Obras de Krajcberg

14/mar

A mostra organizada por Márcia Barrozo do Amaral reúne em sua a galeria, no Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio e Janeiro, RJ, a partir do dia 15 de março, importantes trabalhos, – muitos deles inéditos -,  de diversas fases artísticas de Frans Krajcberg. São 15 peças produzidas entre os anos 1960 e 1917.

 

A exposição proporciona um rico passeio pela carreira do artista. Entre as raridades, um livro arte de madeira com duas gravuras. Krajcberg produziu apenas 60 destas “caixas”, que hoje estão espalhadas pelo mundo e desmembradas. Um trabalho incomum chama a atenção: uma paleta em tão de azul vai surpreender o público acostumado aos trabalhos do artista em tons terrosos e de vermelho.

 

“Esta exposição é uma forma de homenagear Krajcberg ao apresentar alguns trabalhos nunca antes expostos”, afirma a galerista, que fez questão de apresentar muitas peças da técnica na qual ele era um mestre – relevo em papel. No total, são quatro trabalhos deste tipo, que revelam toda genialidade do artista. O púbico ainda vai poder conferir obras das mais diversas vertentes artísticas, como duas esculturas da famosa série “Sombra”, uma pintura sobre madeira, entre outros trabalhos.

 

“A obra de Frans Krajcberg é tão rica e abrangente, que inclui praticamente todas as técnicas mais conhecidas: escultura, pintura, desenho, litografia e fotografia. Sem contar a que ele desenvolveu e usou ao longo da carreira: o relevo em papel. O exemplo mais impactante desta técnica é quando ele usa a areia, molhada pela água do mar, como matriz destes relevos”, avalia Marcia Barrozo do Amaral.

 

 

Sobre o artista

 

Falecido em novembro de 2017, Frans Krajcberg chegou ao Brasil em 1948, com 27 anos, após ter lutado na 2° Guerra Mundial por acaso.  Chegou ao país sem ter amigos e sem conhecer a língua. E aqui renasceu. “Nasci deste mundo que se chama “natureza”. O grande impacto da natureza foi no Brasil que senti. Aqui eu nasci uma segunda vez. Aqui eu tive a consciência de ser homem e de participar da vida com minha sensibilidade, meu trabalho, meu pensamento. Aqui me sinto bem”, afirmou o artista. Frans Krajcberg viveu em Monte Alegre, no Paraná, onde produziu a série de pinturas denominadas “Samambaias”, em São Paulo, no Rio, sempre trabalhando, sempre criando. Morou em Paris, onde manteve um atelier. Viveu em Ibiza, ali iniciou a série de relevos sobre pedra que lhe valeram o Prêmio de Pintura, na IV Bienal de São Paulo (1957) e na Bienal de Veneza (1964). De volta ao Brasil, Krajcberg se estabeleceu em Minas Gerais, na região de Itabirito e travou conhecimento com os pigmentos naturais de origem ferrosa, que se tornaram marca registrada em seus trabalhos. Foi a época dos relevos em papel, das esculturas em madeira lavada, entre outros trabalhos. Em 1972, mudou-se para Nova Viçosa e construiu a sua “Casa na Árvore” pousada num pequizeiro. Dali partiu inúmeras vezes para Amazônia, para o Pantanal, Marajó, São Luiz, sempre registrando a beleza destas regiões do Brasil, sua grande paixão. Mas, principalmente, denunciando a destruição da natureza, as queimadas, a extinção das tribos indígenas. Como consequência destas viagens, Krajcberg introduziu o fogo na sua obra – é a época das esculturas queimadas, que tanto impacto causaram no público que visitou a exposição de Bagatelle, ponto alto do ano Brasil-França. Frans Krajcberg, além de artista plástico mundialmente renomado, com obras nos mais importantes museus, é excelente fotógrafo.

 

Em suas viagens à Amazônia, ao interior de Minas Gerais e ao Pantanal assistiu cenas chocantes de destruição ambiental. Esses registros feriram tal maneira sua sensibilidade, que estão sempre presentes em suas obras, principalmente nas “esculturas queimadas”. A importância de sua obra no contexto da ecologia mundial é indiscutível. A viagem que fez ao Alto Amazonas com o crítico e filósofo Pierre Restany, quando redigiram e lançaram o “Manifesto Rio Negro”, foi um marco fundamental em seu trabalho: toda sua atenção se voltou para a preservação da natureza. Outro aspecto deste protesto são as fotos – registro vivo da tragédia – cujo impacto é extraordinário. Assim, grande defensor das causas ecológicas, acumulou, ao longo de décadas, um importante acervo de fotografias, reunindo não só imagens da riqueza da flora brasileira, como das agressões por ela sofrida.

 

 

De 15 de março a 06 de abril.

Matsutani na Bergamin & Gomide

09/mar

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, exibe “Takesada Matsutani: Selected Works 1972 – 2017″, uma seleta de obras de Takesada Matsutani. Nascido no Japão e membro da segunda geração do grupo Gutai, Takesada Matsutani participou em 2017 da mostra Grafite Works, em Nova York e da 57ª Bienal de Veneza, Itália.

 

Entre as características que marcam a obra de Takesada Matsutani, artista japonês radicado em Paris, está o material utilizado para compor seus trabalhos: a cola de vinil – uma espécie de adesivo de contato de aderência rápida e flexibilidade após a secagem. O artista representa a nova tomada do expressionismo abstrato e estará presente na exposição inédita no Brasil que a Bergamin & Gomide apresenta a partir do dia 03 de março, em parceria com a galeria Hauser & Wirth e organizada com Olivier Renaud-Clément.

 

Em seus primeiros experimentos, Matsutani impregnou a superfície da tela com elementos bulbosos, usando sua própria respiração para criar formas inchadas e rompidas, evocando carne e feridas. A carreira do artista começou nos anos 1960 como membro-chave da “segunda geração” na Gutai Art Association, o inovador e influente coletivo de arte do Japão na pós-guerra. Um dos mais importantes artistas ainda em produção, Matsutani continua a demonstrar o espírito de Gutai, transmitindo a reciprocidade entre o gesto puro e a matéria-prima. Suas pinturas, desenhos e esculturas envolvem temas do eterno e ecoam os intermináveis ​​ciclos de vida e morte.

 

Para a exposição na Bergamin & Gomide, foram selecionadas cerca de 20 trabalhos com grafite, cola de vinil, colagem e acrílico, entre outros materiais, tendo como suporte o papel, a tela e a madeira. Nos últimos três anos, Matsutani realizou as exposições individuais no Manggha Museum of Japanese Art and Technology (Krakow, 2018), na Hauser & Wirth Los Angeles (Los Angeles, 2017), na Hauser & Wirth, Zurique, (Suíça, 2016), no Otani Memorial Art Museum, “Correntes”, Nishinomiya (Japão, 2015) e na Hauser & Wirth New York (Nova York, 2015).

 

Além da exposição na Bergamin & Gomide, Matsutani realizará uma programação paralela na JAPAN HOUSE São Paulo, na Avenida Paulista. Entre 06 e 11 de março, o espaço receberá duas obras do artista, além de performances exclusivas. Uma delas, aberta ao público, será realizada no dia 11 e integrará a programação do evento Paulista Cultural; iniciativa que prevê uma programação especial em diversas instituições da Avenida Paulista, como Casa das Rosas, Centro Cultural Fiesp, Instituto Moreira Salles, Itaú Cultural e MASP. Criada pelo governo japonês em São Paulo, Los Angeles e Londres, a JAPAN HOUSE se propõe a ser um ponto de difusão de todos os elementos da cultura contemporânea japonesa para a comunidade internacional com programação cultural e vivências abertas ao público.

 

Anna Bella & Lygia & Mira & Wanda

07/mar

O MAC Niterói, Mirante da Boa Viagem, Niterói, Rio de Janeiro, RJ, exibe uma exposição só de mulheres, todas importantes nomes do cenário artístico contemporâneo nacional. Com curadoria de Pablo Leon de La Barra e Raphael Fonseca, a mostra “Anna Bella & Lygia & Mira & Wanda” apresenta obras de Anna Bella Geiger (1933-), Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Wanda Pimentel (1943-), presentes na importante Coleção MAC – João Sattamini. Cerca de 50 obras, com técnicas variadas (vídeo, pinturas, gravuras e esculturas), farão parte da exposição. Lygia Clark e Mira Schendel foram grandes pesquisadores das relações entre imagem e geometria no Brasil, sendo que, posteriormente, suas formas saem do plano e se dirigem ao espaço. No caso de Lygia Clark, seu interesse chega mesmo à experimentação de diversos sentidos por parte do público. Enquanto isso, Geiger é uma das precursoras do abstracionismo informal no país. Posteriormente, foi conhecida por suas experimentações na gravura e no vídeo, com destaque para a forma como a palavra exerce um lugar crítico e mesmo humorístico em sua pesquisa. Por fim, Wanda Pimentel é uma artista que trabalha predominantemente com pintura, com criações de obras icônicas durante os anos 1960 e 1970 em que o corpo feminino era fundido a objetos domésticos. Além das telas e esculturas, haverá, ainda, alguns vídeos da Anna Bella Geiger um vídeo sobre a Wanda Pimentel (dirigido pelo Antonio Carlos Fontoura, de 1972).

 

 

Até 11 de novembro.

Nazareno no Rio

01/mar

No dia 06 de março, Luciana Caravello Arte Contemporânea inaugura a exposição “Um segredo é a palavra viva entre uma boca e um ouvido”, do artista paulistano Nazareno, com 16 obras, que giram em torno da palavra segredo e de seus significados, desde a noção básica aplicada ao senso comum até outras tradições. Serão apresentadas quatro obras tridimensionais e 12 desenhos sobre diversos suportes, como madrepérola, couro, papel, madeira, entre outros. Todos os trabalhos são inéditos e foram produzidos este ano especialmente para esta exposição.

 

O objetivo do artista é fazer com que o público reflita sobre a questão do segredo, que acompanha a humanidade desde a infância, chegando até a vida adulta e velhice. “As obras funcionam como passagens, tais como os segredos que uma vez revelados desencadeiam inúmeras possibilidades, são trabalhos onde nada se faz aparente e que de fato dependem da ativação do expectador atento”, afirma o artista.

 

Todos os trabalhos de Nazareno possuem título, que, de acordo com ele, é uma primeira pista para que o segredo da obra seja revelado. Quatro caixas óticas, com conteúdos diversos, fazem parte da exposição. Por um orifício, o espectador poderá visualizar o interior, descobrindo os segredos e objetos inseridos na obra.

 

Doze desenhos completam a mostra. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos a memória, infância, contos de fadas, entre outros. Um dos desenhos da mostra traz um gato, desenho infantil, no meio de uma aquarela de madeira, com diversas cores. “Cada cor tem um significado, é uma sensação. Por exemplo, dizemos que a pessoa ficou vermelha ou ‘amarelou’”, explica o artista.

 

Os suportes para os desenhos são diversos e alguns são feitos, por exemplo, sobre madrepérola, que por si só já é um segredo, uma vez que é encontrada dentro das conchas. Outros elementos usados pelo artista em suas obras, como o ouro, por exemplo, também são carregados de segredo. “Quem tem ouro, geralmente esconde”, ressalta. No trabalho do artista, o ouro também aparece escondido e não é visto por todos. A partir da mostra de desenhos com inclusão de textos e curtas narrativas o visitante adentrará no mundo criado por Nazareno. Ao tratar o segredo como uma “energia viva”, Nazareno nos apresenta obras onde códigos, cifras e enigmas surgem naturalmente, sugerindo ao espectador uma potencial busca por informações, dados ocultos, entre outros mistérios da socialização que costumamos chamar segredos. 

 

 

Sobre o artista

 

Graduado no bacharelado em artes visuais na Universidade de Brasília em 1998. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas, bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, são trabalhos que potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização evidenciando outras realidades e eventualmente conduzindo o adulto/espectador a um estranhamento em seu rebaixamento a uma condição infantil. Com uma carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos quinze anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e livros de arte, as obras do artista estão em diversas coleções públicas e privadas.

 

 

Até 07 de abril.

 

Tarsila em NY

08/fev

A exposição “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, cumprirá temporada no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque, MoMA, de 11 de janeiro a 03 de julho.

Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma das figuras centrais no desenvolvimento da arte moderna do Brasil, e sua influência reverbera em toda a arte do século XX e XXI. Embora relativamente pouco conhecida fora da América Latina, suas pinturas e desenhos refletem suas ambições para sintetizar as correntes da arte de vanguarda e criar uma arte moderna original para seu país de origem. “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, é a primeira grande exposição de um museu na América do Norte dedicada a artista. A mostra, enfoca seu trabalho na década de 1920, quando viajou entre São Paulo e Paris, participando da vida criativa e social de ambas as cidades e forjando seu próprio estilo artístico, único.
A exposição começa em Paris com o que Tarsila, como ela é carinhosamente conhecida no Brasil, chamou seu serviço militar no cubismo. Seu rico envolvimento com o modernismo europeu incluiu associações com os artistas Fernand Léger e Constantin Brancusi, o marchand Ambroise Vollard e o poeta Blaise Cendrars. A apresentação segue suas viagens ao Rio de Janeiro e às cidades coloniais de Minas Gerais e mostra seu papel crescente e vital na cena artística emergente do Brasil e com sua comunidade de artistas e escritores, incluindo os poetas Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Foi durante esse período que Tarsila começou a combinar a linguagem visual do modernismo com os temas e a paleta de sua pátria para produzir uma arte moderna fresca e única, brasileira.

 

A exposição celebra as obras mais ousadas de Tarsila e seu papel na fundação da Antropofagia – movimento de arte que promoveu a idéia de devorar, digerir e transformar as influências européias e outras artísticas para tornar algo completamente novo. As contribuições de Tarsila incluem o marco de 1928, o Abaporu, que foi a inspiração para o Manifesto Antropofágico e serviu como um emblema para o movimento. Apresentando mais de 120 pinturas, desenhos e documentos históricos relacionados à artista, “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil” é uma rara oportunidade de conhecer o trabalho da artista, situado, principalmente, em coleções brasileiras.

Individual na SIM, Curitiba

06/fev

Willian Santos, artista nascido e residente de Curitiba, PR, traz para sua primeira individual na SIM Galeria, o intrincamento entre encontros e re encontros com formas nativas de seu universo íntimo e de uma cronologia pictórica universal. Em “Recôndito Plasmado”, as pinturas, desenhos, objetos e esculturas do artista têm em comum a aura enigmática promovida por uma figuração inacabada, que se desmancha e se dilata, e que deixa sua catástase a cargo do público.

 

A partir da visitação à sua pesquisa da última década, o artista flagrou-se em uma recorrência imagética que transborda por toda a presente exibição, mas que ali se apresenta com o desafio plástico próprio do processo criativo de Willian Santos. Como, por exemplo, em suas grandes esculturas em fibra – material inédito em sua produção – em desenhos e pinturas. É justamente por saber do papel das relações inconscientes e individuais na elaboração e apreensão da linguagem artística que Willian Santos prima pela relação de presença e experiência do observador quando materializa sua obra. Fazendo-se, assim, essencial o encontro presencial do observador com seu trabalho para que as múltiplas relações sugeridas por suas obras, se materializem.

 

 

Sobre o artista

 

Willian formou-se em Artes Visuais com Ênfase em Computação pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2009. Suas primeiras mostras individuais aconteceram em 2011, com a exposição “Campo Dilatado”, no SESC da Esquina, Curitiba-PR e em 2012 com as exposições “Desenhos”, no Museu de Arte de Joinville, e “Imanência”, na Finnacena Escritório de Arte – Curitiba-PR. A mais recente exposição do artista, “nem todo líquido se desmancha em ar” aconteceu na Galeria Casa da Imagem, em Curitiba-PR. Dentre suas muitas participações em mostras coletivas, destacam-se: em 2017, “QUEERMUSEU: Cartografias da diferença na arte brasileira”, no Santander Cultural, Porto Alegre-RS e “PINTURA (diálogo de artistas)”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro-RJ. E em 2016 o “19º Edital de Incentivo à Produção Chico Lisboa”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS, Porto Alegre-RS.

 

 

De 23 de janeiro a 03 de março.

Rugendas, imagens do Brasil

24/jan

A CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Rugendas, um cronista viajante”, que exibe 50 obras do pintor, desenhista, ilustrador, aquarelista e litógrafo alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858). A curadoria é de Angela Ancora da Luz e o projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e o Governo Federal.

 

Rugendas foi um dos mais conhecidos artistas viajantes e, ao lado do francês Jean Baptiste Debret, foi responsável pela divulgação das primeiras imagens do Brasil no exterior. Em sua trajetória, retratou o país durante os anos 1820 com toda a exuberância da natureza e os costumes da população. Era como se Rugendas fosse, dois séculos atrás, um fotógrafo antes da invenção da fotografia.

 

A exposição apresenta um panorama de sua obra com desenhos, aquarelas, litografias e pinturas, divididos em três núcleos: Olhar a terra, com paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas; Olhar o homem, na qual apresenta cenas da vida cotidiana da população brasileira; e Plantas da terra, que traz estudos da fauna e flora brasileira. Entre as obras reunidas estão presentes 36 originais do famoso álbum Viagem pitoresca através do Brasil (Voyage Pittoresque dans le Brésil), considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século 19.

 

Segundo a curadora Angela Ancora da Luz, a importância de se revisitar as obras de Rugendas se dá pela oportunidade de um encontro com o documentarista, que é um dos principais ilustradores do Novo Mundo. “Ele que, possivelmente foi impactado pela natureza exuberante e pela luminosidade de lenta acomodação aos olhos de um europeu, quando participou da Expedição Langsdorff, retorna a partir de suas obras. A exposição objetiva apresentá-las com o olhar de hoje, comprovando que a arte se recria a cada novo olhar, e que nesta dinâmica ela terá sempre propostas e observações atuais a nos acrescentar, como as que serão apresentadas”, comenta Angela.

 

 

Sobre o artista

 

Rugendas chegou ao Brasil em 1821 como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil km pelo interior do país com objetivo de constituir um inventário completo do Brasil. Capitaneada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff, médico alemão naturalizado russo, e patrocinada pelo Czar Alexandre I, por D. Pedro I e José Bonifácio, a caravana visava estreitar as relações comerciais com a Rússia.

 

O artista abandonou a expedição em 1824, mas continuou sozinho o registro de tipos, costumes, paisagens, fauna e flora brasileiros. Retornou à Europa no ano seguinte para dedicar-se a produção do luxuoso álbum Voyage Pittoresque dans le Brésil, editado em Paris, 1835, em francês e alemão. A publicação continha 100 obras acompanhadas por textos explicativos.

 

Rugendas ainda retornou Brasil em 1845 e, no Rio de Janeiro, participou das Exposições Gerais de Belas Artes, realizadas pela Academia Imperial de Belas Artes, tornando-se o artista preferido da família Imperial e realizando retratos de seus integrantes.

 

De 28 de janeiro a 11 de março.

Mestre dos Sonhos

09/jan

A CAIXA Cultural, Galeria 1, Centro, Rio de Janeiro, RJ, recebe, de 13 de janeiro a 11 de março, a exposição inédita “Francisco Brennand – Mestre dos Sonhos”, que reúne cerâmicas, pinturas e desenhos criados pelo artista pernambucano aclamado mundialmente por sua arte sincrética, ancestral e extremamente peculiar. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

 

Com curadoria e projeto expográfico assinados por Rose Lima, a exposição conta com 31 obras do acervo original do artista, criadas em diversas fases da sua carreira. Seus trabalhos evidenciam temas como reprodução, mitologia, sexualidade, fauna e flora, personagens históricos e divindades, tudo permeado por signos da tradição popular do Nordeste, bastante valorizados em suas criações. A mostra reflete parte do universo místico e fantástico criado pelo artista na Oficina Cerâmica Francisco Brennand e no Parque das Esculturas, dois importantes espaços culturais mantidos em Recife (PE) e que reúnem mais de duas mil obras de arte.

 

“O público vai conhecer o homem Brennand e a riqueza da sua arte. A exposição pontuará seu timbre nordestino com referências diversas à sua família, à literatura, às vivências adquiridas e interações com outros artistas como Abelardo da Hora e Cícero Dias, seus tutores, e os amigos de sua geração que se influenciavam mutuamente, como Ariano Suassuna e Lina Bo Bardi”, destaca Rose Lima.

 

Com realização da Via Press Comunicação, a exposição estreou em Salvador, passou pela CAIXA Cultural São Paulo e agora chega ao Rio de Janeiro. Além de oportunizar o público a conhecer a arte de Brennand, a mostra presta homenagem ao trabalho de um dos artistas plásticos mais importantes do país na atualidade.

 

 

Arte Superlativa

 

Dispostas em quatro alas, as obras em exposição são organizadas cronológica e criativamente, costuradas por uma linha do tempo que perpassa os 90 anos de vida de Brennand. Em cada visita, o público será convidado a uma viagem centenária que começa em 1927, no bairro da Várzea, subúrbio de Recife (PE), no local onde hoje está a Oficina Cerâmica Francisco BrennandSerão exibidas peças representativas que vão desde o começo de sua carreira, a exemplo do quadro “Autorretrato aos 19 anos“, de 1947, até outras mais recentes, como a pintura “Toques”, da série “O Castigo”, de 2013. Além dos quadros e desenhos, a mostra dá destaque às cerâmicas, obras que o notabilizaram internacionalmente. Entre elas, as cerâmicas vitrificadas “La tour de Babel“, de 1975, “Antígona“, de 1978) e “Pelicano“, de 1988.

 

Na ambientação da galeria, a proposta busca uma experiência de imersão visual e sonora que remete o público à Oficina, onde está a maior parte do acervo monumental de Brennand. Grandes painéis fotográficos – reproduções em profundidade de ambientes do local – são somados à sonorização de cantos gregorianos, som marcante do museu-ateliê em Pernambuco e, juntos, transportam o público por um passeio sensorial. A curadora mescla aos trabalhos de Brennand fotos do arquivo pessoal do artista em que aparece com seus pais, esposa e amigos, como Abelardo da Hora e Ariano Suassuna. A mostra apresenta ainda conteúdo audiovisual composto pela exibição do filme documentário “Francisco Brennand“, de 2012, dirigido por Mariana Brennand Fortes, sobrinha-neta do artista. Em outro espaço, a combinação entre tela e “parabólica” sonora, uma instalação de áudio, apresentam as suas intervenções artísticas na Bahia.

 

 

Mestre dos Sonhos

 

Há mais de 45 anos em reclusão artística, o pernambucano Francisco Brennand é pintor, ceramista, escultor, desenhista, tapeceiro e ilustrador. Começou na arte em 1942, durante a juventude, ao conhecer o artista plástico Abelardo da Hora. Durante viagens à Europa, conheceu as obras em cerâmica de artistas consagrados como: Picasso, Chagall, Matisse, Braque, Gauguin, Miró e Antoni Gaudí, artista que o influenciou fortemente. De volta ao Brasil, passou a se dedicar verdadeiramente à cerâmica produzindo diversos painéis em cidades daqui e dos Estados Unidos (EUA). No ano de 1971, reformou a antiga fábrica de cerâmica de sua família, antigo Engenho São João, na Várzea, em Recife, transformando-a na Oficina Cerâmica. Juntamente com o Parque das Esculturasconstruído há 17 anos sobre um arrecife natural em frente à Praça do Marco Zero, a Oficina concentra permanentemente grande parte das obras do artista. Em 75 anos de trabalho artístico, Brennand soma mais de 90 exposições entre Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Uruguai, EUA, Portugal, Espanha, além de diversas cidades brasileiras. Hoje, aos 90 anos, se dedica exclusivamente à pintura, atividade que iniciou a sua carreira como artista.

Claudio Paiva no MAR

08/jan

A exposição “Claudio Paiva – O colecionador de linhas” em cartaz no MAR, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe pela primeira vez ao público, o corpus da sua obra. Foram selecionados trabalhos dos diversos momentos de sua trajetória – dos anos 60 até seu falecimento em 2011.

Claudio Paiva participou de um importante momento da arte brasileira, ao lado Cildo Meireles, Umberto Costa Barros, Antonio Manuel, Artur Barrio, Luiz Alphonsus entre outros. Mesmo com a produção ininterrupta desde seu surgimento, seu trabalho, entretanto, tem sido esporadicamente mostrado. Desde o final dos anos 60, estabelece seu campo de criação visual através da articulação de três esferas: o desenho, a palavra e o objeto.

 

Na atual exposição constam mais de 200 obras entre desenhos com suportes e técnicas variadas, instalações e vídeos, entre eles uma série de entrevistas inéditas com depoimentos sobre o artista, lembranças afetivas por parte dos amigos que lhe acompanharam ao longo de sua vida.

 
Para o artista desenho é um projeto em si:

 

“Há um pacto entre os meios, entre a linha e a cor; se por um lado, o desenho quer ser cor, quer ser pintura; por outro lado o desenho não quer ser nada além da linha.” (PAIVA, Claudio, Niterói, 2001).

 

“A relação entre a palavra e o desenho cria uma nova imagem onde os papeis de deslocam. A palavra participa da elaboração da imagem e a imagem pretende desenhar a palavra: Desenho de uma palavra, é também o título de um de seus desenhos. Cria-se, então, um espaço topológico entre palavra e imagem, configuração de um singular espaço poético.” (BOMPUIS, Catherine, Rio de Janeiro, 2002, Catálogo da Exposição Armadilha para tempestade, pag. 2).

 

Desde o início de sua produção, Claudio realizou também diversas instalações, que posteriormente se transformaram em instalações de bolso. Cordões, velas, caixas de fósforo, fazem lembrar, de uma maneira leve, lúcida, e que é ainda possível a tudo transgredir, tudo renomear e recolocar instantaneamente com nada ou quase nada. Esses objetos híbridos: “O descanso do paralelepípedo”, “O Colecionador de nada”, “Guerra fria”, “Lúcifer”, “O princípio do prazer”, formam uma coleção de pequenos paradoxos.

 

A curadoria é de Evandro Salles e Catherine

 

 

Até 03 de junho

Tunga no MASP

20/dez

A exposição “Tunga: o corpo em obras” encerra o programa anual de 2017 do MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, em torno das histórias da sexualidade, que incluiu mostras individuais dos artistas Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Miguel Rio Branco, Toulouse-Lautrec, Tracey Moffatt, Guerrilla Girls, Pedro Correia de Araújo e a exposição coletiva “Histórias da sexualidade”. O MASP agradece muito especialmente ao Acervo Tunga pela doação de uma escultura da série “Morfológicas” exposta nesta mostra. A exposição tem curadoria de Isabella Rjeille, assistente curatorial e Tomás Toledo, curador, MASP. A expografia é da Metro Arquitetos Associados.

 

A sexualidade e o erotismo são temas centrais na produção de Tunga (Palmares, Pernambuco 1952 – Rio de Janeiro, 2016) desde sua primeira exposição individual, intitulada “Museu da masturbação infantil”, realizada em 1974 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Essa mostra de 1974 incluiu desenhos abstratos que, posteriormente, pautariam o raciocínio acerca desses temas na produção do artista. Eram obras cujas formas evocavam imagens eróticas ou processos de gozo, elementos que reaparecem expostos em desenhos daquele mesmo ano.

 

Nesta exposição, a sexualidade não constitui apenas um tema da produção do artista, mas um modo de compreender relações, vínculos, transformações e criações entre corpos, matérias e linguagens. A escolha dos trabalhos e sua disposição no espaço foram definidas a fim de potencializar essas relações e promover diálogos entre obras de diferentes períodos e técnicas, em detrimento de uma organização cronológica. O título da mostra “Tunga: o corpo em obras” tem duplo sentido: alude tanto ao corpo como assunto das obras do artista, como propõe um olhar sobre sua produção como um corpo continuamente em obras, ou seja, em constante transformação. Essa leitura surgiu da natureza diversa e circular da obra de Tunga, cujos trabalhos não se encerram em categorias estanques. Referências ao corpo, à sexualidade e ao erotismo podem ser observadas em todas as obras expostas: o nu (Vê-nus e Eixos exógenos), a pele e a maquiagem (em desenhos ou sobre as esculturas na série Lábios), os cabelos (Tranças e Escalpes), dedos, vulvas e falos (Morfológicas e A cada doze dias e uma carta), o masculino e o feminino (Tacapes e Tranças) e o magnetismo do desejo (com os ímãs em Tacapes, Lezart e Palíndromo incesto).

 

 

Sobre o artista

 

Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, conhecido como Tunga, foi o primeiro artista contemporâneo e o primeiro brasileiro a ter uma obra exposta no Museu do Louvre, em  Paris. Obras suas estão em acervos permanentes de museus como o Guggenheim de Veneza, além do Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Nascido em Palmares, Pernambuco, Tunga mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Arquitetura e Urbanismo. O filho do escritor Gerardo de Mello Mourão iniciou a carreira no começo dos anos 1970. Arquiteto de formação, Tunga transitou por diferentes linguagens, das artes visuais à literatura, incluindo a escultura, a instalação, o desenho, a aquarela, gravura, vídeo, texto e a instauração. Frequentemente, suas obras se alimentam de um repertório que provém de distintos campos do conhecimento, como a psicanálise, a filosofia, a química, a alquimia, bem como as memórias e as ficções.

 

 

Até 09 de março de 2018.