Galeria Marcelo Guarnieri/São Paulo

17/out

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, apresenta, de 17 de outubro a 14 de novembro, em sua sede de São Paulo, as exposições de Amelia Toledo e Zé Bico (José Carlos Machado). Zé Bico apresentará na Sala 1 um conjunto de esculturas produzidas durante os últimos quatro anos, exibidas pela primeira vez. Amelia Toledo ocupará a Sala 2 com pinturas da série “Horizontes”, produzidas em 2012 e “Poço”, escultura produzida entre a década de 1990 e os anos 2000.

 

Formado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, Zé Bico (José Carlos Machado) produz e expõe como artista desde meados da década de 1980. Em sua terceira exposição individual na Galeria Marcelo Guarnieri, Zé Bico apresenta uma pesquisa sobre forças de atração e efeitos ópticos desenvolvida nos últimos quatro anos a partir de uma variedade de procedimentos que deram origem a peças de madeira, vidro e espelho. Ter trabalhado por tantos anos com ímãs na produção de suas obras permitiu ao artista desenvolver uma prática baseada em movimentos sutis, de cálculos exatos, gerados não por métodos teóricos, mas sim empíricos. A partir da força magnética dos ímãs, Zé Bico amplia sua investigação sobre o equilíbrio e a instabilidade, explorando, através de novos objetos, a força gravitacional. Daí surgem peças pendentes feitas em madeira que se articulam em conjunto e percorrem uma trajetória que vai do alto, rente ao teto, até uma base que as permitem pousar. O desenho dessas peças pendentes, cubos incompletos que se formam apenas por algumas arestas, se repete em algumas outras que compõem a exposição. Também parecem desintegrados nas peças que nos remetem a encaixes: ainda mais distantes do contorno e volume original do cubo, suas partes se montam umas sobre as outras em diversas posições de equilíbrio.

 

É nas peças em que trabalha com o vidro e com o espelho que leva a ideia de desintegração mais além. Em “Piano”, da série “Eu não vi” (2017/2019) faz uso de um vidro temperado que, a depender da distância em que se olha, vira um espelho. Dessa maneira, os cubos de ferro dispostos em ambos as faces do vidro, ora se revelam, ora se duplicam ou desaparecem. Já na peça em que posiciona uma placa de alumínio quadrada pendendo frente a um espelho também quadrado de mesmas dimensões, trabalha não só com os efeitos da superfície reflexiva, mas integra na composição um duplo que se forma pela sombra. Mais uma vez as questões referentes ao equilíbrio e a instabilidade aparecem, agora associadas a outro ramo da física: a óptica. A prática de Zé Bico, no entanto, dispensa cálculos matemáticos e elaborações teóricas: suas descobertas provêm das experiências cotidianas.

 

Indo contra todas os ângulos retos que compõem a maior parte das obras da mostra, está a dupla de ovos de ganso e laca. Como se estivessem paralisados no tempo, se equilibram de maneira pouco usual. Também contrário às demais peças da exposição que tratam de vazios e desaparecimentos, o ovo é o símbolo do nascimento, um invólucro que guarda um conteúdo repleto de possibilidades. Tendo sido produzidos durante quatro anos, a dupla tal como se vê é resultado do processo de endurecimento da gema associado à escolha de Zé Bico pela composição. Embora não se toquem, o arranjo dos ovos nos remete à ideia de peso e contrapeso, bem como às esculturas anteriores que o artista fazia com ímãs. “A Beira do abismo” (2019) trata da mesma lógica, em uma relação de peso e contrapeso entre o cubo de madeira e as barras de latão. No limite da instabilidade, suscitam em nosso imaginário a possibilidade da queda, assim como todas as outras peças, parecem estar por um triz.

 

Dentre as diversas exposições individuais e coletivas realizadas, destacam-se as seguintes: Projeto Macunaíma, Funarte, Rio de Janeiro, Brasil; O Reducionismo na Arte Brasileira (19º Bienal de São Paulo), Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, Fortaleza, Brasil; O Estado da Arte, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil.

 

 

Exposição de Bruno Miguel

07/out

Com diversas exposições internacionais no currículo, Bruno Miguel mostrará obras inéditas, que o destacaram no exterior, mas nunca foram apresentadas no Brasil. Nos últimos anos, Bruno Miguel expôs mais no exterior, onde também realizou residências. Muitas de suas séries, que o destacaram nos Estados Unidos, na Alemanha e no Peru, nunca foram vistas no Brasil. Com isso, surgiu a ideia da exposição “Youdon´tknow me”, que será inaugurada no dia 8 de outubro, na Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é de Agnaldo Farias. A mostra traz um recorte dos trabalhos mais emblemáticos do artista, produzidos nos últimos cinco anos.

 

A exposição ocupará todo o espaço expositivo da galeria, com cerca de sete séries de trabalhos, que abordam a construção da memória no universo doméstico, as relações do POP e do consumo e a pintura como pensamento expandido. Conhecido por aqui por suas pinturas sobre tela, Bruno Miguel tem uma ampla produção em diversos outros suportes, como escultura, desenho e instalação, incluindo também a pintura, mas que, muitas vezes, é apresentada de forma mais ampla, a partir do pensamento sobre pintura, em obras que não necessariamente utilizam a tela.

 

Dentre as obras apresentadas estará uma instalação da série “Mesa de Jantar”, composta por diversos guardanapos de papel, pintados com tinta Epóxi e vinil adesivo. Obras desta série foram mostradas duas vezes em Nova York, na Pensilvânia, em Lima, em Buenos Aires, em Bogotá e em Berlim, mas nunca no Brasil. Utilizando as formas de objetos de uma mesa de jantar, como pratos, copos, descansos de panelas e outros, o artista vai criando as obras a partir de um jogo entre o positivo e o negativo, utilizando cores e também o branco para destacar certos contornos e dar volume. O vinil adesivo imitando diferentesmadeirascomplementa a obra, dando a sensação de se tratar de uma mesa de jantar.

 

Na série “Sala de Jantar”, o artista apresenta pinturas sobre um conjunto de pratos de porcelana e faiança, comprados em leilões de antiguidade, que são dispostos na parede e pintados com esmalte, tinta a óleo e colorjet, com imagens que perpassam e continuam de um prato para outro, formando uma unidade. “Os pratos têm relação com o rizoma Deleuziano e o grafismo urbano do Rio de Janeiro, com o subúrbio onde moro, com as grades e as pichações que quem vive na cidade está acostumado a ver”, conta o artista, que ressalta que esses trabalhos se relacionam com os guardanapos da série “Mesa de Jantar”, apesar de terem um “caráter de excesso, oposto à estética minimal dos guardanapos”.

 

“O vazio que nos consome” é um conjunto de obras feito a partir de embalagensplásticas de produtos consumidos pelo próprio artista, que são lavadas, preenchidas com resina e tinta e ao final tendo as embalagens descartadas, se tornam um híbrido de pintura e escultura, memoriais do vazio cotidiano. Sem referência à embalagem original não épossível identificar sua origem, tornando-se suportes de cores, que ficam levemente descoladas da parede. “Essas obras vêm da relação do POP com o ambiente doméstico e falam sobre a feitichizaçãodo consumo, sobre o condicionamento social de que consumir faz parte da nossa estrutura”, afirma Bruno Miguel. Essa é uma das obras em que o suporte é a escultura, mas cujo corpo da obra é construído como se fosse pintura, sobrepondo camadas de resina.

 

Farão parte da exposição, ainda, obras da série a série “Candy”, onde, em um suporte de madeira coberta de resina, são inseridas formas coloridas, também de resina, que lembram balas e doces. Essas “balas” são preparadas pelo artista em fôrmas de silicone próprias para a feitura de doces. Novamente explorando a tridimensionalização dos processos pictóricos, ampliando o campo das fronteiras sobre o que pode ser a pintura hoje. Complementa a exposição asérie “Objetos de natureza morta”, obras pictóricas tridimensionais, que reúnemglobos de luz, luminárias, sacos vazios e garrafas, que são preenchidos com resina pigmentada. Essa obra é um desdobramento da instalação “Cristaleira“, apresentada no Oi Futuro Flamengo, em 2015.

 

Sobre o artista

 

Bruno Miguel nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, formado em artes plásticas e pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde é professor desde 2011. Possui obras em importantes coleções públicas e privadas, como Museu de Arte do Rio (MAR), Coleção Gilberto Chateaubriand – MAM- Rio, Deutsche Bank Collection, Centro Cultural São Paulo, entre outras. Recebeu menção especial de honra V Bienal Internacional de La Paz, Bolívia, e realizou residências na FountainheadResidence (2019), em Miami, EUA; no Vermont Studio Center(2018), em Vermont, EUA, e na DreamplayArtists in Residence – Fall (2013), em Lyndhurst, EUA.

 

Dentre suas principais exposições individuais estão: “Youcan´ttakeitwithyou?” (2019), no PCA&D Lancaster, na Pennsylvania, EUA;“Welcome Lima” (2018), no Espacio Tomado, em Lima, Peru; “SeductionandReason” (2017), na Sapar Contemporary, em Nova York, EUA; “A Viagem Pitoresca” (2016), no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, em Curitiba, e “Essas pessoas na sala de jantar” (2016), no Centro Cultural São Paulo; “Sientase em casa” (2015), na Sketch Gallery, em Bogotá, Colômbia; “A Cristaleira” (2015), no Oi Futuro, no Rio de Janeiro; “Essas pessoas na sala de jantar (2015), no Paço Imperial, no Rio de Janeiro; e em 2016 no Centro Cultural São Paulo, “Ex-culturas” (2013), na Galeria do Lago, no Museu da República, no Rio de Janeiro; “MakeYourselfat home” (2013), no S&J Projects, em New York; “Tudo posso naquilo que me fortalece” (2013), na Luciana Caravello Arte Contemporâna, entre outras. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Manjar: Para Habitar Liberdades” (2019), no Solar dos Abacaxis, no Rio de Janeiro; “The World on Paper” (2018), no Palais Populaire, em Berlim, Alemanha; “A Luz que Vela o Corpo é a Mesma que Revela a Tela” (2017), na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro; “São Paulo não é uma cidade, invenções do centro” (2017), no SESC 24 de Maio, em São Paulo; “Arte em Revista” (2016), na Galeria do BNDES, no Rio de Janeiro; “EBA 200 anos” (2016), no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro; “Trio Bienal” (2015), no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, entre outras.

 

Sobre o Curador

 

Agnaldo Farias é professor-doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, crítico de arte, curador geral do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba e curador da 3ª Bienal de Coimbra, Portugal. Realizou curadorias de exposições para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Instituto Tomie Ohtake, Centro Cultural Banco do Brasil e para a Fundação Bienal de São Paulo, entre diversas outras instituições. Foi curador de Exposições Temporárias do Museu de Arte Contemporânea da USP (1990/1992) e curador geral do MAM/RJ (1998/2000). Na Fundação Bienal de São Paulo, participou de suas 16ª e 17ª (1981 e 1983), na seção de cinema da equipe de Walter Zanini. Curador da Representação Brasileira da 25ª Bienal de São Paulo (1992), curador adjunto da 23ª Bienal de São Paulo (1996) e da 1ª Bienal de Johannesburgo (1995). Ainda, ao lado do curador Moacir dos Anjos, assinou a curadoria geral da 29ª Bienal de São Paulo (2010) e manteve a parceria na Representação Brasileira da 54ª Bienal de Veneza (2011), com uma exposição de Artur Barrio.

 

Até 09 de novembro.

 

Palatnik: atenção perceptiva

04/out

A Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba, PR, apresenta até 23 de novembro obras de Abraham Palatnik em exposição individual.

 
PALATNIK: encantamento e reflexividade do olhar

 

Abraham Palatnik é um dos pioneiros da arte cinética na história da arte do pós-guerra. Participou da formação do grupo concreto no Rio de Janeiro – Grupo Frente – entre o final dos anos 1940 e o começo da década de 1950. Seu Cinecromático causou impacto na 1ª Bienal de São Paulo de 1951 e foi um divisor de águas. A questão que o mobilizou ao longo de toda sua longa trajetória, todavia, não se prende à tecnologia, mas está focada na articulação entre movimento (real ou virtual) e atenção perceptiva.

 

É sabida nossa dispersão sensorial circulando pelas grandes metrópoles modernas. A excitação estética que nos mobiliza, na publicidade e no entretenimento, nos faz olhar muita coisa e não parar para ver nada. Não há tempo e tudo passa. A obra de Palatnik impõe-nos outra temporalidade. O encantamento nos atrai e somos convidados e reparar no que vemos. Ao mesmo tempo em que tudo mexe, nosso olhar se fixa na magia deste jogo lúdico de linhas e cores.

 

Neste aspecto, sua obra esteve, mesmo que indiretamente, vinculada aos interesses da Op art. Uma espécie de acaso controlado define o acender e o apagar das luzes nos cinecromáticos ou o movimento inusitado das hastes nos aparelhos cinéticos ou de ripas, cordas e veios de madeira nas múltiplas séries que ele criou desde a década de 1960.

 

O importante no uso da tecnologia no seu caso é que ele se apropria e transforma o dispositivo tecnológico sem se submeter aos seus condicionamentos predeterminados. A tecnologia não é um imperativo de expressão determinado pela novidade, é um meio de expressão a ser deslocado por conta das potencialidades poéticas e estéticas. Neste aspecto, há um diálogo lateral entre Palatnik e Calder. O que os mobiliza é o gozo estético, o momento da experiência que nos tira da determinação cotidiana.

 

Em uma crítica de 1951, publicada no Diário Carioca, Antonio Bento já aproximava Palatnik de Calder e fazia isso pelo fato de ambos introduzirem o tempo na experiência das artes visuais. O artista americano buscava esta pulsação temporal a partir da escultura, já o brasileiro vai produzi-la como um desdobramento da experiência pictórica. São obras que nascem de gestos simples, de pequenos achados onde sobram graça e encantamento. Esta combinação do lúdico e do cinético vai singularizá-los dentro desta vertente construtiva que os perpassa.

 

A obra de Palatnik manteve-se sempre acreditando na afirmação de uma subjetividade emancipada pelo contato mobilizador com a forma artística. Qualquer tipo de determinismo, seja político, seja tecnológico, passa à margem de sua obra. É uma experiência de absorção e sedução que faz com que a obra seja um lugar de sensibilização de formas e cores. O que interessa na relação com o fenômeno estético é o parar para ver e deixar-se seduzir pelo tempo intrínseco deste ver. Não se adequa ao mero reconhecer, não há nada “fora” ou “antes” do ato de perceber, apenas o dar-se do acontecimento visual.

 

A partir da década de 1960 a obra de Palatnik tomará dois caminhos. O fascínio não é mais com a luz, mas apenas com o movimento e ele pode ser tanto real como virtual. Sua obra se desenvolverá tanto na produção de objetos cinéticos como de pinturas intituladas Progressões, feitas a partir do movimento óptico dos veios da madeira ou de efeitos cromáticos serializados pintados sobre a madeira1. Em seguida, novos materiais passam a ser explorados: do poliéster ao papel cartão, passando pelas cordas e voltando às ripas. Esta exposição na galeria Simões de Assis está focada neste segundo aspecto do movimento, mais óptico que cinético.

 

Tomando as progressões do começo da década de 1960, uma indagação pode ser feita em relação ao uso da madeira. Este uso não parece arbitrário, mas resultado do seu envolvimento àquela época na produção de mobiliário, que o punha em contato direto com a madeira. A partir daí, com sua sempre concentrada atenção estética, a madeira passa a revelar possibilidades formais até então despercebidas. O que interessava a Palatnik era o modo como a forma iria resistir ao tempo acelerado do mundo contemporâneo, obrigando o olhar a parar e deixar-se seduzir pelo acontecimento visual. Contra a manipulação sensorial da sociedade do espetáculo, há neles o primado fenomenológico do reaprender a ver o mundo.

 

Por fim, sua obra assume um compromisso ético, no sentido de uma experiência perceptiva livre e independente – sem determinações normativas nem cognitivas. A obra de Palatnik, assim como de alguns artistas importantes do movimento Op, apesar dos riscos formalistas inerentes a certa diluição decorativa, assumiu até o fim o desejo de fazer da pintura um exercício de emancipação estética da humanidade.

 

Nota:
1 Deixo de lado aqui sua atividade industrial, suas pesquisas com novos materiais como o poliéster e seus jogos e máquinas lúdicas.

 

Luiz Camillo Osorio

 

Nova exibição de Ascânio MMM

01/out

A Casa Triângulo, Jardins, São Paulo, SP, inaugurou a exposição individual de Ascânio MMM. A curadoria é de Guilherme Wisnik. As peças espaciais de Ascânio MMM têm uma vocação pública, que denota seu vínculo de base com a tradição construtiva e, mais especificamente, uma proximidade com a Arquitetura, e com a noção de estrutura. Por isso é que muitos desses trabalhos tenham sido instalados em espaços abertos, fora de galerias ou museus.

 

No caso dessa exposição, a tipologia piramidal, remetida a formas históricas totêmicas, combina-se a um novo trabalho mais aberto e abstrato (Quasos/Prisma 1), cuja escala permite que as pessoas penetrem o seu espaço interior e o atravessem. Dependendo do ângulo pelo qual olhamos as peças espaciais de Ascânio – Quasos e Piramidais -, elas assumem aspectos mais sólidos ou mais vazados, dada a profundidade dos perfis utilizados.

 

Até 01 de novembro.

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Exibição prorrogada

26/set

Roberto Magalhães e Carlos Vergara, dois expoentes da arte contemporânea brasileira, amigos há décadas – desde os tempos da “Nova Figuração” com os companheiros de ofício Antonio Dias e Rubens Gerchman – apresentam uma exposição em conjunto. A mostra, em cartaz na galeria Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, foi prorrogada e permanecerá até 11 de outubro. Ao todo, são cerca de 20 trabalhos, ligados sob o fio do desenho e da obra gráfica. Os dois artistas criaram em conjunto novos trabalhos. A ideia é fazer com que a obra de dois artistas que seguiram carreiras paralelas com traços autorais muito fortes e absolutamente distintos possa se tocar pela primeira vez, em um horizonte improvável. Para criar essas obras, o espaço da galeria se transformou em ateliê e os artistas tiveram telas à sua disposição. Em cada uma, foram traçadas uma linha divisória: um desenha e pinta a parte de cima e outro a de baixo. Depois, eles invertem a ordem. “Não se trata de uma competição, mas de um desafio criado por eles mesmos como um gesto de respeito e admiração um pelo outro”, diz Maneco Müller, sócio da galeria.

 

Pioneiros da nova figuração brasileira, participantes da icônica exposição “Opinião 65″, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1965, Roberto Magalhães e Carlos Vergara se conheceram ainda na adolescência, tiveram protagonismo cedo, desenvolveram longa carreira nas artes visuais e sempre foram muito próximos. Ao mesmo tempo, suas criações são definitivamente distintas. Até no temperamento são diferentes: Vergara é expansivo, enfático, agitado, veemente, esportista; Roberto é silencioso, introvertido, calado, contido e observador de tudo. Ainda assim, há um silêncio misterioso que os une em torno da transcendência ou “na busca do inefável”, como diz Vergara, que, em sua trajetória de “pintor viajante”, sempre traz como pretexto as trilhas misteriosas dessa busca. Magalhães, por rumo muito diverso, sempre esteve mergulhado nas questões místicas e suas obram falam de um mundo etéreo. “Minha arte é a busca e a expressão da subjetividade”, explica ele.

 

Na exposição, Vergara traz obras de duas séries: “Coração”, de técnica mista sobre papel, entre impressão, aquarela e pigmento, e outra chamada “Bodoquena”, com desenhos de uma viagem do artista à serra de mesmo nome, no Mato Grosso do Sul. São trabalhos recentes, de média proporção. Entre os trabalhos de Roberto, a maioria é inédita e outros são praticamente desconhecidos. São obras sobre papel, em técnica mista (bico de pena e aquarela). “Meus trabalhos têm uma conotação mística, esotérica, tema que eu persigo desde a década de 70. Sou um estudioso do assunto”, diz o recluso artista, que na semana que antecede à exposição, retorna de uma região desértica e isolada no noroeste da Argentina para onde foi meditar e desenhar.

 

“O primeiro nome que pensei para essa exposição foi Paralelos, depois tive uma ideia: por que não ‘Roberto Carlos’? Roberto Magalhães e Carlos Vergara!”, diverte-se este, feliz com a oportunidade de trabalhar ao lado do velho amigo. “Eu me dou com o Roberto desde 1959. Frequentava a casa dele, na Rua Farani, que era uma espécie de república de artistas. Fizemos muita coisa juntos, exposições, mas temos caminhos, interesses, ideias e métodos de trabalho muito diferentes. Isso, entretanto nunca nos afastou. Sempre tivemos ótimo convívio”, disse Vergara. “Apesar de certa ansiedade para saber como ficarão os nossos improvisos, vai ser inusitado… E divertido. É um grande prazer dividir essa exposição com o Vergara”, diz Roberto.

 

Mas a ideia de reunir a dupla na exposição vai muito além de uma crônica entre dois personagens das artes plásticas brasileiras. Segundo Maneco, essa é uma mostra a ser contemplada com calma e concentração. “É necessário repousar o olhar em cada trabalho para que a exposição possa ser absorvida com toda a sua intensidade”, finaliza ele.

 

Salgado no Sesc Paulista

24/set

A exposição “Gold – Mina de Ouro Serra Pelada” é a atração do Sesc Paulista, Bela Vista, São Paulo, SP. O trabalho do fotógrafo Sebastião salgado conta com 56 fotografias que retratam a realidade dos cerca de 50 mil brasileiros que abriram mão de tudo para tentar a sorte nos garimpos de Serra pelada, no Pará.

 

Dentre as fotografias selecionadas para a exposição, se encontram 31 imagens inéditas que também foram captadas durante o período que Salgado passou na região ainda explorada, em 1986. Assim como as já conhecidas, as recém-apresentadas ao público também foram feitas em preto e branco, ressaltando os contrastes do que aparenta ser um formigueiro humano.

 

Além de serem encontradas na exposição física, que tem curadoria de Lélia Wanick Salgado, esposa do fotógrafo, as obras também estão presentes no formato de livro, havendo uma versão para o público geral e outra para colecionadores, ambas editadas pela Taschen.

 
Até 03 de novembro

 

Juntos, Caciporé & Toyota

23/set

Caciporé Torres e Yutaka Toyota inauguram “Caciporé & Toyota – Formas em União | Dicotomia em Diversidade Visual – Ocidente & Oriente”, com curadoria de Issao Minami, no Clube Atlético Monte Líbano, Jardim Luzitânia, São Paulo, SP. A mostra representa um conjunto de obras escultóricas que demonstram a transformação da matéria bruta da natureza em formas espaciais de grande significância visual – as quais ocupam espaços públicos e convivem harmoniosamente com complexos arquitetônicos -, em um encontro histórico que diz respeito à amizade, ao amor e à esperança.

 
“Oriente é o lado do horizonte onde o Sol aparece pela manhã. Ocidente é o lado do horizonte onde o Sol se põe, ao fim do dia. Assim, ‘Oriente & Ocidente’ é nascente e poente, é dicotomia. Dicotomia por ter o mesmo caminhar – tanto faz – do Ocidente & Oriente ou do Oriente & Ocidente! Afinal Oriente, mais introspectivo, cultiva um despertar do divino de dentro para fora e o Ocidente, mais expansivo, faz o caminho da busca ascendente de baixo para cima, do Deus que está nos céus”, comenta o curador Issao Minami.

 

De 25 de setembro a 13 de outubro.

Glauco Rodrigues, novo livro

20/set

Destacando a genialidade de Glauco Rodrigues, no dia 21 de setembro, a Danielian Galeria, Rio de Janeiro, RJ, promove o lançamento do livro “Glauco Rodrigues – crônicas anacrônicas, e sempre atuais, do Brasil” que homenageia a vida, a obra e a vitalidade do artista. O livro faz uma revisitação histórica de Glauco Rodrigues, apresentando a importância e relevância atemporal de sua obra pictórica. Nome de alto prestígio no cenário artístico nacional, Denise Mattar assina o livro sobre Glauco Rodrigues no qual é reforçada a importância e a grandiosidade do artista.

 

Além de textos de época como os de Roberto Pontual (1978) e Frederico Morais (1986), a publicação apresenta dois textos contemporâneos da autora do livro, a curadora Denise Mattar, e uma entrevista com o crítico francês Nicolas Bourriaud, feita por José Teixeira de Brito.

 

O livro apresenta duas importantes séries feitas por Glauco nos anos 1970: “A carta de Pero Vaz de Caminha” e “A Lenda do Coati-Puru”. O intenso trabalho de pesquisa contou com a assessoria de Norma de Stellita Pessoa, viúva do artista. Em 16 de outubro será a vez da badalada Livraria da Vila em São Paulo receber o lançamento. O livro estará à venda na Livraria da Travessa (Rio), Livraria da Vila (Jardins, São Paulo, SP) e Livrarias Curitiba.

 

O nome é “Romance”

19/set

 

Desde o dia 20 e até 28 de setembro, a Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição coletiva “Romance”, com cerca de 50 obras de 31 artistas: Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Alexandre Mazza, Alexandre Sequeira, Almandrade, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Eduardo Kac, Elle de Bernardini, Fernando Lindote, Gabriel Giucci, Gê Orthof, Gisele Camargo, Guler Ates, Igor Vidor, Ivan Grilo, Jeanete Musati, João Louro, Jonas Arrabal, Lucas Simões, Marcelo Macedo, Marcelo Solá, Marina Camargo, Nazareno, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Com curadoria de Gabriela Davies, a exposição apresentará obras em diversos suportes, como pintura, colagem, desenho, fotografia, vídeo, escultura e instalação. Os trabalhos abordam os diversos tipos de romance, atravessando o romance da memória, o romance da história, o romance clichê e também o romance erótico.

 

“Se a quebra do romance permeia os dias de hoje, as histórias de bom-mocismos também ficaram em patamares passados. Mas a verdade é que o romance não deixou de existir, o conceito foi ressignificado. Nosso novo romance é descobrir nossos verdadeiros desejos, nossas identidades, nosso sexo, a vontade de ser nossa própria força. Estamos lutando contra estereótipos sociais rígidos”, afirma a curadora Gabriela Davies.

 

A exposição apresenta trabalhos recentes e inéditos, sendo que muitas obras foram produzidas especialmente para esta exposição, como é o caso dos trabalhos de Adrianna Eu, Afonso Tostes, Alan Fontes, Armando Queiroz, Bruno Miguel, Daniel Escobar, Daniel Lannes, Delson Uchoa, Elle de Bernardini, Ferrnando Lindote, Pedro Varela, Ricardo Villa e Sergio Allevato.

 

Obras em exposição

 

Nas pinturas de Alan Fontes, aparecem palácios e casarões históricos, que nos remetem a beleza de outras épocas, enquanto Daniel Escobar produz colagens com diversos elementos ressaltados de páginas demonstrando a bela flora brasileira. “Ambas tentativas românticas exaltando desejos de mundos mais sensíveis, mas compreendendo que estes beiram o esquecimento (já não vemos mais estas construções em suas formas majestosas, e nas notícias apenas as chamas flamejantes que tomaram nossa imensa floresta da Amazônia)”, diz a curadora Gabriela Davies. Já Marcelo Macedo, através do mesmo suporte, o livro, ao recortar página após página no mesmo polígono, “revela pequenas lâminas de cada página, sem nos revelar o seu verdadeiro conteúdo dando-nos a responsabilidade de criar sua história com o que achamos próprio”.

 

Os romances também aparecem nas pinturas de Daniel Lannes, que retratam sessões de análise, “onde expressamos nossos desejos mais profundos, mas logo os reprimimos ao sair do consultório – que no caso da pintura, parece mais um “talk-show” de grande audiência que uma sessão particular”, ressalta a curadora.

 

Em uma sala separada no terceiro andar, haverá, ainda, trabalhos com temas eróticos.

 

As fotografias de Eduardo Kac apresentam uma grande passeata nudista pela praia de Ipanema. “Uma atividade que é repetidamente repudiada por moralistas, mas que na verdade expressa a vontade de ser em liberdade”, diz a curadora. Em paralelo, Güler Ates, uma fotógrafa turca, também se apropria do seu corpo com registros fotográficos, mas, por sua vez, encoberta por uma manta de seda que revela apenas uma sugestão de figura feminina. “Esse desaparecimento atrás do véu, uma tradição da religião muçulmana, estimula um senso erótico no imaginário do espectador que é contrário ao propósito do encobrimento”, conta a curadora. Já Élle de Bernardini cria sua série “Formas Contrassexuais”, em que abrange os diferentes campos de gênero e sexualidade, “…possibilitando inúmeras classificações (a insenção de) para o descobrimento de nossos ”‘eus’”.

 

 

 

Leonilson & Dias

17/set

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, abriu para o público a exposição “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção”, que reúne 38 desenhos e pinturas de Leonilson (1957-1993) que pertenciam a seu amigo Antonio Dias (1944-2018). A quase totalidade das obras é dos anos 1980. A exceção é a pintura “o biblioteca; o espelho”, de dezembro de 1992, com uma dedicatória a Antonio Dias, e enviada por Leonilson junto com uma carta em 1993, pouco antes de sua morte. A ideia da exposição surgiu em outubro de 2015, em Fortaleza, quando Antonio Dias preparava sua individual na Galeria Multiarte. Na ocasião, ele, sua mulher Paola Chieregato e Max Perlingeiro deram partida ao projeto.

 

“Esta era a vontade de Antonio, além de mostrar esta coleção, contar a história de sua amizade pelo “Leo”, e sua visão. Tudo começou no outono de 1981, em Milão, Itália. Madrugada fria. Estação de trem. Desembarca Leonilson, vindo de Madri. Depois de beber algumas xícaras de café para acordar, resolve ligar: “Antoim! É o Zé! Zé Leonilson”. “E quem te deu meu telefone?”, pergunta Antonio. “Foi o Piza”. “Então vem pra cá!”, responde Antonio, relata Max Perlingeiro.“Leonilson havia conhecido Arthur Luiz Piza (1928-2017) em Paris, por intermédio de Geraldo Holanda Cavalcanti, embaixador do Brasil junto à Unesco (Paris 1978-1981)”, conta. Dali em diante começou uma grande amizade, com respeito mútuo, confiança, afeto, que durou até a morte de Leonilson.

 

Complementam a exposição quatro obras pertencentes a outras coleções particulares. Acompanha a exposição o livro “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção” (Edições Pinakotheke), com capa dura, bilíngue (port/ingl), 120 páginas, com textos de Paola Chieregato e Max Perlingeiro. O livro conterá ainda uma entrevista com Luiz Zerbini, também amigo do artista, e uma cronologia da trajetória de Leonilson, além das imagens das obras da exposição.

 

Sábados na Pinakotheke

 

Em torno da exposição “Leonilson por Antonio Dias – Perfil de uma coleção”, a Pinakotheke Cultural realizará ao longo de alguns sábados, sempre das 11h às 13h, atividades gratuitas para crianças em seu jardim, ou, em caso de chuva, no espaço expositivo.

 

Curadoria: Antonio Dias – Planejamento e organização: Max Perlingeiro e Paola Chieregato – Realização: Pinakotheke Cultural – Apoio institucional: Apoio Projeto Leonilson – Entrada gratuita

 

Até 26 de outubro.