Miró no Instituto Tomie Ohtake

02/jun

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, organizou e inaugurou “Joan Miró. A força da matéria”. Esta é a maior mostra dedicada a Joan Miró no Brasil. A exposição reúne mais de 100 obras do artista, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos (pontos de partida para a criação de suas esculturas). Na composição da mostra, fotografias sobre a trajetória do genial pintor catalão.
A mostra ficará em cartaz em São Paulo até 16 de agosto, e seguirá para o MASC – Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, de 02 de setembro a 14 de novembro.
Texto
O texto de “Joan Miró – a força da matéria” , do escritor Valter Hugo Mãe, integra o catálogo da exposição. Confira um trecho abaixo:

 

A reinauguração da cultura, sobre Joan Miró

 

“Las miradas son semillas, mirar es sembrar Miró trabaja como un jardinero y con sus siete manos traza incansable – círculo y rabo, io! y ah! – la gran exclamación con que todos los dias comienza el mundo.”
Octavio Paz

 

A morte da pintura está para Joan Miró como a morte de deus esteve para Friedrich Nietzsche. Foi fundamental que saísse da equação para que o exercício da arte, que é o mesmo que dizer vida, correspondesse à mais do que genuína personalidade do mestre catalão.

 

 
A desmistificação é ponto essencial para o domínio da identidade. Alguns artistas não consentem, nem remotamente, com propagar o expectável. A arte, em sua superior oportunidade, é mais o enunciado de um novo postulado do que a obediência a quaisquer premissas estabelecidas. Ou, como diria Merleau-Ponty, a arte “é antes a realização de uma verdade do que o reflexo de uma verdade prévia” (Merleau-Ponty, 1999). Para Miró, por essência, a arte foi sempre um imperativo de liberdade. Se quisermos simplificar o seu aparecimento no mundo podemos declarar que se definiu exatamente por uma fúria imprescindível pela liberdade. Ao manifestar-se interessado em assassinar a pintura está a dizer que quer ser sem ser o mesmo. Quer ser sem ser o mesmo, o que justificaria o seu constante modo de fuga, desatando obrigações para com academismos prévios e, sobretudo, impiedosamente divergindo de si, a cada tempo começando outros métodos, explorando outros materiais, problematizando estilos, tão surpreso quanto sempre angustiado pela compulsiva busca.

 

 
Joan Miró atravessa o pior do século XX. Numa Europa em guerra, plena de ideologias totalitárias e predadoras, a sua origem catalã será invariavelmente um radical para permanente inconformismo e protesto. Uma espécie de mácula afetiva, como um pecado original de que ele se orgulharia e pelo qual se bateria sempre. A passagem por Paris, fundamental para a sua depuração, nunca lhe roubaria a convicção de ser catalão, coisa que evidenciaria constantemente na obra como linha de força e também como digno sofrimento. A liberdade possível é sempre uma ansiedade na assunção de uma identidade. Para Joan Miró, a Catalunha foi a base para todas as ansiedades, lugar plástico e espiritual de onde retiraria as referências mais recorrentes e inelutáveis, como quem cataloga os tópicos materiais de uma alma. Faria arte como quem é e como quem luta.

 

 
Discursando na sua distinção durante o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Barcelona, em 1979, Miró terá dito: “Quando um artista se expressa num contexto em que a liberdade é difícil, deve converter cada uma das suas obras numa negação das negações, numa libertação de todas as opressões, de todos os preconceitos e de todos os falsos valores estabelecidos.” (Punyet-Miró 2014). Antoni Tàpies, claramente influenciado pela obra de Miró e por ele também instigado a um mesmo brio para com a Catalunha, viria a declarar que “o impacto clandestino da obra de Joan Miró, como também a de Picasso, foi uma contribuição importantíssima para uma tomada de consciência que não se reduzia, é claro, aos problemas da estética, mas sim, como provoca todo o criador, se estendia a toda a vida. (…) Miró gozou com todos os oficialmente bem pensantes, porque ninguém demonstrou como ele o fracasso e a inutilidade de todas as falsas hierarquias que perdem o tempo a condecorarem-se, e depois têm de correr precipitadamente atrás dos passos dos que realmente fazem caminho.” (Tàpies, 2002). Neste sentido, é importante entender que a assunção de uma identidade nunca foi um modo de fechar o sujeito, ou a arte, num lugar ou num tempo, muito pelo contrário. A identidade é o único modo de converter um sujeito, ou a arte, num tópico de respeito universal. Vale a pena atentar no diz Joan Punyet-Miró, ponderando acerca da atenção de Miró à cultura de outros lugares, como a chilena, e estabelecendo um paralelo com outros génios seus contemporâneos, como seriam Picasso e Dalí: “havendo criado uma poética artística universal, transladam-se mais além do limite nacional, político ou geográfico, para acabar sendo de qualquer lugar e de lugar nenhum por vezes.” (Punyet-Miró, 2014).
De outro modo, a urgência pela oportunidade de uma realidade própria era já coisa antiga no espírito de Joan Miró. Contrário à padronização e fascinado com a amplificação dos sentidos, diria: “Quando saía com o meu pai de casa e lhe dizia que o céu era violeta, zoava de mim. E isso dava-me muitíssima raiva.” (Dupin, 2004). Para Miró era claro que o artista não podia simplesmente existir à maneira do mundo. O mundo precisava também de existir à maneira do artista.

 

 
O criador é um distúrbio no universo da continuidade. Lembro sempre uma passagem de Clarice Lispector, no livro Água Viva, para ponderar acerca destes assuntos: “Minha liberdade pequena e enquadrada me une à liberdade do mundo – mas o que é uma janela senão o ar emoldurado por esquadrias?” (Lispector, 2012). Do mesmo modo, a tela branca de um pintor, como assim a folha de um escritor, se apresenta também como uma ordem já bastante imposta à imaginação que se debate para materializar. A tela branca é uma regra, que Miró haveria de problematizar e contra a qual haveria de se rebelar inúmeras vezes. Miró foi a mais frequente perturbação de toda e qualquer continuidade artística.
Miró, que se assumiu um pessimista, um homem profundamente insatisfeito, buscava na arte a transgressão a todas as coisas, não apenas aos cânones estabelecidos, ele lidava com algo incrivelmente mais poderoso e que se punha como uma revelação cosmogónica, uma certa reinauguração da expressão, para uma expressão mais pessoal e, ao mesmo tempo, universal. O caminho mais verdadeiro para a universalidade acabou por encontrá-lo no aprofundamento constante da sua própria consciência. É na meditação sobre si mesmo e suas raízes que o mestre pode tornar-se infinitamente sapiente e conservar todo o esplendor e a frescura mais típicos do que é começador ou menino. A verdade, dentro dele, é um diamante que se reparte em todos os gestos, sempre puro na sua essência. Fácil se torna de entender porque na candura de tantos dos seus trabalhos, mesmo dos que discorrem sobre assuntos difíceis ou violentos, há uma espécie de reaprendizagem do gesto artístico ou um primitivismo que tinge tudo de espontaneidade, de originalidade. Nenhum outro artista moderno logrou tal grau de originalidade.
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Arte africana contemporânea

01/jun

O Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP,  promove a maior mostra de arte contemporânea africana já realizada no Brasil. Com programação que inclui instalações, pinturas, vídeos, esculturas, moda e um encontro para discussões com os artistas, o projeto “Africa Africans”, que conta com o patrocínio do Banco Itaú e da Odebrecht, traça um panorama da recente criação visual do continente por meio de obras de artistas de diversos países africanos.

 

 
A exposição

 
A exposição conta com cerca de 100 obras, de mais de 20 artistas, em diversos suportes e linguagens, além de outras obras de arte africana, pertencentes ao acervo do museu e à coleção particular de Emanoel Araujo, diretor curatorial do Museu, focalizando a criação de artistas africanos, nascidos e residentes no continente ou fora dele, assim como artistas de origem africana que, mesmo tendo nascido fora da África, dialogam com a pluralidade de experiências estéticas e sociais presente nas diversas regiões do continente.

 
Uma das obras de maior destaque de “Africa Africans” será a colossal “The British Library”, do artista plástico nigeriano-britânico Yinka Shonibare MBE. Nascido em Londres em 1962, Shonibare foi criado na Nigéria e voltou para capital inglesa para estudar Artes, dando início à sua trajetória artística. Sua instalação é formada por 6.225 livros coloridos encapados por tecidos dutch wax – conhecidos como “tecidos africanos”, mas fabricados na Holanda com uso de técnicas inspiradas na arte milenar do batik indonesiano. O uso deste material é uma marca registrada do artista. Shonibare debate nesta obra questões que lhe são caras como colonialismo, pós-colonialismo e hibridismo e explora o impacto da imigração sobre todos os aspectos da cultura britânica, considerando as noções de território e lugar, identidade cultural, deslocamento e refúgio. A obra também usa recursos multimídia, a exemplo de iPads.

 
Também com presença confirmada está “Skylines”, de El Anatsui, ganês radicado na Nigéria. Nascido em 1944, ele é considerado o mais importante artista africano da atualidade, com grande prestígio na Europa e nos Estados Unidos e foi recém premiado, no dia 9 de maio de 2015, com um Leão de Ouro, na Bienal de Artes de Veneza. Suas obras estão nas coleções públicas do Metropolitan Museum of Art em Nova York; Museum of Modern Art em Nova York; Los Angeles County Museum of Art; Indianapolis Museum of Art; British Museum em Londres; e Centre Pompidou em Paris, entre outras instituições. Muitas das esculturas de El Anatsui possuem formas mutáveis e são concebidas para serem livres e flexíveis de modo que se adaptem visualmente em cada instalação. Ao trabalhar com madeira, barro, metal e, mais recentemente, tampas metálicas de garrafas de bebidas alcoólicas, Anatsui rompe com a tradicional adesão da escultura às formas fixas, embora faça visualmente referência à história da abstração na arte europeia e africana.

 
Outro destaque fica por conta da obra “Cloud Earth Twist”, do nigeriano Bright Ugochukwu Eke. A instalação que vem ao “Africa Africans” tem inspiração autobiográfica. Após sofrer uma infecção na pele decorrente de uma chuva ácida, Eke desenvolveu a obra que consiste em milhares de sacos plásticos cheios de água acidificada. O trabalho de Eke tem sido exposto em cidades como Durban, Lagos, Londres, Nova York e Verona, entre outras. Bright Eke cria uma arte socialmente orientada, explorando os caminhos pelos quais as pessoas interagem com seu meio. Usando água como tema e meio, ele desafia o espectador a pensar sobre este precioso recurso, politica, ética e ecologicamente.
Será produzido também um catálogo trilíngue (português-inglês-francês) sobre a exposição, a mostra de moda e o seminário.

 
A primeira etapa do “Africa Africans” aconteceu no último dia 17 de abril, parte do calendário da 39ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), onde o museu teve a honra de receber a mostra “Africa Africans Moda” e apresentou os trabalhos de cinco estilistas africanos: Palesa Mokubung, África do Sul; Amaka “Maki” Osakwe, Nigéria; Jamil Walji’, Quênia; Xuly Bët, Mali e Imane Ayissi, de Camarões. A mostra de moda ocorreu no espaço central do museu e teve a curadoria do nigeriano Andy Okoroafor, reconhecido editor e diretor de arte, clipes musicais e moda em Paris, França.

 

 
Até 30 de agosto.

Op-Art em São Paulo

15/abr

O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, apresenta, até 01 de junho, a exposição “Op-Art – Ilusões do Olhar”, um vasto panorama da optical art, ou arte ótica, e sua influência no Design, Arquitetura, Mobiliário, Moda, Cinema e Publicidade. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra foi idealizada pela Fundação Oftalmológica Dr. Rubem Cunha, e tem patrocínio da Allergan do Brasil e Acuvue.

 
“Op-Art – Ilusões do Olhar” é a primeira mostra abrangente, realizada no Brasil, sobre esse movimento, surgido no final da década de 1950. A exposição conta com mais de 200 itens, que estarão divididos em três módulos temáticos: 1. Design gráfico, mobiliário e objetos; 2. Obras de arte; e 3. Moda, cinema e publicidade. A lista de artistas participantes inclui alguns dos mais importantes e expressivos representantes do movimento no Brasil e no exterior, dos concretistas aos contemporâneos, mostrando como, na era digital, a Op-Art voltou a ser uma referência. Estarão em exposição, por exemplo, trabalhos dos designers Alexandre Wollner, Almir Mavignier e Antonio Maluf; dos estilistas: Alceu Penna, Versace, Gareth Pugh, Martha Medeiros e Sandro Barrros; além dos artistas plásticos Abraham Palatnik, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Sacillotto, Angelo Venosa, Hilal Sami Hilal, Julio Le Parc, Victor Vasarely e Carlos Cruz-Diez.

 
Com expografia de Guilherme Isnard, que utilizará efeitos de luz e profundidade para acentuar as características da mostra, OP-Art terá um espaço interno para a Fundação Oftalmológica Rubem Cunha que realizará, durante o período expositivo, a medição da acuidade visual a estudantes atendidos pelo Educativo MCB. “O desconhecimento de problemas visuais é um dos principais elementos responsáveis pela evasão escolar no Brasil”, afirma o Dr. Marcelo Cunha, da Fundação Rubem Cunha. “Dessa forma, a exposição Op-Art – Ilusões do Olhar cria um evento único, associando design, arte e moda a uma causa social”, conclui o médico.

 

 
Conteúdos da exposição por módulos:

 
1: Op-art no Design gráfico, mobiliário e objetos

 
Cartazes originais de Rubem Ludolf, Alexandre Wollner e Antonio Maluf; design gráfico da Tricot-lã, década de 1960, Adolpho Leirner;  cerca de 50 objetos entre pratos, canecas, xícaras, luminárias, mouse-pads, skates, almofadas e relógios de parede de designers brasileiros e estrangeiros; mobiliário de Zanine Caldas, Abraham Palatnik e Julien Pecquart;  exemplos de arquitetura Op-Art no Brasil e no mundo, em projeções; projeto original de Raymundo Colares para pintura em prédio no Rio de Janeiro.

 
2 : Arte

 
Cerca de 30 trabalhos, entre pinturas, esculturas e objetos de artistas brasileiros, pinturas de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Aluísio Carvão, Luiz Sacillotto, Mauricio Nogueira Lima, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, Ivan Serpa, Ubi Bava, Hilal Sami Hilal, entre outros; esculturas e objetos de Abraham Palatnik, Mary Vieira, Raymundo Colares, Paulo Roberto Leal, Angelo Venosa, entre outros. Artistas estrangeiros: Julio Le Parc, Victor Vasarely, Carlos Cruz-Diez, entre outros.

 
3: Moda, Cinema e Publicidade

 
Vestido de noite de Alceu Penna e Hercules Barsotti, 1960; vestidos criados especialmente para a mostra pelos estilistas Sandro Barros e Martha Medeiros; roupas vintage como capa de chuva em vinil, vestidos curtos, blusa Versace; projeção com fotos de roupas de época e dos desfiles de Givenchy (2010),Louis Vuitton (2013), Mark Jacobs (2013), Gareth Pugh (2014), entre outros; acessórios vintage e contemporâneos: bolsas, óculos, sapatos, lenços etc.; publicidade: Pond’s, Ferrari, Avon, entre outras, apresentados em vídeo;  cinema: “The Responsive Eye”, de Brian de Palma e “Anémic Cinema”, de Marcel Duchamp.

 

 
Sobre a OP-Art

 
A Op-Art surgiu no final da década de 1950, e despontou internacionalmente a partir da exposição “The Responsive Eye”, organizada pelo MoMA, de Nova York, em 1965. Descendente de movimentos como o Suprematismo, Construtivismo e Concretismo, seus trabalhos têm como principais características a repetição de formas simples, o uso do preto e branco, os contrastes de cores vibrantes e as luzes e sombras acentuadas. A ambiguidade entre primeiro plano e fundo gera ilusões de movimento e profundidade. As obras da Op-Art criam um espaço tridimensional, que não existe, mas parece tornar-se real. Tais efeitos despertaram uma nova relação com a obra de arte, exigindo do público uma verdadeira participação.

 

 
Sobre a curadoria

 
Denise Mattar é uma das mais conhecidas e premiadas curadoras do Brasil. Em instituições trabalhou no Museu da Casa Brasileira, SP (1985-1987), MAM-SP (1987-1989) e MAM-RJ (1990-1997). Como curadora independente realizou de 1997 a 2014 mostras retrospectivas de Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Premio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Frans Krajcberg, Mary Vieira, Maria Tomaselli, Aluísio Carvão, Abelardo Zaluar, Raymundo Colares, Hildebrando de Castro, Norberto Nicola, Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard. E as mostras temáticas (2004/14): “Traço, Humor e Cia”, “O Olhar Modernista de JK”, “O Preço da Sedução”, “O’ Brasil”, “Homo Ludens”, “Nippon”, “Brasília- Síntese das Artes”, “Tékhne” e “Memórias Reveladas”( prêmio ABCA), “Pierre Cardin”, “Mário de Andrade – Cartas do Modernismo”, “Projeto Sombras”, “No Balanço da Rede” e “Duplo Olhar”.

 

 
Sobre a Fundação Dr. Rubem Cunha

 
A Fundação Oftalmológica Dr. Rubem Cunha é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo prevenir e tratar doenças oculares da população de baixa renda. Em 2007, foi reconhecida como entidade filantrópica OSCIP, faz parte da associação GIFE e do Instituto Azzi. Os recursos levantados pela Fundação, por meio de eventos socioculturais, subsidiam os custos relacionados aos exames e consultas, proporcionando aos pacientes armações e lentes de óculos, medicamentos e tratamento cirúrgico. A Fundação trabalha com os projetos: Boa Visão, Boa Educação, voltado às crianças em idade escolar; Nosso Olhar, vinculado à APAE, e Senhor Olhar, para a terceira idade, além de projetos especiais como Olhar do Sertão, realizado recentemente no interior de Alagoas. A mostra Op-Art – Ilusões do Olhar comemora os dez anos de trabalho filantrópico prestado a crianças e idosos carentes pela entidade criada pelos Drs. Rosana e Marcelo Cunha.

 

 
Até 31 de maio.

Manzoni em São Paulo

31/mar

O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP, apresenta exposição significativa de Piero Manzoni, provavelmente o mais importante artista da Itália, e também da Europa, do pós-guerra.

 
Em sua breve trajetória artística de pouco mais de seis anos – Manzoni morreu em Milão em 1963 aos 29 anos -, produziu uma obra radical que ainda continua a surpreender e influenciar a arte e os artistas contemporâneos. Foi também um artista que procurou contatos e conexões com outros artistas e grupos, em especial o Grupo ZERO, buscando rearticular as vanguardas europeias do final dos anos 1950.

 
Fundou revista e galeria, e sua influente presença agiu, na época, além da Itália, na Alemanha, Dinamarca, Holanda e França. Seu agudo conceitualismo irônico que se revela em um trabalho – hoje icônico – como “Merda de Artista”, renovou uma tradição derivada de Marcel Duchamp e do Dadaísmo.

 
O artista foi considerado um pioneiro pesquisador de novos materiais sintéticos que utilizou na sua importante série de trabalhos monocromáticos intitulada de “Achromes”. Manzoni, mais que qualquer outro artista, representa a jovem vitalidade que buscava novas direções para a arte numa Itália e Europa culturalmente traumatizadas pela Segunda Guerra Mundial.

 
Esta breve mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta um resumo compreensivo da fase “clássica” de sua obra; desde os primeiros “Achromes” até suas últimas obras, passando por aquelas que hoje são consideradas exemplos do espírito radical das vanguardas europeias dos anos 1950/60.

 

 

 

De 08 de abril a 21 de junho.

Mostra no MAM-Rio

25/fev

Neste sábado, dia 28 de fevereiro, o MAM Rio, Parque do Flamengo, inaugura a exposição “Ações, estratégias e situações nas coleções do MAM”, com cerca de 40 obras, pertencentes às coleções do MAM Rio, com curadoria de Marta Mestre. A mostra apresenta trabalhos realizados fora dos suportes tradicionais de arte, de 16 artistas, entre eles os brasileiros Artur Barrio, Marcia X, Marcius Galan, Cildo Meireles, Lygia Clark, entre outros. “O objetivo é mostrar o comprometimento do MAM Rio com propostas experimentais desde a década de 1960”, afirma a curadora. Fazem parte da mostra trabalhos de artistas brasileiros, alemães, americanos e de um taiwanês: Antonio Dias, Artur Barrio, Bené Fonteles, Bernd e Hilla Becher, Cildo Meireles, Dennis Oppenheim, Fabiano Gonper, José Damasceno, Joseph Beuys, Luiz Alphonsus, Lygia Clark, Marcius Galan, Moebius Jürgen, Tehching Hsieh, Waltercio Caldas e Wolf Vostell.

 

 

Até 03 de maio.

Kandinsky no Rio

06/fev

A exposição itinerante “Kandinsky – Tudo começa num ponto”, CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ apresenta cerca de 150 peças, entre quadros, objetos, fotos, livros e cartas sobre o artista, seus contemporâneos e suas influências. A mostra está dividida em cinco blocos: Kandinsky e as raízes de sua obra em relação com a cultura popular e o folclore russo; Kandinsky e o universo espiritual do xamanismo no Norte da Rússia; Kandinsky na Alemanha e as experiências no grupo Der Blaue Reiter, vida em Murnau; Diálogo entre música e pintura: a amizade entre Kandinsky e Schonberg; Caminhos abertos pela abstração: Kandinsky e seus contemporâneos.

 

As peças em exposição pertencem ao acervo de nove museus e de coleções particulares vindos da Rússia, Alemanha, Áustria, Inglaterra e França. Alguns dos principais itens são do Museu Estatal Russo de São Petersburgo. A organização da mostra também teve participação da Arte A Produções, responsável pela “Virada Russa”, realizada em 2009, no circuito do CCBB.

 

Mais do que apresentar obras do pintor russo, “Kandinsky – Tudo começa num ponto” oferece ao público a oportunidade de conhecer as referências de sua obra, como a relação entre arte e espiritualidade, a cultura popular no norte da Sibéria, o folclore russo, a música e os rituais xamânicos. As peças em exposição estão divididas em três espaços, um deles interativo. Utilizando óculos especiais, o público pode conferir uma das obras do pintor se desmembrando de acordo com o movimento do visitante e emitindo sons. Também é possível ouvir a descrição das cores e de suas características.

 

Na exposição, há pinturas de todas as fases do pintor, ilustrações de contos populares, símbolos religiosos, séries de paisagens, roupas e tambores utilizados em rituais xamânicos, coleções de objetos de cerâmica e litogravuras. Além de Kandinsky, a mostra traz quadros de artistas contemporâneos, como a ex-mulher Gabriele Münter, Alexej Von Jawlensky , Mikhail Larionov, Pavel Filonov, Nikolai Kulbin e Aristarkh Lentulov.

 

O objetivo dos curadores da mostra, Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, é fazer com que o espectador entenda vida e obra do pintor e também a relação com outros artistas e com a cultura de sua época. A ideia é compreender o contexto que ajudou na sua formação, dar um “mergulho no mundo que cercou e influenciou Kandinsky”. Para o diretor-geral da exposição, Rodolfo de Athayde, entender o gênio criativo implica compreender a sensibilidade que marcou a história da arte no século XX. “Esta exposição apresenta o prólogo dessa história enriquecida, que é a arte moderna e contemporânea. O modo em que se forjou a passagem para a abstração, os recursos a partir dos quais a figuração deixou de ser a única via possível para representar os estados mais vitais do ser humano, e finalmente o novo caminho desbravado a partir dessa ruptura”.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Moscou, em 16 de dezembro de 1844, Wassaly Kandinsky formou-se em Direito antes de iniciar sua vida como pintor. Uma visita a uma exposição de artistas impressionistas franceses e ao Teatro Bolshoi, onde assistiu à ópera Lohengrin, de Richard Wagner, despertaram o desejo de produzir arte. Em 1896, ele se mudou para Munique, na Alemanha, onde iniciou o curso de pintura. Em 1900, ele ingressou na Academia de Artes de Munique, onde estudou com Franz Stuck. Foi neste período que conheceu a artista Gabriele Münter, com quem passou a viver até o início da 1ª Guerra Mundial. Em 1911, Kandinsky e Franz Marc criaram o grupo Der Blaue Reiter (Cavaleiro Azul).  O período em que viveu na Alemanha é considerado o de maior desenvolvimento da arte abstracionista do pintor. No ano seguinte, ele publicou “Do espiritual na arte”, a primeira fundamentação teórica da arte abstrata. Ele escreveu ainda um livro de memórias e uma coletânea de poesias com 55 litogravuras, ambos em 1913. No início da guerra, voltou para Moscou, já sem Gabriele. Participou de eventos culturais e políticos no período após a Revolução Russa. Casou-se com a filha de um general, em 1917, e cooperou com o comitê popular de educação, ensinando arte e auxiliando na reforma e na criação de museus, entre 1918 e 1921. Kandinsky voltou à Alemanha em 1922. Em seguida, aceitou o convite de Walter Groupiuos e começou a lecionar na escola Bauhaus, onde permaneceu até 1932. Os 159 quadros pintados a óleo e as 300 aquarelas produzidos entre 1926 e 1933 se perderam depois que os nazistas declararam o artista “degenerado”.  Aos 67 anos, o pintor se mudou para a França. Ao lado da mulher, ele passou a viver em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Foi a última morada de Kadinsky até sua morte, em 13 de dezembro de 1944.

 

 

Locais e datas.

 

No Rio até 30 de março.

 

Após: São Paulo receberá o evento entre 18 de abril e 29 de junho de 2015. A exposição se despede do Brasil em Belo Horizonte, entre 21 de julho e 28 de setembro de 2015.

Casa Daros, Rio – Dada on tour

16/out

A Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta “Dada on tour – Zurique 2016”, uma videoinstalação itinerante que antecipa o centenário do movimento Dada, em parceria com o Cabaret Voltaire e Whitebox Arts Center. A curadoria é de Adrian Notz, diretor do Cabaret Voltaire – bar lendário criado em 1916 por um grupo de artistas exilados: Hugo Ball, Tristan Tzara e Hans Arp, entre outros, que deu início ao movimento Dada – e Juri Steiner, diretor administrativo do espaço. “Dada on tour” é uma tenda itinerante, que desde este ano percorre várias cidades ao redor do mundo até culminar com um grande congresso no verão de 2016 em Zurique, Suíça, com um painel com os participantes da viagem realizada em vários países.

 

A tenda móvel, que será instalada no pátio interno da Casa Daros, abrigará a videoinstalação em três canais e com um único áudio em comum. A estrutura da tenda em si contém diversas inteferências, grafismos e pinturas relacionadas ao Dada. Cadeiras e almofadas serão colocadas para o público. A ideia do projeto é propiciar um intercâmbio entre os estudiosos do Dada no Brasil, e, junto com a equipe de arte e educação da Casa Daros, estimular jovens artistas e o público para que vejam o quão vivo está o movimento Dada ainda nos dias de hoje. Pretende-se ainda criar uma troca com a produção artística local em torno dos conceitos caros ao Dada: “embriaguez, corpo e dança, o livre pensar da mente na arte e poesia, mágica, ready made e o grande dada ‘não!’”, se entusiasma Juri Steiner.

 

“Dada on tour” começou com muito sucesso em maio deste ano em Nova York, seguindo em junho para Hong Kong.  É uma realização da associação Dada 100 Zurique 2016, em parceria com o Cabaret Voltaire, em Zurique, e o Whitebox Arts Center. Realização: Kunstumsetzung GmbH. Som: Iris Rennert. Pintura: Andy Ineichen. Film: Sonja Feldmeier. Colaboração científica: Aline Juchler. Logística: Yves Bisang, Isabelle Deconinck, Juan Puntes (Whitebox). Os curadores dizem que estão “extremamente honrados pela parada na Casa Daros, no Rio, por alguns dias, como nosso pequeno e fácil de carregar dada-travel-kit”.

 

 

O MOVIMENTO DADA

 

O Dadaísmo – ou simplesmente Dada – se constitui em um dos mais relevantes legados culturais da cidade de Zurique. No início de fevereiro de 1916, um grupo de artistas exilados – Hugo Ball, Tristan Tzara e Hans Arp, entre outros – abriram uma taberna de cerveja na Spielgasse 1, no coração da Cidade Velha.  O bar se chamava Cabaret Voltaire, e ali eles definiram a criativa destruição do significado, empregando ao fim muitos e variados esforços artísticos.  Oriundo da repulsa à Primeira Guerra Mundial e contra o conceito de nação embutido nela, os artistas escolheram o nome ao acaso, com um estilete inserido em um dicionário, e gostaram da palavra “dada”, afeita a qualquer idioma, e lembrando a fala desarticulada de um bebê.

 

A partir do Cabaret Voltaire, o Dada se apropriou de toda a cidade, se espalhando a seguir para todo o planeta. O questionamento categórico de todo e qualquer conceito estabelecido em arte, literatura, filosofia e política era batizado em Zurique como Dada. E daquele momento até os dias de hoje permanece como a tentativa de vanguarda radical dos artistas em derrubar fronteiras e em desafiar ideias testadas – uma estratégia que é tanto válida hoje como era há cem anos.  Então, Dada permanece relevante quando se aproxima das questões sociais e culturais, e isto conta para o seu sucesso em criar uma ligação entre o então e agora.

 

 

DADA 100 ZÜRICH 2016

 

Fundada em 2012, a associação Dada 100 Zürich 2016 é responsável por planejar e executar o Jubileu Dada em Zurique. Os membros da Associação são: Markus Notter (presidente), Peter Haerle, Jürgen Häusler e  Franziska Burkhardt. Seu diretor administrativo é Juri Steiner.

Para isso, recebe o apoio de um comitê formado por diversas instituições e personalidades da cultura, sociedade e economia suíças. Tanto a cidade como o Cantão de Zurique, bem como o Departamento Federal de Cultura da Suíça dão substancial suporte ao Jubileu Dada. Museus e instituições, iniciativas independentes, festivais e patrocinadores estão envolvidos no evento.

 

 

CABARET VOLTAIRE

 

O Cabaré Voltaire é o local onde em 1916 um grupo de artistas exilados fundaram o Dada, no centro velho de Zurique. Para o centenário, o Cabaré Voltaire oferece informações sobre os vários projetos e iniciativas envolvidas.

 

 

De 22 a 26 de outubro.

Exposição “Pérolas”

30/jul

Como parte do Ano da Cultura Qatar-Brasil 2014, o Museu de Arte Brasileira da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP, realiza a exposição “Pérolas”, apresentando peças das coleções de Qatar Museums, Mikimoto & Co., Yoko Londres e Alfardan, Qatar. A mostra foi organizada pelo Qatar Museums. A exposição reúne mais de 200 peças – entre joias e obras de arte – mostrando a grande variedade de cores e formas de pérolas naturais e cultivadas, o uso das pérolas ao longo dos séculos, tanto no Oriente quanto no Ocidente, como um símbolo de prestígio e riqueza, as variações de gostos em diferentes culturas e as mudanças no design de joias com pérolas para celebridades como Salvador Dalí, Elizabeth Taylor e Lady Di.

 

 

A exibição inicia com um olhar revelador sobre a história natural das pérolas. Discorre sobre a pesca e comércio no Golfo Pérsico, Europa e Ásia, desde a Antiguidade aos dias atuais. Uma coleção de pérolas raras e de moluscos portadores de pérolas indica como as pérolas do Golfo têm sido há muito tempo algumas das mais cobiçadas e valiosas do mundo. A segunda parte da exposição explora a utilização das pérolas em joias e destaca as mudanças do design ao longo da história. Com isso, a mostra avança no tempo e espelha a modernidade, realçando o trabalho contemporâneo realizado pelos designers de hoje. Também é possível apreciar na exposição o processo de cultivo das pérolas e sua produção em escala industrial, iniciada por Kokichi Mikimoto, no Japão.

 

 

 

Sobre o Qatar Museus

 

 

Qatar Museums (QM) conecta os museus, instituições culturais, sítios e patrimônios históricos no Qatar, e cria condições para que prosperem e floresçam. A entidade centraliza recursos e propicia uma abrangente organização para o desenvolvimento de museus e projetos culturais, com a ambição, a longo prazo, de criar uma forte e sustentável infraestrutura cultural para o Qatar. Sob o patrocínio de Sua Alteza, o Emir, Xeique Tamim bin Hamad Al-Thani, e chefiada por sua Presidente, Sua Excelência, a Xeique Al-Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al-Thani, QM está consolidando os esforços do Qatar no sentido de tornar-se um vibrante centro para as artes, cultura e educação, no Oriente Médio e além. Desde a sua fundação, em 2005, QM supervisiona o desenvolvimento do Museu de Arte Islâmica (MAI), do Mathaf: Museu Árabe de Arte Moderna e do Centro Turístico do Patrimônio Mundial Al Zubarah. QM também administra a Galeria QM, em Katara, e o Espaço de Exposições ALRIWAQ DOHA. Os futuros projetos da instituição incluem a abertura do programa “Posto de Bombeiros: Artistas Residentes em 2014” e a inauguração dos muito aguardados Museu Nacional do Qatar e o Museu Olímpico e do Esporte do Qatar.

 

 

QM está empenhada em instigar as futuras gerações das artes, do patrimônio cultural e profissionais de museologia do Qatar. Em seu cerne está o compromisso de fomentar o talento artístico, criando oportunidades e desenvolvendo as habilidades necessárias para atender à emergente economia da arte do Qatar. Por meio de um programa multifacetado e de iniciativas de arte pública, QM procura ampliar os limites do tradicional modelo de museu, além de criar experiências culturais que transbordam para as ruas e buscam envolver as plateias mais amplas possíveis. Por meio de uma vigorosa ênfase na arte e na cultura, de dentro para fora, e estimulando um espírito de participação nacional, QM está ajudando o Qatar a encontrar a sua própria voz, característica e inconfundível, nos debates culturais globais de hoje.

 

 

 

Ano da Cultura Qatar-Brasil 2014

 

 

O Ano da Cultura Qatar-Brasil 2014 é um programa de intercâmbio cultural de um ano de duração dedicado a conectar as pessoas do Estado do Qatar e da República Federativa do Brasil por meio de cultura, comunidade e esporte. Através de um ano de inovadoras atividades de intercâmbio cultural, indivíduos e instituições de ambos os países criam parcerias duradouras e fortalecem as relações bilaterais. O Qatar-Brasil 2014 é realizado sob o patrocínio da presidente de Qatar Museums (QM), Sua Excelência, a Xeique Al-Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al-Thani, em parceria com o Ministério da Cultura, Artes e Patrimônio Histórico do Qatar. É o terceiro Ano da Cultura consecutivo lançado por Qatar Museums, após os sucessos do Qatar-Japão 2012 e do Qatar-Reino Unido 2013.

 

 

 

Até 28 de setembro.

Barceló no Brasil

23/mai

Um dos mais prestigiados artistas espanhóis, Miquel Barceló, virá ao Brasil, iniciando por São Paulo, para apresentar sua obra recente, além de alguns trabalhos referenciais de sua produção, como o elefante de bronze apoiado pela tromba, que ocupou em 2011 a Union Square, em Nova York.

 

O também pintor da aclamada cúpula da sala de Direitos Humanos da ONU em Genebra, no qual imprimiu o seu fundo do mar (2007), traz para a Pinakotheke São Paulo, que depois seguirá para a do Rio e de Fortaleza, a série de telas brancas (monocromáticas), produzidas em 2013. Somam-se a estas pinturas e ao Elefandret (2007), uma peça em cerâmica de proporções monumental “Animals de Cap Fort’ (2012), com 180 x 110 cm, outros trabalhos em cerâmica e bronze, pinturas da série “Frutas” (2013), além de vídeos e um caderno do artista..

 

Para compreender o processo do artista, montou-se também o seu “Gabinete de curiosidades”, com elementos e objetos pessoais caros à composição de sua obra e que nunca haviam saído de seu ateliê parisiense, portanto, inédito para o público. Na abertura da mostra será lançado ainda um livro da Edições Pinakotheke, que reúne uma entrevista do artista concedida ao crítico Adriano Pedrosa, além de textos do pensador espanhol Enrique Juncosa e imagens da coleção, seguido de cronologia sobre a vida e a obra de Miguel Barceló.

 

Com capacidade de trabalho surpreendente e atuando em múltiplos suportes – pintura, escultura, murais, cerâmica, desenho, ilustrações de livros – Miguel Barceló se divide entre os seus ateliês de Paris, Ivry e o de cerâmica em Palma de Maiorca, sua terra natal. O crítico Enrique Juncosa destaca a capacidade rara de Miguel Barceló em se desdobrar para conceber vários projetos ao mesmo tempo.

 

Dos trabalhos mais recentes e presentes na mostra, o crítico espanhol ressalta a série de pinturas brancas cuja aparência pode aproximá-la da abstração. Juncosa adverte, contudo, que não é o caso, tal como provam os títulos das obras, sempre inspirados nos elementos eleitos pelo artista para a composição da tela. Os círculos remetem a nomes de praças de toros, outras se referem à espuma das ondas do mar, mas que, como em ambos os casos, ilustram o comportamento da matéria e dos pigmentos sedimentados em camadas. “Ação arriscada de um artista solitário, como um toureiro na arena, mas também contemplação hipnótica da natureza e das possibilidades da pintura, o que pouco tem a ver com a abstração monocromática, seja esta formalista ou de exploração do sublime”, completa.

 

Na exposição, os quadros de frutas, sobretudo os tomates partidos contrastam com os brancos pela intensidade cromática. Segundo o crítico, a pintura “Tomate-Mars” (2013), joga com o nome Marte, do planeta vermelho, e a metade do tomate que se vê tem algo de planeta vivo, com um interior que sugere movimento perpétuo, como uma caldeira em ebulição.

 

Se a experiência com a pintura está presente desde o início de sua obra, o interesse pela cerâmica começa em Mali, em 1995, onde também mantinha um ateliê. Desde então, se dedicou a aprender técnicas em Maiorca, França e Itália e a cerâmica tornou-se um dos suportes fundamentais de sua produção, culminando com os espetaculares murais que realizou na Capela de São Pedro no interior da catedral gótica de Palma de Maiorca (2007). Algumas são concebidas a partir de formas de objetos tradicionais, mas em outros casos são verdadeiras esculturas, tanto de formas abstratas como de formas reconhecíveis – alimentos (pão e furtas) e animais. Às vezes há figuras em suas superfícies como é o caso da monumental “Animals de Cap Fort” (2012), que remetem a certas imagens tântricas do budismo tibetano. Algumas cerâmicas, como na obra de Joan Miró, podem servir para realizar as peças em bronze, como “Estatuária equestre” (2014). A presença do bronze na mostra se completa com a famosa escultura “Elefandret” (2007).

 

Desde o início da sua carreira Miguel Barceló produz “cadernos de artista”, referências que recolhe em suas viagens. São dezenas de cadernos muito bem encadernados, com datação precisa, e páginas repletas de elementos naturais: folhas, gravetos, desenhos, terra, pigmentos, pintura, tudo o que reproduz com exatidão a experiência vivida naquele momento. Os primeiros foram organizados por sua mãe e os mais recentes, pela equipe do seu estúdio de Paris. Em 2003, Le Promeneur-Gallimard editou “Carnets d’Afrique”, uma seleção destes cadernos que realizou na África entre 1988 e 2000. Na mostra haverá um exemplar de 42 páginas realizado em maio de 2011 na Ilha La Graciosa, Canárias, Espanha.

 

Complementam a exposição, os filmes: “Mar de Barceló”, especialmente produzido durante a execução da cúpula das nações da ONU, e “Paso Doble”, referência ao processo criativo das cerâmicas.

 

 

Pinakotheke São Paulo / Morumbi

 

Abertura 28 de maio.
De 28 de maio a 12 de julho. de 2014

 

 
Pinakotheke Rio de Janeiro / Botafogo

 

Abertura 23 de setembro.
De 23 de setembro a 30 de outubro.

 

 
Galeria Multiarte / Aldeota / Fortaleza


Abertura 11 de novembro.
De 11 de novembro a 15 de dezembro.

 

Tauromaquia : Picasso, Dalí e Goya no MAB

21/mai

O espetáculo das touradas desde sempre inspirou artistas do mundo todo. Por conta deles, o touro ganhou lugar especial e significado em muitas das obras de grandes mestres e incontáveis artistas, que usaram a tauromaquia (combate a touros) como um instrumento para representar simbolicamente a luta contra o poder opressor. Costurando uma seleção entre a estreita relação da produção artística de Picasso, Dalí e Goya, o Museu de Arte Brasileira, MAB, da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP, e a Produtora Mega Cultural apresentam, pela primeira vez no Brasil, a exposição “Tauromaquia”.

 

Com curadoria de Monika Burian Jourdan e Serena Baccaglini, a mostra reúne diversas obras e séries. São cerca de 180 imagens, entre desenhos originais e gravuras  de Francisco Goya, Pablo Picasso e Salvador Dalí que evidenciaram o fascínio pelo universo da corrida de touros e desenvolveram trabalhos consistentes e relevantes em torno do tema, tão intrinsecamente ligado à cultura ibérica. Muitas das obras trazidas ao Brasil para esta exposição foram raramente vistas antes. Dentre elas está o estudo de Picasso para “Guernica”, nas mesmas dimensões do painel original.

 

“Na maioria das civilizações o touro, tema central da exposição, é um símbolo místico que significa força, coragem e fertilidade. Esta força animal que os touros mostram é retratada de forma fascinante nas obras destes artistas”, explica Monika Bourian Jourdan. “Para os artistas, a tourada não representa apenas um espetáculo. Para Goya, por exemplo, tauromaquia foi inicialmente uma ferramenta para expressar sua dissidência política. A exposição apresentará a série completa de gravuras Tauromaquia, de Goya, uma das suas séries mais famosas”.

 

Picasso foi influenciado por Goya. Baseou-se no uso do conhecimento do “chiaroscuro” (luz e sombra) de Goya para a produção de sua própria obra, utilizando-a como instrumento de protesto contra a ditadura do General Franco. Picasso e Goya utilizaram este tema para manifestar profundo sofrimento e resistência à opressão.

 

Nos anos 1966-67, Salvador Dalí transformou a famosa “Tauromaquia Suite” (1957-59), de Picasso numa extensão do diálogo artístico que os dois artistas mantiveram durante anos. Alguns desses trabalhos fazem parte das obras desta exposição.

 

Goya, por sua vez, usou a tauromaquia para expressar sua dissidência política contra os nobres, opressores do povo. Suas obras retrataram a tourada como uma arena mística, em que algo está sempre acontecendo. Esta exposição apresentará uma de suas mais famosas séries sobre este tema. Vista como um confronto entre a liberdade e a força bruta, a tauromaquia pode também ser interpretada neste conjunto de obras como uma metáfora do poder opressor ou da capacidade para autoafirmação e emancipação. Em muitas civilizações, o touro, figura central desta mostra, tem o significado de força, bravura e fertilidade.

 

 

Até 22 de Junho.