Teresinha Soares no MASP

25/abr

Inaugurando um eixo temático sobre sexualidade, que reunirá vasta programação de exposições, o MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, apresenta, a partir de 27 de abril, a exposição “Quem tem medo de Teresinha Soares?”, com mais de 50 obras do intenso período produtivo da artista mineira Teresinha Soares, Araxá, 1927, que se deu entre 1965 e 1976. Esta será a primeira mostra panorâmica de Soares em um museu, tanto no Brasil quanto no exterior, e é também sua primeira grande individual em mais de 40 anos. O título da mostra faz menção à célebre peça “Quem tem medo de Virgina Woolf?”, de Edward Albee, e faz referência aos tabus comportamentais que a obra de Teresinha Soares enfrenta ao se contrapor ao machismo da sociedade e do meio da arte.

 

“Quem tem medo de Teresinha Soares?” ocupa o 2º subsolo do museu com pinturas, desenhos, gravuras, caixas-objetos, relevos e instalações, além de documentação fotográfica sobre as performances e happenings pioneiros da artista. A mostra procura trazer luz à produção pouco conhecida de uma das artistas brasileiras mais polêmicas e contestadoras dos anos 1960-70, que naquele período ocupou com grande destaque os meios de comunicação. Personalidade feminina potente e emancipada, Soares é também escritora e defensora dos direitos das mulheres, somando à sua biografia o cargo de primeira vereadora eleita de sua cidade natal, além de miss, funcionária pública e professora.

 

Artista precursora ao abordar em seu trabalho temas de gênero, como a liberação sexual feminina, a violência contra a mulher, a maternidade e a prostituição, Soares também fez obras lidando com acontecimentos políticos, como na série de pinturas Vietnã (1968), em que apresenta uma original e irreverente abordagem sobre o tema. A representação do corpo é um dos motivos mais recorrentes da obra da artista, abrangendo desde o erotismo e o sexo, até o nascimento, a morte e a relação com a natureza.

 

Na obra “Eurótica”, de 1970, constituída de um álbum de serigrafias feito a partir de desenhos de linha e impresso em papéis de diferentes cores, uma variedade de posições sexuais se configura a partir de combinações de corpos em diferentes interações libidinosas. A partir desses desenhos eróticos, Soares desenvolveu “Corpo a corpo in cor-pus meus”, de 1971, sua primeira grande instalação, que representa um marco em sua carreira. Aberta à participação do espectador, a obra é composta de quatro módulos de alturas variadas, feitos de madeira pintada de branco, como uma espécie de tablado em forma sinuosa, que ocupam 24 m2 do espaço. No dia da abertura, uma performance será realizada para inaugurar a obra, assim como a que Soares realizou no Salão Nobre do Museu de Arte da Pampulha, em 1970, com a participação de bailarinos e a narração de um texto gravado por ela.

 

Embora seja possível relacionar a obra de Soares a algumas tendências dos anos 1960, como a arte pop global, o nouveau réalisme e a nova objetividade brasileira, a artista sempre insistiu em um caráter espontâneo e pessoal para sua linguagem. Ainda hoje, seu trabalho é pouco conhecido do grande público brasileiro, apesar de Soares ter participado ativamente do circuito de arte por dez anos, tendo realizado exposições em galerias, salões e bienais. Atualmente, tem cada vez mais integrado exposições internacionais que a contextualizam no marco da nova figuração dos anos 1960, bem como no da arte política: The EY Exhibition: The World Goes Pop (Tate Modern, Londres, 2015), Arte Vida (Rio de Janeiro, 2014) e Radical Women: Latin American Art, 1960-1985 (Hammer Museum, Los Angeles, 2017).

 

Para o curador da exposição Rodrigo Moura, “…se hoje seu trabalho começa a ser mais reconhecido, inclusive internacionalmente, uma exposição que acompanha sua trajetória de perto e analisa a evolução de sua linguagem contribui não apenas para esse reconhecimento, mas também para entender os mecanismos e as metodologias que informam uma prática feminista no contexto brasileiro daquele período.” Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, comenta a relevância da mostra: “É um privilégio para o MASP apresentar a primeira exposição panorâmica da artista. Assim o museu cumpre um papel crucial, o de apresentar ao grande público uma obra que deve ser considerada e reinscrita na história recente da arte brasileira.”

 

“Quem tem medo de Teresinha Soares?” insere-se no contexto da programação de 2017 do Museu, dedicada à temática da sexualidade. Em torno da mostra “Histórias da sexualidade”, que contará com obras de diferentes períodos e acervos, serão apresentadas exposições monográficas de artistas brasileiros e internacionais, cujas trabalhos suscitam questionamentos sobre corporalidade, desejo, sensualidade, erotismo, feminismo, questões de gênero, entre outros. Após a de Teresinha Soares, seguem-se individuais de Wanda Pimentel, Henri de Toulouse-Lautrec, Miguel Rio Branco, Guerrilla Girls, Pedro Correia de Araújo e Tunga.

 

 
Catálogo

 

Simultaneamente à exposição, o MASP edita o primeiro grande catálogo monográfico da artista, R$150,00 pp. 272, que será lançado na abertura da exposição. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura e reúne mais de 200 ilustrações, entre obras de Teresinha Soares, documentos de época e obras de outros artistas, além de textos inéditos dos curadores da exposição, da própria artista e de quatro críticos convidados. Os autores analisam a obra pioneira de Soares e a contextualizam ao lado da produção de outros artistas trabalhando no Brasil e internacionalmente, no mesmo período.

 

Constituem o catálogo os seguintes textos: “Quem tem medo de Teresinha Soares?”, de Rodrigo Moura; “A arte erótica singular de Teresinha Soares”, de Cecilia Fajardo-Hill; “Realista e erótica, minha arte é como a cruz para o capeta”, de Frederico Morais; “O corpo na poética de Teresinha Soares”, de Marília Andrés Ribeiro; “’Acontecências’: devir-mulher nos jornais de Teresinha Soares”, de Camila Bechelany; “Um pop pantagruélico: a ‘arte erótica de contestação’ de Teresinha Soares”, de Sofia Gotti; além de entrevista de Teresinha Soares a Rodrigo Moura e Camila Bechelany e as crônicas de Teresinha Soares “Amo São Paulo” (1968), “Cor-pus meus versus o mar” (1971) e “O impossível acontece” (1973).

 

“Quem tem medo de Teresinha Soares?” tem curadoria de Rodrigo Moura, curador-adjunto de arte brasileira do MASP, e Camila Bechelany, curadora-assistente do MASP. O escritório de arquitetura METRO Arquitetos Associados assina a expografia da mostra.

 

 

 

De 27 de abril a 06 de agosto.

Na Athena Contemporânea

24/abr

A galeria Athena Contemporânea apresenta, a exposição “A ponte (onde ele disse que não posso ir)”, com cerca de 20 obras inéditas da artista carioca Joana Cesar, inspiradas no trajeto feito diariamente por ela entre o Jardim Botânico e o Jockey Clube, na zona sul do Rio de Janeiro. Com curadoria de Germano Dushá, serão apresentadas colagens, fotografias, uma videoinstalação e dois vídeos da artista, que sempre teve a paisagem urbana como inspiração de suas obras.

 
Há cerca de dois anos, Joana Cesar fez a pé o trajeto de um quilômetro entre o Jardim Botânico e o Jockey Clube. Ao passar por lá, ela sentia uma sensação estranha, algo que não sabia explicar e começou a fazer diariamente esse mesmo percurso em busca de respostas. As obras que serão apresentadas na exposição fazem um “mapeamento” dessa área, que a artista passou a chamar de “ponte”, pois ali é uma grande reta, cercada por muros dos dois lados, onde não há prédios ou comércio. “As pessoas usam aquele trajeto para cruzar de um lugar a outro, como uma ponte. Esse trajeto tem a função de ligar dois bairros”, explica a artista, que, mais tarde, pesquisando, descobriu que debaixo da via passa um rio, dando mais sentido ao apelido de “ponte”.

 
“Se a ponte conecta, inevitavelmente, também se coloca como a medida da distância. Joana trafega pelas pontes — materiais, metafóricas ou mentais — com obstinação. Nesse processo de aventura e repetição, a artista parece querer dissecar tudo que lhe diga respeito, tanto o quanto lhe seja possível. Mas não para que possa entender integralmente cada aspecto do caminho, e sim para que possa vislumbrar a terrível — e implacável — dimensão do distanciamento. O hiato entre partida e chegada, entre ocorrência e percepção, entre código e decifração”, ressalta o curador Germano Dushá.

 
Em certo momento, após muitas caminhadas, a artista lembrou de um vídeo que havia feito há cerca de 15 anos, exatamente naquele local. Ela estava de carro, quando viu uma figura estranha, que chamou a sua atenção e a fez descer do veiculo. “Era um louco, que usava sandálias de cores diferentes, vestia uma calça molhada de xixi, puxava um galão… Fui andando atrás dele, seguindo e filmando todo o seu trajeto. Em certo ponto, ele parou, sentou no galão que carregava, tirou um espelho da calça e começou a olhar o mundo, o entorno, os ônibus que passavam, através daquele espelho”, conta Joana Cesar. “É com isso que ele cessa o caminhar. É por ali que ele passa a ver o mundo e encarar o outro. O espelho é seu dispositivo de contemplação. O espelho é sua fresta”, afirma o curador. A única palavra que a artista trocou com o andarilho foi quando perguntou seu nome, ao que ele respondeu: José Carlos Telefônica Mundial.

 
Na exposição, a artista apresentará o filme feito na época, que será mostrado em uma videoinstalação composta por duas televisões colocadas lado a lado: na da direita passará o vídeo como foi produzido e na da esquerda esse mesmo vídeo aparecerá como se estivesse sendo visto através de um espelho. “O vídeo mostra o real e o espelhamento o real, a fantasia”, diz Joana Cesar.

 
A exposição terá, ainda, seis colagens, com papeis e materiais diversos, em que a artista mistura o mapa real desse trecho do bairro do Jardim Botânico com a sua imaginação, com as suas memórias. “Não uso tinta, são colagens e os elementos, para mim, podem representar cor ou informação, significação. Desta forma, se uso um pedaço de fronha em meu trabalho, isso é para significar algo que dá conforto”, explica a artista.

 
Haverá, também, fotografias feitas por ela nesse entorno e dois pequenos vídeos feitos no Jardim Botânico em que a artista começou a filmar o que chamou de “natureza transtornada”. Nessas filmagens, ela registra fenômenos naturais que, a principio, não tem explicação, como, por exemplo, uma moita em que somente uma das folhas se mexe com o vento.

 

“São colagens, fotografias e vídeos que existem por vias objetivas e outras menos claras. Mas em tudo fica marcada a autonomia da artista em suas andanças, e suas relações mais intensas com a imaginação possível, a fantasia extravagante, impregnada na rua. São ações que dão conta do momento em que o acontecimento, o evento, se abre para quem quiser o perceber”, diz o curador.

 
Durante o período em que fazia a travessia, a artista descobriu um conto da Clarice Lispector chamado “Amor”, que faz parte do livro “Laços de Família”, que fala de uma mulher que, de dentro do bonde, vê um cego mastigando chiclete que lhe chama a atenção, que a deixa transtornada, assim como Joana Cesar ao ver o andarilho. A história se desenrola com a mulher andando justamente no trajeto feito insistentemente por Joana nos últimos dois anos. Partes desse conto estarão nas colagens.

 

 

 

Sobre a artista

 
Joana Cesar nasceu em 1974, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Cursou filosofia, jornalismo e cinema, fazendo, paralelamente, diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. O desenvolvimento de seu trabalho em ateliê a leva, em 2003, para as ruas da cidade, onde passa a usar muros, calçadas, postes e viadutos como suporte para sua escrita em código, inventada na infância. Em 2012, foi selecionada para o Programa de Aprofundamento da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Já realizou três exposições individuais na Athena Contemporânea: “Nome” (2014), “Voragem (2013) e “Fuga>Lenta” (2012). No ano passado, participou da exposição “Ao amor do público”, o Museu de Arte do Rio, que possui obras da artista em seu acervo. Participou, ainda, das mostras “Da escrita, Delas, Elas” (2015), no Museu da República; “6ª Bienal de Arte de Búzios (2013); “Gramáticaurbana” (2012), no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica. Ainda em 2012, foi convidada para participar da II Bienal Mundial da Criatividade, no Rio de Janeiro, e fez grande intervenção nos braços de sustentação da Avenida Perimetral.

 

 
Sobre a galeria

 
A Athena Contemporânea foi fundada em 2011 pelos irmãos Eduardo e Filipe Masini como um espaço inovador de criação, discussão e divulgação de arte contemporânea. Mais do que um espaço expositivo, a galeria se posiciona como lugar de pesquisa, de aprofundamento conceitual e de trocas artísticas, buscando sempre iniciativas inovadoras. A galeria vem se firmando como uma das mais destacadas no cenário brasileiro, representando conceituados e promissores artistas nacionais e internacionais, e investindo em parcerias com curadores e instituições para o desenvolvimento da carreira de seus artistas.

 

 
De 27 de maio a 17 de junho.

Oitis 55 no MAM Rio

O MAM Rio e o SEBRAE apresentam a exposição “Oitis 55 – Um Retrato do Design Carioca”, que reúne projetos desenvolvidos pelo coletivo Oitis 55, formado por 21 empresas de design contemporâneo do Rio de Janeiro. São 80 peças, dentre, mobiliários, acessórios, utilitários e objetos de decoração. “Com esta exposição, o MAM Rio dialoga com a experiência do trabalho coletivo, na qual a reunião de diversos talentos estimula a criatividade e a originalidade dos projetos, marcas importantes do nosso design”, explica Tulio Mariante, curador de design do Museu.

 

 

Oitis 55
O Oitis 55 é um grupo heterogêneo e jovem, inquieto, composto por 50 designers que vão de 25 a 56 anos, representando um novo modo de empreender design de produto, que enxerga o design como agente transformador e de qualidade de vida, e trabalha com apoio mútuo e cocriação, com fluidez, flexibilidade e transparência nos relacionamentos. Além de focar na consciência socioambiental e valorizar a produção local, propõe formas diferentes de relacionamento com as pessoas e com o mercado, pensando o design com calma e afeto. Independentes, trabalham sua gestão de forma orgânica e flexível, buscando se desenvolver por meio da troca constante de experiências e da construção de boas práticas e parcerias. Contando com o apoio do SEBRAE, em apenas três anos de existência já é reconhecido dentro e fora do país.
Resultado da rica troca entre os profissionais do grupo, os produtos são desenvolvidos por designers com diferentes formações e experiências. Em tempos em que o diálogo entre profissionais e usuários se faz essencial, os produtos são pensados para atender às necessidades das pessoas, sejam afetivas, funcionais ou ambas. Desde a escolha dos materiais aos processos de produção, o cuidado permeia todas as etapas e pode ser percebido por cada um dos envolvidos. Além da criação dos produtos, o Oitis 55 atua ativamente na prestação de serviços em diferentes áreas como desenvolvimento de produtos para indústria, cenografia, arquitetura & interiores e comunicação visual.

 

O grupo conta com um time capacitado de palestrantes e professores atuantes nas principais escolas e núcleos de design do Rio de Janeiro.

 

“Sem produzir excedentes, utilizando produção por demanda ou em pequenos lotes, com produtos numerados e com o cuidado e o acabamento da produção artesanal aliada a tecnologias de produção recentes, o grupo busca levar da maneira mais direta possível seus produtos ao mercado e ao consumidor final”, explica Felipe Rangel, um dos fundadores do Oitis 55. Estão previstas palestras, visitas guiadas e conversa com arquitetos durante a mostra.

 

 

Até 14 de maio.

Homenagem proustiana

19/abr

O Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibe a exposição-homenagem “Paulo Gasparotto – Certas pequenas loucuras…”, que permite – proustianamente – um mergulho no universo pessoal do jornalista Paulo Raymundo Gasparotto. Os interessados em conhecer mais sobre a vida do profissional poderão visitar a exposição na qual encontrarão uma mescla de textos e imagens, informações e contextualização histórica, obras de arte, antiguidades e objetos do acervo pessoal que retratam a personalidade e a trajetória profissional do homenageado. A curadoria é assinada pela professora, crítica e historiadora de arte Paula Ramos. Em exibição cerca de 150 peças através da quais os 80 anos de vida  – e 50 dedicados ao colunismo social – são revisitados. Em exibição obras (pinturas, desenhos e gravuras) assinadas por Iberê Camargo, Farnese de Andrade, Roberto Magalhães, Magliani, Siron Franco, João Fahrion, Maristany de Trias, Victorio Gheno, Michel Drouillon, Maria Tomaselli, Waldeni Elias, Elizethe Borghetti, Maria di Gesu, André Venzon, Felipe Caldas, Britto Velho, Fernando Baril, João Faria Vianna, Octávio Araújo e fotografias de Roberto Grillo, Tonico Alvares, Liane Neves e Lizette Guerra.

 

Paula Ramos visualiza esta oportunidade como um privilégio:  “Além de ter contato com uma pessoa incrível, apaixonada pela vida e por seu trabalho, bem como por Porto Alegre e seus personagens, Gasparotto é um ícone: de comunicação, de elegância, de humanidade. Sinto-me agraciada por essa oportunidade e tenho certeza de que o público ficará surpreso ao percorrer a exposição”.

 

Carlos Trevi, coordenador geral da unidade de cultura do Santander em Porto Alegre, destaca que “o Santander Cultural aposta numa programação que fomenta a pluralidade, por meio de iniciativas voltadas para manifestações artísticas contemporâneas, e traz, nas mostras biográficas, personalidades gaúchas que contribuíram para o desenvolvimento da sociedade”.

 

 

Autodefinição

 

“Voluntarioso, teimoso, impaciente, altamente emocional e muito apaixonado, sempre, por tudo e sobretudo. A única razão de eu viver, sempre, foi estar apaixonado por alguma coisa, por algum objeto, por alguma pessoa. Sem emoção não há vida. Hoje, procuro não ter tantas raivas, até porque não vale a pena. E procuro ter mais paixões”, define-se o jornalista.

 

 

Sobre o homenageado

 

Paulo Raymundo Gasparotto é jornalista, colunista, avaliador e leiloeiro. Nasceu no dia 20 de abril de 1937, em Porto Alegre, RS. Homem de múltiplos gostos, de plantas e animais a arte, Antiguidades, Música, Moda e Literatura, começou sua carreira no final dos anos 1950, no jornal “Ele e Ela” e, na sequência, na Revista do Globo. Em 1963, ingressou no jornal Zero Hora e, nos anos seguintes, escreveu sobre moda, arte, elegância e vida social. Manteve coluna nos periódicos Folha da Tarde, Correio do Povo, Zero Hora e O Sul.

 

 

A mostra pode ser visitada até 28 de maio.

Amanda Saladini e duas paixões

Entre os dias 20 e 23 de abril, Amanda Saladini, jovem artista plástica que tem como inspiração a escultora Margarida Barroso, abre sua primeira mostra individual “Voando a galope”, no Rio de Janeiro. Conhecida por retratar a força lúdica do cavalo,companheiro do homem desde os tempos que se perdem na história, Amanda foi convidada pela Sociedade Hípica Brasileira, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, a apresentar suas obras durante a Primeira Etapa Seletiva Sul-Americano.

 

Serão apresentados na mostra “Voando a Galope” trabalhos inéditos dez telas em acrílica sobre tela, além de três esculturas em madeira, que retratam as duas paixões da artista: o cavalo e a arte. Na mostra o público poderá sentir a imersão da pesquisa de Amanda no mundo dos cavalos, texturas, diversas épocas, silhuetas, recortes, coloridos e nacionalidades, trazendo novidades em seu processo de criação. A artista também costuma propagar formas da cidade do Rio de Janeiro, apresentando através de seus traços os diferentes e inusitados formatos entre montanhas e nuvens.

 

A artista, que é formada em Comunicação visual pela PUC/RJ, sempre teve a atenção voltada para as artes e focou em cursos de cerâmica, pintura, na Escola de Artes Visuais (EAV), além de ter passado um período de seis meses em Nova York (para onde até hoje, uma vez ao ano, volta para fazer cursos) estudando arte através de aulas no Metropolitam Museum, School Of Visual Art (SVA) e International Center of photography (ICP). Entre as exposições que participou estão duas coletivas (sendo que uma delas com Margarida Barroso) na Galeria Spazio Surreale, em SP, além ter apresentado seus trabalhos no Espaço Expo Arts do Fashion Mall, Casa Ipanema, entre outras ocasiões. Metade das vendas será doada ao Grupo Garra Animal, que resgata animais, incluindo cavalos, em situações precárias.

 

Amanda Saladini, 26, desde criança convive com cavalos. Montava no Haras Lórien (Itaipava), e quem estava à frente era a uruguaia Ivonn Argimon, que é apaixonada por cavalos e sempre incentivou a artista, que também praticou e deu aulas de equitação. Foi quando surgiu o interesse no Enduro Equestre, que, segundo ela, permite uma relação intensa e de muito vínculo com o animal, que para ela, se tornou além de uma paixão: “Uma extensão do meu corpo, um material de estudo”, define.

Lena Bergstein/Cartas de Odessa

17/abr

Quatro anos após expor no MAM-Rio, Lena Bergstein retorna à cidade para mostrar sua série inédita de trabalhos com fotografia no Midrash Centro Cultural, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. Esta é a primeira neste suporte desde que iniciou sua trajetória, em 1980. Em “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein visita a história e as origens de sua família na Ucrânia, em que transforma antigos registros em “uma biografia/autobiografia inscrita em fotos impressas em papel e em metal”. Além de recuperar fotos feitas na longínqua Odessa, mostra fotografias que fez de sua casa, em São Paulo, onde reside há alguns anos.

 

“É um trabalho de fotografia feito em camadas, superposições, estratos que se somam, camadas que se justapõem, tempos distintos que se superpõem”, conta Lena Bergstein. Ela comenta que trabalhou as fotografias como um diário, onde as percepções da cidade, de sua vida e de seus sentimentos são mostradas em cenas que compartilha com o público. Fragmentos de cartas, cartas escritas pela artista, cartas recebidas por ela. “Apenas fragmentos, nada muito explícito, escritos na confluência do real e do imaginário”, explica.

 

Para a artista, foi um processo natural “suplementar essas fotos com textos e frases criando sequências narrativas”, como se quisesse “aprisionar/fixar um momento, um sentimento”. Com os grafismos, ela deseja acrescentar um toque de humor para a seriedade de certas fotos. “Experimentar uma alegria ingênua na superposição de desenhos de estrelas, pontos luminosos, luas, nas intervenções de riscos e traços. Uma grafia de vida através de imagens, palavras, textos poéticos e líricos, uma história de amor”, destaca.

 

Márcio Seligmann-Silva, ensaísta e professor de Teoria Literária na Unicamp, observa que na série “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein “substitui o azul-horizonte pela paisagem que captou de sua varanda com um iPad. Sobre essa paisagem (indefinida, mas que inscreve o presente de Lena em sua obra), ela sobrepõe em camadas, cartas de amor, fotografias de álbuns de família (com parentes de Odessa) e intervenções gráficas (arquidesescrituras)”. “Do arquitraço fundador da cultura ao traço fotográfico, nessas topografias anímicas, Lena comemora seu presente em um arquivo múltiplo que nos lança no trabalho feliz da leitura infinita”, afirma.

 

 

A Arte e a Escrita, um relato do contemporâneo

 

Durante a exposição, Lena Bergstein dará um curso de três aulas, às quartas-feiras, às 20hs, nos dias 26 de abril, 3 e 10 de maio, em que fará uma reflexão sobre a relação entre a arte e a escrita pelo viés das cinco civilizações escriturais da Antiguidade: Mesopotâmia, Egito, China, Islamismo e Judaísmo.  Nesses encontros, será demonstrado como a relação entre a arte e a escrita não-fonética dessas culturas orientais influencia e marca os movimentos artísticos dos séculos 20 e 21.  O preço de cada aula é de R$20,00.

 

 

Sobre a artista

 

Lena Bergstein é artista plástica e professora de arte. Trabalha com telas, livros de artista e fotografias. Uma obra cuja poética é centrada nas questões da pintura e da escrita.  Nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Cursou a Escola de Artes Visuais e o atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou de importantes bienais de gravura nacionais e internacionais, como em Ljubliana, Miami, Curitiba, Fredrikstad, Bradford e Taiwan. Atualmente mora em São Paulo, onde trabalha, expõe e dá aulas. Em 1989, passou a pesquisar os textos do filósofo francês Jacques Derrida, fazendo leituras poéticas e plásticas de seu pensamento, conferências e seminários em Paris.  Essa relação ficou evidente na “Tenda”, instalação montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1992. Em 1998, ambos editaram um livro em parceria. O filósofo lhe ofereceu o texto “Forcener le Subjectile”, que deu origem à publicação “Enlouquecer o Subjétil”, livro vencedor do Prêmio Jabuti em 1999. Junto com o lançamento do livro Enlouquecer o Súbjétil, inaugurou a exposição “Toiles Récentes”, na Galerie Debret, Paris, e no Paço Imperial, Rio, em 1998.

 

Recentemente, Lena Bergstein participou, em 2015 e 2016, da SP Foto/Arte, com a Galeria ArtE Edições. Em 2015, expôs “Narrações”, no Museu Brasileiro de Escultura de São Paulo. Em 2013, fez uma individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2012, fez a exposição “Livros”, no Centro Cultural Midrash. Dentre outras mostras individuais da artista estão“Relatos”, no Largo das Artes, no Rio de Janeiro, em 2009; “Marcas da Memória”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2007; “A Escrita do Silêncio”, no Solar Grandjean de Montigny, na PUC-RJ; no Instituto Ítalo Latino-Americano, em Roma, na Itália, e na Scuola Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, ambas em 2004; “Amarelo Cromo”, no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, em 2003; “Telas e Gravuras”, no Centro Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, e “Gravuras, Monotipias”, no Centro Internazionale di Grafica, em Roma, na Itália, em 1990. Dentre as principais exposições coletivas estão: “Gravure Extreme”, na Europalia, na Bélgica“, em 2011; Manobras Radicais”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2006; “Quatro artistas brasileiros”, em Veneza, na Itália, em 1988; “Velha Mania, Desenho Brasileiro”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 1985; “Do Moderno ao Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, em 1982; “Panorama Atual da Arte Brasileira, Gravura e Desenho MAM, em São Paulo, em 1981, entre outras.

 

Foi a artista convidada para participar do colóquio internacional, “Jacques Derrida, Pensar a Desconstrução”, em 2004, no Rio de Janeiro. Ministrou uma série de conferências, “Imagem e Texto na História da Arte”, na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, EMERJ, em 2007, e, em 2015, no Departamento de Artes da Unicamp, Campinas. Escreveu para a revista TRIEB, para a revista do IPHAM, Patrimônio Histórico, e para os Cadernos da Memória do Museu da República.

 

De 19 de abril  a 29 de maio.

Yoko Ono em São Paulo

12/abr

Com curadoria de Gunnar B. Kvaran, crítico islandês e diretor do Astrup Fearnley Museum of Modern Art, em Oslo, a exposição “O CÉU AINDA É AZUL, VOCÊ SABE…”, pretende revelar os elementos básicos que definem a vasta e diversa carreira artística de Yoko Ono – uma viagem pela noção da própria arte, com forte engajamento político e social. Uma das principais artistas experimentais e de vanguarda, associada à arte conceitual, performance, Grupo Fluxus, happenings dos anos 60, uma das poucas mulheres que participaram desses movimentos, Yoko Ono continua questionando de forma decisiva o conceito de arte e do objeto de arte, derrubando esses limites. Foi uma das pioneiras a incluir o espectador no processo criativo, convidando-o a desempenhar um papel ativo em sua obra.

 

Esta exposição, patrocinada pelo Bradesco e Instituto CCR, foi concebida especialmente para o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, é formada por 65 peças de “Instruções”, que justamente evocam a participação do espectador para sua realização. São trabalhos que sublinham os princípios norteadores da produção da artista, ao questionar a ideia por trás de uma obra, destacando a sua efemeridade enquanto a dessacraliza como objeto.

 

O curador ressalta que “O CÉU AINDA É AZUL, VOCÊ SABE…”, uma retrospectiva de “Instruções”, evidencia as narrativas que expressam a visão poética e crítica de Yoko Ono. São trabalhos criados a partir de 1955, quando ela compôs a sua primeira obra instrução, “Lighting Piece” (Peça de Acender), “acenda um fósforo e assista até que se apague”. Na exposição, é possível seguir a sua criatividade e produção artística pelos anos 60, 70, 80, até o presente.

 

As “Instruções” de Yoko Ono, conforme o curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, oscilam entre sugestões tão sucintas e abertas que se realizam tão logo são lidas, como “Respire”, de 1966; “Sonhe”, de 1964; “Sinta”, de 1963; “Imagine”, de 1962; ou em uma sequência de ações realizáveis por qualquer um que se dedique a isso, como “Pintura para apertar as mãos (pintura para covardes)”, de 1961; “fure uma tela, coloque a sua mão através do buraco , aperte as mãos e converse usando as mãos”; “Peça de Toque” de 1963; “toquem uns aos outros”; “Mapa Imagine a Paz”, de 2003; “ peça o carimbo e cubra o mundo de paz”. Há também as sugestões aplicáveis apenas no campo mental, poético ou imaginário, como “Peça do Sol”, de 1962; “observe o Sol até ele ficar quadrado”; “Capacetes-Pedaço de Céu”, de 2001/2008; “pegue um pedaço de céu, saiba que todos somos parte um do outro”; “Peça para Limpar III”, de 1996 e “tente não dizer nada negativo sobre ninguém, por três dias, por 45 dias, por três meses”.

 

Já as proposições como “Mamãe é linda”, de 1997; “escreva suas memórias sobre a sua mãe”; “Emergir”, de 2013/2017; “faça um depoimento de alguma violência que tenha sentido como mulher”; e “Árvore dos Pedidos para o mundo”, de 2016; “faça um pedido e peça à arvore que envie seus pedidos a todas as árvores do mundo”, são casos, como ressalta Miyada, que ao mesmo tempo antecipam e catalisam o poder atuais dos depoimentos pessoais multiplicados pelas redes. Nessas peças a artista solicita do público as suas histórias e faz de sua obra um algoritmo que os processa, publica e armazena.

 

Entre as obras da exposição há uma série de filmes, dois dos quais com a participação de John Lennon na concepção. Em “Estupro”, 77 min, de 1969, o músico foi codiretor e em “Liberdade”, de 1970, de apenas um minuto, assina a trilha sonora. Também registrada em filme presente na mostra, “Peça Corte”, 16min, de 1965, traz a icônica performance da artista realizada no Carnegie Hall, em 1964, em Nova Iorque, na qual o público pôde cortar um pedaço de sua roupa e levar consigo.

 

 

Até 28 de maio.

Projeto POMARIUM

A Allegro Produções e AstraZeneca Brasil inauguram a mostra “POMARIUM”, com desenhos de Paulo von Poser, fotografias de Silvestre Silva, reproduções do acervo da “Coleção Brasiliana” do Banco Itaú e cenografia de Fabio Delduque. O curador Ivor Carvalho, ao deparar-se com a possível extinção de diversas espécies de frutas nativas brasileiras, desenvolveu um conceito de mostra cultural por meio de experiências sensoriais e diversas linguagens artísticas, reunindo cerca de 50 obras de arte que mostram sua importância na história e desenvolvimento do país.

 

Realizada na Praça da Matriz em Cotia, SP, a exposição tem seu espaço criado para possibilitar as mais diversas relações sensoriais. Um pórtico de entrada conduz a uma estrutura climatizada com sons, cheiros, texturas e “surpresas”, onde o público vivencia experiências sinestésicas, em ambiente com representação de espécimes da flora brasileira, por meio de suas centenas de frutas nativas distribuídas pelos biomas nacionais. A exposição nos recebe com uma bela maquete “natural” e obras históricas dos primeiros registros dessas frutas tipicamente brasileiras, num cenário clássico; ao adentrar, o visitante percorre um corredor intitulado decadência, que retrata a atual situação de devastação da natureza pelo ser humano, o mal-uso dos recursos naturais, agrotóxicos, aquecimento global e outras maledicências. Ao sair deste corredor, encontra uma floresta em tamanho natural que ativa os sentidos do visitante, repleta de obras de arte, onde é celebrada a esperança e que ações semelhantes ocorram, a fim de conscientizar as pessoas para mudanças em seus hábitos de consumo e comportamentos frente à natureza.

 

O conceito central e primeiro de “POMARIUM”, como define seu curador e idealizador Ivor Carvalho, é amplo, plural e desprovido de vaidades. O propósito é coletivo:Quando soube que havia centenas de espécies frutíferas nativas que quase ninguém conhece e que muitas delas estão em perigo de extinção, percebi que havia ali uma grande oportunidade de transmitir uma mensagem de reconexão com a natureza por meio de linguagens artísticas diversas, numa rica exposição de arte que combinasse elementos naturais, obras de arte clássicas com cenografia lúdica e sensorial, acompanhada de ações efetivas de preservação ambiental e reflorestamento”.

 

A personagem central de “POMARIUM” são as “Frutas”, mas a equipe que a torna possível uniu-se ao projeto por inúmeras razões. Douglas Bello, do Sítio do Bello, vê o projeto com propósitos de futuro: “Imagine poder restaurar o sentimento profundo de pertencimento à natureza.  Seus ritmos, suas cores, seus sabores, seus aromas. Transformar isso em ações, em arte, em realização”. Fabio Delduque que “pensou” o espaço expositivo, define que “de uma forma lúdica, com a expografia criada para transportar o espectador em viagem pelo fabuloso universo das frutas brasileiras e suas interpretações artísticas, esperamos contribuir para que as crianças, jovens e adultos possam aprender um pouco mais sobre ecologia, alimentação saudável e as nossas frutas nativas”.

 

Silvestre Silva, fotógrafo especialista em registrar frutas brasileiras deste os anos de 1980, dedica-se à fotografia e pesquisas de campo sobre o tema: “a câmera fotográfica passou a ser uma extensão de meu olhar, com o objetivo de compartilhar conhecimento botânico, visando gerações atuais e futuras. O Brasil possui imensa e única diversidade de flora, por isso é fundamental democratizar este conhecimento”. O artista plástico Paulo von Poser, grande entusiasta da natureza e ativista ambiental, criou um projeto de imagens para instalação imersiva – “O abc das frutas brasileiras” – uma série de 23 desenhos inéditos representativos da extrema diversidade e variedade das frutas brasileiras desconhecidas pelo nosso paladar olfato culinária e arte. “Tem sido uma oportunidade importante de apresentar meu desenho na sua maior potência educativa e de arte, nas várias dimensões da diversidade de nossa mais autêntica expressão de abundância: nossos biomas de flora e fauna…”, define o artista.

 

Intervenções artísticas e culturais como músicas, workshops, palestras, compõem a agenda do “POMARIUM”, sempre com o tema principal da exposição como linha guia. Cada uma das espécies será devidamente identificada com as características que a formam e contam mais sobre sua história.

 

Após a conclusão do projeto, os pomares serão doados para a cidade de Cotia, por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, caracterizando uma ação de preservação ambiental efetiva, objetivo principal da mostra que quer trazer o sentimento de pertencimento à natureza às pessoas que a vistam e que, em função das interferências urbanas de um país como o Brasil, se afastaram de tais características.

 

 

De 19 de abril a 21 de maio.

Conversa aberta

11/abr

Na próxima segunda-feira, dia 17 de abril, às 18hs, Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, realiza em meio à exposição “Estofo” uma conversa aberta e gratuita com a artista Luiza Baldan e Ana Kiffer, professora no curso Cadernos do Corpo do Departamento de Letras, da PUC-Rio. A exposição reúne trabalhos inéditos de Luiza Baldan, resultantes de intensa pesquisa de quase um ano navegando na Baía de Guanabara, onde observou seu cotidiano e suas paisagens. Estão na exposição fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação e um texto da artista.

 

“Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto “Derivadores”, em parceria com o artista Jonas Arrabal, publicado pela Automática Edições em 2016, dentro da bolsa “Viva a Arte!” (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael. A artista teve Ana Kiffer como professora no curso Cadernos do Corpo (Departamento de Letras, PUC-Rio), quando desenvolveu o projeto. Para “Estofo”, Luiza Baldan reeditou o texto, que está instalado com grandes dimensões em uma das paredes do espaço expositivo.

Fotos de Andréa Bernardelli

“Estado Misto”, exposição da fotógrafa Andréa Bernardelli, na Galeria do Ateliê, Avenida Pasteur, 453, Urca, Rio de Janeiro, RJ, é o resultado de uma parceria com o Ateliê Fotô de SP. A curadoria de Eder Chiodetto. A série é composta de 57 fotografias redondas e uma retangular com um círculo cortado, que a artista chamou de “OCO” como espécie de ser em potencial – todas, com a intenção de tangenciar a própria ideia de foco e margem e de aparição e desaparição no mundo do visível, as imagens-átomos de Andréa Bernardelli.

 
Nietzsche formulou o conceito do eterno retorno como um desafio para o pensamento: e se tivéssemos que “viver mais uma vez e por incontáveis vezes”? Um conceito para pensar a potência do presente, os ciclos. Como um trânsito de gestos que orbitam as existências. A artista investiga como a vida se organiza a partir do entrelaçamento entre o visível e o invisível. Utilizando-se da metáfora de um átomo, Andréa trabalha com a produção de fotografias redondas – um formato completamente atípico para o mundo retangular das imagens ocidentais.

 

O título do trabalho nasce da metáfora deste estado do visível que habitamos – e que é, também, o da vida das imagens – é um “Estado Misto” entre o aparecer e o desaparecer. “O visível abarca a presença e a ausência e nos instiga à percepção. E é a imagem quem revida o nosso olhar”, diz a fotógrafa.
Como dar conta de todas as imagens que nos habitam e que habitamos? Como entender a dimensão interior e sua aparição no mundo exterior? Entre o claro e o escuro, o que pode uma imagem, repetidas vezes nos dar a ver? Da imagem vazada, qual é a potência do olhar?

 

 

Sobre a artista

 

Andréa Bernardelli participou de diversos cursos no Internacional Center of Photography de Nova York, MAN-SP, Estúdio Madalena e, atualmente, integra o grupo de estudo e criação em fotografia no Ateliê Fotô com Eder Chiodetto e Fabiana Bruno. Em sua jornada utiliza a fotografia como instrumento de investigação de transitoriedade, da perplexidade existencial, dos intervalos de sentido. Foi vencedora do Prêmio Porto Seguro Brasil 2009, com a série “Maré de rio”.

 

 

Até de 10 de junho.