibida em ocasiões anteriores, mas recontextualizada dentro do presente conjunto proposto.

 

O título da mostra alude tanto à uma dimensão narrativa, afetiva – um carnaval vivido junto a um grupo reduzido de amigos, dentro do período pandêmico – quanto aponta para um certo jogo de escalas proposto pelo próprio artista a partir da obra título da exposição. Escultura realizada em dois tamanhos diferentes, a obra homônima evidencia o desejo de Mourão de experimentar estas pequenas variações sobre um mesmo tema ou objeto, explorando uma mesma ideia por vias distintas, mas também complementares, insuspeitas.

 

Suas bandeiras do Brasil, por exemplo – subtraídas de seus círculos centrais e do lema positivista de “ordem e progresso” – aparecem ao longo da mostra tanto em uma pequena versão p&b em tecido (dedicada ao grupo BaianaSystem) quanto em uma fotografia realizada na orla carioca, em parceria com o músico Tomás Cunha Ferreira.

 

Na entrada do espaço expositivo, uma espécie de parede-índice reúne um conjunto variado de trabalhos, sublinhando este senso de “desnorteamento organizado” proposto por Mourão, nos convidando a adentrar suas diferentes séries e campos de investigação a partir da sugestão de possibilidades diversas de relações a serem traçadas entre as obras em si. O artista não nos indica, assim, direções fixas ou trajetórias precisamente delineadas. Por vias opostas, nos concede, pistas e indícios que funcionam espontaneamente como disparadores destes inúmeros percursos a serem realizados por entre as salas da mostra. Nas palavras da crítica e curadora de arte pernambucana Clarissa Diniz, no texto crítico que acompanha a mostra:

 

“Se vivemos, agora, um mundo que nos extrapola mais do que a outrora posto que nos apreende em grades e distâncias, ao que parece, quando nos convoca a participar do Menor carnaval do mundo, Raul Mourão está a nos cochichar sobre a força transformadora do que, reduzido, pode enfrentar os gigantes sem que eles se deem conta do que está acontecendo.”

 

Sobre o artista

 

Raul Mourão nasceu no Rio de Janeiro, em 1967, onde vive e trabalha. Entre suas principais exposições individuais e projetos solo recentes, destacam-se: Empty Head, Galeria Nara Roesler Nova York, 2021; A Máquina do Mundo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2021; Estado Bruto, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2020; A Escolha do Artista, Instituto Casa Roberto Marinho, 2020;  Experiência Live Cinema #4: Raul Mourão + Cabelo, Studio OM.Art, 2019; Fora/Dentro, no Museu da República, 2018, Rio de Janeiro, Brasil; Você está aqui, no Museu Brasileiro de Ecologia e Escultura – MuBE – 2016, São Paulo, Brasil; Please Touch, no Bronx Museum, 2015, Nova York, Estados Unidos; Tração animal, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, 2012, Rio de Janeiro, Brasil; Toque devagar, Praça Tiradentes, 2012, Rio de Janeiro, Brasil. Entre as coletivas recentes, encontramos: Coleções no MuBE: Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz – Construções e geometrias, no Museu de Ecologia e Escultura, MuBE, 2019, São Paulo, Brasil; Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, Oca, 2017, São Paulo, Brasil; Mana Seven, Mana Contemporary, 2016, Miami, Estados Unidos; Brasil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden Aan Zee, 2016, Haia, Países Baixos; Bienal de Vancouver 2014-2016, Canadá, 2014. Seus trabalhos figuram em coleções de importantes instituições, tais como: ASU Art Museum, Tempe, EUA; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC-Niterói, Niterói, Brasil; Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro, Brasil; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, Rio de Janeiro, Brasil.

 

 

 

Coletiva na Art Lab Gallery

 

 

Juliana Mônaco encerra sua agenda de 2021 da Art Lab Gallery, Jardins, SP, com “PORTFOLIO” exibição coletiva com 120 artistas exibindo mais de 350 trabalhos nos 1000m² de área expositiva da galeria. Mantido o compromisso de servir como porta de entrada a novos artistas no circuito de arte e cultura, que incluem tanto os representados pela galeria como 100 selecionados através de processo de “open call” via redes sociais.

 

Pinturas, esculturas, fotografias e jóias de artista se apresentam sem um conceito único. Cada artista exerce livre curadoria sobre seu trabalho tanto na escolha das peças como na forma de exibi-las.

 

Anne Weege, Ariane Labre, Carol Moraes, Daniel Cavalcanti, Graça Tirelli, Linda Dayan, Marcia Cavinati, Mariana Naves, Mariella Morrone, Pat, PatyLene, Renata Kandelman, Russ, Samara Oliveira, Tunica Barbosa, Valter Marques, Viri, possuem lugar cativo por fazerem parte do time da Art Lab Gallery e outros artistas se juntam a eles após criteriosa análise do material enviado visto que a meta é seguir “estimulando a intersecção de múltiplas vertentes em um laboratório imersivo de experimentação e intercâmbio artístico”, explica Juliana Mônaco.

 

Uma exposição onde, mais uma vez, se permite que “os temas propostos emerjam de manifestos particulares, advindos de contextos regionais, sensibilidades políticas, econômicas, e culturais”, diz a galerista.

 

“À medida que as variáveis aumentam, as práticas e trabalhos artísticos são completamente subjetivos de avaliação e dependentes de interpretação individual que, ao captar os sentidos do visitante no interagir com a obra, faz com que a arte se cumpra”.

 

Juliana Mônaco

 

De 02 a 12 de dezembro.

 

 

 

Siron Franco em ação

25/nov

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Na próxima segunda-feira, dia 29 de novembro, o artista plástico Siron Franco irá exibir a partir das 19:30, na cúpula do Museu da República, em Brasília-DF, o Vídeo Mapping “Onça Pintada”.

Uma homenagem, e ao mesmo tempo um alerta contra a matança do maior felino das Américas, um dos símbolos da nossa biodiversidade.
29 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Onça Pintada.

Subjetividade e Poéticas Negras

24/nov

 

 

Encontro com Artista: “Maré de Matos – Subjetividade e Poéticas Negras” será em comemoração ao Mês da Consciência Negra. O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, recebe a artista e pesquisadora transdisciplinar Maré de Matos para uma conversa acerca da imagem e da palavra, além do papel da arte no engajamento por justiça social.

 

Sobre a artista

 

Maré de Matos é artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. Graduada em Artes Visuais na Escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE) e atualmente desenvolve o projeto “Museu das Emoções” no doutorado (Diversitas, USP). Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contranarrativas polifônicas; poder e posição. Pesquisa representação e responsabilidade, invenção da raça e narrativa de si, imaginário e delírio da modernidade, subjetividade e poéticas negras. Seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Se interessa pelo atlântico negro como processo de formação; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Atua em linguagens híbridas e defende o direito à emoção de sujeitos privados do estatuto de humanidade.

 

Now Gomide & Co

 

 

Agora somos a Gomide & Co [We are now Gomide & Co]

 

Nós da Bergamin & Gomide temos o prazer de anunciar nosso novo nome: Gomide & Co, que traduz a evolução da visão e modelo de gestão da galeria. Sob a energia criativa e direção de Thiago Gomide, iniciamos 2022 com um novo projeto de formato societário e um propósito claro: reunir talentos diversos e impulsionar carreiras de forma abrangente.

 

Desde a nossa fundação em 2013, atuamos com excelência na promoção e divulgação da arte brasileira, participando das mais prestigiadas feiras e apresentando uma programação conceituada de exposições rigorosamente construídas – da seleção das obras, expografias e publicações. Em 8 anos, conquistamos o reconhecimento do circuito de arte nacional e internacional, o que só foi possível com a parceria de Antonia Bergamin, a quem somos gratos por absolutamente tudo. Na Gomide & Co, reafirmamos a missão de ser uma fonte consolidada para coleções privadas, museus e instituições ampliarem e diversificarem seus acervos.

 

Apresentamos a partir de agora o Co, abreviatura de companhia, que simboliza um gesto colaborativo. Nossos principais colaboradores se envolvem coletivamente nas decisões estratégicas, desde a aquisição de acervo à programação, com transparência e compartilhamento de resultados. Uma filosofia que se expande na construção de espaços de fortalecimento de uma audiência engajada e propositiva, com liberdade de formatos e modos de ativação da nossa programação. É com essa paixão genuína que desejamos expandir nossos diálogos com os artistas e suas obras, colecionadores, instituições e demais agentes do mundo da arte. Honramos o que nos fez chegar até aqui, e é com o mesmo vigor que exaltamos o que vem pela frente.

 

Bem-vindos à Gomide & Co.

As cores de Paulo Pasta

22/nov

 

 

A Galeria Millan apresenta “Correspondências”, a quinta individual de Paulo Pasta na galeria, que marca também o lançamento de sua nova publicação. A mostra materializa a ideia originada na troca entre Pasta e o curador Ronaldo Brito, ocorrida entre abril e setembro de 2020, em plena pandemia mundial de Covid-19. A publicação registra tal troca, revelando a matriz do pensamento que organiza a exposição. Entre grandes e pequenos formatos, os cerca de 20 trabalhos reunidos na exposição trazem à luz a tarefa do pintor e as reflexões do crítico, fruto da tentativa de encontrar um refúgio em meio aos efeitos adversos de uma crise política e sanitária.

Ao longo daqueles meses, artista e curador trocaram uma série de e-mails, em que Pasta compartilhava fotografias de trabalhos e registros sobre seus processos, enquanto Brito o respondia com formulações, pensamentos e poemas. Nesse processo, intercorreram-se textos, pinturas, desenhos, referências e aproximações com trabalhos de diferentes autores – da pintura à literatura -, uma forma encontrada por ambos de vislumbrar o “futuro em meio à escuridão”. Pouco a pouco, desenvolveram a ideia de realizar uma publicação que registrasse o percurso dos pensamentos nas mensagens trocadas junto de uma exposição que pudesse, segundo Pasta, “mostrar os pequenos movimentos” que ocorrem em seus trabalhos.

Nas telas, a construção de movimentos próprios e internos à pintura coexiste com a sensação de um congelamento do tempo real vivido em confinamento e representa, por isso mesmo, um ato de resistência e tenacidade da pintura. De maneira singular, este caráter do trabalho de Pasta se mostra, nas palavras de Brito, como “um manifesto discreto contra o imediatismo e o oportunismo”. Para ele, a conformação da pintura de Pasta produz uma espécie de topologia das cores em que essas se interpenetram.

Na seleção apresentada, as formas e combinações cromáticas formam estruturas de pórticos, elementos que constituem o que Ronaldo Brito designa, em uma de suas correspondências, como “abstração existencial”. Tal formulação de Brito é capaz de revelar uma nova compreensão sobre o trabalho de Paulo Pasta. Para o crítico, Pasta é capaz de conduzir este gênero à sua versão contemporânea, ao pintar o mistério – “um dos poucos sentimentos pictóricos autênticos” – através de um colorismo mais aberto. Nas palavras do próprio artista, essa “existência abstrata” combina seu interesse simultâneo pela abstração e pelo figurativo.

O intuito da pintura de Paulo Pasta é de instigar uma transcendência através da cor; uma experiência sensorial, como também intentavam Matisse e Cézanne. Há, por exemplo, como analisa o crítico, o uso de um vermelho que se eleva sobre a superfície do mundo ou de um ocre esverdeado que se perde com o entorno cotidiano e, de repente, parece estar fora da tela. Tais cores partem da geometria para criar consigo uma outra poética do mundo. Com esta autonomia cromática, Pasta retém o tempo presente, sempre carregado pelos fantasmas do futuro -faíscas que resistem aos tempos obscuros da realidade.

 

Sobre o artista

 

Ariranha, São Paulo, SP, 1959, Doutor em artes plásticas pela Universidade de São Paulo, SP (2011), Paulo Pasta realizou exposições individuais em diversos espaços, como Museu de Arte Sacra de São Paulo, SP (2021); Instituto Tomie Ohtake e Anexo Millan, São Paulo, SP (2018); Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP (2018); Paulo Darzé, Salvador, BA (2017); Palácio Pamphilj, Roma, Itália (2016); Galeria Millan e Anexo Millan e Museu Afro Brasil, São Paulo, SP (2015); Sesc Belenzinho, São Paulo, SP (2014); Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS (2013); Centro Cultural Maria Antonia, São Paulo, SP (2011); Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ (2008); Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2006); entre outros. Também participou de importantes exposições coletivas, entre elas: Vício impune: o artista colecionador, Galeria Millan e Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, SP (2021); 1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na Coleção Andrea e José Olympio Pereira, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, SP (2021); Pinacoteca: acervo, Pinacoteca de São Paulo, SP (2020); MAC-USP no Século XXI – A Era dos Artistas, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP (2017); Clube de Gravura – 30 Anos, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP, e Os Muitos e o Um, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2016); 30 x Bienal, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP (2013); Europalia, International Art Festival, Bruxelas, Bélgica (2011); e Matisse Hoje, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2009). Suas obras integram diversas coleções, entre as quais: Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP; Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, RJ; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP; e Kunsthalle, Berlim, Alemanha.

Salão Nacional, a coletiva

 

 

 

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar, entre 27 de novembro a 29 de janeiro de 2022, “Salão Nacional”, exposição coletiva que reúne trabalhos de Alex Vallauri, Amelia Toledo, Brancusi, Boi, Carlos Fajardo, Cassio Michalany, Claudio Kuperman, Claudio Tozzi, Dudi Maia Rosa, Fábio Miguez, Flávia Ribeiro, Guto Lacaz, Ivald Granato, José Resende, Leda Catunda, Luiz Paulo Baravelli, Marisa Bicelli, Siron Franco, Thomaz Ianelli e Zé Bico.

 

“Salão Nacional” é uma exposição que parte da obra de mesmo título realizada em 1986 por Guto Lacaz. Na peça de Lacaz, uma exposição é montada com miniaturas de obras de diversos artistas atuantes naquele momento. A exposição “Salão Nacional” reencena esse projeto em escala humana com as obras dos mesmos artistas, expandindo-o a partir da inclusão de outros artistas daquela mesma geração.

 

O modelo do Salão Nacional foi criado no Brasil na primeira metade do século XIX pela Missão Artística Francesa, fundadora da Academia Imperial de Belas Artes, posteriormente Escola Nacional de Belas Artes. O “Salão Nacional de Artes Plásticas” surge em 1933 sob o nome de “Salão Nacional de Belas Artes”. Para dar conta de uma produção cada vez menos acadêmica, cria-se, em 1951, uma sessão de arte moderna, dando origem ao “Salão de Arte Moderna”. Durante as décadas de 1960 e 1970, período da ditadura militar, os salões vão perdendo o prestígio que possuíam até então, sendo extintos em 1978 e reintegrados pela Funarte sob o título de “Salão Nacional de Artes Plásticas”. Na década de 1980, o Salão adquire um papel fundamental dentro do circuito de arte. Sendo um dos poucos lugares de projeção para artistas em início de carreira, dispunha também da premiação em duas modalidades: Viagem ao País ou Viagem ao Exterior. A mostra, que possuía um processo seletivo concorrido, servia como uma espécie de vitrine que aproximava a produção do jovem artista não somente ao público, mas também aos próprios componentes do júri, que eram curadores, artistas e marchands respeitados. Na década de 1980, período de abertura política e gradual redemocratização, participar do Salão Nacional significava dar um passo importante à integração em um circuito que começava a se fortalecer economicamente através da constituição e profissionalização de um mercado de arte.

 

O “Salão Nacional” de Guto Lacaz foi exibido pela primeira vez em “Muamba”, exposição realizada em 1987 na Subdistrito Comercial de Arte, galeria paulistana que reunia em seu programa expositivo os principais nomes da pintura daquele momento. Além de ter participado pela segunda vez consecutiva da Bienal de São Paulo com suas performances e instalações, Lacaz embarcaria no ano seguinte para a França, onde participaria da exposição “Modernidade – A arte brasileira no século XX” no Museu de Arte Moderna de Paris. Embora o mercado estivesse, naquele momento, se alimentando da pintura, os objetos low-tech e bem-humorados de Guto, que referenciavam desde a história da arte até o mito do progresso, circulavam com uma certa fluidez pelo circuito mais institucional. Suas “máquinas inúteis” propunham um jeito menos protocolar de se relacionar com o objeto de arte, em que a sisudez dava lugar ao riso, incorporando em suas propostas um espírito dadaísta, como em “Rádios Pescando”, conjunto de oito rádios cujas antenas eram transformadas em varas de pescar. Ainda em referência a Duchamp e ao seu “Nu descendo uma escada, nº2″, propõe uma abordagem sintética e irônica em sua experimentação com a pintura em “Homem na escada” obra que, além de integrar aquela exposição na Subdistrito Comercial de Arte, havia participado de sua instalação na 18ª Bienal de São Paulo e que pode ser vista atualmente na Pinacoteca de São Paulo na exposição “A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901 – 2021”. Em sua versão de Salão Nacional, Lacaz apresenta outras obras de artistas que participaram de edições anteriores da mostra, como Flávia Ribeiro, Carlos Fajardo, Luiz Paulo Baravelli, Dudi Maia Rosa, Cassio Michalany e Fabio Miguez. E faz algumas homenagens: ao ator, ilustrador e cenógrafo Patricio Bisso, grande figura da cena paulistana da década de 1980, através da inclusão da fotografia de Marisa Bicelli; ao artista Alex Vallauri, falecido naquele mesmo ano, pioneiro do grafite no Brasil, com quem participou da Bienal de São Paulo em 1985; à revista Around; ao mestre da escultura Constantin Brancusi e à Leda Catunda, que surge representada por uma fotografia publicada na imprensa onde foi descrita de maneira sexista como dona dos “mais belos joelhos da arte brasileira”. Lacaz reforça o tom irônico de sua peça, incluindo outros dois trabalhos sem autoria, como o de “um artista hippie que entrou no salão por engano”. Neste conjunto de treze trabalhos, há outro que nunca havia existido fora daquela maquete: uma “Cara” de Luiz Paulo Baravelli. A partir do convite para a realização desta exposição na Galeria Marcelo Guarnieri, a pintura ganha o corpo de quase dois metros de altura, 35 anos depois de ter sido desenhada: “Cara para Guto”. Baravelli executa, em acrílica e encáustica sobre compensado, a obra que Guto Lacaz havia projetado em miniatura como se fosse mais uma da série “Caras” que seu amigo havia exibido na Bienal de Veneza em 1984. Para esta exposição, além das obras referenciadas do trabalho de Guto Lacaz, são apresentadas também pinturas e esculturas da época produzidas por artistas atuantes naquele mesmo período como Boi, que expunha com frequência na Subdistrito Comercial de Arte, Amelia Toledo, Siron Franco, Ivald Granato, Claudio Tozzi, Claudio Kuperman, Thomaz Ianelli, José Resende e Zé Bico, nomes importantes da produção artística da década de 1980.

 

 

 

 

 

 

Vinte e cinco anos de arte

19/nov

 

 

 

A Galeria de Arte Mamute, Porto Alegre, RS, promove no dia 27 de novembro, a abertura da exposição de comemoração de 25 anos de carreira do artista representado Antônio Augusto Bueno. A mostra intitulada “Toda Memória Flerta com o Infinito” tem a curadoria de Felipe Caldas e traz a público obras inéditas em pintura, desenho, gravura e site specific.

 

Acompanham a comemoração a instalação de uma escultura criada para a nova sede do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), intervenção urbana no Distrito Criativo em Porto Alegre e mostra de gravura em metal e monotipias no Atelier Jabutipê.

 

A palavra do curador

 

Na beira do rio, crianças brincam com o que encontram pelo chão. Pedras, folhas e gravetos tornam-se espadas, lanças, bengalas, varas de pescar, entre tantas outras coisas. A serenidade do lugar, apesar do vento constante, contrasta com a correria, com os gritos e as gargalhadas, espaço e tempo em que pedras se transformam em bolas, folhas em comida, grama em colchão, areia em castelo, em casa ou em um bolo e tudo pode virar sopa de repente. Quando crianças, nós transformamos o mundo à nossa volta, o quarto em jardim ou em campo de batalha, a cama em automóvel ou em foguete, barcos voam e aviões submergem como submarinos, nós transformamo-nos e transformamos o outro. Tudo são meios e suportes para criação de novos mundos, outras possibilidades para o existente e para a existência e, quando crescemos, a maioria de nós esquece dessa capacidade. A imaginação não é algo oposto à realidade, ela configura a realidade e torna possível outras realidades, assim como a compreensão de nós mesmos, de nosso tempo, de nossa existência e território; como do passado, do não dito, da escuridão e da luz inalcançável. Antônio Augusto Bueno é essa criança que brinca com gravetos, faz barcos voarem, coleciona mamonas, caroços de abacate, junta folhas, empilha coisas, caminha deslumbrado pelo mundo e risca sobre tudo. Neste ano de 2021 Antônio Augusto Bueno completa 25 anos de produção artística, um fazer que opera com diversas linguagens, desenho, pintura, gravura, cerâmica, fotografia, instalações, objetos tridimensionais. Reconhecido sobretudo por seu trabalho com desenho, no entanto, ao meu ver o que há de menor importância na produção poética do artista é uma discussão sobre linguagem estritamente. Essas linguagens são apenas meios para nos chamar a atenção sobre a dimensão do ser humano frente a uma existência efêmera, passageira, delicada, frágil, todavia, partícipe de um todo. Esta exposição é parte de um  projeto mais amplo que conta com quatro ações: um trabalho tridimensional no pátio do  MAC-RS, a exposição na Galeria Mamute, uma intervenção urbana no quarto distrito de Porto Alegre e a constituição de uma série de gravuras/monotipias no Atelier Jabutipê.  Estas ações articulam quatro instâncias produtivas e de circulação, o ateliê, a instituição museológica, a rua e a galeria comercial que fazem parte da pratica cotidiana do artista. O fazer de Antônio nestes 25 anos está embebido de uma hereditariedade artística, a comunidade que o circula e suas topografias e clima. Quando falo aqui em hereditariedade artística, estou pensando, justamente, no diálogo que os trabalhos de Antônio Augusto travam com a herança cultural e artística precedente e atual, sobretudo deste território, o Rio Grande do Sul, mas sem se limitar. A potência da linha, da visualidade dos chamados desenhos, está embebida de uma linha incontornável de Iberê Camargo, uma sujeira de Wilson Cavalcante (Cava), de uma trama e de uma complexidade entre gestos e grafismos de Teresa Poester, e há igualmente algo de Flávio Gonçalves, Gerson Reichert, James Zórtea, Gabriel Netto, entre outros colegas. Seus espaços vazios em confronto com pequenas áreas de forte densidade material convocam Cy Tombelly, levam ao diálogo com os desenhos de Nuno Ramos, Nelson Félix, e talvez Marcelo Solá. Seus gravetos armados têm algo de Carlos Pasquetti, de Hamilton Coelho, quanto talvez de Luiz Gonzaga de Mello Gomes, com quem trabalhou e, certamente, remete-nos a Ai WeiWei e Frans Krajcberg. Diferente dos citados, o trabalho de Antônio Augusto Bueno está embebido da milonga, do vento e do frio destes prados, ou seja, talvez no campo das artes visuais na contemporaneidade seja um dos artistas que mais dialoga com aquilo que Vitor Ramil chamou de Estética do Frio em um clima temperado de um Brasil que não é somente tropical. Não só porque trabalha com artistas deste território, ou em sua aproximação com os colegas artistas do Uruguai, mas sobretudo nos próprios trabalhos visuais, as grandes áreas dos desenhos remetem à planície, aos campos alagados, ao pampa, a um espaço sem grandes rompimentos topográficos em que o vento corre livremente, como os espaços em branco, as matizes baixas e as veladuras que baixam a vibração das cores; a um fazer que não é um grito ou êxtase expressivo, sequer um sussurro, mas uma fala mansa e contínua como a topografia da metade sul deste território e talvez seja, justamente, por isso tão natural a Antônio a aproximação com esses artistas que partilham de um mesmo comum, de um mesmo sensível. Os trabalhos bidimensionais evocam a dimensão da cicatriz. O que vemos não é um rasgo na carne pictorial mas um conjunto de ações de corte e sutura e isso ocorre tanto no papel quanto no tecido, e essa pele que exibe cicatrizes contém a memória construtiva do próprio trabalho, das referências artísticas, de sua hereditariedade, topografia e clima e talvez contenha a memória afetiva tornada material do próprio artista. A cicatriz é semelhante a um rastro, você não vê nada além da cicatriz quando se depara com ela, mas ela é o indício de um conjunto de eventos, a marca de uma vida pulsante, de um pensar e de um agir constantes, e, por isso, carrega consigo uma memória latente que talvez cumpra a função de lembrar-nos que “toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à lei”. Antônio produz com a potência do ínfimo, com a harmonização dos movimentos contrários e com a condução de um mental partilhado por meio de seus trabalhos para outro lugar, para outra consciência de mundo, um vislumbre do homem primitivo ligado ao todo em que não existe dicotomia entre indivíduo e natureza, em que território, bioma, vento, frio e estrelas são extensões umas das outras. O mental não antecede a matéria, é parte constituinte desta, extensão, ou seja, quando olhamos o fazer artístico de Antônio, o mental não ocorre antes da ação, mas simultaneamente, em um jogo de forças, pois o mental da matéria, o mental do mundo, do céu azulado à noite estrelada também se projetam sobre o artista, assim criador e criatura tornam-se um só e não um antecede o outro, mas coexistem e (re)existem. O trabalho do artista é uma extensão dele e, simultaneamente, independente dele, ao fazer, o artista modificou-se e modificou a matéria, enquanto ela o modificava, e isso é partilhar e produzir para com o todo. O alquímico não está em uma rede imbricada de signos e de símbolos como estamos habituados e aprendemos dentro da história da arte e da cultura, mas na atitude perante a vida. A transubstanciação é constante, todos os encontros nos modificam, o rio nunca é o mesmo, o passo nunca é igual, a mão que desenha ou o beijo são irrepetíveis.”

 

Felipe Caldas

Vik Muniz, “Fotocubismo”

 

 

Vik Muniz inaugurou a exposição “Fotocubismo”, na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP. Resultado de uma longa pesquisa em torno de clássicos do Cubismo, através de obras de mestres como Picasso, Braque e Juan Gris, esse conjunto de trabalhos revela como aspectos relacionados à memória, às ambiguidades da representação imagética e a rica inter-relação entre diversos meios de expressão constituem a base sobre da produção atual do artista. Na sequência, em 08 de dezembro, será lançado “Epistemas”, livro sobre sua produção mais recente, apresentando aspectos diversos de sua trajetória. Edição com textos do artista, da crítica – e curadora da mostra – Luísa Duarte, e do cientista e escritor inglês Phillip Ball. A obra aborda pontos vitais da reflexão conceitual e formal do artista, que há quase quatro décadas investiga “essa zona híbrida, habitada pelas contradições entre percepção visual e o mundo físico”. Editada pela Nara Roesler Livros, a publicação faz parte da vertente Recortes, focada em aspectos específicos da carreira ou obra do artista, e tem patrocínio da Turim.