Miguel Rio Branco na Luisa Strina

05/jun

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual “Maldicidade”, com cerca de 20 obras de Miguel Rio Branco com lançamento de livro homônimo, em nova edição, pela editora alemã Taschen.

 

“Como uma constelação de flagrantes da entropia da urbanidade em metrópoles distribuídas em latitudes e longitudes variadas, ainda que o olho-razão não resista a procurar pistas de quais cidades e países produziram os espaços retratados, diante de Maldicidade é importante o momento em que o olho-pele assume a impossibilidade da tarefa e percebe que a cidade é uma só, afinal: Qual grande metrópole, se pensada em sua história recente e em sua extensão territorial, pode dizer que desconhece essas imagens? (…) ‘Murió El Cuerpo’, estampa o jornal na mão do menino recostado à margem de um assentamento precário. É difícil entender a quem a manchete originalmente se referia, mas, nesse contexto, é o corpo da chamada civilização ocidental que, tendo alcançado escala e poder inéditos na história do planeta, colapsa esmagada sob o próprio peso dos ideais que alimentou”, escreveu o curador Paulo Miyada em ensaio inédito, por ocasião da individual de Miguel Rio Branco no Oi Futuro, Rio de Janeiro, em 2017.

 

Maldicidade, série em andamento de Miguel Rio Branco, existia, até então, como fotolivro, publicado em 2014 pela Cosac & Naify, e como obras únicas ou conjuntos narrativos (polípticos) de fotografias feitas, ao longo da trajetória do artista, em diferentes cidades às quais sua carreira internacional o levou. Primeiro como filho de diplomata, começando com pintura, até o final dos anos 1960, depois como diretor de fotografia em documentários do cinema nacional e, em seguida, como correspondente da agência Magnum, nos anos 1980. Finalmente, como artista multidisciplinar, expôs em instituições como The Art Institute of Boston; Foto Forum, Frankfurt; Aperture’s Burden Gallery, NY; Maison Européenne de La Photographie, Paris; Rencontres d’Arles; Museu de Arte Contemporânea de Tóquio; Casa América, Madri; Kulturhuset, Estocolmo; e MASP; além de ser um dos contemplados com um pavilhão no Instituto Inhotim.

 

Ainda que haja novidades na série Maldicidade, o ensaio de Miyada segue atual e preciso. A cidade é uma só. Todas as obras selecionadas por Rio Branco para a individual na galeria mostram a metrópole pulsante, entre exuberância e miséria, entre cores vibrantes e vapores noturnos, entre abstrações poéticas e denúncias francas. Qual grande cidade pode dizer que desconhece esses contrastes? Mesclando fotos publicadas em 2014 a outras, novas, que serão conhecidas apenas no livro da Taschen e na exposição, o artista não considera relevante pensar a imagem nestes termos – “novo”, “inédito” etc. – pois, segundo ele, “o inédito é a construção e a intenção”, ou seja, a Página 1 / 4 edição de um livro ou de um grupo de fotografias para serem ampliadas, a sequência em que são apresentadas as imagens, o contexto em que cada instantâneo é colocado para dialogar com os demais – por aproximação ou repulsa -, formal, narrativo, de cores e assim por diante, cria sempre uma experiência inédita. “A versão da Taschen tem uma nova dinâmica, talvez um pouco menos melancólica, mas dando importância, além da construção, também à leitura completa de cada imagem. Entramos em detalhes que no formato pequeno não conseguimos ver. Acaba se transformando em outro livro. Um pouco como interpretações musicais jazzísticas. Meu trabalho, em uma exposição na galeria da Magnum, em Paris (1985) foi definido, meio como crítica, por um fotógrafo, Denis Stock, como se eu tentasse criar música com fotografias: talvez o maior elogio que já fizeram sobre a obra”, afirma Miguel Rio Branco sobre o livro. Desde 1977, com “strangler in a strangled land” e com a exposição Negativo Sujo (1978), vindo da pintura e do cinema, o artista começou a criar narrativas poéticas com montagens feitas com grupos de fotografias; já naquele momento, a ideia de foto única, “instante decisivo”, não lhe bastava, o campo da imagem, para ele, precisava de um contexto narrativo visual. “Um conjunto de peças consegue ganhar um formato final no diálogo entre elas, da mesma maneira que outras, por força individual, não precisam nem conseguem entrar em conjuntos, são mesmo completas individualmente. O cimento que as une em diversas construções é o que cria o ritmo e os conceitos que finalizam, mesmo que provisoriamente, as obras”, explica. Seguindo esta lógica, na exposição Maldicidade o visitante depara, por exemplo, com o díptico Preto e Rosa com Bandeira, espécie de encontro perfeito entre padronagens geométricas – uma em ambiente interno, outra flagrada na rua – que apresentam, ambas, um elemento em estado de suspensão, o “punctum” de ambas, para falar com Roland Barthes, que as une, ou que cimenta, ainda que provisoriamente, a construção do díptico. Entretanto, próxima ao conjunto, o espectador pode contemplar Sapatos Azul e Vermelho, mostrada como peça individual, com toda a sua força narrativa, sem a necessidade de outra imagem que a complemente, ainda que, na mais recente edição da Bienal de São Paulo, a mesma obra tenha sido vista dentro de um políptico, intitulado Geometria do Desejo. “O meu trabalho é como uma maré de imagens que podem tomar direções diversas, como um mar de imagens que criam discursos poéticos que desmancham, muitas vezes, sua capacidade apenas documental, criando outros significados. Criam ritmos e sentidos que desmancham uma proposta apenas de retrato da realidade.” Depois de Negativo Sujo, Rio Branco mostrou, na Bienal de São Paulo de 1983, uma peça audiovisual chamada Diálogos com Amaú, composta de cinco telas translúcidas sobre as quais era projetada uma sequência de imagens de um menino surdo-mudo kayapó dialogando com imagens de sua vida e da civilização branca que cercava sua aldeia. “As conexões tinham um ritmo próprio, mas criavam relações aleatórias, porém significantes pela escolha das imagens; a obra se situa na área do que Hélio Oiticica definia como Quase cinema”, conta o artista. Este trabalho está permanentemente exposto no pavilhão dedicado à obra de Rio Branco em Inhotim, e é considerado uma das obras mais icônicas da fotografia expandida brasileira.

 

Ainda sobre o livro e a sua relação com as grandes metrópoles, Rio Branco afirma que “as mudanças foram mais por questões relacionadas ao novo tamanho e à cidade que me atrai, claro que nem todas, muito menos as nossas que ficam cada vez mais estruturalmente precárias, mas MALDICIDADE veio de uma mistura do francês “mal d’amour’, dor de amor, e maldita cidade: às vezes sinto repulsa e, outras, atração. Mas continuo achando que as cidades estão em um caminho irreversível de terror depois de um certo tamanho, depois de um exagero de milhões de pessoas. Não acho saudáveis as grandes concentrações de gente; hoje, me parecem grande atrativos para o desastre”.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1946, em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha, Miguel Rio Branco vive e trabalha em Araras, Rio de Janeiro. Formado no New York Institute of Photography e na Escola Superior de Desenho Industrial, Rio de Janeiro, começou a expor fotografias e filmes em 1972, desenvolvendo um trabalho documental de forte carga poética. Nos anos 1980, foi aclamado internacionalmente por seus filmes e fotografias na forma de prêmios, publicações e exposições, como o Grande Prêmio da Primeira Trienal de Fotografia do Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Prêmio Kodak de la Critique Photographique, de 1982, na França. Exposições individuais recentes incluem: Nada levarei qundo morrer, MASP – Museu de Arte de São Paulo (2017); Wishful Thinking, Oi Futuro, Rio de Janeiro (2017); De Tóquio para Out of Nowhere, Galeria Filomena Soares, Portugal (2016); Nova York Sketches, Magnum Photo Gallery, Paris (2016); e Teoria da Cor, Pinacoteca de São Paulo (2014). Exposições coletivas recentes incluem: Southern Geometries, from Mexico to Patagonia, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris (2018); 33ª Bienal de São Paulo (2018); Door into Darkness, Galerija Kula, Institute Haru – Milesi Palace e The Institute for Scientific and Artistic Work, Croatian Academy of Sciences and Arts, Split, Croácia (2018); 11ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2018). Possui obras no acervo de instituições como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo; Centro George Pompidou, Paris; San Francisco Museum of Modern Art; Stedelijk Museum, Amsterdã; Museum of Photographic Arts of San Diego e Metropolitan Museum, Nova York.

 

 

Até 27 de julho.

Nacional Trovoa

04/jun

A Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a primeira exposição do Nacional Trovoa em seu espaço expositivo, sob a curadoria de Carollina Lauriano, com obras das artistas Aline Motta, Bruna Amaro, Caroline Ricca Lee, Gabriela Monteiro, Heloisa Hariadne, Igi Ayedun, Juliana Santos, Lidia Lisboa, Luiza de Alexandre, Lyz Parayzo, Mariana Rodrigues, Micaela Cyrino, Monica Ventura, Rebeca Ramos, Renata Felinto, Sheila Ayo, Val Souza e Yaminah Garcia reunindo nesta exposição um conjunto de pinturas, fotografias, assemblages, site-specific, performances e instalações – algumas inéditas, pensadas para a mostra -, e deriva da convocatória nacional proposta pelo coletivo de mulheres artistas Trovoa.

 

 

A palavra da curadoria

 

A noite não adormecerá jamais nos olhos nossos

 

A exposição A noite não adormecerá jamais nos olhos nossos parte da convocatória nacional do coletivo Trovoa que visa, para além de mapear a produção de artistas racializadas, trazer o protagonismo desses corpos para o campo da arte. No impulso de investigar a pluralidade de suas pesquisas e práticas artísticas, a mostra reúne um conjunto de vinte e quatro trabalhos produzidos por dezoito mulheres de diversas gerações e diferentes trajetórias.

 

Nesse sentido, a exposição pretende entrecruzar reflexões acerca da produção dessas artistas, inspirando uma curadoria mais aberta, numa perspectiva de busca por singularidades individuais e coletivas. A partir dessa elaboração simbólica, derivam-se os eixos curatoriais que apontam as convergências entre as obras: a busca pela própria identidade, as violências institucionalizadas e os caminhos de cura por meio de suas vivências.

 

Em tempos como os atuais, de crises de representatividade, A noite não adormecerá jamais nos olhos nossos traz à tona o desejo de subverter e ampliar as narrativas a partir de micropolíticas que emergem como possibilidade de redefinir o futuro. Assim, no espectro transformador que a arte possui, tal experiência de encontros, trocas e chamamentos que o circuito Trovoa propôs nacionalmente contribuem para questionar os discursos hegemônicos que cercam, não somente a sociedade, mas também o campo da arte.

Carollina Lauriano

Em cartaz na Bergamin & Gomide

03/jun

A Burrice dos Homens: uma colagem espaço-temporal realizada em conversa com Tiago Carneiro da Cunha na Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP. Até 20 de julho.

 

Entre 1985 e 1986, Martin Kippenberger, em Colônia, embarcou rumo ao Brasil acompanhado pela fotógrafa Ursula Böckler, encarregada de registrar o périplo de três meses. Àquela altura, o artista já era um herói local na Alemanha Ocidental, famoso tanto por seu trabalho quanto por sua personalidade histriônica. Kippenberger nomeou a expedição ao “exótico” país como “Magical Misery Tour”, parodiando o famoso álbum dos Beatles. O tom sardônico e irreverente é típico do artista. Seu slogan também foi o ponto de partida conceitual para uma série de trabalhos embebidos em estereótipos, autodepreciação e interpretações jocosas, que expressam uma aposta na autoridade moral e cultural supostamente conferida por seu passaporte alemão. As fotos de Böckler revelam Kippenberger como um típico “gringo”: vermelho de sol, de shorts e sem camisa, encantado com as mazelas tropicais e pronto a interpretá-las a partir de sua posição privilegiada. Naquela época, ainda se falava em “Terceiro Mundo” e o circuito da arte contemporânea oficial se concentrava essencialmente entre Nova York, Londres e Colônia.

 

“Aqui é o fim do mundo”, escreveu Torquato Neto, quase vinte anos antes, no refrão da música Marginália II, gravada por Gilberto Gil em 1967. O poeta piauiense desconstrói – com a fluência associativa típica do grupo tropicalista – a exaltação nacionalista do romântico Gonçalves Dias. Seu exercício sagaz de intertextualidade desvela a complexa realidade brasileira durante a ditadura militar. Era o início dos chamados “anos de chumbo” e o experimentalismo exuberante da Tropicália logo foi dispersado por uma série de perseguições e pelo exílio dos integrantes do movimento, que antes de partirem protagonizaram uma verdadeira revolução estética no cenário cultural brasileiro.

 

Em 1971, Ivan Cardoso convidou Torquato Neto para interpretar Nosferatu no Brasil, um clássico do gênero “Terrir”, termo criado pelo poeta Haroldo de Campos. No mesmo ano, Neville de Almeida rodou o lendário Mangue-Bangue, uma colagem audiovisual radical realizada numa zona de prostituição carioca que o cineasta visitou com Hélio Oiticica. Os dois filmes revelam certa desconfiança dos cânones da história do cinema ocidental, mostrando, cada um a sua maneira, pela via do absurdo tragicômico e do deboche, um Brasil ameaçado pelo autoritarismo e pela censura.

 

A versão marginal e ensolarada do vampiro Nosferatu, que toma água de coco em Copacabana ao som de bossa-nova, poderia facilmente ser um dos personagens cáusticos de Tiago Carneiro da Cunha, que são o ponto de partida desta exposição. Minha opção, neste texto, de chegar ao seu trabalho pela via da associação livre, replica a dinâmica que nos levou às obras em exposição: uma procura compartilhada por artistas de diferentes gerações que, assim como ele e os exemplos citados acima, optam por habitar a tênue linha entre o cômico, o trágico, o melancólico e o sedutor quando se propõem a representar e a discutir criticamente os códigos visuais que constituem uma ideia de identidade cultural brasileira ou, mais amplamente, da região que se convencionou chamar de América Latina no mundo globalizado e do chamado “circuito internacional da arte contemporânea” – que a propósito começou a ser instaurado na época da viagem de Kippenberger.

 

Yes, nós temos bananas e melancolia tropical para dar e vender na exposição. Optamos por criar um ambiente cacofônico, repleto de associações livres, jogos semânticos, homenagens, intertextualidades, releituras e profanações variadas. Os trabalhos em exposição põem em cheque a ideia de alta e baixa cultura, optam pela transgressão e pela idiossincrasia como antídotos às interpretações rasas, discursos fechados e olhares unilaterais. Levando isso em conta, a inclusão de uma das imagens originais feitas por Böckler – única artista europeia na mostra -, a qual retrata Kippenberger no Brasil, tem a intenção de ressaltar a autonomia do olhar da fotógrafa em relação à abordagem ambivalente do projeto do artista. Em várias imagens, as lentes de Böckler captam com certo constrangimento os movimentos de um artista-turista fanfarrão em um Brasil recém-saído de vinte anos de ditadura militar, e acabam por se tornar um documento visual importante da mentalidade de uma época.

 

Distante da “miséria mágica” estilizada por Kippenberger, o território estereotipado que Carneiro da Cunha explora há anos e que ecoa nesta exposição, é resultado da sublimação intencional de um contexto que é insuportavelmente real. Ao evocar com humor o que é canônico ou inenarrável, sua obra nos aproxima de elementos da nossa sociedade que, por serem tão flagrantes e traumáticos, desafiam a razão. Quando o noticiário se aproxima tão intensamente da narrativa fantástica, os monstros lodosos e os diabos sacanas de Tiago Carneiro da Cunha, ou mesmo o escatológico Polochon de Lina Bo Bardi, deixam de parecer absurdos e nos lembram do potencial agregador – e por que não revolucionário? – do senso de humor como ponto de partida para reflexões criticas sobre dinâmicas sociais arraigadas, e que necessitam de revisão.

Fernanda Brenner

 

 

Lista de artistas:

 

Adriano Costa, Amadeo Luciano Lorenzato, Ana Prata, Anna Bella Geiger, Antônio Dias, Antonio Henrique Amaral, Artur Barrio, Cabelo, Cícero Dias, Cristiano Lenhardt, Erika Verzutti, Glauco Rodrigues, Hélio Oiticica, Ivan Cardoso, Ismael Nery, Jac Leirner, Jarbas Lopes, José Antônio da Silva, Leda Catunda, Lina Bo Bardi, Oswaldo Goeldi, Pedro Caetano, Radamés “Juni” Figueroa, Rogério Reis, Saint Clair Cemin, Tiago Carneiro da Cunha, Tonico Lemos Auad, Ursula Böckler, Vicente do Rego Monteiro, Wilma Martins, Yuli Yamagat.

Tomas Barth no IAB/RS

A exposição “COOPERAÇÃO”, mostra individual de Tomas Barth, entra em cartaz na Galeria Espaço IAB, Galeria de Arte do Instituto de Arquitetos do Brasil, Solar do IAB, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.  A exibição parte de uma reflexão do artista sobre nossa sociedade, atenta e em largo desenvolvimento na área da comunicação, mas com um longo caminho a percorrer em relação à preservação do planeta como uma cultura coletiva. Para Barth a sociedade em geral ainda é muito individualista e pouco cooperativa, apesar de várias iniciativas neste sentido.

 

 

De 30 de maio a 1º de julho.

Catunda na Fundação Rolim Amaro

Na Roda da FAMA com Leda Catunda, acontecerá no dia 15 de junho, das 10h30 às 11h30, na Sala Rolim Amaro, Itu, São Paulo, SP. “Na roda da FAMA” é uma ação da Oficina Educativa da Fábrica de Arte Marcos Amaro e tem como objetivo gerar aproximações entre os artistas do acervo ou com obras expostas com a comunidade artística e com o público geral interessado em arte de Itu e interior de São Paulo. A proposta do encontro tem como foco o compartilhamento de experiências em pesquisa e criação artística. A partir da obra “A Cachoeira” (1985) presente na exposição “Utopia de colecionar o pluralismo da arte” com curadoria de Ricardo Resende em cartaz na FAMA, a artista Leda Catunda propõe uma conversa sobre seu percurso e processo poético.
Sobre a artista

Leda Catunda nasceu em São Paulo em 1961, onde vive e trabalha. Entre suas exposições individuais, destacam-se as mostras “I love you baby” no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo/SP, 2016), a Seleção de obras de 1985 a 2015 no Centro Cultural Banco do Nordeste (Fortaleza/CE, 2015), as Pinturas Recentes, no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013), que itinerou também para o MAM Rio (Rio de Janeiro, 2013); além de Leda Catunda: 1983-2008, mostra retrospectiva realizada na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2009). Uma das expoentes da chamada Geração 80, a artista esteve nas antológicas “Como Vai Você, Geração 80?”, Parque Lage (Rio de Janeiro, 1984); e Pintura como Meio, MAC-USP (São Paulo, 1983). Sua carreira inclui ainda participações em três Bienais de São Paulo (1994, 1985 e 1983), além da Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2001) e da Bienal de Havana (Cuba, 1984). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, como: Instituto Inhotim (Brumadinho); MAM Rio de Janeiro; Fundação ARCO (Madrid, Espanha); Stedelijk Museum (Amsterdã, Holanda); além de Pinacoteca do Estado, MAC-USP, MASP, MAM (todas de São Paulo).

Blocos de cor na Mul.ti.plo

31/mai

No dia 04 de junho, a artista visual Sandra Antunes Ramos inaugura a mostra “Costuras”, na Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. Nessa mostra individual a artista reúne cerca de 30 pinturas em pequenos formatos, em técnicas combinadas: tinta a óleo, costura sobre papel, folhas de ouro, chapas de cobre e latão, tinta acrílica metalizada, caneta metalizada, cera para dourar e linhas metalizadas.

 
Sandra Antunes Ramos trabalha tanto a questão pictórica, com blocos de cor, – sua marca registrada -, como rompe com isso, através de linhas fluídas costuradas, que remetem ao corpo feminino; obras delicadas, tanto no formato quanto no acabamento, que equilibram o geométrico e o orgânico, a rigidez e a fluidez.

 
As pinturas, em média de 21 x 21 cm, em sua maioria, são quadradas e dividas em três planos. O primeiro, pintado a óleo, carrega certa profundidade. O segundo é composto por um traçado de linhas que formam uma renda geométrica, que parecem projetar-se para fora do papel. E, por fim, unindo esses dois planos antagônicos, como numa sutura, rompem traços orgânicos de estudos que a artista realiza há anos a partir da observação de modelo vivo em movimento.

 

 

A palavra da artista

 
Pequenos formatos. Essa escala me é familiar e faz muito sentido para o meu trabalho, pois é a escala da mão, da mão que borda, da mão que pinta, da mão que colore compulsivamente até obter uma camada uniforme, quase contrária ao que o material inicialmente propõe.

 

Eu pinto com os dedos. O material mais forte que uso é o bastão oleoso, que espalho com a mão.
O papel é mais frágil do que a tela. Além disso, uso papéis finos, transparentes, que marcam, vincam, reagem mais. A tinta a óleo, mesmo no papel, demora muito para secar e uso diversas camadas. Depois vem a costura, que é lenta também.

 

 
Opiniões

 
Para o crítico de arte Alberto Tassinari, Sandra cria peças “no tamanho das coisas que a mão pega”. A arte de Sandra pede contemplação, são trabalhos mais condizentes com um canto sereno de uma casa ou algo equivalente. “Precisam ser olhados de perto. Caso contrário, não pulsarão. Ao aproximar-se deles, é como se o olhar os abrisse com uma grande angular. Ou, ainda, com o foco fechado, ora aqui, ora ali, na superfície de seus movimentos infindáveis. Não enchem a sala, mas inundam o olhar”, explica Tassinari.

 
Segundo o artista Paulo Pasta, o trabalho de Sandra organiza-se a partir de “uma indefinição muito poderosa entre o reconhecível e o criado, um lugar entre a figuração e a abstração. E esse lugar ‘entre’ parece algo pessoal e diferente de muita coisa que hoje se vê por aí”. Ele fala também de sua relação com os pigmentos: “Sandra vai descobrindo as cores do desenho à medida que o vai construindo, um pouco como caminhar no escuro. E suas relações de cores possuem também um gosto muito próprio, igual ao seu espaço: são inesperadas, ousadas. Mas principalmente muito vividas e experimentadas”, finaliza.

 

É a segunda individual da artista no Rio de Janeiro, sendo a primeira em 2014, também na Mul.ti.plo. “Sandra nos mostra como uma artista contemporânea pode retomar o gesto manual como condição de uma escolha do seu consciente processo criativo. As silhuetas costuradas por Sandra fogem às obviedades, insinuam um corpo de enigmas. Desconcertante campo da delicadeza”, explica Maneco Müller, sócio da Mul.ti.plo.
 

 

Sobre a artista

 
Sandra Antunes Ramos nasceu em 1964, em São Paulo, SP, onde vive e trabalha. Sua trajetória em arte visual começou tardiamente. Dedicou-se por cerca de dez anos à atividade de educadora. Posteriormente, migrou para as artes gráficas, onde realizou diversos desenhos de livros e capas. Como designer, teve uma larga experiência na diagramação e no desenho de livros de arte. Em 2014, realizou sua primeira individual, na galeria Mul.ti.plo Espaço Arte, no Rio de Janeiro, com curadoria de Alberto Tassinari. Em 2016, realizou uma exposição individual na Galeria Millan, voltando a expor lá em 2017, em uma coletiva no espaço Anexo Millan. Participou de exposições coletivas, como paratodos 2 (2017), na Carpintaria, Rio de Janeiro, e a mostra impávido colosso (2019), n’A Mesa, também na capital carioca.

 

 
Até 11 de julho.

Alexandre Mazza – Somos sua luz

27/mai

No dia 28 de maio será inaugurada a exposição “Somos sua luz”, com obras inéditas do artista Alexandre Mazza, que ocuparão todo o espaço expositivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, Em sua quarta exposição individual na galeria, o artista apresentará 15 trabalhos inéditos, produzidos este ano, dentre vídeos e videoinstalações, que dialogam entre si e possuem uma unidade, como se fossem um trabalho único. Em comum, todos eles partem de imagens de águas e cachoeiras. A exposição será acompanhada de um texto dos curadores Bernardo Mosqueira e Bruno Balthazar.

A partir dos trabalhos desta exposição, o artista pretende chamar a atenção para os milagres que estão a nossa volta: “O milagre não é raro, é o tempo todo, a cada segundo. Fenômeno constante. O milagre deve assumir uma nova significação, menos evidente, mais significativa. Uma queda d´água contínua é um milagre, estar vivo é um milagre. Podia ter escolhido vários exemplos de manifestações de milagre, mas escolhi a água”, conta o artista.

Com formação musical, Alexandre Mazza trabalhou durante 18 anos como baixista e compositor e passou a se interessar pela luz e pela eletricidade. Desde 2008 se dedica somente ao que chama de “multiplicação da luz”, utilizando diversos materiais, tais como espelhos, vidros, metais, lâmpadas, acrílicos e madeira. Os trabalhos desta exposição são uma continuidade desta pesquisa.

 

Percurso da exposição

 No salão térreo da galeria estarão 12 monitores de televisão de 75 polegadas. Em cada um deles, haverá um vídeo de uma cachoeira, mostrando a água em movimento. Pela imagem, não é possível identificar o local, pois para o artista, o que importa é a imagem e a energia que ela traz.  No meio desta sala, estará uma pedra citrino, bruta, em formato de arco, trazendo para dentro da galeria a ideia de natureza, provocando uma verdadeira imersão no espectador.  

No terceiro andar, estarão outros três trabalhos, divididos em duas salas. Na primeira delas, uma televisão projeta a imagem de uma queda d´água, que parece perfurar o chão. A ilusão de ótica é possível devido a um espelho colocado no piso, que reflete a imagem, dando a sensação de que a água escorre por um buraco no chão. Nesta mesma sala, haverá um monitor, que projeta a imagem de um redemoinho. Em volta dele, haverá terra, como se ele estivesse quase soterrado. Ainda no terceiro andar, na segunda sala, haverá uma videoinstalação composta por um tanque de acrílico, com cerca de 300 litros de água, onde será projetada a imagem de um fundo de rio, com areia, pedras, etc, misturando a imagem da água do rio com a água real e translúcida.

 

Sobre o artista

As obras de Alexandre Mazza nasceu em Ponta Grossa, RS, 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Têm como ponto central a pesquisa do olhar. É principalmente através dos objetos que o artista confronta seus espectadores com jogos visuais: com o que se vê e o que se acredita ver, com o que está ali e o que se imagina estar. Indicado ao prêmio PIPA em 2012 e 2014, o artista já apresentou seus trabalhos em exposições no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM Rio, no Centro de Artes Hélio Oiticica, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, entre outros. Suas obras estão em diversas coleções privadas e públicas, como a do MAM Rio e do Museu de Arte do Rio, MAR.

 

Até 29 de junho.

Nazareth Pacheco na Kogan Amaro

Expoente de uma geração de artistas que despontou entre as décadas de 1980 e 1990, tempo em que o País entrava em ebulição com pautas relacionadas à mulher, Nazareth Pacheco tomou sua condição feminina e sua biografia, em particular as narrativas relacionadas à história de seu corpo, como matéria-prima para suas obras tridimensionais. Após um mergulho no passado, em meio às lembranças afetivas, a artista emergiu dando vida a trabalhos inéditos, agora exibidos em “Registros/Records”, individual na Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP..

A mostra reúne trabalhos que evidenciam sua produção artística dos últimos cinco anos, período em que Nazareth Pacheco viveu o luto de seus pais, figuras importantes em sua trajetória e formação, e algumas tantas intervenções cirúrgicas em seu corpo, decorrentes de um problema congênito que a acompanha desde a infância. É assim que a artista conjuga passado e presente, ideia aparente em Registros (2019), instalação feita a partir de recortes de exames médicos seus e dos seus pais. Fincada no teto da Galeria, a obra se esparrama até o chão e faz lembrar uma espécie de cascata, densa e fluida como a vida.

Nazareth cresceu em um ambiente de incentivo aos trabalhos artesanais, com mãe e avó adeptas ao tricô e ao bordado. Foi com elas que aprendeu o ofício, na época de extrema importância para lhe ajudar a desenvolver habilidades com as mãos, que também passaram por processos cirúrgicos. É dessa memória que surge Vida (2019), trabalho composto por camisolas de sua mãe, vestes distintas e delicadas, hoje apresentadas com restauros de pérolas e cristais, uma ressignificação singela para as avarias deixadas pelo tempo. A intimidade com os objetos clínicos é uma constante na vida e na obra da artista, não apenas pelas sucessivas operações, mas, também, por sua figura paterna. Em homenagem a seu pai, médico neurologista, Nazareth exibe DELE (2018), uma tríade de instrumentos fundidos em bronze. Sem medo ou pudor, Nazareth Pacheco convida o público a imergir em seu íntimo. É o que faz na série Momentos (2017), na qual exibe registros em polaroids do pré e do pós-operatório de uma de suas inúmeras cirurgias.

Na ocasião da abertura, a artista lançou um livro que documenta seus mais de 30 anos de trajetória. Intitulado “Nazareth Pacheco”, a publicação foi idealizada pela artista e contou com a colaboração de colegas de longa data. O livro foi organizado por Regina Teixeira da Costa e contempla análises de autores de diversas gerações, como Ivo Mesquita, Marcus Lontra da Costa e Tadeu Chiarelli, além de críticas inéditas assinadas por Cauê Alves e Moacir dos Anjos.

Até 15 de junho.

O poder da palavra no IPN

23/mai

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, do Instituto Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, apresenta registros em vídeo e fotografias, em  “Tu Mata Eu”, exposição inédita que revela parte da pesquisa do artista Sérgio Adraino H. que se fundamenta em teorias e práticas acerca dos fluxos de informações, das fake news e conhecimento na sociedade contemporânea. A curadoria é de Marco Antônio Teobaldo e permanecerá em cartaz até 20 de julho.

 

 

TU MATA EU

 

O artista visual Sérgio Adriano H. participou de 33 exposições nos últimos doze meses, entre individuais e mostras coletivas. Mas o que chama a atenção na intensa produção do artista, além do volume de trabalhos criados e a sua concorrida agenda, é a sua dedicação e comprometimento em se posicionar como homem negro em uma sociedade racista, e, assim, poder dar voz aos seus pares. Por isso, deve-se dizer que o seu trabalho biográfico possui uma carga de sentimentos profundos e que corajosamente são revelados em suas criações. Segundo a reflexão do próprio artista, vivemos em um mundo cada vez mais conectado na ignorância coletiva e a arte cumpre seu papel resiliente, no despertar dos questionamentos e na liberdade individual de pensar, concluir e se expressar.

 

A instalação “Tu Mata Eu”, que dá o nome à exposição, é formada por letras douradas infláveis, emolduradas por impressões de carimbos com as palavras: “preto”, “puta”, “viado” e “trans”.  De longe as palavras formam apenas os desenhos da moldura e de perto são identificadas com seu significado, deixando visível o indivíduo invisível. O desdobramento deste trabalho é uma performance do artista, na qual ele percorre desde o Cais do Valongo, até o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, falando estes quatro adjetivos carregados de preconceito.  Estimulado pela força da palavra, Sérgio Adriano H. apresenta a obra “Brasil brasileiro”, em que frases ouvidas desde a sua infância, até os dias de hoje, são estampadas em roupas de bebê, dispostas em um display, que podem ser manuseadas pelo visitante, como se estivessem em uma loja. Ainda associando este ambiente de compra e venda para tratar do racismo estrutural no Brasil, uma espécie de livraria é montada pelo artista, na qual ele se apropria de publicações antigas e realiza intervenções em suas capas e páginas, conferindo-lhes outros significados, mais próximos à realidade em que vivemos.

 

Contudo, a pesquisa do artista tem se desenvolvido intensamente no campo da fotografia, no qual ele se coloca como objeto central, para tratar do corpo do sujeito negro. Na série “O lugar a que pertenço”, 2018, por exemplo, Sérgio Adriano H. se coloca nu dentro de uma lixeira gradeada, em uma calçada. Já na série “Ruptura do invisível”, o seu rosto aparece pintado de branco, e que gradativamente é diluído por um líquido incolor, até que a imagem se desintegre totalmente. Esta obra possui registros em vídeo e fotografias. “Tu Mata Eu”, exposição inédita apresentada na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, revela parte da pesquisa do artista que se fundamenta em teorias e práticas acerca dos fluxos de informações, das fake news e conhecimento na sociedade contemporânea. Este conjunto de obras faz refletir sobre o poder de nossas palavras e do nosso silêncio também.

 

Marco Antonio Teobaldo

Curador

Ai Wei Wei em Curitiba

21/mai

As galerisa SIM e Simões de Assis apresentam a primeira exposição do conceituado artista internacional em Curitiba, PR.

 

AI WEIWEI

 

Para entender Ai Weiwei, é preciso conhecer seu passado e suas origens. Seu pai – o poeta Ai Qing, um libertário e membro da Revolução Chinesa – caiu em desgraça na nova sociedade que se configurou e foi enviado, junto com sua família, para campos de trabalho na área rural da China, logo depois do nascimento de Ai Weiwei. A influência do pai em sua vida é imensa.

 

Uma das imagens mais fortes para o artista é a de quando Ai Qing decidiu queimar seus livros diante do filho, para evitar mais punições caso o regime viesse à sua casa – eram principalmente livros de arte e poesia. Pai e filho fizeram uma fogueira e, página por página, foram queimando os livros, como se se despedissem daquelas imagens e palavras. Um ato de profunda violência para um poeta e intelectual e, acredito, um ato fundador para seu filho, tanto como artista quanto ativista.

 

Uma maneira de ler as obras do artista chinês é compreendê-lo em seus múltiplos pontos de vista, como um intérprete das culturas chinesa e ocidental. Ele encontra maneiras de manter ambiguidades, expressando-se de forma explícita para um dos lados (seja o Ocidente ou o Oriente), e de forma velada para o outro. Exemplo disso são as fotografias e papéis de parede icônicos e massivamente reproduzidos de Finger [Dedo], que têm um significado muito direto na maioria das culturais ocidentais, mas são vazios de sentido para os chineses, para quem gestos ofensivos não são normalmente utilizados e para quem esse, em particular, tem menos significado. As imagens inaugurais de Ai Weiwei soltando o vaso da Dinastia Han são, para qualquer ocidental, imagens perturbadoras de desrespeito e uma atrocidade em relação à memória e à história. Para um chinês acostumado aos absurdos da Revolução Cultural, todavia, tal gesto não é tão chocante.

 

O convite para Ai Weiwei vir ao Brasil era também um convite para uma interpretação e para a realização de novos trabalhos. Nesse modelo, ele seria capaz de experimentar a cultura local e digeri-la a seu modo, e o Brasil teria a chance de entender e experimentar as modalidades e o processo criativo do artista. Por outro lado, nós nos tornamos mestres na arte de absorver e digerir à nossa maneira influências exteriores. O convite não foi para uma refeição cotidiana: foi para um banquete mutuofágico, em que se come e se é comido pelo outro, em que cada lado devora o outro – seu corpo, sua alma e sua energia.

 

Weiwei fez um firme gesto inicial ao tentar fundir a cultura, ele decidiu fundir em ferro a maior, mais antiga e ameaçada árvore ainda em pé no sul da Bahia. Apropriar esta árvore dentro de sua oeuvre é como capturar a espinha dorsal da consciência de nossa civilização -uma árvore que tem estado de pé por mais de 1200 anos viu a própria formação da nação.

 

Mas logo este processo começou a se tornar multidirecional. E nossas próprias questões começaram a ocupar sua mente. Nossa iconografia escravocrata, nossas injustiças sociais, nossa fé e códigos.  Ai Weiwei começou a ser permeado pela latência da cultura brasileira: ele incorporou o Alfabeto Armorial de Ariano Suassuna em seus escritos; ele encontrou um modo irreverente de lidar com Ex-votos para expressar sua inquietação com a injustiça; ele foi levado pelo mundo natural e suas sementes; ele começou a busca pela conexão China-Brasil; ele foi desconcertado pelas condições de escravidão tanto no passado como no presente; Ele foi agora ocupado.

 

Este jogo é um grande modelo para promover o contato, o entendimento e para desafiar as noções pré-concebidas de ambos os lados. Com fricção, barulho, um território incerto a ser descoberto e uma combinação de temperos nunca antes combinados, produzindo um novo sabor para a arte de Ai Weiwei e para nossa cultura. E com a dor e o prazer de uma mordida dada e uma mordida recebida.

 

 

Até 29 de junho.