Esculturas de Ascânio MMM

11/abr

 

No dia 16 de março, será inaugurada a primeira exposição individual de Ascânio MMM na galeria Silvia Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abrindo o calendário expositivo de 2023. Com texto crítico de Diego Matos, a mostra exibirá 7 trabalhos inéditos do artista – seis obras de parede e uma grande escultura – que contemplam a sua mais recente produção artística.

Uma das séries que integram a exposição é “Quacors” – um neologismo criado pelo artista que une as palavras quadrado e cor. Estamos diante de híbridos de esculturas e pinturas. Parte da longa pesquisa de Ascânio sobre as possibilidades do alumínio, os “Quacors” surgem como espécies de blocos nos quais uma sucessão de módulos quadrados – ora vazados, ora preenchidos – são articulados por parafusos dotados de certa folga, de tal forma que as composições sejam a um só tempo tensas e fluidas.

Em cinco décadas dedicadas à escultura, Ascânio construiu uma minuciosa obra – transparente em sua poética e firme em sua lógica construtiva – que lhe garante um lugar histórico na trajetória da abstração geométrica da América Latina. Esta foi sua práxis exclusiva. Ascânio nunca fez uma obra figurativa. A gênese particular do artista está ancorada em sua origem portuguesa e no contexto cultural brasileiro, mais especificamente o do Rio de Janeiro, cidade fecundada pela revolução neoconcretista e seus desdobramentos.

 

Sobre o artista

Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976. Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BE? Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.

 

Abre Alas 18

 

Visita especial + Bate-papo

A Gentil Carioca compartilha com muita alegria a publicação do “Abre Alas 18″, concebida por Liliane Kemper. Para celebrar e dar um abraço final na última semana de exposição no Rio de Janeiro, convida a todes para uma visita especial e bate papo com a presença de artistas, curadoras e galeristas. O evento acontece nesta quarta-feira, 12 de abril, na sede da galeria no Rio de Janeiro.

Abre Alas 18: Aline Brant, Ana Bia Silva, Ana Mohallem, Andy Villela, Anna Menezes, Alexandre Paes, Ariel Ferreira, Augusto Braz, Benedito Ferreira, Camila Proto, Celo, Clara Luz, Cyshimi, Daiane Lucio, Dariane Martiól, Denis Moreira, Érica Storer, Genietta Varsi, Luiz Sisinno, Mapô, Marina Lattuca, Mônica Coster, Newton Santanna, Rafael Vilarouca, Raphael Medeiros, Rebeca Miguel, Rose Afefé, Vulcanica Pokaropa e Yanaki Herrera.

 

Curadoria: Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri.

 

 

 

O êxito de Beatriz Milhazes

06/abr

 

A National Gallery, o sétimo museu do mundo a receber mais visitantes, adquiriu “Romântico americano” (1998), de Beatriz Milhazes, que vai integrar a partir de agora o acervo da instituição. Outras instituições como Museum of Modern Art (MoMA), Centre Pompidou, Solomon R. Guggenheim Museum e Museo Reina Sofia também têm obras de Beatriz Milhazes em suas coleções. Beatriz Milhazes fez este trabalho usando uma técnica de “monotransferência”, um processo de colagem envolvendo elementos pintados presos à tela. O título da obra faz alusão ao período romântico nas artes do início do século XIX, quando o Brasil era colônia de Portugal, ao mesmo tempo em que afirma a presença do Sul Global no uso da palavra “América.” Em “Romantico americano”, Beatriz Milhazes pintou e aplicou formas geométricas multicoloridas, arabescos pulsantes com flores drapeadas e contornos sugestivos de rendas coloniais sobre fundo coral. As flores evocam o Jardim Botânico do Rio de Janeiro próximo ao ateliê da artista, assim como antigas ideias de feminilidade e associações com o corpo feminino. As obras de Beatriz Milhazes, uma das mais celebradas artistas contemporâneas do Brasil, revelam seu profundo envolvimento com a complexa história colonial de seu país natal, caracterizada pelo encontro das culturas indígena, africana e europeia. Seu trabalho também traz formas visuais relacionadas às artes vernáculas do Brasil, como cerâmica e têxteis, em diálogo com aqueles que extraem da tradição da abstração modernista. Sua assinatura são círculos de cores vivas e formas curvilíneas que se sobrepõem e se cruzam com formas orgânicas e motivos florais.

 

Sobre a artista

A carreira de Beatriz Milhazes começou em 1980, quando ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), no Rio de Janeiro, estudando com o artista escocês Charles Watson. Em 1984 participou da exposição “Como vai você, Geração 80?”. Ao longo de sua carreira, Beatriz Milhazes recebeu encomendas para uma série de obras arquitetônicas de grande porte: uma série de formas de vinil para o exterior da loja de departamentos Selfridges em Manchester, Reino Unido (“Gávea”, 2004); 19 composições para os arcos da estação Gloucester Road do metrô de Londres (“Peace and Love”, 2005); quatro imagens murais para o projeto Murals of La Jolla (“Gamboa Seasons”, 2021, baseado em quatro pinturas acrílicas sobre tela de 2010); e, mais recentemente, um mural de mosaico cerâmico e um mural pintado no New York-Presbyterian Hospital (“Tuiuti e Paquetá”, 2018).

 

 

Exposição no Recife

 

O artista Bruno Fish inaugurou sua primeira exposição individual, no Museu Murillo La Greca, Parnamirim, Recife, PE. A mostra, que fica em cartaz até o dia 02 de junho, se chama “Cerâmicatomicamente” e apresenta 28 obras, entre esculturas e pinturas, criadas nos últimos 6 anos. São 14 quadros e 14 peças em cerâmica que, de acordo com a produção do evento, carregam influências surrealistas e regionais do artista. Nas obras, são retratados peixes, lobos, primatas, com cores vibrantes e uma fusão com a forma e os hábitos humanos.

O nome da exposição, “Cerâmicatomicamente”, faz referência ao processo que a cerâmica passa quando submetida à alta temperatura e também ao alcance sem fronteiras da mente. A curadoria é de Felipe Campelo.

 

 

Paulo Monteiro no Instituto Ling

 

A mostra “Paulo Monteiro: Linha do Corpo” fica em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, até 17 de junho, com visitas livres de segunda a sábado e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site. O público poderá conferir ao todo 67 obras, criadas de 1990 até 2022. Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

 

Paulo Monteiro: Linha do Corpo

Esta exposição traz trabalhos de um segmento decisivo na obra de Paulo Monteiro, subsequente a um período de imersão na pintura, no sentido extremo do Expressionismo Abstrato e da Transvanguarda a que aderiu nos anos 1980-90 com o grupo Casa 7, que agitou essas décadas. Já então, a afinidade com as “caricaturas pictóricas” de Philip Guston e sua produção de quadrinhos denunciava a paixão pelo traço. Esta série de desenhos em grafite, os guaches, as peças de parede, as esculturas e as “pinturinhas” recentes assinalam um deslocamento, partindo daquela urgência e excesso expressivo para uma meditação gráfica: um recuo abrupto ao silêncio da linha. O desenho, em sua nudez de efeitos, é aqui o meio para refazer uma gênese, uma decantação da forma como grafia do movimento. Um traço incerto, que ora desliza, ora resiste expondo rebarbas da fricção com o papel. Um passo aquém para ganhar distância, meditar aquele fazer, autenticá-lo. O empasto anterior se torna rarefeito; a efusão converte-se em absorção, a ponto de se reduzir a elementaridades. O papel branco e o grafite preto que o sulca; a massa de argila (depois fundida em metal) que se erige num breve movimento (achatar, cortar e torcer): um mesmo pequeno gesto. A arte torna-se sua reflexividade; desenho mental, percurso errático do desejo. Dobra-se sobre si mesma, abstrai, duplica-se e sonha outros espaços. Instável, volta a desmoronar na massa amorfa. Mas o traço deve conter-se, descolar dos contornos, abstrair para avançar no espaço e, então, aventurar-se. Foi preciso despir-se de toda “coloração”, concentrar-se no gesto elementar, para, enfim, acessar esse núcleo poético que, desde então, perpassa toda a obra. Uma tensão limite entre a mobilidade e a leveza da linha e o peso das massas escultóricas, que nunca se consolida em “boa forma”, mas se articula numa ambiguidade pulsante, esculpindo corpos nas superfícies.

 

Virginia H. A. Aita

 

Sobre o artista

Conhecido como um dos nomes expoentes da geração surgida nos anos 80 no Brasil e tendo participado do notório grupo Casa 7, Paulo Monteiro desenvolveu ao longo das últimas décadas um extenso, coeso e vibrante corpo de trabalho, marcado por uma vontade profundamente particular, mas cuja capacidade de articulação aspira à linguagem universal. Suas pinturas e esculturas atravessam as influências recolhidas da transição do expressionismo abstrato para o neoexpressionismo e do minimalismo para elaborar estados de espírito e situações radicais em suas manifestações mais espontâneas. Baseado na síntese, o núcleo de sua pesquisa se encontra na natureza da conformação da matéria, que se estica em linhas, esparrama-se em marcas gráficas, demarca relevos, cortes, torções, dobras e desmanches, sempre em exercícios marcados pela combinação de delicadeza e rigidez.

A simplicidade de seus gestos não reduz o disparo de múltiplas experiências. Muito pelo contrário, aponta para uma ambiguidade, tão determinada quanto bem-humorada. Sua obra pode ser encarada a partir de aspectos do pensamento metafísico, mas também em diálogo com noções de coreografia e dança, ventilando questões a respeito do deslocamento, das medidas de distância e dos limites que delineiam o que entendemos como dentro e o que especulamos como fora. São manifestações que lidam, sobretudo, com o estado contínuo de transformação das coisas; e com a consciência que nos permite manter-nos sempre abertos para a chegada de novas imaginações. Seu trabalho integra inúmeras coleções permanentes, incluindo: MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC-SP (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

 

Sobre a curadoria

Virgina H. A. Aita, possui breve incursão pelas artes nos anos 1990 e mestrado e doutorado em Filosofia, especializou-se em filosofia moderna, estéticas anglo-americanas e Arthur C. Danto. Estudou Filosofia e História da Arte na Universidade de Columbia (Barnard College, NY), onde realizou seu pós-doutorado em Estética entre 2015 e 2016, e participou de cursos temporários na School of Visual Arts. Lecionou na UFRGS, na UFBA, na Casa do Saber (SP) e no Instituto Ling. Atuou como curadora na Fundação Iberê Camargo e em projetos independentes, produzindo textos na área de filosofia e crítica de arte. Recentemente coorganizou o IV Seminário Estética e Crítica de arte da FFLCH-USP (“Sentidos na Asfixia”), onde faz pós-doutorado e integra grupos de pesquisa em estética.

 

Marcando 20 anos

31/mar

No ano em que comemora seus 20 anos, A Gentil Carioca apresenta para a SP-Arte 2023 (Stand E4), uma seleção especial que traduz sua essência poética a partir nova produção dos artistas: Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Denilson Baniwa, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres, Vinicius Gerheim e Vivian Caccuri.

Como parte da programação VIP da SP-Arte, a exposição Maria Nepomuceno & Valentina Liernur – Condo São Paulo 2023, n’A Gentil Carioca SP, participa do evento Travessa Aberta, um circuito de visitas aos espaços de arte da Travessa Dona Paula, em Higienópolis, que acontecerá no dia 01 de abril, de 10 às 12h.

 

Marcio Gobbi exibe artistas autodidatas

O marchand Marcio Gobbi inaugura seu Escritório de Arte com a exposição coletiva “Pintura e Festividade Popular”, sob curadoria de Ademar Britto, na qual apresenta 15 pinturas de artistas autodidatas brasileiros que registram comemorações e festas, religiosas e populares, no país. O novo espaço está localizado em um imóvel restaurado do século XVIII, no bairro da Bela Vista, região da cidade com estúdios, ateliês, galerias e cooperativas de artistas e criativos. A abertura da exposição acontece no dia 01 de abril e permancerá em cartaz até 13 de maio.

“Pintura e Festividade Popular” destaca a Arte Popular, uma representação artística formada por manifestações do que cria e consome o povo. Sem educação formal em artes plásticas, os artistas desenvolvem técnicas e habilidades a partir de tradições locais, por vezes transmitidas através das gerações, com características marcantes de ingenuidade e espontaneidade.

Entre os trabalhos selecionados, destacam-se “Macumba”, de Heitor dos Prazeres, que retrata a intensidade e a energia de uma cerimônia religiosa, e “Casamento na Roça”, de Maria Auxiliadora, que celebra as tradições populares brasileiras. A totalidade das obras selecionadas apresenta um amplo panorama de arte, percorrendo um período de oito décadas, de 1901 a 1988. Todos os autores possuem suas próprias características, respeitabilidade e valor na história da arte popular do Brasil. “Pintura e Festividade Popular” é uma oportunidade rara para apreciar a habilidade e a criatividade de seletos artistas, bem como se conectar com as tradições e a cultura popular brasileira e sua diversidade cultural.

 

Artistas participantes

Heitor Dos Prazeres, Agostinho Batista de Freitas, Maria Auxiliadora, Elisa Martins da Silveira, Iaponi Araujo, Sergio Vidal, Rafael Borges de Oliveira (Pintôr Rafael), Licidio Lopes, José Antônio da Silva, Raquel Trindade, Luiz Soares, Emídio de Souza, Bajado e outros.

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Metapaisagens inaugura no Paço Imperial

30/mar

 

Luiz Pizarro apresenta obras recentes inéditas, abrindo espaço para a representação do Cosmos e questionando o homem como centro do universo.

Nos trabalhos mostrados por Luiz Pizarro na individual no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, (de 04 de março até 28 de abril), há uma notória preocupação do artista em expressar uma visão holística sobre os elementos, tirando a figura humana do centro das atenções para dar lugar ao todo, quer seja a natureza, a organicidade ou a harmonia universal. É disso que se trata “Metapaisagens”, que ocupa uma sala de 300m² com 18 telas de grandes formatos (medindo de 1,70m a 2,25m), produzidas entre o início de 2022 e 2023 em tinta acrílica, tendo as cores como elemento fundamental, uma forte característica em suas obras. No fundo do espaço, será apresentado o “Cubo Mágico”, – ou “Cubo dos Desejos” -, onde cada visitante é convidado a escolher uma cor nos novelos disponíveis, perpassando o total das letras do seu nome por pontos dentro da instalação interativa, “mentalizando desejos”. A figura geométrica também se faz presente em cubos brancos nas próprias telas, chamados por Pizarro de cubos de cristal. Esta é sua quarta mostra no Paço Imperial, onde já expôs, além de pinturas, gravuras e trabalhos em parafina.

“Estes trabalhos foram formulados em cima do conceito da colaboração, da interligação dos elementos. Já trabalhei muito a figura humana, desde o início da minha carreira. Desta vez, quis tirar isso das telas. Nossa contemporaneidade foi gerando uma centralidade que acabou sendo egocêntrica e egóica. Em “Metapaisagens”, o planeta Terra está representado por uma bola repleta de pontinhos que são a nossa imagem. Não somos mais do que pequenos pontinhos nesse planeta, planeta esse que também está inserido nesse espaço cósmico e sideral que, metaforicamente, é a tela como um todo, com plantas e flores, em um espaço aberto, o Cosmos”, diz Luiz Pizarro.

 

Sobre o artista

Luiz Pizarro nasceu em 1958, no Rio de Janeiro, residindo em Colônia, na Alemanha, de 1992 a 1998. Contemplado com a Bolsa Icatu de Artes, residiu e trabalhou em Paris, na Cité des Arts, entre março e agosto de 2006.  Formado em Engenharia de Produção pela UFRJ e em Administração Pública pela EBAP – FGV, concluiu sua formação artística no Parque Lage, de 1981 a 1983. Pintor e arte-educador, possui experiência de quase 30 anos em atividades educacionais e socioeducativas. Conhecido por integrar a chamada “Geração 80″ da arte brasileira, participou de duas edições da Bienal Internacional de São Paulo, lecionou com Beatriz Milhazes na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e coordenou projetos educacionais e sócio-interativos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu Nacional de Belas Artes. Dentro da programação da exposição, o artista pretende organizar visitas guiadas com grupos de moradores em situação de rua e jovens de abrigos. Atualmente é representado pela Galeria Patrícia Costa, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana.

 

 

Stand da Galatea na SP-Arte 2023

29/mar

 


A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia sua participação na SP-Arte 2023, que começa hoje, 29 de março, e segue aberta para visitação até domingo, dia 02 de abril, no Pavilhão da Bienal. O stand da Galatea para esta edição apresenta obras de artistas que refletem o seu programa artístico, expondo desde seus artistas representados, passando por nomes fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, até artistas que criaram à margem do cânone.
A partir disso, o stand está organizado em três assuntos: figuras humanas e entidades; abstrações orgânicas e geométricas; e conceitualismos políticos.

Revisão da obra de Aldir Mendes de Souza

24/mar

 

Com abertura em 24 de março, exposição “A Síntese das Coisas” conta com curadoria de Marcus de Lontra Costa e traz à luz 28 telas do artista plástico paulistano em primeira releitura póstuma de seu legado. Primeira exposição de 2023 – com visitação até 15 de abril – na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP, “A Síntese das Coisas” reúne 28 obras de Aldir Mendes de Souza, pintor falecido em 2007. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra, traz uma seleção de trabalhos das mais de quatro décadas de produção do artista. De acordo com a galerista Monica Felmanas, que é sócia-proprietária da galeria ao lado de suas irmãs, Marcia e Marina, as telas – com dimensões variadas – impactam pela plasticidade cromática e precisão geométrica. “As obras do Aldir dialogam com o nosso acervo. Autodidata como artista e cirurgião plástico por profissão, ele substituía os bisturis por pincéis para se expressar, dando vazão a seus sentimentos e criatividade”, diz. Para Marcia, esta individual ainda se reveste de um outro significado. “Acreditamos nesse revival de seu nome, jogando uma luz merecida em seu trabalho”, afirma.

Opinião da galerista que também é compartilhada por Aldir Mendes de Souza Filho, um dos herdeiros do pintor. “Essa mostra é um renascimento do trabalho dele. Sua trajetória de 45 anos foi muito prolífica, fez par com os grandes artistas de sua geração, participou de cinco edições da Bienal de SP e colocou sua obra nos maiores museus do país. Após sua morte não houve oportunidade de lançar um olhar sobre seu trabalho e levar ao público uma sinopse de seu legado artístico, somos uma família pequena e nenhum de nós tem traquejo no mercado de arte. Após longos anos em que sua obra saiu do circuito das artes, poder ver sua obra exposta novamente em uma grande galeria e sob os cuidados do Marcus Lontra é um facho de luz”, contextualiza.

 

Regência geométrica

Em relação ao recorte escolhido para esta mostra, o curador afirma que foi feito a partir de um acervo preservado pelos familiares.  “Procuro apresentar um pequeno resumo de toda a trajetória do artista nesta exposição que deve ser vista não apenas como uma recolocação do Aldir no mercado de arte paulista e brasileiro, mas como um convite para que seja organizada uma exposição maior, com mais de 100 obras, numa grande retrospectiva, que ele certamente é merecedor”, avalia Marcus Lontra. Em sua análise, ele prossegue: “O Aldir é um artista muito interessante, porque ele tem uma trajetória que começa com uma pesquisa de vanguarda e num certo sentido vai se sedimentando como artista que busca uma relação entre essa estrutura geométrica oriunda dos movimentos modernistas e essa clareza gráfica pop. Um artista que vai pouco a pouco desprezando essa vertente modernista para se firmar como artista da tradição pictórica, pesquisando aspectos relacionados a espaço e, principalmente, cor. Tudo no Aldir se rege por uma geometria básica da composição, sobre a qual ele estabelece uma pesquisa sensível sobre a cor. Uma ideia de cor particular que dialogue com os aspectos populares e tropicais do Brasil, mas, ao mesmo tempo, que seja sofisticada e bem elaborada. Sem dúvida, é um artista que tem uma presença na construção da identidade diversificada da arte brasileira que merece ser lembrado e relembrado”, pontua.

Ainfda e conforme enfatiza em seu texto curatorial, Marcus Lontra afirma: “Entre a figuração e o abstrato, entre a composição racional e a liberdade cromática, a obra pictórica de Aldir Mendes de Souza recusa modismos e reafirma a sua atemporalidade. Tudo aqui conspira em busca da beleza essencial dos seres e das coisas da terra. A sua clareza gráfica e a definição de espaços a serem povoados pela cor identificam uma ação oriunda de uma racionalidade industrial que encontrou eco na pop internacional que transformou a utopia modernista em ruínas do passado. Ao mesmo tempo, corajosamente abraça a tradição e reafirma a autonomia da linguagem cromática que o aproxima de Tarsila, Volpi e Carvão, construtores de uma poética da cor que nasce da sensibilidade popular para se afirmar como estratégia de sofisticação artística. Assim, toda pintura de Aldir Mendes de Souza é a precisa síntese entre a tradição e o novo, entre a racionalidade e o mistério”.

 

Sobre o artista

Paulistano, nasceu em 17 de maio de 1941 e faleceu em 12 de fevereiro de 2007. Formou-se na Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1964, especializando-se em cirurgia plástica. Autodidata em pintura, começou a expor em 1962 e desenvolveu pesquisa em vários setores da arte contemporânea, principalmente em pintura. Construiu uma carreira ao longo de 45 anos, atuando no cenário das artes plásticas do Brasil e do exterior. Nas décadas de 1960 e 1970 teve forte ligação com a arte de vanguarda, realizando performances e trabalhos desenvolvidos em técnica mista (tais como radiografias e termografias). Neste período, participou das Bienais Internacionais de São Paulo de 1967, 1969, 1971 e 1973. Em 1969, em contraposição aos trabalhos vanguardistas, passou também a executar pinturas em tinta óleo sobre tela. Neste mesmo ano obteve o 1º Prêmio Aquisição/Pintura do 26º Salão de Arte Paranaense, realizado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Paraná. Na ocasião conheceu o também artista plástico paulistano Arcangelo Ianelli (1922-2009), então integrante da banca julgadora. De tal contato veio a influência para uma inversão em sua trajetória: as pesquisas ligadas às novas vertentes artísticas foram abandonadas e o artista passou a se dedicar exclusivamente à pintura de cavalete. Como elemento de pesquisa pictórica e cromática elegeu o cafeeiro, e o representou por uma figura circular de contornos sinuosos. A seriação da figura levou-o à perspectiva, e sua síntese formal à geometrização. Comemorou 40 anos de pintura em 2003 com uma exposição no MASP, em São Paulo. Três anos depois, em 2006, Aldir descobriu ser portador de leucemia. Ainda que debilitado, não deixou de produzir, utilizando-se inclusive da enfermidade como motivação e inspiração para suas obras através da série “Campos de Batalha”. Interrompido pelo agravamento de seu quadro clínico Aldir não chegou a expor a nova fase. Morreu aos 65 anos de idade após 15 meses de luta. O trabalho desenvolvido durante mais de quatro décadas de produção confere a ele figurar entre os grandes coloristas brasileiros.

 

Sobre o curador

Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside em São Paulo. Na década de 1970 trabalhou com Oscar Niemeyer em Paris e, regressando ao Brasil foi editor da revista Módulo, editada pelo arquiteto. Foi crítico de arte dos jornais O Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto É. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80″. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Implantou a Estação Cultural de Olímpia/SP. Como curador tem realizado diversas exposições coletivas e individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Natal e Fortaleza

 

Sobre a galeria Contempo

“Filha” da ProArte Galeria, a Contempo foi idealizada pelas irmãs Monica, Marcia e Marina Felmanas e está no mercado desde 2013, com Marcia e Monica à  frente da curadoria dos artistas. Foi criada com o propósito de reunir o melhor da produção artística contemporânea brasileira, representando artistas emergentes, jovens e promissores talentos. Hoje, agrega a seu portfólio obras produzidas por experientes representantes das artes plásticas com carreiras consolidadas, como os pintores Rubens Ianelli e Aldir Mendes de Souza. Ao reunir distintas linguagens e estéticas, a galeria transita por diferentes universos, como a pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia e da arte urbana.