“Opinião 65 – 50 anos depois”, no MAM Rio

14/set

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo,  inaugura, no próximo dia 19 de setembro de 2015, a exposição “Opinião 65 – 50 anos depois”, com 57 obras de artistas brasileiros que participaram da emblemática exposição em 1965, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici (1928-2015), no MAM Rio. Dessas obras, três participaram da exposição original: as pinturas “Miss Brasil” (1965), de Rubens Gerchman, e “O artista chorando assina…” (1964), de Wesley Duke Lee, e um “Parangolé” de Hélio Oiticica, que apresentou seus Parangolés pela primeira vez ao público na exposição de 1965.

 
Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra terá ainda uma série de cartazes de filmes que estavam em exibição no período da exposição em agosto/setembro de 1965, documentos de época, críticas de jornal, uma série de fotografias dos artistas e da exposição em 1965, um vídeo de 1967, intitulado “Arte Pública”, e um novo feito para a exposição. A ideia é reconstituir a atmosfera do período e mostrar o quanto a exposição foi um momento importante de resistir ao golpe militar, juntando artistas de uma mesma geração que atualizavam o vocabulário plástico da arte brasileira pondo-a em contato com a energia da visualidade popular. A mostra é uma parceria com a Pinakotheke Cultural, que irá inaugurar na mesma data, em seu espaço em Botafogo, uma exposição com cerca de 70 obras, em que todos os trinta artistas participantes da montagem original estarão representados. Destas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra no MAM.

 
Os artistas que terão obras na exposição do MAM são: Adriano de Aquino,  Angelo de Aquino, Antonio Berni, Antonio Dias, Carlos Vergara, Flávio Império, Gastão Manoel Henrique, Hélio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, José Roberto Aguilar, Pedro Geraldo Escosteguy, Roberto Magalhães, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Vilma Pasqualini e Wesley Duke Lee.

 

 

A palavra do curador

 

“A exposição Opinião 65 está no inconsciente coletivo da história cultural recente. Tentando recontar este capítulo de nossa história para as gerações mais novas, ao mesmo tempo em que homenageamos os curadores e artistas que fizeram parte daquele momento, o MAM Rio – palco dos acontecimentos – e a Pinakotheke Cultural resolveram juntar seus esforços nesta empreitada. Aqui no MAM, daremos foco aos artistas brasileiros que participaram da exposição, além de mostrar material de arquivo referente à mostra – críticas, iconografia, filmes e entrevistas”, afirma o curador Luiz Camillo Osorio.

 

 

De  19 de setembro a 28 de fevereiro de 2016.

Opinião 65: 50 anos depois

11/set

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 17 de setembro a

exposição “Opinião 65: 50 anos depois”, com curadoria de Max Perlingeiro. É a comemoração

de meio século da histórica exposição realizada no MAM-Rio. Todos os trinta artistas

participantes da montagem original estarão representados, e das setenta obras que estarão

expostas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra do MAM.  Os artistas

são os brasileiros Antonio Dias, Ivan Serpa, Hélio Oiticica, Rubens Gerchaman, Ângelo de

Aquino, Adriano de Aquino, Pedro Geraldo Escosteguy, Gastão Manoel Henrique, Ivan Freitas,

Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Vilma Pasqualini, Waldemar Cordeiro, Flávio Império, José

Roberto Aguilar, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee, e os estrangeiros Antonio Berni, Juan

Genovés, Roy Adzak, John Christoforou, Yannis Gaïtis,  José Vañarsky, Peter Foldès, José

Paredes Jardiel, Manuel Calvo, Alain Jacquet, Michel Macréau, Gerard Tisserant e Gianni

Bertini.

 

Para chegar ao resultado que idealizou, o de reproduzir “ao máximo possível” a montagem

original, o curador Max Perlingeiro fez uma longa e detalhada pesquisa durante um ano – que

lhe tomou “24 horas por dia”. Recorreu aos amigos Antonio Dias, Roberto Magalhães e Carlos

Vergara, e a uma edição de outubro de 1965 da revista “Manchete”, que trazia fotos da mostra

no MAM, para mapear as obras. As famílias dos artistas participantes aderiram de imediato ao

projeto, e um fator decisivo foi localizar a lendária colecionadora e crítica de arte Ceres Franco,

residente em Paris desde 1951, que organizou em 1965 a exposição idealizada pelo marchand

Jean Boghici (1928- 2015). Ambos serão homenageados na mostra. Residente em Carcassonne,

e com uma coleção de 1.500 obras em um espaço público em Montelieu, França, Ceres Franco

escreveu à mão um depoimento emocionado, que estará no livro que acompanhará na

exposição, tanto em fac-símile como transcrito.

 

Dentre as obras da montagem original estarão “Parangolé Bandeira – P2 Bandeira 1” (1964),

de Hélio Oiticica, que apresentou seus “Parangolés” pela primeira vez no MAM junto com a

Escola de Samba da Mangueira, todos seguidos  por uma multidão aos pilotis do Museu após

terem sido expulsos do salão. Outras obras que estiveram na exposição “Opinião 65” e serão

vistas na Pinakotheke são a aquarela “Estados Desunidos do Brasil” (1965), de Roberto

Magalhães; a pintura “Diálogo” (1965), de José Roberto Aguillar; a colagem de papel e metal

sobre chapa de ferro “Campanha do ouro para o Bem do Brasil” (1964), de Wesley Duke Lee; a

impressão sobre papel “Dejeneur sur l’herbe”(1965), de Alain Jacquet; a obra “Vencedor”

(1964), de Antonio Dias, um cabide de pé com construção em madeira pintada, tecido

acolchoado e capacete militar; “Sin título (Ramona levantando pesas)”, de Antonio Berni; a

pintura “Crianças e pássaros”, de Yannis Gaitis; “Negative Objects” (1963), de Roy Adzak;

“Diálogo” (1965), de Jose Roberto Aguilar; “Fuga” (1965), de Juan Genovés; o guache sobre

papel “Sem título” (1965), de Gerard Tisserand; “Personnages” (1964), de Jack Vanarsky; “La

barbecue de Justine” (1962), de Gianni Bertini; a pintura “Sorcellerie” (1964), de John

Crhristophorou; “Na cidade do extermínio (Segundo poema de Bialik)”, de José Jardiel; “La

vierge et as mère” (1964), de Michel Macréau; “Dejeneur sur l’herbe” (1965), de Alain Jacquet;

“UDN (Respeitosamente) – o extinto era muito distinto…” (1965), de Flavio Império, e “Estória

(O fim da idade do chumbo)”, 1965, de Pedro Geraldo Escosteguy.

 

“Opinião 65: 50 anos depois” não obedecerá a uma ordem cronológica. “Como na montagem

original, será tudo junto e misturado”, avisa Max Perlingeiro. “Era uma mostra ultrassaturada,

com um fator muito forte: estavam todos contra o regime militar”, observa. As obras

pertencem a coleções públicas e privadas, como a de João Sattamini, Gilberto

Chateaubriand/MAM Rio, Jean Boghici, entre outras

 

 

Marco na História da Arte

 

“Opinião 65” foi um marco na história da arte. A polêmica exposição idealizada por Jean

Boghici e organizada por Ceres Franco mudou por completo o cenário das artes plásticas no

Brasil. A ideia era reunir no Rio os artistas internacionais que trabalhavam no Novo Realismo

europeu e os brasileiros que assumiram a Nova Figuração (e um pouco da Pop Art americana)

em oposição à exaurida Abstração. Para o artista Roberto Magalhães, “Opinião 65 foi o início

de tudo o que existe hoje na arte brasileira. Foi uma mudança radical”.

 

Os artistas eram todos muito jovens na época, como ressaltou Wilson Coutinho em 1995, na

exposição comemorativa que realizou junto com Cristina Aragão no CCBB Rio: “Para avaliar o

clima da exposição é preciso conferir a certidão de nascimento de alguns participantes. Aguilar

tinha 24 anos, Angelo de Aquino 20, Gerchman 23, Vergara 24, Roberto Magalhães 25 e

Antonio Dias apenas 21. Para se ter uma ideia deste ‘boom’ de jovens basta comparar com a

Semana de Arte Moderna de 22, quando Oswald de Andrade ao participar tinha 32 anos,

Mario de Andrade 29 e Tarsila do Amaral 36”.

 

O título “Opinião 65” fazia uma alusão direta ao espetáculo “Opinião”, com Zé Keti, João do

Vale e Nara Leão – depois substituída pela estreante Maria Bethânia – , dirigido por Augusto

Boal, e encenado no Teatro Opinião, em Copacabana.

 

Em 1966, o crítico de arte Mário Pedrosa escreveu no extinto jornal “Correio da Manhã”: “Em

1965, o calor comunicativo social da mostra, sobretudo da jovem equipe brasileira, era muito

mais efetivo. Havia ali uma resultante viva de graves acontecimentos que nos tocaram a todos,

artistas e não-artistas da coletividade consumidora cultural brasileira. Personagens sociais

foram, por exemplo, elevadas à categoria de representações coletivas míticas como o General,

a Miss etc., sem falar nas puras manifestações coletivas da comunidade urbana, como o

samba, o carnaval. Antes de o ser pelo conteúdo plástico das obras (muitas delas de alto valor)

ou pelo seu estilo ou proposições técnicas, eram elas por mais diferentes que fossem

individualmente, esteticamente, identificadas pela marca muito significativa de emergirem

todos os seus autores de um meio social comum, por igual convulsionado, por igual motivado.

Daí vermos a arte altamente interiorizada de símbolos (corações, falos, sexos) e que se

distribuem, rigorosamente, num esquema formal simétrico que lembra o da arte bizantina; de

cores, (vermelhos, pretos etc.) que obedecem antes de tudo a representações litúrgicas de um

Antônio Dias, ao lado da arte essencialmente dinâmica de um Roberto Magalhães, cuja

irresistível força expressiva do desenho é assim vencida ou dominada pela extraordinária

clareza predicativa do seu esquema formal”, escreveu.

 

 

Catálogo

 

A exposição será acompanhada de uma bem-cuidada publicação, com 160 páginas, bilíngue

(português/inglês), formato 22cm X 27cm, texto de Frederico Morais e excertos de Ferreira

Gullar, Ceres Franco e Mario Pedrosa.

 

 

De 17 de setembro a 31 de outubro.

Paternosto na Dan galeria

A Dan Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, exibe a exposição individual do artista argentino César Paternosto.  A mostra reúne 16 obras e duas esculturas, criadas especialmente para esta ocasião. César Paternosto iniciou a carreira artística como pintor abstrato geométrico no início dos anos 1960, após uma trajetória como pintor figurativo e informalista, escola europeia iniciada durante a Segunda Guerra, em paralelo ao abstracionismo americano. Em 1967, ao mudar-se para Nova York, já com uma carreira consolidada, Paternosto expande as fronteiras formais e teóricas da pintura, convertendo suas criações em objetos, deixando de lado a apreciação frontal da obra.

 

 

Até 12 de outubro.

Duas individuais na LUME

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, inaugura, simultaneamente, as mostras “Verso Transitivo”, de Claudio Alvarez, e “Transe”, de Fábio Cardoso, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Exibindo 8 esculturas, Claudio Alvarez explora os efeitos visuais característicos de sua obra, seja através do movimento físico ou da ilusão de ótica. Por sua vez, Fábio Cardoso mostra 16 aquarelas que fazem referência a corpos humanos em situações de intimidade, inseridos num momento de existência do impensado e do impulsivo.

 

Sob influência do cinetismo, movimento artístico iniciado em Paris na década de 1950, Claudio Alvarez utiliza metal para construir suas esculturas, abordando sempre o movimento e a percepção, temas de sua constante pesquisa. Em “Verso Transitivo”, as obras são elaboradas com ilusões de ótica, jogos de espelho e iluminação, objetos móveis e formas dinâmicas, resultando em mecanismos nos quais aquilo que vemos entra em contradição com aquilo que sabemos. Desta maneira, o artista ativa no espectador reações de análise e fascínio, raciocínio e ilusão – modos essenciais na relação do homem com o universo.

 

Em sua primeira exposição na Galeria Lume, Fábio Cardoso apresenta “Transe”, série em que sujeito, objeto e suporte se entrelaçam. A partir das margens, o artista cria imagens que levam o espectador a uma espécie de frenesi ao tentar decifrar as formas, revelando, ao olhar mais atento, silhuetas que se assemelham a corpos humanos em cenas sexuais. “Arte e paixão como necessidades e impulsos do homem.”, comenta Paulo Kassab Jr.

 

Com uma programação cada vez mais intensa e diversificada, a Lume pretende contribuir para uma melhor formação cultural do brasileiro, ao disseminar conhecimento e cultura ao maior número de pessoas possível. Com esta ação, o espaço da galeria resta preenchido com duas importantes exposições, unindo estilos, técnicas e conceitos variados. Coordenação: Felipe Hegg e Victoria Zuffo.

 

 

De 15 de setembro a 10 de outubro.

A Gentil Carioca | 12 Anos

10/set

A programação festiva dos 12 anos da galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, é

bastante eclética. A saber: abertura da Exposição | Chão de Estrelas, de José Bento com

curadoria do Ricardo Sardenberg; Módulo de Escuta|com Ricardo Basbaum e o compositor

convidado Paulo Dantas; Parede Gentil nº 25 | com Renato Pera com Gentil Apoio de Juan

Carlos Verme e Joel Yoss; Lançamento Camisa Educação nº 63 | com Maíra Senise; Festa |

Celebração 12 anos A Gentil Carioca com Desfile de Drags | parceria Drag-se + Drag Attack;

Bolo comemorativo | Edmilson Nunes e Música |  ”Verônica decide morrer”.

 

A exposição “Chão de estrelas” do artista José Bento, é um mote poético inspirado, é claro,

pela canção homônima de 1935 de Orestes Barbosa e Silvio Caldas. A instalação que dá nome

a mostra é composta de milhares de pedaços de madeira (Vinhático ou popularmente

conhecida como gema de ovo), entremeados por cabos de aço (ou como os assistentes do

artista nomearam “fios de ouro”) tencionados de um lado ao outro da sala expositiva no limite

do rompimento. Assim estamos diante de um plano, monocromático, que flutua na altura do

umbigo do artista, que remete a um horizonte que tenciona a relação entre o monocromo que

é em si uma paisagem dourada onde se encontra o dia e a noite.

 

Minha vida era um palco iluminado

Eu vivia vestido de dourado

Palhaço das perdidas ilusões

Cheio dos guizos falsos da alegria

Andei cantando a minha fantasia

Entre as palmas febris dos corações

 

Meu barracão no morro do Salgueiro

Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou

E hoje, quando do sol, a claridade

Forra o meu barracão, sinto saudade

Da mulher pomba-rola que voou

 

Nossas roupas comuns dependuradas

Na corda, qual bandeiras agitadas

Pareciam um estranho festival

Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar que nos morros mal vestidos

É sempre feriado nacional

 

A porta do barraco era sem trinco

Mas a lua, furando o nosso zinco

Salpicava de estrelas nosso chão

Tu pisavas nos astros, distraída

Sem saber que a ventura desta vida

É a cabrocha, o luar e o violão

 

O conjunto de obras expostas em “Chão de estrelas”  reúne diversas estratégias utilizadas ao

longo da carreira de José Bento. Notavelmente, a obra Xadrez para Max e Marcel se utiliza da

recriação de objetos do cotidiano em madeira numa aproximação do discurso hiper-realista,

como feito pelo artista em anos anteriores em obras como Cobogó, Telefone e de forma

espetacular em Banheiro Bento quando recriou sabonetes, tampões de ralo etc,  porém aqui

ele acena para o que já foi chamado de “surrealismo mitigado” em seu trabalho. Em Xadrez

para Max e Marcel,  José Bento brinda a famosa foto em que Marcel Duchamp aparece

brindando Max Ernst por meio do jogo de xadrez originalmente desenhado pelo terceiro

artista para a exposição The imagery of Chess, na Julien Levy Gallery, em 1944. Num jogo de

espelhos e auto-referências, aqui José Bento estabelece suas credencias como um artista que

goza com prazer das artimanhas neo-dadas e surrealistas contemporâneas.

 

Já em outra sala, em direto contraponto à mensagem Duchamp-ernestiana, um conjunto de

monocromos que variam entre o amarelo e o vermelho acompanhados de um tapete de

madeira virado para Meca, como uma bússola, que nos relembra de tradições atlânticas que

nos conecta à África e à Europa por meio de uma reticência a paisagem, ao ilustrativo e ao

figurativo, neste caso um “misticismo mitigado”. O surrealismo, embora mais conhecido por

sua ênfase no inconsciente, também sempre enfatizou um aspecto místico de comunicação

com o além.

 

Entre as duas pontas do modernismo ocidental, ou dito de outra forma, entre o abstrato

formal da arte construtiva e a representação discursiva típica do surrealismo, a exposição Chão

de estrelas por meio da poesia substantiva de Orestes Barbosa – barraco, trinco, zinco, chão,

astros etc – estica o seu olhar contemporâneo resgatando a simples poesia dos jogos das coisas

simples. Como comentou o artista certa vez: esse Orestes Barbosa é um gênio porque trouxe

os astros lá de cima e pôs no chão para os humildes pisarem.

 

E é com humildade que a exposição vai se espalhar pelo SAARA – a Sociedade de Amigos e

Adjacências da Rua da Alfândega. Espalhado em suas famosas lojas/ tendas e por suas ruas

apertadas e barulhentas, aproximadamente oito trabalhos estarão camuflados na paisagem

comercial. Tanto um comentário ao aspecto comercial da exposição, mas principalmente ao

estatuto variável do que é um ready-made hoje em dia, também desafia o espectador a

considerar a paisagem do SAARA como um espaço expositivo, local de troca e de recorrentes

experiências estéticas e sociais.

 

Toda a exposição será “amarrada” por meio de um jornal em formato tablóide que será

repositório dos enigmas das possíveis fontes do trabalho escultórico expansivo do José Bento.

O jornal de certa forma é onde o inconsciente, o místico, e o pedestre artista estão amarrados.

Lá as referências vêm à tona e submergem no meio do palavrório dos outros curadores,

artistas e paisagens.

 

 

Sobre o artista

 

José Bento, nasceu em Salvador, BA, em 1962, vive e trabalha em Belo Horizonte.  Desde a

década de 1980 realiza, sobretudo, esculturas, instalações, além de trabalhos em vídeo,

desenho e fotografia. Expondo em museus, instituições culturais e galerias dentro e fora do

Brasil, seus primeiros trabalhos se desenvolvem a partir da discussão entre o plano e a

tridimensionalidade, como as maquetes e objetos construídos com palitos de picolé. Já em

Árvores, uma de suas obras mais conhecidas, o artista aborda questões materiais: o material

que serve à sua própria representação. A relação entre a arquitetura dos espaços expositivos e

os trabalhos de arte também se mostrou uma fonte de proposições artísticas em sua carreira,

algumas delas site-specific. Seus trabalhos mais recentes lidam com o estatuto da linguagem

escultórica na contemporaneidade e discussões acerca da representação do valor financeiro e

economia no circuito de arte. Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, entre

elas se destacam: On Another Scale, Galeria Continua, San Gimignano, e Tara por Livros,

Galeria Bergamin 2014; Eletric Blue Night, Galeria Mendes Wood, São Paulo;

Correspondências, Galeria Bergamin, São Paulo, ambas coletivas em 2013; participou com a

Floresta Invisível na 2o Bienal do Benim, Porto Novo, Cotonou e Uidá,  e realizou uma

individual na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro em 2012; em 2011, 1901-2011, Arte Brasileira e

Depois, na Coleção Itaú, São Paulo; individual, Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte em

2010 e no mesmo ano, Zum Zum Zum, na A Gentil Carioca, Rio de Janeiro; Poética da

Percepção no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008; Acervo do MAP

no Espaço de Arte Pitágoras. Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; e Chão na Galeria

Bergamin, São Paulo, 2005. Em 2004 realiza individual no Museu de Arte da Pampulha – MAP,

em Belo Horizonte. Integrou o 29º Panorama da Arte Brasileira, MAM/SP, 2005, entre outras.

Recentemente seu trabalho foi publicada na edição da ABC – Arte Contemporânea Brasileira

organizado por Adriano Pedrosa e Luisa Duarte, Cosac Naify, 2014.

 

 

De 11 de setembro a 31 de outubro.

Alê Jordão na Bolsa de Arte/Rio

A Bolsa de Arte do Rio de Janeiro, em sua sede de Ipanema, e os curadores Marcelo Vasconcellos e Walton Hoffmann convidam para a exposição “LIGHT MY FIRE”, mostra individual de Alê Jordão.

Dia: 08 de setembro – Durante o vernissage, – das 17 às 22hs -, haverá uma performance do artista.

Local: Rua Prudente de Morais, 326.

 

 

Sobre o artista
Alê Jordão nasceu e vive em São Paulo, SP. Estudou na FAAP na segunda metade dos anos 90, com Sandra Cinto, Dora Longo Bahia, Paulo Pasta, Felipe Chaimovich, Edu Brandão, Carmela Gross, Regina Silveira e Nelson Leirner – principal referência para o artista. Estudou também na Domus em Milão, escola originária da experiência do design e arquitetura pós-modernos italianos dos anos 70 e 80. Jordão inicia a vida artística profissional em 2001 e ao longo da carreira vem definindo um corpo de trabalho potente e complexo, material e conceitualmente.
Para Jordão, o objeto-obra não é apenas aquilo que sobra de um processo construtivo, mas algo que se forja e retém os significados dos modos de construir, deixando-os explícitos, comunicativos, vivos no objeto. A tecnologia e o design dizem muito sobre o resultado material e imaterial que o artista deseja produzir. Os objetos-obras de Jordão são conjuntos de elaboradas produções que podem envolver tecnologias completamente distintas.

 

Até 25 de setembro.

 

Entre a Documenta e Paris

Dois dos artistas representados pela OMA |Galeria, São Bernardo do Campo, SP, RIEN e Thiago Toes, partiram mais uma vez para a Europa para mostrar seus trabalhos. A primeira escala foi em Lüben, Alemanha. A cidade abriga o 13º Internationale Werkstattwoche, um simpósio que conta com uma residência artística (24 artistas, de nove países, entre pintores, escultores e fotógrafos), durante a qual promove momentos de convivência comunitária produzindo suas obras. Ao final da convivência, as obras passaram a ser expostas no local e, em 2016, integrarão exposições itinerantes por quatro cidades alemãs. A escolha dos artistas ocorreu por meio de edital, que avalia o currículo artístico dos candidatos. Toes e RIEN já realizaram diversas exposições no Brasil e no exterior e suas peças compõem relevantes coleções particulares.

 

Aproveitando a passagem pela Europa, em Paris, entre os dias 11 e 21 de setembro, Andrey Rossi, Toes e RIEN terão suas obras expostas na galeria Espace des Arts Sans Frontières. O local é conhecido por apresentar promessas das artes de vários pontos do mundo. Segundo o galerista da OMA | Galeria, Thomaz Pacheco, estes eventos são muito importantes para a divulgação da arte brasileira no exterior. “A escolha dos artistas para a residência na Alemanha demonstra o quanto a arte contemporânea brasileira tem conquistado cada vez mais espaço mundialmente. Em Paris, trata-se de uma exposição individual, em que cada artista ocupará uma sala da galeria e as obras poderão ser comercializadas. Esse tour europeu será um grande privilégio a todos nós e, certamente, trará ótimos frutos aos artistas e à arte brasileira”, afirma.

Fotos de Claudia Andujar

08/set

O Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, Gávea, exibe a exposição “Claudia Andujar: no

lugar do outro”. A curadoria é de Thyago Nogueira. A mostra lança nova luz sobre a trajetória

da fotógrafa de origem húngara ao apresentar trabalhos pouco conhecidos da primeira parte

de sua carreira, anterior ao seu envolvimento com os índios Yanomami. São reportagens

fotográficas e ensaios pessoais, que incluem desde os registros documentais em preto e

branco do começo da carreira até a experimentação gráfica colorida do final dos anos 1960 e

começo dos anos 1970.

 

A mostra é dividida em quatro núcleos. O núcleo “Famílias Brasileiras” apresenta um dos

primeiros trabalhos de fôlego feitos por Claudia no Brasil. Entre 1962 e 1964, a fotógrafa

registrou o cotidiano de quatro famílias de contextos muito distintos: uma família baiana dona

de uma próspera fazenda de cacau, uma família da classe média paulista, uma família de

pescadores caiçaras isolada em uma praia de Ubatuba (SP) e uma família mineira religiosa.

Feito com a intenção de entender como viviam os brasileiros, Claudia almejava publicar o

trabalho em uma revista, mas o perfil diverso do conjunto não interessou à publicação.

 

O segundo núcleo é formado por reportagens desenvolvidas pela fotógrafa para a revista

Realidade, onde trabalhou de 1966 a 1971. Criada em 1966, Realidade foi um marco na

imprensa brasileira pela qualidade das matérias e por reunir um time notável de fotógrafos,

que incluía nomes como Maureen Bisilliat, George Love e David Drew Zingg. A ousadia editorial

de Realidade foi o ambiente perfeito para que Claudia mergulhasse em temas controversos,

espinhosos e poucos discutidos na imprensa.

 

Para a revista Realidade, Claudia fotografou as polêmicas operações do médico-espírita Zé

Arigó, em Congonhas do Campo (MG); a intensa atividade de uma parteira na pacata cidade de

Bento Gonçalves (RS); a situação dos pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, em São

Paulo; uma sessão de psicodrama, e o controverso “trem baiano”, que levava imigrantes

desempregados em São Paulo de volta a seus estados natais. Além de reportagens, Claudia

também desenvolveu ensaios fotográficos para ilustrar matérias da revista. Fazem parte da

exposição uma série sobre relacionamentos homossexuais, cujas fotos não foram publicadas

pela revista, e um ensaio sobre a natureza dos pesadelos.

 

O terceiro núcleo é formado por três ensaios experimentais que Claudia desenvolveu em São

Paulo a partir de seu interesse pela cidade e pelo corpo humano. Fazem parte desse núcleo a

série sobre a “Rua Direita”, os nus da série “A Sônia” e fotos aéreas tiradas com filme

infravermelho.

 

O quarto e último núcleo da mostra contém fotografias de natureza feitas durante as primeiras

viagens à região da Amazônia, no começo dos anos 1970, especialmente ao longo do rio Jari,

no Pará, e em Roraima. Claudia fotografou as cachoeiras de Santo Antônio e o lavrado

roraimense com a experimentação e a sensibilidade que marcaram sua produção do período.

Em 1971, enquanto trabalhava numa edição especial da revista Realidade dedicada à

Amazônia, Claudia entrou em contato com os índios Yanomami. A partir de então,

transformou a documentação e a proteção desse povo em missão de vida. Seu trabalho como

fotógrafa e sua atividade política à frente da Comissão Pró-Yanomami trouxeram contribuições

inestimáveis ao país. Durante os anos que se seguiram, a produção de Claudia ligada aos índios

se sobrepôs ao extenso trabalho feito nas décadas anteriores, que agora começa a ser

retomado.

 

É essa produção ainda pouco vista e estudada que a exposição Claudia Andujar: no lugar do

outro vem regastar. Desde que chegou ao Brasil, nos anos 1950, Claudia mergulhou em

realidades que desconhecia e se interessou por núcleos fechados (como na série das famílias

brasileiras) ou grupos marginalizados e isolados (como os adeptos do espiritismo ou os

pacientes do Juqueri). Claudia usava a fotografia para entender o país que adotara, para

compreender o outro e descobrir a si mesma. Durante toda a carreira, Claudia fez questão de

se aproximar do outro e de se pôr em seu lugar – daí o título da exposição. Um deslocamento

que também ocorreu no âmbito geográfico, quando Claudia foi obrigada a abandonar suas

raízes e reconstruir a vida em um novo país. Ao focar-se nas primeiras décadas de sua carreira,

Claudia Andujar: no lugar do outro nos ajuda a entender a relevância, a originalidade e a

complexidade da produção de uma das mais importantes fotógrafas brasileiras.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e em seguida mudou-se para Oradea, na fronteira

entre a Romênia e a Hungria, onde vivia sua família paterna, de origem judia. Em 1944, com a

perseguição aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, fugiu com a mãe para a Suíça, e

depois emigrou para os Estados Unidos, onde foi morar com um tio. Em Nova York,

desenvolveu interesse pela pintura e trabalhou como intérprete na Organização das Nações

Unidas. Em 1955, veio ao Brasil para reencontrar a mãe, e decidiu estabelecer-se no país, onde

deu início à carreira de fotógrafa. Sem falar português, Claudia transformou a fotografia em

instrumento de trabalho e de contato com o país. Ao longo das décadas seguintes, percorreu o

Brasil e colaborou com revistas nacionais e internacionais, como Life, Aperture, Look, Cláudia,

Quatro Rodas e Setenta. A partir de 1966, começou a trabalhar como freelancer para a revista

Realidade. Recebeu bolsa da Fundação Guggenheim (1971) e participou de inúmeras

exposições no Brasil e no exterior, com destaque para a 27a Bienal de São Paulo e para a

exposição Yanomami, na Fundação Cartier de Arte Contemporânea (Paris, 2002).

 

 

Até 15 de novembro.

Dias & Riedweg na Casa Daros

04/set

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a videoinstalação “Nada Absolutamente Nada”, de Dias & Riedweg, feita a partir de uma série de 30 oficinas realizadas pelos artistas entre abril e agosto deste ano, com pacientes psiquiátricos do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), integrantes do grupo A Voz dos Usuários. Os 12 integrantes do projeto foram indicados por suas equipes clínicas e devidamente acompanhados por profissionais de saúde sob a direção do psiquiatra e professor Julio Verztman (IPUB/UFRJ).
No dia 29 de agosto, sábado, às 17h, o filósofo Peter Pelbart e os especialistas Tânia Rivera, Julio Vertzman e Octávio Serpa reúnem-se com os artistas para um bate-papo público no auditório da Casa Daros.
As oficinas dos artistas foram estruturadas a partir da leitura e da livre interpretação de uma seleção de contos do escritor suíço Robert Walser (1878-1956), que passou por diversas internações psiquiátricas entre 1929 e 1956, e cuja obra se tornou influência definitiva na literatura contemporânea de língua alemã. Os participantes escrevem suas próprias histórias e pensamentos, recriando a sua maneira o universo mágico e sedutor dos contos de Walser.
Nas oficinas realizadas em um dos espaços ainda não renovados da Casa Daros, portanto desconhecido do público, os artistas e o grupo A Voz dos Usuários recriaram roteiros e histórias a partir desses novos textos produzidos, e os materializam em vídeos “que nos revelam o cotidiano da cidade em locais e situações escolhidas e registradas pelos pacientes”, dizem Dias & Riedweg. “Assim, visitamos as casas dessas pessoas, seus caminhos diários e seus locais prediletos na cidade, bem como detalhes, ao mesmo tempo anônimos e pessoais, da enfermaria do hospício, cenário incontornável nos momentos de crise”, contam os artistas. Mais que um retrato sobre a condição psiquiátrica, o trabalho constrói um ensaio poético e filosófico que questiona a definição e o lugar da loucura na vida contemporânea. “A rua e o caminho; a casa e a clínica – o lar; a clausura e o espaço aberto; o dia e a noite; o espaço entre as orelhas e o espaço de fora, eu e o outro; o esperado e o acaso”. A Voz dos Usuários é um grupo independente e atuante de pacientes do IPUB, que surgiu e se desenvolveu sob a supervisão do Dr. Octávio Serpa, para estudar e discutir o fenômeno das “pessoas que ouvem vozes” e seus desdobramentos na vida cotidiana e no tratamento psiquiátrico.

 
Dias & Riedweg e a obra de Robert Walser
Durante todo o ano de 2015, Dias & Riedweg vêm trabalhando a partir da obra do escritor Robert Walser. Conceberam e realizaram uma performance inicialmente apresentada como intervenção na peça “Puzzle D”, de Felipe Hirsch no Teatro do Sesc Villa Mariana, em São Paulo, em março deste ano, e posteriormente no Festival de Performance “Der Längste Tag”, em Zurique, Suíça, em junho passado. Essa é a segunda incursão de Dias & Riedweg no universo psiquiátrico. A primeira ocorreu com um grupo de 50 pacientes internos do mesmo IPUB / UFRJ após uma série de cem oficinas realizadas ao longo de 2011 no próprio hospital, e que deram origem à obra “Corpo santo”. Essa videoinstalação de 2012 foi comissionada pela Coleção Prinzhorn, e apresentada naquela instituição, em Heildeberg, Alemanha. No Brasil, partes deste vídeo foram apresentadas na 30ª Bienal de São Paulo, no ano passado. A obra completa, entretanto, ainda não foi mostrada no país. Uma terceira experiência profissional dos artistas no campo da psiquiatria é o projeto “Cidades de Deus”, que aborda a “Síndrome de Jerusalém”, termo psiquiátrico designado para nomear os surtos de delírio religioso recorrentes entre turistas e peregrinos que visitam os locais sagrados dos territórios da Palestina e Israel, e que apontam, de formas diversas, para o real confronto político dessa região. Após uma primeira residência dos artistas no Jerusalem Center of Visual Arts, em 2013, o projeto se encontra em fase de produção.

 
Até 13 de dezembro.

Toz na Europa

A partir do dia 10 de setembro os franceses poderão contemplar o trabalho de Tomaz Viana, o Toz, um dos artistas mais conceituados no cenário da arte urbana brasileira. A Prefeitura de Paris está  transformando todo o 13º Arrondissement, em parceria com a empresa de construção civil SEMAPA, que desenvolveu um conceito de vitrine artística através do projeto SCOPE. Toz foi convidado para fazer um site specific levando as cores do Rio para a cidade através do personagem “Vendedor de Alegria”, com 5 metros de altura e cabeça composto por 1000 bolas de vinil suspensas. Trata-se de um espaço visível ao público, uma estação de metro desativada, localizada em dois grandes eixos do bairro. A obra ficará no local por quatro meses.

 

Depois desse projeto, o artista segue para o “Vision Art Festival” na cidade de Crans-Montana, na Suíça. O festival tem como missão unir arte e natureza para criar algo novo. Combina a paisagem da cidade com os trabalhos de diversos artistas vindos de todos os lugares do mundo. A programação conta com um dia educativo e interativo com crianças de escolas das redondezas, festas, workshops, atrações musicais e até uma corrida de downhill. Por lá Toz vai pintar uma Estação de Esqui e todo o caminho percorrido pelo teleférico ganhará as cores e formas do artista.