Dois eventos na Bolsa de Arte SP

12/abr

 

 

Estreou na quinta-feira, 07 de abril, o espetáculo “Lygia.” na Bolsa de Arte, Jardins, São Paulo, SP. O monólogo é interpretado por Carolyna Aguiar com direção de Bel Kutner e Maria Clara Mattos, que também assina a dramaturgia desenvolvida a partir dos diários de Lygia Clark. A cenografia foi concebida pelo Estúdio Mameluca composto por Ale Clark, neta da artista, e Nuno FS.

 

Em parceria com a Associação Lygia Clark, o espetáculo fica em cartaz na Bolsa de Arte até 28 de maio, quintas e sextas-feiras às 20h e sábados às 18h. Os ingressos estão disponíveis na plataforma do Sympla.

 

Através dos diários, o monólogo “Lygia.” pretende apresentar ao público essa artista que usou a própria angústia como material de pesquisa, revelando não só o contexto de criação das obras, mas reflexões sobre o que lia e via, amores, temores, dúvidas e desencantamentos.

 

Juntamente à apresentação do espetáculo, inaugurou, sexta-feira, 08 de abril a exposição homônima com curadoria e texto de Felipe Scovino.

 

A exposição – com entrada gratuita – pode ser visitada de segunda a sexta-feira das 11h às 19h e sábados das 11h às 17h.

 

 

Desejo imaginante

 

 

Uma exposição de Maria Martins, em colaboração com o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), aprofunda uma parceria que remonta não apenas a iniciativas recentes, como também aos tempos de nosso patrono.

 

Uma das primeiras obras a capturar o olhar do visitante, na Casa Roberto Marinho, é a escultura em bronze O implacável (1944), da mineira Maria Martins (1894-1973), instalada diante da fachada do casarão neocolonial, no Cosme Velho.

 

Até 26 de junho.

 

 

Tim Burton em São Paulo

09/abr

 

 

Uma mega exposição sobre o universo criativo de Tim Burton chegou em São Paulo. Os fãs do diretor responsável por obras como “Edward Mãos de Tesoura” e os remakes de “Dumbo”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “Alice no País das Maravilhas” poderão mergulhar nessas obras com a mostra “A Beleza Sombria dos Monstros: 13 Anos da Arte de Tim Burton”.

“É a mais abrangente antologia da obra do cineasta nos últimos quarenta anos”, ressalta Jenny He, curadora da exposição, que acompanhou o projeto em cada detalhe. “À medida que o público adentra as imersivas e interativas experiências presentes nas diferentes galerias da exposição, a ilimitada criatividade e prolífica produção artística de Tim Burton se revelam intimamente”, destaca ela.

O evento terá uma área de 2600m² para a exposição, ocupando dois andares da Oca, no Parque do Ibirapuera. O evento ocorre entre os dias 08 de maio e 14 de agosto.

Simone Cupello: Sombras sem figura

 

 

A Central Galeria, São Paulo, SP, apresenta até 21 de maio “Sombras sem figura”, a segunda exposição individual de Simone Cupello na galeria. Com curadoria de Marisa Flórido, a mostra reúne obras recentes – produzidas ao longo da pandemia e em parte influenciadas por ela – que refletem sobre o tempo e o estatuto da imagem.

Como é recorrente na prática da artista, um grande acervo de fotografias analógicas coletado ao longo de anos é empregado em trabalhos com características escultóricas e instalativas. Esse uso não convencional do material fotográfico aponta para temas basilares de sua poética, na qual a artista está mais interessada na imagem como prática humana do que enquanto mídia em si.

“Simone Cupello debruça-se, pela fotografia, à investigação da imagem: seu estatuto difícil, sua indeterminação constitutiva, os lugares e o movimentos de sua aparição e desaparição, os códigos de enquadramento e os dispositivos que determinam os regimes de visibilidade, que moldam as subjetividades, que codificam vida e arte”, analisa a curadora Marisa Flórido.

Ainda que a figura humana não apareça de forma ostensiva, ela é evocada ao longo de toda a exposição, sugerindo histórias de pessoas que se apagaram com o tempo. Lápides, fragmentos e vazios também são elementos que se repetem para indicar ausências. “De fato, tenho a sensação que alguma coisa importante mudou nos últimos tempos”, reflete Simone. “Acho que não iremos mais nos relacionar como antes, que a tal ‘ruptura comportamental’ via tecnologia, que tanto temíamos e prevíamos há décadas, foi finalmente consolidada. Estamos partidos, mais além das divisões de classe. Minhas fotos parecem pertencer a um outro momento da vida, viraram vestígio”.

 

Sobre a artista

Simone Cupello nasceu em Niterói, RJ, 1962. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduada em Arquitetura (1986) e com uma extensa carreira com cenografia, TV e cinema, desenvolve desde 2013 sua pesquisa como artista visual. Já realizou exposições individuais em: Central Galeria (São Paulo, 2018), Centro Cultural Cândido Mendes (Rio de Janeiro, 2017), Centro Cultural Justiça Federal (Rio de Janeiro, 2016), entre outras. Entre suas exposições coletivas recentes, destacam-se: Arte Londrina 7, Casa de Cultura da UEL (Paraná, 2019); 43° SARP, Museu de Arte Ribeirão Preto (Ribeirão Preto, 2018); MONU – A Arte Delas, Marina da Glória (Rio de Janeiro, 2018); Frestas – Trienal de Artes, Sesc Sorocaba (Sorocaba, 2017); Mostra Bienal Caixa de Novos Artistas (mostra itinerante, 2015-2016); Fotos Contam Fatos, Galeria Vermelho (São Paulo, 2015). Sua obra está presente nas coleções do MAR (Rio de Janeiro) e do FAMA (Itu).

Individual de Victor Arruda na Belizário

07/abr

 

 

A Belizário Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP, em paralelo à primeira participação na SP-Arte, recebe em seu espaço e apresenta ao circuito cultural de São Paulo a exposição “Babado e Confusão” do icônico pintorVictor Arruda, sob curadoria de Marcus Lontra. Artista conhecido e reconhecido por seus temas

diretos, sua pintura não dá margem à dupla interpretação sendo uma crítica obstinada contra o abuso de poder e a hipocrisia, além da presença desde o início de sua trajetória artística, das questões referentes a gênero, com cenas explicitas. A arte de Victor Arruda, a seus olhos, é conceitual onde a agressividade está a serviço da discussão de temas necessários e também sociais.

Ao contrário do que pode sugerir os temas escolhidos, os trabalhos não são agressivos nem com caráter sombrio. Suas telas são compostas de uma profusão de cores e figuras, traços incomuns mas que trazem nessa “brincadeira”, mensagens fortes e necessárias. “O mundo contemporâneo explode nas telas de Victor Arruda”, define o curador.

Na década de 1970, os quadrinhos são uma influência em suas criações, ligadas aos movimentos modernos como expressionismo e surrealismo que, com o passar do tempo, deram lugar ao psicanalismo de Freud. A pintura permite que o artista critique conscientemente suas angústias através dos registros de seu inconsciente. “Ela dialoga com as vertentes marginais do modernismo; abraça despudoradamente a arte popular, o grafite, a linguagem visual urbana anônima, e introduz soluções estéticas de extrema sofisticação” explica Marcus Lontra.

Em sua primeira exposição na Belizário Galeria, faz-se coro às palavras do curador: “(….) é muito importante que Victor Arruda esteja aqui em São Paulo, nesta metrópole confusa e encantadora, cheia de contrastes como a obra do artista. Victor Arruda merece São Paulo. E São Paulo merece e precisa conhecer com urgência Victor Arruda. Afinal, como sabemos, o amor será sempre uma via de mão dupla. ❤️”

Sobre o artista

Victor Arruda nasceu em Cuiabá, MT, 1947. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Decidiu que seria pintor aos doze anos de idade e, aos treze, muda para o Rio de Janeiro onde dá sequência a seus estudos. Graduado em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), elabora seus trabalhos com base em padrões estéticos não convencionais, fazendo referências ao pensamento, segundo ele, da “antipintura”apresentando imagens irreverentes. Suas obras trazem referências de nomes icônicos da arte como Chagall, Picasso, Klee e Torres Garcia. A imagética por ele elaborada é constituída por cenas que vivencia em seu cotidiano. Suas obras integram as coleções mais importantes do Brasil como a de Gilberto Chateaubriand. O artista é aplaudido por diversos críticos e curadores. Segundo o crítico italiano Achille Bonito Oliva, Victor Arruda é um dos maiores artistas brasileiros da atualidade. Em 2018, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugurou uma ampla retrospectiva de 50 anos da trajetória artística de Victor Arruda, reunindo 105 de suas obras. A exposição individual intitulada “Temporal”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, foi uma das mais aclamadas no país em 2021.

Sobre o curador

Marcus Lontra nasceu no Rio de Janeiro, 1954. Nos anos 1970 morou em Paris onde conviveu e trabalhou com Oscar Niemeyer, então marido de sua mãe. Trabalhou com o casal na revista Módulo. Foi crítico de arte do Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto é. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80?”. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Atualmente coordena a implantação da Estação Cultural de Olímpia, SP.

Sobre a galeria

A BELIZÁRIO Galeria, com sede no bairro de Pinheiros em São Paulo, é o resultado de uma parceria entre Orlando Lemos, José Roberto Furtado e Luiz Gustavo Leite. Sua proposta visa se apresentar como uma opção adicional de participação e visibilidade da produção de artistas emergentes e consolidados no panorama da arte contemporânea brasileira no circuito paulistano de cultura. A galeria se junta ao movimento que busca promover horizontes que estabeleçam novos meios de redirecionar e ampliar o mercado de arte, pensando nas diferentes trajetórias e produções artísticas que o compõe. Assim, visando a fomentação da diversidade cultural intrínseca na contemporaneidade, serve de palco para artistas novos e estabelecidos, nacionais e estrangeiros, em parcerias com curadores que também estejam imbuídos do mesmo propósito. Na BELIZÁRIO Galeria, procura-se atender a um público que busca a aquisição de trabalhos artísticos e, também, a criação e fomento de novas coleções. O seu acervo é composto por diferentes temas e estéticas, mediante o universo poético de cada artista. Seu repertório abrange trabalhos artísticos de diferentes linguagens, suportes, técnicas e mídias como desenho, escultura, fotografia, gravura, pintura, objetos, instalação e outras.

 

Até 07 de maio.

Panorâmica de Anna Bella Geiger

 

 

A Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a mostra “Entre os vetores do mundo”, de Anna Bella Geiger, com cerca de 50 obras produzidas pela artista em quase 60 anos de carreira. Com curadoria de Marcus Lontra e co-curadoria de Rafael Peixoto, a panorâmica reúne tanto trabalhos emblemáticos – como a série “Visceral” (anos 1960), os mapas dos anos 1970 ou a videoinstalação “Circa” (2006) – quanto produções inéditas – como os bordados, “gavetas” e obras das séries “Rrolos” e “RroseSelavy”. Com trabalhos produzidos nas mais variadas plataformas – esculturas, pinturas, gravuras, desenhos e instalações multimídia -, Anna Bella Geiger tem uma produção pautada em uma visão crítica, política e social, assim como em inquietações dos campos subjetivos.

 

Até 07 de maio.

 

Zerbini no MASP

06/abr

 

Luiz Zerbini exibe até 05 de junho no MASP, São Paulo, SP, a exposição “A mesma história nunca é a mesma”. Luiz Zerbini (São Paulo, 1959) é um dos principais nomes da arte contemporânea latino-americana, e esta é sua primeira individual em um museu em São Paulo. A mostra reúne cerca de 50 trabalhos, em sua maioria inéditos, em que é possível ver características de sua diversa produção: o interesse na pintura, na monotipia, na instalação, na paisagem e na botânica, a paleta multicolorida e os diálogos entre abstração, geometria e figuração.

A exposição inclui cinco pinturas de grandes dimensões, quatro delas produzidas especialmente para a mostra, em que o artista revisita de maneira crítica a pintura histórica. Utilizada para representar eventos marcantes de uma nação, como guerras, batalhas, independências e abolições, a pintura histórica frequentemente os idealiza ou romantiza, a serviço de uma certa ideologia.

Em 2014, Zerbini recriou uma das imagens mais clássicas da pintura histórica brasileira, em sua icônica Primeira missa, formulando uma nova representação para essa cena ocorrida em 1500, que é um emblema da colonização portuguesa no Brasil. A partir dessa obra, o MASP comissionou novas pinturas para o artista, que realizou trabalhos sobre a Guerra de Canudos, ocorrida em 1896-97, o Massacre de Haximu, em 1993, o garimpo ilegal e os ciclos históricos de monocultura na agricultura no país.

A mostra inclui também 29 monotipias em papel da série Macunaíma (2017), concebidas para uma edição do livro do mesmo nome de Mário de Andrade (1893-1945), um marco da literatura modernista brasileira. As pinturas e as monotipias são instaladas em uma expografia que desdobra uma outra, elaborada em 1970 para uma mostra no MASP por Lina Bo Bardi (1914-1992), arquiteta que concebeu este edifício. Duas instalações ocupam as vitrines do Centro de Pesquisa e do restaurante no 2º subsolo do museu, uma com raízes extraídas do jardim do ateliê do artista no Rio de Janeiro, e outra com um conjunto de objetos expostos sobre caixas de areia.

A mostra foi especialmente pensada no enquadramento de Histórias brasileiras, ciclo temático da programação do museu em 2021-22. Seu subtítulo, a mesma história nunca é a mesma, aponta para a repetição das histórias ao longo dos séculos, bem como para a necessidade de se criar outras narrativas para esses episódios, fazendo emergir novas leituras, protagonistas e imagens.

Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma é curada por Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP.

Obra gráfica de Beatriz Milhazes

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel anuncia o lançamento especial de obra assinada por Beatriz Milhazes, trata-se da apresentação de “Oxalá” (2022), uma nova gravura de Beatriz Milhazes. Desenvolvido e produzido no Brasil, o trabalho incorpora uma nova técnica à prática da artista na qual ela se utiliza de uma colagem como matriz, traduzindo sua imagem e seu espírito para a serigrafia. Círculos diversos entrecortados por quadrados e retângulos se entrelaçam com motivos florais e fragmentos de textos, imprimindo na gravura a complexidade, organização e rigor da sintaxe de Milhazes. Até as provas finais e a edição foram cerca de 12 meses de trabalho, envolvendo a impressão em diferentes papéis e o uso de mais de 150 cores manualmente calibradas, num longo processo colaborativo entre a artista e o gravurista carioca Agustinho Coradello.

“Para o trabalho com cor, que é central na minha obra, a serigrafia é realmente muito rica, ela tem a capacidade de fazer áreas muito planas, muito chapadas, com a cor muito sólida e vibrante, ao mesmo tempo em que você pode construir essa cor através de camadas mais sutis, de velatura, e tornar esse resultado um meio rico e sofisticado”, afirma a autora, Beatriz Milhazes.

Atividades no Museu do Pontal

 

 

Alinhado ao Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, a programação do Museu do Pontal, Rio de Janeiro, RJ, do fim de semana de 26 e 27 de março vai exibir “Cinema de Fachada – Juntos contra o racismo”, com a pré-estreia de “Medida Provisória”, filme de Lázaro Ramos, com Taís Araújo, Seu Jorge e Alfred Enoch – da saga “Harry Potter” e da série “How to Get Away with Murder”. Serão exibidos também os curtas “República”, de Grace Passô, “O Senhor do Trem”, de Aída Queiroz e César Coelho, “Disque Quilombola”, de David Reeks, e “Ibeji Ibeji”, de Victor Rodrigues. Para a exibição dos filmes, o Museu do Pontal transforma a área do estacionamento em um cinema ao ar livre, com o público sentado em cadeiras de praia, e a projeção feita na parede de trás do edifício. “Cinema de Fachada no Pontal” é um projeto idealizado e desenvolvido pelas atrizes Bianca Comparato e Alice Braga, em 2020, e já projetou filmes em prédios em várias cidades brasileiras.

 

No dia 26 de março, sábado, antes e depois do “Cinema de Fachada – Juntos contra o racismo”, haverá apresentações da VJ Luv com Juh Barbosa, do DJ Alexiz BcX, e do MovCrew. E ainda barraquinhas de comidas e bebidas.  A classificação etária do dia 26 de março no “Cinema de Fachada” é de 14 anos. Neste dia, as seis exposições em cartaz – “Novos Ares! Pontal Reinventado” – ficarão abertas até as 22h30. As exposições oferecem obras e jogos interativos para todas as idades, como o jogo digital de danças brasileiras, em que o participante aprende passos de frevo, jongo, carimbó, chula ou funk.

Também no sábado, às 16h, será apresentado o espetáculo infanto-juvenil “Nuang Caminhos da Liberdade”, de Tatiana Henrique.

As tradicionais atividades Visitas Musicadas às exposições e o Baú de Brinquedos Populares continuarão sendo realizadas em horários pela manhã e à tarde, no sábado e no domingo.

Para essas atividades recomenda-se agendamento prévio pela plataforma Sympla https://site.bileto.sympla.com.br/museudopontal/, onde se pode também garantir o ingresso ao Museu do Pontal, gratuito ou com contribuição voluntária.

A programação dos fins de semana do Museu do Pontal em março, mês que celebra os dias internacionais da Mulher (08) e contra a Discriminação Racial (21), foi toda em homenagem a essas importantes lutas.

Lygia Clark: monólogo & exposição

04/abr

 

 

A BOLSA DE ARTE tem o prazer de apresentar o espetáculo “Lygia”. Monólogo de Carolyna Aguiar com direção de Bel Kutner e Maria Clara Mattos, que também assina a dramaturgia desenvolvida a partir dos diários de Lygia Clark. No mesmo período inaugura a exposição individual da artista com curadoria e texto de Felipe Scovino.

“Um mergulho profundo no mundo interior de Lygia Clark. Como seus sonhos, suas angústias, seus desejos e sua relação consigo mesma levaram a artista a tantas obras geniais. Sem sobrenome, sem crítica, uma mulher à frente de seu tempo. Lygia, simplesmente Lygia. ”

Espetáculo: 07 de abril a 28 de maio

Quintas e Sextas às 20h – Sábados às 18h

Ingressos à venda no Sympla. Sujeito a locação.

 

A obra de Lygia Clark é extremamente complexa, carregada de significados subterrâneos nem sempre explícitos. Mesmo assim, sua estética é direta, quase simples. Bel Kutner e Maria Clara Mattos têm esse subtexto como meta de encenação. Sim, encenação, é como preferem tratar o espetáculo Lygia. Sem o comprometimento do palco, sem a rigidez do teatro, sem o silêncio e a pura apreciação de uma exposição. A ideia é mergulhar no universo interno desta artista, buscando usar as linhas retas, as curvas e os objetos terapêuticos criados por ela numa interação com o público. Ou seja, Lygia Clark na língua que ela buscou para suas manifestações artísticas: o corpo, a obra de arte e sua interação com o público. Mais do que um espetáculo, esta encenação é uma experiência estética, exatamente o que a artista emprestou à própria obra: vida

 

A dramaturgia

 

Maria Clara Mattos

 

Lygia Clark sempre buscou a interação entre o artista e o público. Da quebra da moldura à saída da parede à Estruturação do Self, o que esta mulher à frente do seu tempo propôs – literalmente – foi a comunhão entre a arte e a vida. O monólogo Lygia. é um convite ao vasto mundo interior desta mulher. Seus sonhos, suas dores, suas alegrias. Não da artista plástica, não da terapeuta, mas da Lygia, pura e simplesmente. Alguém que fez dos próprios abismos o caminho de contato com o outro, alguém que acreditava que o potencial artístico humano estava no desvendamento dos próprios fantasmas. De Caetano Veloso a Ivanilda Santos Leme, profissional do sexo e presidente da ONG Fio da Alma; de artistas consagrados a pessoas comuns, o que Lygia queria era o contato entre os corpos, encontros artísticos e curativos. Buscava, com seu estudo, provar que a arte era um sentimento, não um objeto de apreciação. Por tudo isso, em algum momento, o universo das artes plásticas deixou de ser capaz de classificar sua obra, apresentá-la e muito menos vendê-la. Sem o reconhecimento do universo terapêutico, que também não encontrou meios de enquadrar seu trabalho, Lygia começou só e terminou só. Talvez sem imaginar a importância que teria tantos anos depois de sua morte, talvez sem ter certeza de que faria parte da história artística do país, jamais desistiu de sua pesquisa artística e influenciou muita gente mundo afora. Através de seus escritos e diários, nossa intenção é experimentar ser essa artista que usou a própria angústia como material de pesquisa. Angústia, material tão comum aos seres humanos quanto os sacos de laranja e de cebola, as pedras e os sacos plásticos, as luvas e as tesouras, o barbante e a baba, matérias-primas da vida banal como caminho de tradução da alma artística de cada um de nós. Pela arte de criar. Lygia foi experimentação estética do começo ao fim. Ao ser encontrada morta, sentada na poltrona, vestida e penteada diante de uma televisão desligada, como fazia todos os dias, uma pergunta se impôs naturalmente: até na morte ela foi obra de arte? Cremos que sim. Evoé!

 

Equipe

Dramaturgia: Maria Clara Mattos (a partir dos diários de Lygia Clark)

Direção: Bel Kutner e Maria Clara Mattos

Atuação: Carolyna Aguiar

Cenografia: Estúdio Mameluca | Ale Clark e Nuno FS

Figurino: Andrea Marques

Iluminação: Belight | Samuel Betts

Coord. de equipe técnica e operação de luz: Ana Kutner

Assistência/montagem: Leandro de Cicco e Rodrigo Sabino

Visagismo: Alessandra Grochko

Preparação Vocal: Rose Gonçalves e Sonia Dumont

Exposição: Curadoria e texto Felipe Scovino

Relacionamento colecionadores: Renata Mindlin

Assessoria de imprensa: Morente Forte

Produção Executiva: TABA | Taís Alves

Idealização: Associação Cultural Lygia Clark | 8 Tempos

Parceria: OM.art

Realização: Bolsa de Arte

 

Exposição: 08 de abril a 28 de maio

11h às 19h – Entrada gratuita.

BOLSA DE ARTE – Rua Rio Preto, 63 -Jardins – SP

+55 (11) 3062 2333  –  sp@bolsadearte.com

 

A exposição

A linha orgânica de Lygia Clark por Felipe Scovino. Essa série de pinturas consiste em placas de madeira onde criava, com a ajuda de um bisturi, sulcos sobre a superfície. Recortando o plano, concebia campos de cor que possuíam um efeito ótico no qual figura e fundo se embaralhavam. Essa fenda ou vazio que criou sobre a superfície da madeira foi chamada por ela de “linha orgânica”. Essa ideia de uma linha que não tem dentro nem fora, começo ou fim, interior ou exterior, e que deseja sair do plano em busca do espaço, se diversifica em inúmeras aparições e formas. Ela atravessa a obra de Lygia desde as Superfícies Moduladas e os sulcos das paredes e janelas da Maquete para Interior (1955), passa pela fase neoconcreta na qual a linha, como um feixe de luz, cria uma relação ambígua sobre os limites da moldura como são os casos de Espaços Modulados e Unidades (1958-59), cruza suas experiências sensoriais enquanto foi professora na Sorbonne (c. 1972-76) e chega à sua última fase de trabalho, a Estruturação do Self. A linha, por exemplo, é constantemente dobrada e “quebrada” nas articulações que o espectador promove ao movimentar o Bicho (1960-64); já a estrutura em fita de Moebius do Trepante (1965) torna flexível o antes rígido metal que dá forma à obra; a linha orgânica é sugada pelos participantes da Baba Antropofágica (1973); ela é esticada e esgarçada nas experiências das Estruturas Vivas (1969); ou ainda é visível nas costuras realizadas para unir os macacões monocromáticos da proposição Nostalgia do Corpo (1970), um diálogo entre dança e artes plásticas ainda pouco conhecido pelo público.

A participação de Lygia em grupos artísticos de vanguarda no Rio de Janeiro, como o Grupo Frente (1954-56) e o neoconcreto permitiu que ela tivesse uma troca intensa com outros artistas que são, hoje em dia, referências para a arte, como Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Pape e Hélio Oiticica, seu grande interlocutor. Esses artistas, reunidos em torno do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e influenciados pelas trocas com os críticos de arte Mário Pedrosa e Ferreira Gullar, que se voltavam para estudos sobre a Gestalt e a fenomenologia, construíram um campo estético que deixaria um legado substancial. Romperam os limites entre pintura e escultura, se colocavam numa postura contra o dogmatismo da arte concreta, desejavam a experimentação de materiais e meios assim como propunham a participação ativa do espectador em proporções que já colocavam o termo performance em desuso. Em 1968, Lygia escreveu o texto “Nós somos os propositores” e afirmou que “enterramos ‘a obra de arte’ como tal e solicitamos a vocês para que o pensamento viva pela ação”. Ao contrário da performance quando o corpo do(a) artista é presente e elemento vital para a sua realização, o corpo de Lygia não é condição sine qua non para a realização de suas proposições. O que se apresenta é a oferta de uma proposição ao público, algo que colocava em xeque não só questões mercantis e a aura do objeto de arte mas acima de tudo a relação, até então, muito bem definida entre artista, obra e espectador.

Com o fim do neoconcretismo, Lygia se lança mais radicalmente em direção aos Objetos sensoriais, aliás, muito presentes no monólogo. Sua segunda estada em Paris (1968-76) e o convite para ser professora na Sorbonne acelera esse processo do corpo como meio de uma prática artística. A obra passa a ser não exatamente um objeto mas a forma como nos relacionamos com a experiência provocada pelas suas proposições. Essas, muitas vezes coletivas, são intermediadas por elementos da natureza ou objetos precários que são alusivos ao corpo. Ao escolher sacos plásticos, água, bolas de ping-pong, tubos de borracha, elásticos, pedras e conchas como objetos mediadores, Lygia expunha um processo dialético. Afirmo isso pois ela invariavelmente queria que o público experienciasse as potencialidades de cada material a partir de suas contradições (por exemplo, a relação entre cheio e vazio, pesado e leve, mole e duro que ocorria ao final de uma sessão da Estruturação do Self, quando o paciente/cliente – dualidade usada pela própria Lygia – era convidado a estourar um saco plástico cheio de ar), condicionando, assim, uma ideia de corpo regido constantemente por instabilidades. Em Respire Comigo (1966), os polos de um tubo de borracha são reunidos, apertados e finalmente o tubo é constantemente pressionado emitindo um som próximo ao da respiração. Já em Pedra e Ar (1966), a pedra pousada sobre um saco plástico cheio de ar é suspensa pela pressão das mãos do propositor sobre o saco. São experiências de um corpo metaforizado muito conectado não só a ideia de fragilidade mas também de angústia, um sentimento que era muito característico de Lygia quando descrevia a sua relação com a criação das obras (“era como um parto”). É importante compreender que o corpo problematizado por Lygia em suas experiências é também produto do contexto de seu tempo. Maio de 1968 e a discussão sobre estruturas e hierarquias de poder; ditaduras na América Latina e guerras pela independência na África; Guerra Fria; Cortina de Ferro; movimentos feministas e todos os outros que reivindicavam direitos civis; Tropicalismo; entre uma série de outros eventos culturais, políticos e sociais que formavam um encadeamento de práticas que nos ajudam a entender o lugar das discussões de Lygia naquele instante assim como a elaboração de uma ideia de corpo que demandava liberdade.

De volta ao Rio de Janeiro em 1976, Lygia se volta para a Estruturação do Self. Atendendo em sua casa/consultório, seus clientes/pacientes eram convidados a deitar-se em um colchão de plástico preenchido por bolinhas de poliestireno e cercados pelo que qualificou de Objetos relacionais, que podiam ser almofadas preenchidos com areia, objetos feitos com meia-calça, saco plástico com água, dentre outros objetos. À medida que narravam seus traumas, Lygia constituía em texto esses relatos, os chamados “casos clínicos”. Ao longo das sessões, Lygia identificava os “buracos” ou vazios no corpo e os preenchia com os objetos relacionais. Parafraseando Suely Rolnik, em “Uma terapêutica para tempos sem poesia”, essa ação representava simbolicamente o fechamento de fissuras, a reposição de partes ausentes, a solda de articulações desconectadas.

A exposição, com caráter panorâmico, se mistura ao monólogo não como forma de materializar aquilo que é narrado ou descrito por Carolyna, mas como uma dobra. Ambos se unem e se entrelaçam como forma de criar feixes e dinâmicas a partir da obra de Lygia. A potência, visceralidade e sensibilidade de Carolyna ecoam na exposição que, por sua vez, mantém ativa a memória e o legado de Lygia.