Exposição de Montez Magno na Galatea

29/ago

A Galatea tem o prazer de anunciar Montez Magno: entre Morandi, Nordeste e Tantra, próxima exposição a abrir em São Paulo. A individual do artista Montez Magno (Timbaúba, PE, 1934 – 2023, Recife, PE) inaugura a nova unidade da galeria na Rua Padre João Manuel, além de também ocupar a sede da Rua Oscar Freire.

A mostra reúne cerca de 80 obras que dão a ver as variadas investigações de Montez Magno no campo da pintura e das operações conceituais. O título faz referência tanto a séries de trabalhos que farão parte da exposição quanto a três universos que compuseram o imaginário do artista. Há as pinturas que partem da admiração de Montez pelo pintor italiano Giorgio Morandi e que representam seu interesse por citar e comentar outros artistas da tradição europeia; há o Nordeste, referência ao seu contexto de vida e à série Barracas do Nordeste (1972-1993), baseada nas geometrias vernaculares; e, por fim, Tantra, referência a um conjunto de trabalhos que exploram com originalidade o universo da filosofia tântrica e os ensinamentos de matrizes de pensamento não ocidental.

A exposição conta com texto crítico assinado por Clarissa Diniz, curadora, pesquisadora e importante divulgadora do trabalho de Montez nos últimos anos. O texto integrará a brochura da mostra, em que será reeditado pela primeira vez o ensaio publicado por Montez Magno em 1978 sob o título de A forma popular construtivista e cujo pensamento é materializado na série Barracas do Nordeste.

Até 21 de setembro.

Exposição individual de Rafael Baron

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para – dia 04 de setembro – a abertura da exposição “Meu lugar”, de Rafael Baron (1986, Nova Iguaçu). Pintor presente em várias coletivas, no exterior e no Brasil, como “Crônicas Cariocas” e “Funk”, no Museu de Arte do Rio (MAR), Rafael Baron faz agora uma grande individual que ocupará os dois andares expositivos da Anita Schwartz Galeria de Arte, com 21 trabalhos, recentes e inéditos, vários deles em grande formato. Com curadoria de Jean Carlos Azuos, curador assistente do MAR, a exposição apresenta a nova pesquisa do artista, que traz a paisagem para seu trabalho, tanto a rural como a íntima, com cenas de família. “Este lugar que o Baron nos aponta é dele e ao mesmo tempo um lugar de todos. Ele nos faz entender que está falando de pertencimento, dos vínculos, da dimensão forte deste chão, que é o lugar, mas também é a família”, observa o curador.

A exposição, a primeira do artista na Anita Schwartz, apresenta sua nova pesquisa, com a inserção da paisagem em seu trabalho. “Tem a paisagem íntima, do lar, e do entorno, em uma afirmação de pertencimento e de fruição da vida”, diz Rafael Baron. As pinturas, em óleo ou acrílica sobre tela – e muitas vezes os dois materiais – são de formatos variados: desde os grandes, com 3,5 metros de largura, aos médios, em torno de 1 metro, e ainda estão quatro guaches, com 40 cm x 30 centímetros. A pintura “Casa com piscina” (2024) traz aplicados nela dois pares de sandálias havaianas.

O artista vem de um período de exposições nos EUA nos últimos três anos – as individuais “Pose”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, e “Rafael Baron: Portraits”, na mesma galeria, em Los Angeles, ambas em 2022; e no ano anterior “Wishyouwerehere”, no espaço The Cabin, em Los Angeles; e as coletivas “Rollwith It”, na galeria Scott Miller Projects, em Birmingham, no Alabama, e “Fragmented Bodies III”, na galeria Albertz Benda, em Nova York, também em 2021 – e, com trabalhos comissionados, nas coletivas “Crônicas Cariocas” e “Funk”, no Museu de Arte do Rio (MAR).

Em “Meu lugar”, Rafael Baron mergulha no universo de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, onde nasceu e trabalha, em que explora cenários nas paisagens rurais – “ora sozinhas, ora com personagens” – como nas pinturas “Primavera” (2023), “Casa de Campo” (2023), “Marapicu” (2024), “Tinguá” (2024), “Serra do Vulcão” (2024), “Casa de Vó” (2024), “Café, fumo e jornal” (2024) e “Pai e filho no parque” (2024).

“A função estruturante da família, o amor, o afeto, momentos de relaxamento no próprio lar” são cenários íntimos que Rafael Baron mostra na exposição. “É um convite para este lugar idílico”, afirma. “A vida não é só confronto, conflito”. As cenas de lar, de paz e alegria estão presentes nos trabalhos “Reunião de Família” (2024), “Dia das mães” (2024), “Fim de tarde” (2023), “Maurício” (2024), “Casa com piscina” (2024), “Primeiro ano” (2024), “Amor e afeto” (2024), “Lar” (2024), “André, Henrique e Leopoldo” (2024), “Mãe” (2024), “Recanto” (2024) e “Cosme e Lourdes” (2024). Jean Carlos Azuos destaca que “lar, afeto, amor, localidade são palavras muito fundamentais para Baron”.

Até 26 de outubro.

A arte da escultura cerâmica

A Gomide&Co, Jardins, São Paulo, SP, apresenta até 01 de novembro, a primeira mostra individual de Megumi Yuasa (São Paulo, 1938) na galeria. A exposição tem projeto concebido pela parceria entre o artista Alexandre da Cunha, a arquiteta Jaqueline Lessa (entre terras) e a pesquisadora Rachel Hoshino, que também assina o texto crítico. Sem expor individualmente desde 1998, o artista realiza na Gomide&Co uma exibição que combina obras realizadas desde o fim da década de 1970 até algumas inéditas realizadas em 2024.

Megumi Yuasa constrói ao longo de sua produção artística uma linguagem própria, dando forma a esculturas que combinam elementos variados, como argila, metais, limalhas e óxidos. Um mestre em seu meio, o artista enfatiza a comunhão dos ceramistas com a terra, defendendo que tudo o que está ao redor de uma obra faz parte dela e vai acompanhá-la ao infinito. É justamente essa relação dialógica, sempre imbuída pelo discurso filosófico e político do artista, que estrutura boa parte de seus trabalhos.

Suas paisagens imaginadas, entre árvores, nuvens, sementes e os chamados espássaros, irão agora compor o espaço expositivo da galeria, ganhando formas familiares e ao mesmo tempo improváveis, constituídas a partir de uma expografia singular que apresenta suas obras sem hierarquias. Tendo realizado suas primeiras exposições ainda no fim da década de 1960, o artista chega para a ocasião somando mais de meio século de trajetória como um nome fundamental da escultura no Brasil. Diante de seu repertório visual, é possível também perceber a amplitude de sua poética, que atravessa linguagens e constitui seu discurso interdisciplinar.

Exposição de Ashley Joy

23/ago

A artista americana Ashley Joy inaugura sua primeira exposição individual no Brasil, na galeria Pop-up, Itanhangá, Rio de Janeiro, RJ. “Chapters”, sob a curadoria de Shannon Botelho e visitação até 21 de setembro. A mostra é composta por 23 pinturas nas quais destaca-se os tons quentes, fluidez e intensidade, que refletem a abordagem abstrata da artista. Ashley Joy explora temporalidade, memória e subjetividade, utilizando a abstração para expressar suas ideias em um mundo em constante transformação, criando estruturas visuais assertivas através de uma criteriosa seleção de cores e formas. Seja em grandes ou pequenos formatos, os trabalhos alcançam uma resolução plástica devido a uma criteriosa seleção de cores e formas que, uma vez estabelecidas, compõem uma estrutura visual funcional e assertiva. “Em todos os trabalhos da artista, os elementos não aparecem gratuitamente, ao contrário, funcionam como artifícios de estabilização da própria pintura e conexão com o cotidiano do ateliê e da cidade”, afirma Shannon Botelho.

Desde que se mudou para o Rio de Janeiro em 2011, suas abstrações adquiriram novos elementos figurativos, influenciada pela presença constante das montanhas na paisagem da cidade. “Nelas a paisagem simula presença, sem imprimir, de fato, o seu registro. Como miragens, as pinturas figuram imagens somente em nossas suposições e expectativas, pois, se olharmos atentamente veremos que diante de nós estão as mesmas formas e cores habituais de sua abstração”.

As referências artísticas de Ashley incluem Tamara de Lempicka, cuja estética art déco e o uso de cores monocromáticas exerceram um impacto profundo em seu desenvolvimento durante a adolescência. Além disso, seu trabalho é profundamente influenciado por sua vida familiar. Desde cedo, ela compartilha com seus filhos o prazer da prática no ateliê, um hábito que herdou de sua própria mãe. “Acredito no potencial de uma criação matriarcal, onde a força e a presença feminina são fundamentais”, diz a artista. Foi logo após o nascimento de sua primeira filha que sua pintura autoral realmente emergiu, resultando em uma explosão criativa que a levou a produzir mais de cem quadros em grandes formatos. Mais recentemente, o universo da arte urbana tornou-se um elemento significativo na pesquisa de Ashley. Estêncil, desenhos, colagem, baixos-relevos, e a técnica de aquarela em acrílica são utilizados para criar camadas vibrantes, delicadas e fluídas.  “Como capítulos, essas camadas de imagens presentes nas ruas das cidades e que contam histórias, compõem temporalidades e estruturam uma narrativa da própria vida”, reforça o curador.

“Chapters” nos convida a refletir sobre o tempo, as memórias e a vida. “A pintura de Ashley, neste sentido, imita o ritmo intenso da vida cotidiana, semelhante a capítulos com as suas sequenciais surpresas, sem perder, contudo, a beleza das cores, das misturas e as esperanças”, conclui Shannon Botelho.

Sobre a artista

Ashley Joy nasceu em 1983, Austin, Texas – EUA. Vive e trabalha entre Brasil e EUA. Artista visual com formação em Belas Artes pela Universidade do Texas – EUA. A relação de Ashley com a pintura é profunda e familiar, acompanhando as diversas fases de sua vida. Após o nascimento da sua primeira filha, sua produção artística cresceu em escala e volume. Influenciada pela Street Art, Ashley Joy experimenta variados processos para construir camadas que revelam diferentes temporalidades em uma única obra. Utilizando técnicas como estêncil, desenho, colagem e alto-relevo, ela desenvolve um estilo único, criando camadas fluidas e delicadas em acrílico.

Diálogo entre artes

Art Lab Foto & Circuito Contemporâneo explora a fotografia e a arte do handmade em exposição coletiva. Curadoria de Juliana Mônaco une fotografia, joias e objetos de arte em diálogo com a história da arte e as transformações culturais.

A Art Lab Gallery, Vila Madalena, São Paulo, SP,  apresenta a exposição coletiva “Foto & Circuito Contemporâneo”, com a participação de 55 artistas, em uma homenagem ao Dia Mundial da Fotografia. A mostra reúne uma diversidade de expressões artísticas, destacando a fotografia como protagonista. A exposição celebra o poder da fotografia em capturar e refletir as transformações culturais, tecnológicas e sociais da contemporaneidade. Juliana Mônaco, em sua curadoria, selecionou uma variedade de obras que transita entre o tradicional e o inovador, desde registros documentais até experimentações abstratas, evidenciando a evolução da prática fotográfica ao longo do tempo, estabelecendo um paralelo com a história da arte e suas respostas às mudanças da sociedade.

O espaço dedicado à fotografia na mostra se torna um ambiente de diálogo intergeracional, onde novos talentos encontram-se com mestres consagrados, criando um circuito de troca e aprendizado contínuo. Essa pluralidade de olhares e técnicas oferece uma perspectiva abrangente do cenário fotográfico atual, refletindo as diversas maneiras como a fotografia continua a moldar e ser moldada pelo contexto cultural. Além da fotografia, a exposição também abre espaço para outras linguagens artísticas. Joias e obras de arte de suportes diversos como pintura, aquarela, criteriosamente selecionados, complementam a mostra. Esta integração reforça a proposta de Juliana Mônaco de expandir a compreensão da arte contemporânea, conectando diferentes práticas artísticas e oferecendo ao público uma experiência multifacetada.

“Foto & Circuito Contemporâneo” convida o espectador a explorar as interseções entre fotografia, design e arte, revelando as múltiplas possibilidades que emergem da interação entre essas disciplinas. A exposição reafirma o compromisso da Art Lab Gallery com a promoção de um circuito criativo dinâmico e inclusivo, que valoriza tanto o novo quanto o estabelecido, em um contínuo diálogo com a história da arte.

Foto & Circuito Contemporâneo

Curadoria: Juliana Mônaco

Artistas: Adriana Kling, Adriana Piraíno Sansiviero, Amanda Rigobeli, Arsenio Gallinaro Filho, Barrieu, Bernarda Ergueta, Bruno Góes, Carlos Sulian, Carol Lavoisier, Crys Rios, Dani Braido, DMs Tring Art, Emanuel Nunes, Evandro Oliveira, Felipe Manhães, Flavio Ardito, Gabi Castejon, GERMANO, Graça Tirelli, Gray Portela, GUS, Heitor Ponchio, Jorge Herrera, Juliana Rimenkis, Junior Aydar, Leo Fonteviva, Lena Emediato, Lidiane Macedo, Luciano Alarkon, Luh Abrão, Luiza Whitaker, Margareth Stewart, Maria Bertolini, Maria Eduarda Comas, Marina Nasser, Mari Kirk, Maurizio Catalucci, Pakatatu, Paola Lazzareschi, Patricia Falàbella, Rapha Mais, Rebeca Bedani, Ricardo Massolini, Ricárddo P. Pínto, Roger Mujica, Suzy Fukushima, Tomaz Favilla

Designers: Boreale, Liló, Marcelo Lopes, Sadhana Joias, Stella Abreu, Vivian Victor.

Abertura: 24 de agosto, sábado, das 16h às 18h

De 27 de agosto a 7 de setembro.

Novo espaço de exibições

22/ago

O Bradesco inaugura em São Paulo o centro de criatividade e expressão artística Casa Bradesco na região da Avenida Paulista. O espaço – composto por quatro salas – foi projetado para atender a diversidade das experiências culturais. O incentivo a cultura acontece em parceria com o espaço cultural Cidade Matarazzo. A Casa Brasdesco passará a estar disponível para visitação em 15 de setembro.

Na sala Aqui, haverá a exposição do artista plástico Anish Kapoor. No ambiente Ali, a criatividade infantil será o foco, com espaço para interação para as crianças explorarem suas habilidades artísticas. Além disso, no espaço Acima, foi criado um laboratório focado no desenvolvimento de jovens que tem na programação workshops e palestras.

Por fim, a sala Abaixo oferece programações diversificadas com propostas imersivas para cada expressão artística. O projeto conceitual da Casa Bradesco foi idealizado pelo arquiteto Rudy Ricciotti, conhecido por projetar obras experimentais como o exterior da Philharmonie Nikolaisaal, na Alemanha. Na Cidade Matarazzo, Ricciotti desenhou a fachada da Aya Hub.

A inauguração da Casa Bradesco se acrescenta à lista de projetos de naming rights do banco, que, há 15 anos, já conta com o Teatro Bradesco. Atualmente, a Cidade Matarazzo abriga o hotel Rosewood São Paulo, a Torre Mata Atlântica, o edifício corporativo que abriga a AYA Earth Partners. Além disso, também estão presentes no espaço a Capela Santa Luzia e os restaurantes Le Jardin, Blaise e Taraz.

A produção artística de Chivitz

A Expressão Cultural na Obra de Chivitz: Arte e Vida em Diálogo na Galeria Alma da Rua II. “Vida é Arte” apresenta novas criações do artista, incluindo sua primeira escultura colecionável e uma inovadora instalação de graffiti-vídeo.

A Galeria Alma da Rua II, localizada no icônico Beco do Batman, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Vida é Arte”, do artista Chivitz, com curadoria de Tito Bertolucci e Lara Pap. A mostra, a ser inaugurada no dia 24 de agosto, permanecendo em cartaz até o dia 17 de setembro, propõe uma reflexão sobre a profunda conexão entre arte, cultura e desenvolvimento pessoal, destacando o impacto dessas dimensões na trajetória de vida e na produção artística de Chivitz.

A mostra “Vida é Arte”, com por 11 trabalhos, destaca a inovação e o experimentalismo característicos da obra do artista, apresentando pela primeira vez uma escultura colecionável em resina, intitulada “Fella”, disponível em série numerada. Além disso, inclui também a obra “Visual Dealer”, uma instalação que combina graffiti e vídeo, evidenciando sua capacidade de transitar entre diferentes suportes e de incorporar novas tecnologias em suas criações. “Vida é Arte” marca um momento significativo na carreira de Chivitz, sendo esta a primeira vez que ele transporta o espírito de seu graffiti para o contexto de uma galeria de arte. As pinturas da exposição são compostas por signos visuais e cores vibrantes que dialogam com as culturas que influenciaram o artista, convidando o público a refletir sobre o impacto em sua própria vida. Chivitz, através de sua obra, busca estimular a valorização das culturas que enriquecem a experiência humana e promover o autoconhecimento do espectador. A exposição “Vida é Arte” reflete o compromisso da Galeria Alma da Rua II em promover o diálogo entre a arte e a cultura urbana, evidenciando a relevância dessas expressões na construção de identidades e na promoção do pensamento crítico.

Sobre o artista

Chivitz, nascido em 1976, em São Paulo, SP, é um artista que emergiu no final dos anos 1990, fundando um movimento que uniu os universos do graffiti e da tatuagem. Chivitz é um artista autodidata cuja trajetória criativa teve início em 1997, com a prática do graffiti e da tatuagem. Ao longo de sua trajetória, experimentou diversas técnicas e linguagens artísticas, incluindo desenho, pintura, caligrafia, escultura, vídeo arte, arte digital e modelagem 3D. Essa multiplicidade de formas de expressão reflete o diálogo contínuo entre as influências culturais que permeiam seu trabalho e o processo de autodescoberta que marca sua produção. Esse movimento contribuiu para o fortalecimento da cultura urbana na cidade, integrando elementos como skate, hip hop e street dance. Chivitz foi um dos fundadores do Museu Aberto de Arte Urbana, uma instituição experimental situada na Zona Norte de São Paulo, criada em 2011. Seu trabalho alcançou reconhecimento ao participar de exposições importantes, como “Puras Misturas” no Pavilhão das Culturas Brasileiras (2012), o “Salisbury International Arts Festival” na Inglaterra (2012) e a “IV Bienal de Graffiti Fine Art” no Memorial da América Latina (2018). Chivitz também colaborou com marcas como Disney, Marvel e Warner Bros., e integrou sua arte em produções audiovisuais, como shows de Pavilhão 9 e Charlie Brown Jr., filmes, e programas de TV. Em 2021, representou a cultura urbana paulista na Exposição Universal em Dubai.

Acontece em Brasília

21/ago

A Cerrado Galeria, localizada na QI 5 do Lago Sul, sediou o lançamento de um novo projeto dedicado ao fomento da cultura e da educação em artes visuais: a Cerrado Cultural. O evento foi marcado pela inauguração de duas exposições: “Mito, rito e ritmo interior: Rubem Valentim fazer como salvação”, com curadoria de Lilia Schwarcz, e “O centro é o oeste insurgente”, com curadoria de Divino Sobral e Lilia Schwarcz.

Rubem Valentim é considerado um dos mestres do construtivismo brasileiro e conhecido pelas composições geométricas com emblemas afro-brasileiros, o pintor, escultor e gravador baiano Rubem Valentim terá o legado exposto no espaço Cerrado Cultural, projeto de expansão da Cerrado Galeria. A mostra segue em cartaz até 1º de novembro.

Batizada de “Mito, rito e ritmo interior: Rubem Valentim fazer como salvação”, a exposição vai explorar as diferentes fases da carreira de Rubem Valentim, além de expor fotos e fontes originais. A mostra tem curadoria de Lilia Schwarcz, uma das principais pesquisadoras de história e de arte do país, além de estudiosa do artista desde 2018, quando participou da mostra “Rubem Valentim: Construções afro-atlânticas” no Masp, SP.

As obras ficarão divididas em salas a partir de uma ordem cronológica. A mostra inicia-se com as produções em que Rubem Valentim está testando a geometria com os elementos das religiões de matrizes africanas. Na sequência vem os trabalhos tridimensionais, com esculturas e obras mais rígidas e concretas, mas também sob a influência religiosa. O terceiro momento mostra a explosão de cores e paletas. A exposição continua com uma sala que apresenta o ateliê de Rubem Valentim, cedido pelo Instituto Rubem Valentim, e segue para o quinto e último ambiente, uma sala projetora inspirada num projeto expográfico do baiano. Cada um dos espaços é norteado por conteúdos e documentos que dão um panorama histórico. O objetivo é trazer os impasses contextuais do artista trazendo para o público as questões presentes nas obras.

A mostra é uma homenagem ao artista que escolheu a capital federal para morar durante um período de sua vida, fato que influenciou diretamente na inclusão do tridimensionalismo em sua obra. “Essa exposição, sediada em Brasília, pretende explorar o local da cidade como momento de inflexão e de agigantamento do trabalho mágico e emblemático de Valentim. Jovem como o artista, a nova capital federal se erguia de maneira monumental, a partir dos traçados retos e concretos, e o desafio acabou por fisgar o artista que nunca deixou de fato a cidade e seu convívio”, explica Lilia Schwarcz no texto curatorial da exposição.

Cerrado Cultural

Novo projeto da Cerrado Galeria, o espaço Cerrado Cultural nasce para ampliar a vocação da marca de dar visibilidade aos artistas e à produção do Centro-Oeste, por meio de um local para exposições, residências artísticas e formações educativas. Está localizado em uma chácara no Lago Sul em um espaço amplo – com mais de 1,6 mil metros quadrados. Duas exposições inauguram o espaço. Uma delas é a individual dedicada ao artista Rubem Valentim, a outra é uma coletiva com 15 artistas do Distrito Federal, Goiás e do Mato Grosso, intitulada “O centro é o oeste insurgente”, com curadoria de Divino Sobral e Lilia Schwarcz.

Bate-papo com Rose Afefé n’A Gentil Carioca

20/ago

Será no dia 24 de agosto, o encerramento da exposição “A vergonha quase me tirou a memória”. A Gentil Carioca e Rose Afefé convidam para uma conversa que começará às 14h na galeria e terá seu desfecho no Solar dos Abacaxis, onde a artista apresenta a obra-cidade “Terra do Pé Vermelho”.

A conversa começa n’A Gentil Carioca, onde a artista falará sobre a sua exposição “A vergonha quase me tirou a memória”, atualmente em exibição na galeria; o texto crítico é de Luiz Zerbini. As obras presentes na mostra surgem a partir de recortes das muitas recordações que Rose Afefé carrega de sua vida e infância no interior da Bahia. A artista, que em 2018 realizou a obra “Terra Afefé – uma microcidade levantada com terra na região da Chapada Diamantina” – traz desdobramentos da poética desse território em pinturas e instalações inéditas.

O bate-papo segue no Solar dos Abacaxis, onde Rose participa da exposição coletiva “Por uma outra ecologia: o que a matéria sabe sobre nós”, sob a curadoria de Matheus Morani e Thiago de Paula Souza. Nesta mostra, Rose Afefé apresenta o processo de fundação de uma nova cidade, chamada “Terra do Pé Vermelho”. A obra-cidade, concebida de forma fragmentada, tem como principal objetivo a circulação e redistribuição de recursos econômicos. Segundo Matheus Morani, “Rose a funda como um manifesto, estabelecendo um ecossistema financeiro que beneficia diretamente os moradores simbólicos desta Terra, em uma taxa de contrapartida social revertida à materialização de seus sonhos no valor de aquisição de cada uma destas fachadas. Assim como Terra Afefé, a Terra do Pé Vermelho se abre às comunidades para que habitem em seus mais diversos usos e desejos.”

E sábado é o último dia para visitar a exposição “Arqueologia de si”, de Novíssimo Edgar, que tem texto crítico da curadora Tamar Clarke-Brown.

Tramas, rendas e bilros

15/ago

Chama-se “Tramas, rendas e bilros”, a exposição e bate-papo com a artista plástica Beatriz Dagnese no Espaço Cultural HPM. Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, RS, o Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz (HPM) hospedará entre 22 de agosto e 13 de outubro a exposição da artista plástica Beatriz Dagnese com mais de 20 desenhos já conhecidos ou inéditos, ressaltando a marca particular da autora: o uso de nanquim e grafite sobre papel na criação de imagens que transitam entre o figurativo e o abstrato.

Em paralelo à mostra, a artista participará de três encontros da série de bate-papos “Roda de Cultura”, com mediação por protagonistas do setor cultural. Estão programadas três edições do evento, ao longo de três quartas-feiras, sempre às 17h30min: 28 de agosto, 25 de setembro e 9 de outubro. A entrada é franca e aberta ao público em geral, porém com vagas limitadas – mediante inscrição pelo whatsapp (51) 9859-55690.

Sobre a artista

Nascida e criada em uma família de agricultores de ascendência italiana na zona rural de Nova Bassano (Serra Gaúcha), Beatriz Dagnese iniciou sua trajetória nas artes plásticas de modo intuitivo, aos 24 anos, ao ter sua atenção despertada por ilustrações publicadas na imprensa de Porto Alegre, para onde havia migrado na juventude, por conta do trabalho como enfermeira. Ela relembra hoje, aos 70 anos: “Desde a adolescência eu tinha muito claro que não queria para mim a vida agrícola, e sim estudar e trabalhar em outra área. Sempre me interessei por arte e queria fazer algo, mesmo sem saber exatamente o quê e imaginando que não tinha como sobreviver da atividade na época, até deparar com desenhos de Vera Lúcia Didonet nas páginas de um dos jornais deixados pelos médicos em uma sala de hospital onde eu cumpria expediente, em 1978″. A descoberta impactou Beatriz de tal forma que ela imediatamente passou a rabiscar a lápis uma série de esboços sobre folhas de receituários. “Eu achava que desenhava”, brinca. “Não parei mais. Fui experimentando outros materiais, técnicas e imagens que acabaram definindo um estilo, ao mesmo tempo em que continuava no setor da saúde. Já dividindo meu tempo entre Porto Alegre e Canela, montei um ateliê em minha casa no interior.”O encorajamento constante pelos amigos a levou a socializar pela primeira vez a sua obra, inscrevendo-se na edição 2008 do Salão do Jovem Artista, promovido pela RBS e Secretaria Estadual da Cultura. Resultado: o primeiro lugar na região da Serra Gaúcha. Dali em diante, Beatriz teria o seu trabalho reconhecido em outros certames, como o Salão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre (Menção Honrosa) e Bienal do Mercosul de 2015. Aposentada da enfermagem e hoje totalmente dedicada ao trabalho com desenho, seu trabalho tem sido compartilhado em mostras individuais e coletivas dentro e fora do Rio Grande do Sul. A artista faz um balanço de seu ingresso e projeção na atividade: “Entrei na hora certa, com cinquenta e poucos anos, sem jamais me sentir incomodada por ter começado na arte em um momento que muitos podem considerar tardio”, avalia. “Para mim, criar é fazer o que os outros não fizeram.”

Sobre o Espaço cultural HPM

Inaugurado como imóvel residencial no final da década de 1920, o palacete do Largo João Amorim de Albuquerque nº 72 abriga há quase 50 anos o Hotel Praça da Matriz. O empreendimento passou por ampla revitalização e, sob o comando da família Patrício desde 2014, hospeda anônimos e famosos (a artista plástica Magliani residiu por três meses em seu retorno à cidade, em 1998), além de abrigar o Espaço Cultural HPM. No foco estão exposições, saraus, lançamentos de livros e outros eventos, em parceria com a empresa Práxis Gestão de Projetos. A origem do imóvel remonta a Luiz Alves de Castro (1884-1965), o “Capitão Lulu”, dono do cabaré-cassino “Clube dos Caçadores”, instalado de 1914 a 1938 na rua Andrade Neves (a poucas quadras dali) e enaltecido por cronistas e escritores como Erico Verissimo. A fortuna amealhada pelo empresário com a atividade ainda bancou, na mesma época, a construção do imponente edifício que hoje sedia o Espaço Cultural Força e Luz (Rua da Praia). Contratado por Lulu, o engenheiro e arquiteto teuto-gaúcho Alfred Haasler projetou quatro andares com subsolo, pátio interno e dois diferenciais naquele tempo: garagem e sistema francês para calefação de água, tudo em estilo eclético, com mármores, azulejos e outros materiais importados. O conjunto está inventariado como de interesse histórico pelo município e contemplado com o programa Monumenta, permitindo a recuperação de fachada, cobertura e estrutura elétrica. O proprietário não teve muito tempo para aproveitar tamanho requinte, pois migrou no início da década de 1930 para o Rio de Janeiro, ampliando atividades (foi sócio do Cassino da Urca e dono de diversos empreendimentos). Com o decreto federal que em 1946 proibiu os jogos-de-azar, Lulu se desfez do seu patrimônio em Porto Alegre. O palacete junto à Praça da Matriz – até então alugado a terceiros – trocou de mãos até ser adquirido em 1949 por um comerciante cuja nora, Ilita Patrício, mantém hoje o estabelecimento hoteleiro.