Recortes de uma coleção na Ricardo Camargo Galeria

18/nov

 

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, inaugura nova edição do projeto “Recortes de uma Coleção” trazendo uma seleção de fotografias do colecionador Marcelo Cintra, em exposição pela primeira vez no circuito cultural paulistano. Com curadoria de Ricardo Camargo e texto de Diógenes Moura, a mostra exibe 18 fotografias – p&b e cor – de dez autores renomados do circuito brasileiro e internacional, como Begoña Egurbide, Cristiano Mascaro, Mario Cravo Neto, Miguel Rio Branco, Pedro David, Pedro Motta, Pierre Verger, Robert Mapplethorpe, Sebastião Salgado e Tuca Reinés.

 

O recorte elaborado para a mostra é composto por imagens que, de alguma forma, ângulo, ou em algum momento entre o olhar e a apreensão da cena pelo profissional, retrata a figura humana; no todo ou em partes, em movimento ou estático. “O conjunto de imagens escolhido na coleção de Marcelo Cintra trata dessa relação: o fotógrafo e o outro, ele mesmo.”, define Diógenes Moura.

 

Fases representativas dos fotógrafos com trabalhos icônicos das mesmas estarão dispostas lado a lado, formando um painel visual harmônico e ao mesmo tempo diversificado, abrangendo temas dos mais variados como crenças populares, sadomasoquismo e sensualidade, entre outras.

 

A coleção de Marcelo Cintra possui como base primordial o olhar criterioso do colecionador: “…somente compro as fotos que me emocionam; seja pelo tema abordado ou pela técnica utilizada” define Marcelo Cintra. A inclusão da fotografia em seu acervo pessoal ocorreu após uma visita, já há alguns anos, a semana de Fotografia em Madrid; sendo que nos dias atuais estas já respondem por 20% de suas obras de arte.

 

 

De 25 de novembro a 17 de dezembro.

Oske exibe Samsara

17/nov

A 1500 Babilônia, Leme, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Samsara”, do fotógrafo nipo-brasileiro Hirosuke Kitamura (apelidado de Oske), composta por 16 imagens feitas durante suas viagens à Índia.

 

Nascido em Osaka, Japão, e morador de Salvador, Bahia, Oske se sentiu impactado durante suas expedições pela Índia. A cultura extremamente exótica e o caos desenfreado das cidades o impregnaram a ponto de lhe dar a sensação de estar percorrendo um labirinto. Não obstante essa realidade desordenada, Oske percebeu uma ordem natural operando através do forte contato entre os seres humanos e os elementos da natureza, de tal modo que uma profunda serenidade emana entre aquele povo.

 

Esta conexão entre o homem e a natureza, a transformação, a morte e a vida infinita é uma crença espiritual enraizada na cultura indiana. Desta percepção surgiu a série “Samsara”, na qual o fotógrafo explora o movimento dos corpos humanos, cenas cotidianas como o banho no Ganges, a textura da carne crua dos animais, que se transformam pela passagem do tempo. O cenário gerado por essas imagens não expressa alegria, preocupação, tristeza nem raiva, simplesmente vai passando com o silêncio que emana dele.

 

Dentro do hinduísmo e de outras religiões orientais, “Samsara” representa o ciclo de renascimento. Segundo esta filosofia, após a morte, a alma vai para Lua, cai com a chuva e passa para as plantas. A planta, ao ser comida pelo homem, é absorvida e se transforma no esperma. Após o sexo, o espírito volta novamente à vida através do nascimento de um novo ser. Estes fenômenos de interligação entre todos os elementos – ambiente, corpo e espírito – aparecem e desaparecem na escuridão, mostrando o círculo infinito de “Samsara”.

 

Neste novo trabalho, não há separação de tempo e espaço, paraíso e inferno, dia e noite, pois não existe definição de nada, apenas a mistura desses elementos silenciosos com a natureza humana. Nas palavras de Oske: “Ainda não consigo compreender exatamente o que eu vi na Índia. Talvez este mundo sem rumo, sem certezas, também seja como o círculo de Samsara, que segue misterioso e me hipnotizando.” Direção: Alex Bueno de Moraes.

 

 

De 27 de novembro de 2014 a 21 de fevereiro de 2015.

Pedro David e a Fase Catarse

12/nov

 

Fotógrafo representado pela Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, Pedro David apresenta sua “Fase Catarse” em sua primeira exposição individual na cidade. A mostra reúne três séries produzidas entre 2008 e 2011 – “Aluga-se”, “Coisas caem do Céu” e “Última Morada”. Em comum, elas trazem a interpretação do ambiente urbano particular do artista mineiro nascido em Santos Dumont.

 

A exposição traduz a leitura de Pedro David para momentos de introspecção, incômodo e superação vivenciados nestes quatro anos. Aborda a exaustiva busca para encontrar um lugar para se viver nos centros urbanos, a falta de educação de vizinhos, e o esforço de recuperação após a morte da mãe por meio de um olhar poético sobre seu ambiente e pertences.

 

Cada um dos trabalhos foi produzido enquanto o artista vivenciava tais situações cotidianas, em um processo no qual a fotografia servia, a cada registro, como instrumento de catarse. “As fotos me guiaram por essas situações, me ajudando a entendê-las e a passar por elas. Não à toa decidi reunir as três séries em uma única mostra, pois juntas representam um momento importante na minha vida”, comenta.

 

São ao todo cerca de 30 fotografias impressas em diversos tamanhos, além de uma instalação áudio visual composta por fotografias editadas em vídeo, acompanhadas por pequenos poemas autorais que introduzem cada série.

 

 

Aluga-se, 2008

 

Na primeira série, o artista apresenta uma coleção de fotografias realizadas em apartamentos vazios, oferecidos para locação e visitados em 2008 enquanto procurava um novo lar. São paredes vazias, que registram o caminho da luz dentro destes ambientes. “Aluga-se” parte de uma metáfora sobre a vida nos grandes centros. A busca da luz, presente nas fotografias, alude diretamente à observação do futuro inquilino, que observa a luminosidade dos apartamentos visitados, e simboliza a busca de sentido do urbanóide contemporâneo”, explica.

 

 

Coisas Caem do Céu, 2008/2009

 

Já no segundo momento, objetos insignificantes, lançados por vizinhos por suas janelas e depositados na área privativa de seu apartamento após busca frenética registrada na série “Aluga-se”, foram colecionados e cuidadosamente fotografados em ´close up´,  técnica semelhante à utilizada para fotografar esculturas. “Objetos que nem sequer mereceram ser dispensados à lixeira, tinham sido simplesmente lançados para fora das vidas dessas pessoas. Ganharam então uma atenção especial depois de serem encontrados sobre o piso cimentado da minha residência”, conta.

 

 

Última Morada, 2010

 

A trilogia é encerrada com 15 fotografias editadas em um vídeo, sequenciadas em lentas fusões e acompanhadas por um som ofegante de respiração. Os trabalhos representam o retorno do artista ao apartamento que antes compartilhava com sua mãe, após morte dela, para esvaziá-lo. Foi um mês de visitas antes de tirar qualquer coisa, fotografando sua última morada. Com o auxilio dos registros, a antiga presença foi transformada em permanente ausência.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no município de Santos Dumont, Minas Gerais, em 1977, Pedro David vive e trabalha entre Nova Lima e Belo Horizonte. Fotógrafo e artista visual, graduado em jornalismo pela PUC-MG, em 2001, cursou pós-graduação em artes plásticas e contemporaneidade na Escola Guignard, UEMG, 2002. Tem três livros publicados – “Paisagem Submersa” pela Cosac Naify 2008, “O Jardim”, pela Funceb 2012 e “Rota Raiz” pela Tempo D´Imagem 2013. O artista possui trabalhos em coleções como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Musée du Quai Bralnly, Paris, e a prestigiada Coleção Pirelli – MASP.

 

Entre as mostras individuais, destacam-se a realizada na Galeria Astarté, Madri, Espanha – 2014, MAM – Bahia, Salvador, 2012, Lemos de Sá Galeria, Belo Horizonte, 2012, Fauna Galeria, São Paulo, 2012, as mais recentes. Entre as coletivas, participou da I Bienal de Fotografia do MASP, São Paulo, 2013, Photoquai, Paris, 2013 e em Esquizofrenia Tropical, Photoespaña – Madri – 2012, além das realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Fortaleza-CE, 2012, Ex-Teresa arte Actual, México D.F., 2011, Museu da Imagem e do Som, São Paulo – 2011, Geração 00, Sesc Belenzinho – São Paulo, 2011, Noordelicht Photogallery, Groningen, Holanda, 2008 e na 5ª Bienal de Fotografia e Artes Visuais de Liége, Mammac – Liége, Bélgica, 2006. No currículo contam ainda prêmios como o Nexo Foto, Madri, Espanha, 2014, o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, 2011, Prêmio União Latina – Martín Chambi de Fotografia, 2010 e o Prêmio Porto Seguro Brasil de Fotografia, 2005, entre outros.

 

 

De 14 de novembro de 2014 a 30 de janeiro de 2015.

Em São Paulo e Ribeirão Preto

06/nov

Desde que inaugurou a unidade de São Paulo em março deste ano – a Galeria Marcelo Guarnieri encerra a programação de 2014 com a coletiva “Contínuo”, unindo, simultaneamente, uma  exposição nas duas unidades, em São Paulo e Ribeirão Preto. A partir do dia 08 de novembro (sábado), no espaço da Alameda Lorena, o público pode conferir as recentes pesquisas de 27 artistas da geração contemporânea, em diversas linguagens como vídeo, instalação, pintura, fotografia e escultura. Destaques para a instalação de Amélia Toledo, para o ensaio sobre a Amazônia do fotógrafo Edu Simões, e para as obras de artistas como Deborah Paiva, Ana Paula Oliveira, Pedro Urpia, Marcus Vinicius, Luiz Paulo Baravelli, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado e Rogério Degaki.

 

Dando continuidade em suas pesquisas acerca da pintura tridimensional, Amélia Toledo apresenta a instalação “Sem Título”, como um dos destaques inéditos da exposição. Cordas que pendem do teto ao chão, pintadas na cor azul, verbalizam um convite à relação entre o espaço, a obra e a percepção do público. “Horizonte”, instiga pelo inusitado uso de acrílico com o linho em grande dimensão.

 

Integrante do novo elenco que a galeria exibiu na edição da SP-Arte/Foto deste ano, Edu Simões propõe a série dos anos 80 com 12 imagens intituladas “Amazônia”. Na poética visual do artista, salta aos olhos o uso da linguagem P&B, como contraponto ao imaginário recorrente quando se aborda uma das regiões mais ricas em natureza do país. Há espaço nas fotografias para os nativos e trabalhadores, como para a vegetação e a paisagem com as suas texturas, dobras que criam outras figuras e refletem o papel que o jogo de luzes possui em sua fotografia autoral.

 

Na pintura, o trabalho de Deborah Paiva sugere temas do cotidiano, as relações sociais pensadas a partir das distâncias espaciais e temporais, a impossibilidade dialógica na solidão, como inevitáveis da condição humana. Suas imagens trabalham estes temas, contrapondo-os com o uso da técnica de guache sobre papel. Utilizando uma técnica diversa, a de óleo sobre papel, a artista possibilita outro olhar de seu trabalho em obras como “Dança”, “Sem Título”, “Sem Título” e “Vernissage”, todas de 2014, nas quais os tons de preto e branco prevalecem. Por seu turno, Marcus Vinicius, mostra um desdobramento de sua individual realizada na unidade de São Paulo neste ano.  Em seu universo de pesquisa, manifesta-se sua investigação a partir da materialidade das obras, de um elemento central desenvolvido em quinze anos de carreira, a Estrutura Quadro. O conceito deve ser compreendido como uma estrutura com dimensões pré-estabelecidas, que ligada à parede preserva seus caracteres bidimensionais, cujos elementos podem ser estudados separadamente e repropostos segundo uma ordem estabelecida pelo artista.

 

Ana Paula Oliveira repensa as dimensões das obras na sua pesquisa em “Harbour View”,  ao propor esculturas em pequeno formato. Criando uma espécie de sobreposições de telas de vidros transparentes colocadas assimetricamente lado a lado, os objetos sugerem espaços e perspectivas de olhares em relação com o ambiente. Pedro Urpia mostra o seu “Arquivo à deriva”, um objeto em formato de arquivo, no qual mini portas laterais guardam seis pinturas diferentes. Apresentadas na década de 80 no MAM-SP as icônicas estruturas de metal de Luiz Paulo Baravelli integram-se à exposição com mais uma série de pinturas inéditas. As esculturas vazadas podem ser compreendidas, a partir de suas interações com pontos de apoios, como a parede. Ainda nesta linguagem, duas esculturas de parede em preto e dourado de Flávia Ribeiro. Conhecido pelo seu universo com forte apelo do imaginário lúdico, Rogério Degaki – artista falecido em 2013 – terá duas peças esculturas apresentadas.

 

Num total de mais de 70 obras, o conceito curatorial de “Contínuo”, além da aproximação de diversas linguagens e artistas de vários períodos, insere a possibilidade de conhecer desdobramentos das recentes pesquisas dos 27 nomes que integram a coletiva. “Trata-se de um panorama dos artistas representados pela Galeria”, explica Marcelo Guarnieri. Em março, durante a ocasião de abertura da unidade de São Paulo, o galerista afirmou, ainda, o desejo em propor um intercâmbio entre as duas unidades.

 

“Contínuo” encerra o ano de 2014 na esteira desta proposta, trazendo a mais recente produção artística contemporânea, com nomes como Alice Shintani, Amelia Toledo, Ana Paula Oliveira, Ana Sario, Cristiano Mascaro, Deborah Paiva, Edu Simões, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado, Gerty Saruê, Guilherme Ginane, Guto Lacaz, Ivan Serpa, João Paulo Farkas, José Carlos Machado, Liuba, Luciana Ohira e Sergio Bonilha, Luiz Paulo Baravelli, Marcello Grassmann, Marcus Vinicius, Mariannita Luzzati, Masao Yamamoto, Paola Junqueira, Pedro Hurpia, Renata Siqueira Bueno, Rogerio Degaki e Silvia Velludo.

 

 

Abertura em São Paulo: 08 de novembro (sábado), das 10 as 19 horas.

 

Abertura em Ribeirão Preto: 28 de novembro (Sexta-feira), das 19 as 22 horas.

O TOM DO AZUL

04/nov

O Gris Escritório de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP,  abre a exposição coletiva “#kindofblue”, com curadoria de Sue-Elie Andrade-Dé, composta por cerca de quarenta fotografias de Beto Riginik, Cassandre Sturbois, Cholito Chowe, Julia Milward, Gabriela Portilho, Luiz Trezeta e Victor Dragonetti, dois desenhos e uma peça exclusiva do designer de mobiliários e artista plástico Rodrigo Edelstein, além de uma instalação com esculturas, da artista plástica Norma Grinberg, e um livro de Julia Milward. Inspirada na cor azul e em todas as possibilidades criativas que a envolvem, a mostra acontece sob uma perspectiva de improvisação, de multiplicidade, imersa em cores que delimitam o espaço do indefinível, construindo e desconstruindo elementos.

 

Através do tempo, o azul deixou de ser apenas uma cor – evoluiu e se tornou um conceito versátil. Em nossa sociedade, o azul tem o efeito psicológico do frio e da masculinidade, mas é também considerado como a cor da verdade, e de forma mais negativa, da melancolia e da morte. “Quem nunca se assustou ao ver aparecer o famoso ‘blue screen’ na tela do computador?”, comenta a curadora da exposição. Em “#kindofblue”, a intenção é explorar todos esses conceitos, em obras que não necessariamente reproduzem a coloração, mas que, de alguma forma, transmitem as sensações que o azul carrega. Citando algumas peças que fazem parte da mostra, uma fotografia de um crânio humano coberto com tinta azul, de Cholito Chowe; Gabriela Portilho expõe “Luz”, com uma paisagem composta por coqueiros e um fundo degradê com tonalidades que vão do cinza ao azul; Victor Dragonetti apresenta “Ana”, fotografia em preto e branco retratando uma mulher tirando a blusa, sozinha em um ambiente melancólico; e “Ópera do Malandro”, em que Beto Riginik fotografa um homem vestido de mulher em um clima vintage de câmeras analógicas antigas, com fundo que mescla diferentes tons de azul.

 

Para a mostra, destacam-se como referências o famoso disco de jazz de Miles Davis, “Kind of Blue” – do final da década de 1950, composto como uma série de esboços “modais”, com o intuito de deixar os músicos interpretarem as músicas no improviso, da forma mais espontânea possível; O artista francês Yves Klein, que se proclamava dono do céu, inventando o IKB (International Klein Blue), um pigmento azul que tem a capacidade de provocar uma sensação quase perturbadora de proximidade e de infinito simultaneamente; Claude Machurat, psicanalista da Association Lacanienne Internationale pour le Cercle Castellion, que evoca o azul como a “música dos olhos” – fazendo referência ao compositor Frédéric Chopin em sua busca da “note bleue”.
Contribuindo com a proposta original do GRIS Escritório de Arte, “#kindofblue” traz para seu acervo novas linguagens, com foco na fotografia emergente e incentivando projetos singulares, proporcionando ao público a oportunidade de vivenciar uma experiência cultural consistente, em um ambiente criativo e inspirador.

 

 

De 08 de novembro a 20 de dezembro. 

Novo Banco Photo 2014

24/out

Depois de Pedro Motta vencer no ano passado o NOVO BANCO PHOTO (ex- BESphoto),  na edição de 2014 novamente outro brasileiro, a artista Letícia Ramos, é a grande vencedora. Em sua 10ª edição, a exposição dos finalistas, no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, por meio de uma parceria entre o Novo Banco, o Museu Coleção Berardo e o Instituto Tomie Ohtake, após passar pelo museu português, será apresentada em São Paulo, de 24 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015.

 

A escolha de Délio Jasse (Angola), José Pedro Cortes (Portugal) e Letícia Ramos (Brasil) para concorrer ao prêmio foi feita pelo primeiro júri de seleção, que analisou, durante o período definido pelo regulamento, o panorama da produção fotográfica de artistas em Portugal, no Brasil e nos países africanos de língua oficial portuguesa. Compuseram esse júri: Jacopo Crivelli Visconti (Brasil), crítico e curador independente; João Fernandes (Portugal), subdirector do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid; e Bisi Silva (Nigéria), fundadora e diretora do Centre for Contemporary Art, em Lagos.

 

Despois desta etapa, os selecionados são convidados a produzir uma obra comissionada, cujo resultado é analisado por outro corpo de jurados para a decisão do vencedor. Esse segundo júri contou com Elvira Dyangani Ose, curadora de arte internacional da Tate Modern, de Londres, Luis Weinstein, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotografia de Valparaíso, no Chile, e María Inés Rodríguez, diretora do Musée d’Art Contemporain de Bordeaux, na França.

 

 

Sobre as obras produzidas pelos artistas para concorrer ao Novo Banco Photo

 

Em “Nós sempre teremos marte”, Letícia Ramos, 38 anos, que vive em São Paulo,  procurou fazer uma homenagem à imaginação científica romântica, “aos inventores descobridores de mundos distantes”. A artista foi buscar o título em um jornal que faz uma referência literal à frase “Nós sempre teremos Paris”, do filme “Casablanca”, e à chegada da nave Curiosity a Marte, no ano passado. Este conjunto de obras apresenta-se como uma narrativa de ficção-científica, um inventário de imagens que falam do cientista perdido no tempo e no espaço. A exposição é composta de fotografias produzidas a partir de processo de microfilmagem, assim como de um curta-metragem realizado a partir de miniaturas, mostrando a trajetória de um microsubmarino à deriva nas profundezes de um lago pré-histórico submerso no gelo Antártico.

 

Já o português José Pedro Cortes, 38 anos, nascido no Porto, apresentou “Um Eclipse Distante”, conjunto de imagens em que o autor renova a exploração da relação fotógrafo-modelo. Pos sua vez, o angolano Délio Jasse, nascido em Luanda há 34 anos, criou a série “Ausência permanente”, na qual desenvolve uma reflexão acerca dos vestígios do passado – fotografias antigas sobre a época colonial em Angola – e da sua influência no presente.

 

 

 

Sobre Letícia Ramos

 

Nasceu em Santo Antônio da Patrulha,  RS, 1976. Vive e trabalha em São Paulo. Cursou arquitetura e urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e cinema na Fundação Armando Álvares Penteado. O seu foco de investigação artística é a criação de aparatos fotográficos próprios para a captação e reconstrução do movimento e a sua apresentação em vídeo, instalação e fotografia. Os seus trabalhos, com forte caráter processual, geralmente inserem-se no âmbito de projetos de investigação mais ampla. Em séries como ERBF, Escafandro, Bitácora e Vostok, desenvolve complexos romances geográficos que se desdobram e se formalizam em diferentes mídias. A artista recebeu prêmios e bolsas importantes entre os quais,  o Prémio Funarte Marc Ferrez de Fotografia (2010), para o desenvolvimento do projeto Bitácora (2011-2012), com a publicação do livro de artista Cuaderno de Bitácora e a participação na residência expedicionária «The Arctic Circle» (2011). O trabalho fotográfico realizado durante a expedição foi distinguido com o Prêmio Brasil Fotografia – Pesquisas Contemporâneas (2012). Em 2013, participou no programa «Encontros na Ilha» da 9.ª Bienal do Mercosul. Neste mesmo ano, em residência no espaço PIVÔ (São Paulo), desenvolveu o projeto Vostok, constituído por um filme de 35 mm, um livro, um website e um disco LP. No mesmo ano, seu projeto Microfilme foi contemplado com a Bolsa de Fotografia 2013, do Instituto Moreira Salles e da Revista Zum. Atualmente, em São Paulo, também está em cartaz com a exposição Sabotagem, em parceria com Marcia Xavier, na Casa da Imagem.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.

Caio Reisewitz na Casa da Imagem

21/out

Com registros fotográficos do Pico do Jaraguá – formação montanhosa que registra o ponto mais alto da cidade de São Paulo -, Caio Reisewitz recupera uma paisagem que cada vez mais se oculta da perspectiva de horizonte, contrastando com um vertiginoso crescimento vertical/imobiliário. Como se costuma observar no trabalho de Caio, é possível perceber em “Jaraguá” a ausência da presença humana, que de forma alguma está representada, mas sim sugerida pelo confronto entre a cidade e a natureza.

 

A sucessiva reprodução do mesmo cenário geográfico recebe uma montagem instalativa (e não documental) por meio de procedimentos que se assemelham a técnicas outrora utilizadas na fotografia, indicando uma geografia de tempos passados e que tende a sobreviver apenas no imaginário e na memória dos moradores de uma cidade em expansão.

 

Segundo Henrique Siqueira, curador da Casa da Imagem, foi a pintura de um artista brasileiro ligado à representação da paisagem, Jorge Furtado de Mendonça, que estimulou a pesquisa de Reisewitz em acervos e o desenvolvimento da exposição na Casa da Imagem, Sé, São Paulo, SP. Siqueira destaca que, nestas fotografias, duas operações dimensionam a escala monumental de abordagem do Pico do Jaraguá. “Protagonista na topografia de São Paulo (‘ponta proeminente’, ‘protetor do vale’, na língua tupi-guarani), a elevação encontra-se seccionada, na atualidade, da mancha urbana que a cerca; um gesto proposital em circunscrevê-la no âmbito da idealização e de impelir autonomia no discurso poético”, completa o curador.

 

 

Sobre o artista

 

Caio Reisewitz, São Paulo, SP, Brasil, 1967. O artista – que expôs recentemente no International Center of Photografy em Nova York e que, em 2015, irá inaugurar individual na Maison Européenne de la Photographie em Paris e participar da Bienal de Gwangju na Coreia – procura estabelecer relações entre a construção do real e o registro do artificial. Ganhador de diversos prêmios, como os de aquisição do 4º e 6º salões do Museu de Arte Moderna da Bahia e o Prêmio Sérgio Motta de 2001, seu trabalho esteve presente na 51ª Bienal de Veneza, 26ª Bienal de São Paulo, 1ª Bienal del Fin del Mundo (Ushuaia), Nanjin Biennale (China). Suas obras estão nas coleções do Museu de Arte Moderna de São Paulo e da Cisneros Foundation (EUA parte do documental, da arquitetura e da apropriação do espaço para percorrer a linha tênue que separa a vida da arte.). Especializou-se em fotografia na Escola Superior de Artes de Darmstadt, e na Johannes Gutenberg-Universität Mainz, ambas na Alemanha. É mestre em poéticas visuais pela Universidade de São Paulo. Retorna ao Brasil em 1997, para consolidar-se como um dos fotógrafos mais importantes de sua geração, no campo das artes visuais. Manipulando as imagens de maneira sutil, o artista realiza encontros entre conceito e forma por meio de fotomontagens que, em alguns casos, como Joaçaba ou Parentinga, foram feitas a partir de colagens refotografadas. Sua proposta é também a de misturar realidade e subjetividade, ou seja, o que se vê, à percepção que temos do que estamos vendo. Por isso, retira de situações tensas imagens que não são apelativas, caso da série “Reforma Agrária”, feita no interior de Goiás e Iguaçu, fotografada depois de um período de chuvas fortes e enchentes. As fotos de Caio exploram principalmente temas como a paisagem, a ocupação do solo e o uso arquitetônico. Reisewitz propõe novas abordagens e recortes para paisagens familiares. Com técnicas elaboradas, o artista dá luz a obras refinadas, nas quais observa-se muitas das questões pertinentes à fotografia contemporânea.

 

De 25 de outubro a 22 de fevereiro de 2015.

Geraldo de Barros no IMS

15/out

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Geraldo de Barros e a fotografia”. Com mais de 300 obras, essa é a maior exposição do designer, pintor e fotógrafo já realizada no Rio de Janeiro. A mostra resgata aspectos históricos e o caráter experimental da obra fotográfica do artista, enfocando sua relação com as gravuras e pinturas realizadas entre os anos 1940 e 1990. A curadoria é da pesquisadora Heloisa Espada, coordenadora de artes visuais do Instituto Moreira Salles. No dia da abertura, às 18h, ocorrerá visita guiada com a curadora e a artista Fabiana de Barros. E, às 16h, será exibido gratuitamente o filme “Sobras em obras”, de Michel Favre na sala de cinema.

 

Geraldo de Barros e a fotografia é organizada em três núcleos. O primeiro deles aborda a série fotográfica Fotoformas, produzida entre os anos 1940 e 1950. Serão mostrados exemplos das primeiras fotografias e desenhos feitos pelo artista no imediato pós-guerra, período em que ainda estava envolvido com uma pintura gestual de influência expressionista, monotipias que testemunham o início de seu envolvimento com a arte abstrata e pinturas concretas realizadas na década de 1950, quando o artista era membro do grupo Ruptura. Essa produção será mostrada lado a lado com as diversas experimentações fotográficas realizadas por Barros em Fotoformas: detalhes que enfatizam a estrutura geométrica de objetos do cotidiano; imagens borradas; solarizações; fotografias realizadas a partir de negativos pintados e riscados com instrumentos de gravura; fotografias abstratas realizadas a partir de múltiplas exposições do mesmo negativo; montagens de negativos etc.

 

Geraldo de Barros produzia fotografia, gravura e pintura de forma concomitante, e as diversas técnicas faziam parte de um mesmo processo criativo. Com o intuito de aproximar o público desse rico processo de trabalho, serão mostrados exemplos de negativos riscados pelo artista, bem como folhas de contatos originais que evidenciam as diferentes formas de intervenção na fotografia feitas pelo artista. Nesse núcleo, o visitante encontrará também um grande número de cópias vintage, oriundas de diversas coleções institucionais e privadas, que evidenciam as preocupações formais do artista ao ampliar suas imagens.

 

Com o objetivo de enfocar os modos originais de exibição das fotografias de Geraldo de Barros, a primeira sala da exposição será dedicada à exposição Fotoforma, que o artista realizou no Masp, ainda localizado na Rua 7 de Abril, no centro de São Paulo, em 1951. Serão mostrados documentos fotográficos, notícias e críticas sobre aquela que foi a primeira exposição fotográfica do artista.

 

O segundo núcleo da exposição é dedicado às pinturas realizadas pelo artista nos anos 1960 e 1970. Assim como outros pintores concretos de sua geração, nessa época, Geraldo de Barros se aproximou da Pop Art e da chamada Nova Figuração, que retomava a arte figurativa no contexto da cultura de massas. Ele pintava sobre fragmentos de outdoors publicitários, apropriando-se das fotografias usadas nos cartazes. Ao destacar o aspecto grotesco e invasivo da propaganda, as obras assumem um forte teor crítico.

 

A terceira parte da exposição aborda a série Sobras, realizada em seus últimos anos de vida, um momento em que o artista se encontrava parcialmente paralisado por uma série de isquemias cerebrais que sofreu a partir dos anos 1970. Após anos afastado da fotografia, Geraldo de Barros volta-se para seu arquivo de fotos de família guardado ao longo de décadas. Com a ajuda de uma assistente, ele corta, risca e monta pequenos fragmentos de negativos 35 mm sobre placas de vidros.

 

Geraldo de Barros e a fotografia mostrará pela primeira vez o conjunto completo de 268 colagens de negativos e positivos sobre vidro realizado por Geraldo de Barros no fim dos anos 1990, além de cerca de 70 fotografias ampliadas a partir dessas pequenas colagens. Dessa maneira, a série Sobras será apresentada como um intenso e fértil processo de trabalho, no qual, mais uma vez, Geraldo de Barros se distanciou do caráter documental da fotografia, manipulando-a e transformando-a de diferentes maneiras.

 

A exposição e o catálogo que a acompanha são frutos de uma parceria entre o Instituto Moreira Salles e o Sesc/SP, a instituição brasileira detentora da maior coleção fotográfica do artista, que apresentará Geraldo de Barros e a fotografia em 2015.

 

 

De 18 de outubro a 22 de fevereiro de 2015.

​Penna Prearo na Lume

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Portal de Alice em Atlantis”, individual do fotógrafo Penna Prearo, com curadoria de Agnaldo Farias. A série composta por 21 fotografias abrange elementos da pintura e do cinema, com uso de equipamentos visuais acessórios como filtros, prismas, lanternas mágicas, caleidoscópios, entre outros, perfazendo um recorte da produção recente e da pesquisa atual do artista. A coordenação é de Paulo Kassab Jr. e Felipe Hegg.

 

A individual de Penna Prearo é composta por obras de diversas séries, como Ballerinas – em que o fotógrafo utiliza mosquiteiros de tule incorporados a cenários variados, como se os elementos interagissem entre si em uma apresentação de balé -, Falange Ciclope – cujos personagens, desta vez, são representados por rodas de bicicletas -, Carrossel para um Kubrick Solitário – onde um cavalinho de madeira aparece sempre no clima fantástico característico de sua obra -, Portal de Alice – série composta por cenas que parecem parodiar a realidade, entre outras.

 

Em uma miscelânea de alusões e temas para a composição de suas fotografias, Penna Prearo realiza confrontos e tensões entre imagens, enfatiza a cor em seus trabalhos e destaca um repertório que vai de Alice no País das Maravilhas (de Lewis Carroll, publicado em 1865), inserindo a fábula na lendária ilha de Atlantis, ou Atlântida, criando seu universo individual.

 

Nas séries de Penna Prearo, o registro fotográfico não se presta a apenas registrar coisas e situações comuns. Sua função ultrapassa esse patamar onde cria cenas de sonho, reais ou imaginárias, parafraseando a realidade. Seus trabalhos remetem a recortes de narrativas não lineares e à realidade cultural e underground das cidades por onde passa.

 

 

A palavra do curador

 

Penna Prearo habita um mundo ainda incógnito para nós, um universo de fábulas e desvarios, com influências que não vem de ilusões, mas das existências ali vividas. Em sua obra, nada surge da casualidade, cada escolha vem de uma razão bem pensada, de referências artísticas principalmente pictóricas e cinematográficas. “Portal de Alice em Atlantis” mostra fragmentos do planeta homônimo onde o fotógrafo vive, com narrativas elaboradas como um diretor que constrói cenas e inventa cenários. As situações retratadas tem personagens tão improváveis quanto um mosquiteiro de tule, um cavalinho de pau, a cabeça de uma escultura clássica, duas rodas de bicicletas ou um hidrante, que o artista, em suas infatigáveis peregrinações, percebe e trata como personagens enigmáticas, poderosas em suas presenças silenciosas. “Sua poética afigura-se como um diário do maravilhoso que ele consegue fazer irromper de um cotidiano que os tristes e desavisados supõem comum.”

 

 

 

 Poema do artista

 

“Albergaria de seres transmutantes,

portas de entrada de Alices fugazes,

sistemas organizados,

desertores procurando

lascas de um tempo curvado.

Flechadas de luz farpada

em alvos transitórios.

Translúcidas paisagens

convidando para uma viagem

num transatlântico enfurecido

com bilhete só de volta.

Um dia mais, um dia menos.”

 

 

De 23 de outubro a 28 de novembro.

Memória mutante

08/out

A constante reconstrução do espaço urbano central de São Paulo é tema de “Memória Mutante”, exposição de fotografias simultânea à mostra “Ibirapuera: modernidades sobrepostas”, que ocorre também na OCA, Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, Parque Ibirapuera, Portal 3, São Paulo, SP, sob realização do Museu da Cidade.

 

A curadoria de Henrique Siqueira reúne 210 fotografias pertencentes à Coleção de Fotografias Iconográficas do Museu da Cidade de São Paulo e propõe o encontro das imagens de Militão Augusto de Azevedo (1862) e Ivo Justino (1970), como forma de dimensionar a complexidade das camadas de memória urbana.

 

Siqueira destaca que, há pouco mais de 100 anos, São Paulo assistiu ao desaparecimento da antiga Igreja da Sé e de todo o quarteirão ao seu redor, operação que marcou o começo das grandes obras destinadas à edificação de uma cidade moderna e cosmopolita. Ele reforça que o binômio demolir/construir, repetido no período da verticalização da área central e da implantação do plano viário de Prestes Maia, consolidou-se como um dos pilares da renovação urbana. “Privilegiando o novo, esta lógica de reconstrução ininterrupta desafiou a permanência dos espaços públicos, conduzindo a um apagamento da paisagem e do pensamento arquitetônico vigente no passado.”

 

Essa característica paulistana tem como consequência a ampliação do papel da fotografia no registro da história da cidade. Intencionalmente, o curador selecionou fotografias pontuais de casos históricos que agitaram a identificação afetiva da cidade, como a demolição do Belvedere Trianon, o incêndio da Estação da Luz ou a construção do Hangar do Campo de Marte. A mostra também apresenta a documentação realizada pela Seção de Iconografia da Prefeitura sobre as habitações populares e ensaios que reproduzem o cotidiano nas indústrias de tecelagem.

 

O gesto oficial de colecionar fotografias na municipalidade inicia-se em 1938, com a aquisição do lote de negativos de vidro pertencente ao fotógrafo Aurélio Becherini, dando origem à atual Coleção de Fotografias Iconográficas do Museu da Cidade de São Paulo, de onde vieram todas as imagens apresentadas nessa exposição. Coube a outro fotógrafo, Benedito Junqueira Duarte, iniciar a ampliação e a primeira catalogação dessa coleção; hoje ela conta com mais de 70 mil fotografias que documentam a transformação urbana de São Paulo nos últimos 154 anos.

 

 

 De 09 de outubro de 2014 a 01 de fevereiro de 2015.