Luiz Hermano no Recife

29/ago

 

A exposição “Vinte Palavras Girando ao Redor do Sol”, individual de Luiz Hermano sob curadoria de Walter Arcela é o atual cartaz da Amparo 60, praia de Boa Viagem, no Recife, PE.

A palavra do curador

“Luiz Hermano @luizhermanof é um artista da síntese. As obras selecionadas nesta exposição estruturam-se a partir da seriação geométrica, do apinhamento e da reiteração de um mesmo elemento, deslizado da sua função original, mas nunca da sua forma. Os elementos combinados são entrelaçados por simples arames de cobre e, em algumas ocasiões, um mesmo fio é o elo do todo da estrutura. Essa delimitação consciente de materialidades e recursos da feitura nos rendeu o mote curatorial, a partir do qual friccionamos a poesia do pernambucano João Cabral de Melo Neto com a poética de Luiz Hermano, percebendo em ambos a tendência do que o primeiro escreveu no poema: “Falo somente com o que falo: / com as mesmas vinte palavras/ girando ao redor do sol.” (1961)”

Visitação: Até 30 de setembro

Julia Kater na Simões de Assis

15/ago

No dia 15 de agosto a Simões de Assis, inaugura “À altura dos olhos”, a mais recente exposição individual de Julia Kater em Curitiba, PR. O trabalho de Julia Kater parte da linguagem fotográfica, mas foge dos formatos clássicos do suporte, haja visto que utiliza procedimentos como corte e sobreposição, criando diversas interferências e camadas nas imagens. A curadora Daniele Queiroz aponta no texto crítico que as escolhas “de Julia Kater em “À altura dos olhos” nos fazem lembrar constantemente que todo enquadramento é uma decisão narrativa e um modo de perceber o mundo. Cada gesto é não apenas discursivo, como também político”. Na ocasião da abertura haverá também uma visita guiada com a artista. A exposição vai até o dia 30 de setembro e exibe trabalhos mais recentes e inéditos de Julia Kater.

A fotografia possui como característica intrínseca um aguçado senso de armadilha. Ao enquadrar determinado evento com o aparelho óptico e conceber uma imagem, desavisados podem pensar que conseguiram capturar a chamada realidade. Por várias décadas, desde o surgimento da fotografia, esse foi o discurso que conduziu a trajetória dessa linguagem artística, inspirando e reforçando desde tendências ditatoriais a discursos humanistas. Não é o caso da pesquisa e trabalho de Julia Kater: em sua exposição “À altura dos olhos”, a artista visual desvia da arapuca quase irresistível de descrever os fatos e dar contornos fixos aos acontecimentos que são percebidos com sua câmera.

Não é que o fato não esteja ali. Kater registra momentos aparentemente singelos – e até mesmo banais: uma pessoa sentada de costas olhando para o horizonte, uma mesa cheia de copos e xícaras, uma árvore ou uma pedra, além de suas conhecidas paisagens. Mas é no trabalho de edição posterior à tomada da imagem que a artista demonstra profundo respeito e, até mesmo, admiração pelo enigma da linguagem fotográfica. São os recortes e novos enquadramentos que nos informam sobre a condição silenciosa da imagem: suas obras recusam-se a nos contar uma história totalizante, ao mesmo tempo que nos provocam a completar com nossos próprios sentidos o fio de Ariadne que ela apenas sugere.

As camadas e sobreposições propostas por Kater subvertem a fotografia de paisagem, tão cara à historiografia das artes. Partindo de cenas conhecidas como praias, nuvens e mares, é o gesto físico da artista que nos conta que a imagem não dá conta da realidade. O mapa não é o território, jamais será. Fazendo uso da precisão do estilete em imagens de grandes dimensões, ela inverte noções de céu e horizonte, embaralhando com isso a própria crença do que pensávamos ter visto inicialmente. As paisagens, antes calmas e tranquilizantes, tornam-se abstrações e ganham um caráter questionador, subjetivo e até mesmo filosófico. Junto com a artista, supomos e construímos mentalmente a paisagem que já nos habita em sonhos e devaneios, onde nada está fixo em um ponto e tudo pode acontecer a qualquer momento: o sol pode deslocar-se, a areia virar nuvem e as texturas se confundirem a ponto da abstração. É importante notar como os gestos se repetem e se acumulam, aproximando Kater do pensamento musical, com noções de ritmo e atrelado ao princípio da variação, primordiais ao contemporâneo. São os fragmentos embaralhados que nos conduzem a uma percepção outra, sensorial e mesmo espiritualizada, daquela paisagem que, a princípio, nos parecia tão familiar.    

Quando nos aproximamos das fotografias em menor formato, o silêncio faz-se ainda mais presente. Nem as obras – e, tampouco, a sequência determinada pela artista – nos contam uma história linear, fácil ou única. Kater também reenquadra e modifica as imagens feitas previamente. Se, anteriormente, nos deparamos com o procedimento de corte e justaposição, aqui percebemos a gestualidade do zoom ou close, estratégias comuns na fotografia e no cinema, linguagem na qual a artista também se inspira. E é por meio desses novos quadros que somos colocados de frente para uma silhueta, um contorno de pescoço ou um resto de cotovelo. Vestígios de corpos e estados de espírito. O céu parece se transformar até deixar o sol azul – ou seria apenas uma mancha no filme do negativo? Que mundo é habitado por essas imagens? Quando chegamos a cenas aparentemente “reais”, já estamos de tal forma contagiados que passamos a questionar: o que é, de fato, uma pedra? Qual a essência de uma árvore? E percebemos, como no poema de Szymborska, que essas respostas jamais serão fornecidas, menos ainda pela fotografia. Um dos grandes trunfos da artista é habitar esse silêncio e, mais que isso, reforçá-lo, apresentá-lo e, ao final, nos deixar sozinhos no embate com a própria imagem.

As escolhas expositivas de Julia Kater em “À altura dos olhos” nos fazem lembrar constantemente que todo enquadramento é uma decisão narrativa e um modo de perceber o mundo. Cada gesto é não apenas discursivo, como também político. Ao generosamente abrir as imagens para sua característica enigmática, a artista nos alimenta com pergunta: quando olho, o que vejo? Posso acreditar no que vejo? E, talvez, possamos também pensar: como completo aquilo que vejo? -, se é que seria possível completar.

Daniele Queiroz

José Gamarra – Antologia

11/ago

A exposição “José Gamarra – Antologia”, originalmente apresentada no Museu Nacional de Artes Visuais do Uruguai (MNAV), atual cartaz até 22 de outubro na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, cuja oraganização de Enrique Aguerre, Heber Perdigón e Gustavo Possamai, oferece um panorama de quase oito décadas da carreira de um dos mais importantes artistas nascidos na nação vizinha, referência incontornável nas artes plásticas, não apenas no seu país de origem, mas além das suas fronteiras.

José Gamarra foi aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1959 e, graças ao apoio que recebeu do mestre, foi nomeado professor de pintura na FAAP/Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Sua obra desenvolveu-se principalmente na França, onde se estabeleceu definitivamente em 1963, e onde iniciou a produção de suas paisagens da selva amazônica.

Esta mostra, de caráter antológico, abrange seus principais períodos criativos, que se iniciam com os seus desenhos e pinturas precoces, criados na infância e juventude, atravessam a abstração de seus signos até chegarem às suas sempre reveladoras e surpreendentes selvas. As pinturas de Gamarra possuem raízes profundas na história da América Latina e, segundo o próprio artista, podem ser interpretadas como uma espécie de crônica. Suas selvas têm sido visitadas por novos conquistadores que, com seus lança-chamas, apagam o arco-íris e substituem o majestoso condor por helicópteros. “Dupla agressão, contra homens e contra a natureza”, afirma o artista. Assim, a política está sempre presente em sua obra, abordando temas como a guerra, a agressão à natureza, a condição dos indígenas, o passado, o presente e o destino da América Latina. Não se pode compreender a história da arte produzida no Uruguai sem a contribuição do mestre José Gamarra – opinião esta, unanimemente aceita.

Siron Franco no Farol Santander

10/ago

Está marcada para o dia 15 de agosto a abertura da mostra “Siron Franco – Armadilha para capturar sonhos”, no Farol Santander, Porto Alegre, RS. Serão 63 pinturas, executadas de 1973 a 2023, selecionadas por Gabriel Perez Barreiro no acervo do colecionador Justo Werlang. Por seu caráter quase retrospectivo, viabiliza a imersão em seu universo visual e pensamento, tão ligados às realidades e desafios do país.

Além das pinturas, a mostra conta com: 7 pequenos vídeos de cerca de 3 minutos, dispostos junto aos núcleos em que se organiza a mostra, nos quais o artista traz elementos relativos a cada conjunto de obras; e, o documentário “Siron – Tempo Sobre Tela” (2019) de André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, quase totalmente a partir do arquivo pessoal do artista, oferecendo transparência sobre sua vida e processo criativo. Diversas obras serão exibidas pela primeira vez nesta exposição. A última mostra de Siron Franco na capital gaúcha ocorreu há 22 anos.

Com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, a mostra é composta por sete núcleos expositivos que agrupam as obras a partir dos temas Cosmos, Segredos, Mitos, Homem, Biomas, Violência e Césio. Cada núcleo apresenta também um breve vídeo com o próprio artista comentando cada um dos temas e seu processo de trabalho. Além das pinturas, a exposição exibe o documentário “Siron. Tempo Sobre Tela” (Brasil, 2019, 91 min), filme dirigido por André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos. Com foco no tempo que brota da interação de um arquivo pessoal inédito com novas filmagens, o documentário ilumina a personalidade inquieta e a mente criadora do artista, encadeando pensamentos e memórias em associações inusitadas e reveladoras.

“Para mim, será uma alegria ver essas obras todas juntas, reunidas em uma mesma mostra. Nesta seleção há um pouco da história recente do Brasil”, afirma Siron.

Muitas das obras que fazem parte da exposição serão mostradas pela primeira vez ao público, como A Grande Rede, pintura realizada em 2023. Elas fazem parte da coleção particular de arte contemporânea de Justo Werlang. Durante a exposição, será lançado o livro das obras de Siron Franco presentes na coleção, incluindo objetos, esculturas e pinturas, além de entrevistas e textos inéditos de Gabriel Pérez-Barreiro, Cauê Alves e Angel Calvo Ulloa. Com cerca de 250 páginas, a publicação da editora Cosac&Naify tem coordenação editorial de Charles Cosac, Fabiana Werneck e Gabriel Pérez-Barreiro.

“Apresentar a exposição Armadilha para Capturar Sonhos é uma homenagem que o Farol Santander Porto Alegre presta ao artista plástico goiano Siron Franco. A mostra encanta por nos fazer navegar pelos vários mundos que o artista transita, tanto na figuração quanto na abstração, mas sempre com o propósito de chamar a atenção para temas importantes para refletirmos”, afirma Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional Santander Brasil.

A linguagem visual de Siron oscila entre a figuração (em que as imagens são apresentadas com clareza) e as abstrações (em que a pintura não representa objetos do mundo, mas cria uma impressão geral e uma energia). Suas pinturas são frequentemente constituídas de muitas camadas que se sobrepõem, escondidas pela camada mais superficial e visível aos olhos do espectador. Pérez-Barreiro explica: “Desde a década de 1970, o trabalho de Siron tem abordado de forma sistemática quase todas as questões que são dominantes na arte brasileira e internacional dos dias de hoje: catástrofe ambiental, discriminação, violência, injustiça, corrupção, raça, gênero, classe e assim por diante. Mas, ao mesmo tempo, seu trabalho teimosamente não é sobre essas questões. Siron é um artista que constantemente confunde as expectativas”.

“Porto Alegre é, para mim, uma espécie de lugar onde eu nasci. Minha primeira exposição na cidade aconteceu em 1972, quando ainda era muito jovem. É um lugar onde tenho muitos amigos e colecionadores”, afirma Siron Franco. Dessa forma, a exposição é também uma oportunidade para o público porto-alegrense revisitar a obra de Siron Franco que, há 22 anos, não tinha um conjunto tão representativo de seu trabalho apresentado no Rio Grande do Sul (a sua última individual aconteceu em 2001, no extinto Centro Cultural Aplub, com a série de objetos escultóricos intitulada “Casulos”). Em 1999, o artista ganhou uma retrospectiva no MARGS.

Sobre a coleção e o colecionador

Justo Werlang é colecionador de arte há aproximadamente três décadas. Personalidade importante no meio artístico brasileiro, é um dos responsáveis pela criação da Bienal do Mercosul (da qual foi presidente na 1ª e na 6ª edição), da Fundação Iberê Camargo (na qual integra o Conselho desde 1995), além de ter participado ativamente na Fundação Bienal de São Paulo (2009-2018). Sua coleção está constituída, especialmente, de trabalhos de Iberê Camargo, Francisco Stockinger, Siron Franco, Nelson Felix, Daniel Senise, Karin Lambrecht, Mauro Fuke e Felix Bressan, além de obras dos escultores Vasco Prado e Gustavo Nakle. Na opinião de Gabriel Pérez-Barreiro, “Justo Werlang tomou uma decisão importante ao limitar o número de artistas em sua coleção, optando por profundidade ao invés de variedade. Assim, seu acervo é um conjunto de vários núcleos abrangentes, quase retrospectivos, de alguns artistas, entre eles, Siron Franco”. Sobre a exposição “Siron Franco – Armadilha para Capturar Sonhos”, Pérez-Barreiro ressalta que “a diferença dessa seleção para aquela que poderia ser feita para uma exposição retrospectiva de múltiplas fontes, organizada por um museu, é que cada obra passou por um processo de escolha rigoroso e profundamente pessoal do colecionador. Como resultado, a seleção não pressupõe abrangência nem pretende fazer justiça à carreira do artista, embora, curiosamente, passe por praticamente todos os grandes trabalhos e momentos importantes de sua trajetória”. Siron Franco afirma que é muito difícil um artista sobreviver de seu trabalho sem a contribuição do colecionador. E acrescenta: “Cada colecionador escolhe um Siron diferente a partir das obras que coleciona. Colecionar é uma forma de amor, e muitos colecionadores cuidam melhor das obras até mais do que alguns museus. O Justo me coleciona há praticamente 50 anos. Nesta exposição, ele empresta as obras para que elas sejam divididas com o público, o que é algo muito generoso”. Sobre a dimensão que esta coleção toma ao ser apresentada ao público, Justo Werlang declara: “mostrar a seleção realizada pela curadoria, da coleção de trabalhos de Siron, me parece ter potencial para trazer à luz elementos relevantes do pensamento e da obra desse importante artista brasileiro. Essa mostra tende a evidenciar a pesquisa permanente do artista, as invenções artísticas que gerou ao impor-se mudanças periódicas e, por que não, seu precoce e permanente posicionamento frente a questões que só recentemente parecem estar na agenda de governos, instituições, formadores de opinião, e pessoas comuns como eu”.

Sobre o artista

“Não consigo ficar sem pintar, sem criar, porque para mim não importa como a criação vem. Às vezes, eu me impulso só com uma frase. Não importa a forma que a pintura cobre, porque ela é meu grande rio, e os restantes das linguagens são afluentes.” (Siron Franco em entrevista para Angel Calvo Ulloa, curador espanhol. Pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador e diretor de arte (nascido Gessiron Alves Franco, em Goiás Velho, Goiás, em 1947), Siron Franco tem uma produção artística de predominância pictórica, em que mescla ora num vocabulário surrealista, ora com abstrações ainda passíveis de identificação alegórica, comentários críticos sobre problemas sociais e personagens da cultura pop e do cerrado goiano. Em 1959, aos 12 anos, passa a frequentar como ouvinte as aulas do curso livre de artes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), onde permanece até 1964. Simultaneamente aos seus estudos informais, Siron executa diversos retratos e paisagens do cerrado para a elite de Goiânia, a fim de arcar com os custos do curso e auxiliar a vida doméstica, e investe numa figuração gráfica grotesca e criticamente caricatural. Em 1968 é contemplado com o Prêmio de Desenho da Bienal da Bahia, mudando-se no ano seguinte para São Paulo, onde reside até 1971. Em 1974 recebe o prêmio de melhor pintor nacional na 12ª Bienal Nacional de São Paulo, participa também da 13ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1975, com 13 telas da série “Fábulas do Horror”. A série mais conhecida do artista, e que desencadeia uma mudança paradigmática em sua produção, é o conjunto de obras ligadas ao acidente radioativo do Césio 137, em Goiânia, em setembro de 1987. Como resultado de seu estado de indignação pela demora no atendimento aos contaminados e na contenção dos danos causados pela radiação, o artista produz telas, desenhos e esculturas em que há uma economia de elementos de fundo e um destaque às pontuais imagens que funcionam como alegorias a tragédia radioativa, principalmente, o uso do amarelo fosforescente em menção à letalidade da substância e da terra retirada diretamente do entorno da cidade de Goiânia. Após esse evento trágico, sua produção toma um rumo de militância política. O artista passa a elaborar monumentos e ações poético-críticas, transitando desde os tópicos das violações aos direitos civis até os problemas ecológicos e o genocídio histórico das comunidades indígenas. Ainda que com predomínio da pintura em sua obra, a produção de Siron Franco tem uma variedade técnica e material bastante rica, coerente com seus temas, que seguem das crônicas do cotidiano à crítica às fissuras sociais, com enfoque considerável na contingência do entorno de Goiás, com sua população laboral e indígena.

Sobre o curador

Gabriel Pérez-Barreiro é curador e historiador de arte, doutor em História e Teoria da Arte pela Universidade de Essex/Reino Unido e mestre em Estudos Latino-Americanos e História da Arte pela Universidade de Aberdeen/Reino Unido. De 2008 a 2018 foi diretor e curador chefe da Coleção Patrícia Phelps Cisneros, Nova York/EUA, onde atualmente trabalha como conselheiro técnico e estratégico. De 2002 a 2008 foi curador de Arte Latino-Americana no Blanton Museum of Art, Universidade do Texas, em Austin/EUA. De 2000 a 2002 foi diretor de Artes Visuais no The Americas Society, Nova York/EUA. Foi também coordenador de projetos e exposições da Casa de América (Madri/Espanha), curador e fundador da Coleção Essex de Arte Latino-Americana da Universidade de Colchester/Reino Unido. Em 2007, sua exposição Geometry of Hope foi reconhecida como a melhor exposição nacional pela seção norte-americana da Associação Internacional dos Críticos de Arte (AICA). Tem publicado livros e artigos sobre a história da arte iberoamericana e profere conferências e palestras em diversas universidades. É membro do coletivo ESTAR(SER) – the Esthetic Society for Transcendental & Applied Realization. No Brasil, Pérez-Barreiro atuou como curador-chefe da 6ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre (2007), curador-chefe da 33ª edição da Bienal Internacional de São Paulo (2017/2018) e curador da representação brasileira na 58ª Bienal de Veneza (Itália, 2019). Foi também conselheiro da Fundação Iberê Camargo.

FestFoto 2023

24/jul

 

No dia 05 de agosto, sábado, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, recebe – até 20 de agosto – mais uma edição do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre – FestFoto 2023. Neste ano, o conselho curatorial optou por trabalhar com uma proposta sem provocação temática como ponto de partida para desenvolver um tema. Essa curadoria sem filtro possibilitou radicalizar a escuta das práticas artísticas recentes e resultou em uma mostra que reúne do documental ao uso de inteligência artificial em trabalhos marcados pela performatividade e ficcionalização da narrativa fotográfica. No dia da abertura, a entrada é gratuita.    

São mais de 200 trabalhos em exposição, entre fotografias e vídeos, divididos em três núcleos. Artistas convidados apresenta mostras individuais de José Diniz, Flávio Edreira e Luciana Brito, cujas trajetórias vêm sendo acompanhadas ao longo de várias edições do FestFoto.

José Diniz ocupará duas salas com a exposição “Pau Brasil”. A mostra reúne 53 obras sobre a pesquisa que o artista vem realizando sobre biomas brasileiros há mais de uma década. Entre fotografias, vídeos, monotipias, colagens e livros artesanais, resgata a história da árvore fundadora do Brasil – curiosamente pouco conhecida por ter sido extirpada da Mata Atlântica entre os séculos 16 e 19. Metaforicamente, seu trabalho reflete sobre aspectos do poder e da opressão ao discutir as sofridas imposições sociais e culturais do período colonial e pós-colonial. Ao mesmo tempo, traz à tona o descaso com as questões ambientais dos dias atuais. O resultado obtido revela o olhar crítico do artista, que revive poeticamente as travessias transatlânticas para promover um entendimento mais profundo de alguns aspectos de nossa sociedade. Seus comentários levam a lugares distintos em temporalidades cruzadas, atualizando temas polêmicos e oficialmente esquecidos. No fluxo e refluxo da imaginação, a tinta virou cor no papel, o papel virou livro, o livro virou poesia espraiada em imagens. A brazilina que tingiu o tecido converteu-se em bandeira, símbolo inequívoco de resistência do autor.

O Fotograma Livre traz os dez finalistas da convocatória internacional realizada pelo FestFoto, e o Ateliê FestFoto apresenta obras desenvolvidas no programa continuado de desenvolvimento de projetos fotográficos.

As artistas Luciana Brito e Reisla Oliveira apresentam uma autoperformance para abordar a condição das mulheres negras no Brasil, enquanto Ana Leal usa a inteligência artificial para a construção de imagens e Angela Plas explora o rio Guaíba.

Outro destaque é a ficcionalização no trabalho com performance de Marc Lathuilliere, FR. Mostrando a França como um museu, a série de Marc Lathuilliere expõe um país cujo povo, receoso do futuro, se define, cada vez mais, em termos de patrimônio e memória. O trabalho explora a construção de identidades individuais e nacionais em uma era de turismo global. O Musée National reúne mil retratos contextuais de francesas e franceses que usam uma máscara idêntica, desenvolvida ao longo de quinze anos. Desfigurando e congelando os sujeitos, a máscara lança uma luz estranha sobre o que os rodeia, revelando os estereótipos sobre os quais constroem as suas vidas: vestuário, mobiliário, arquitetura, paisagem, rituais profissionais ou cotidianos. O projeto foi apresentado também em centros de arte contemporânea da Alemanha e Áustria.

Onde você estava no dia 27 de janeiro de 2013?

Passados dez anos do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, RS, ninguém foi condenado criminalmente pela tragédia que matou 242 pessoas e feriu mais de 600. Dos 28 indiciados por envolvimento direto e indireto – entre donos da boate, integrantes da banda, funcionários da prefeitura e até bombeiros -, apenas quatro foram levados a julgamento. Em agosto do ano passado, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho anularam o júri que havia condenado, meses antes, os réus: os sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o auxiliar de palco Luciano Bonilha Leão. Enquanto esperam por justiça, a busca pela memória da tragédia da boate Kiss é uma das mais fortes bandeiras de luta de sobreviventes, pais, amigos e familiares de vítimas. Esse é, também, o objetivo do projeto “Fotografar para lembrar”, coordenado por Ricardo Ravanello.

“Meus trabalhos autorais possuem duas linhas temáticas, em uma persigo uma leitura estético-criativa do mundo, das emoções e das subjetividades humanas. Em geral, essas imagens são produzidas com maiores intervenções, produzindo cenas que são estranhas à forma como vemos naturalmente o mundo. Em outra, estão as imagens mais próximas de uma linguagem documental, onde apresento minhas fotografias de caráter crítico-narrativo, resultado e expressão da minha visão política sobre a realidade”, explica.

Neste projeto, ele optou pelo uso colódio úmido, técnica que surgiu nos anos 1850 e exige uma preparação maior para a execução da imagem. A escolha pela técnica teve algumas motivações que, segundo o professor, foram descobertas na medida em que ele pesquisava e estudava sobre processos antigos de fotografia. Uma delas é que fotografar com colódio úmido é um processo lento de execução. Enquanto preparava o equipamento e explicava como seria feito, sobreviventes, pais, familiares e amigos de vítimas e profissionais que trabalharam envolvidos com o incêndio ou com suas consequências contavam suas histórias. Essa lentidão permitiu que as pessoas se revelassem. “Cada fotografia é absolutamente única, como era a vida das pessoas que se foram. Conforme o corte da câmera, às vezes, pega no braço e aí tu não sabes se ali tem uma queimadura da pessoa ou é uma borda do processo. Elas se fundem, se misturam”, explica Ricardo Ravanello. Ele conta, ainda, que, quando as fotografias foram digitalizadas e ampliadas, um outro elemento se tornou visível: “Quando olhamos de perto as imagens ampliadas, o claro e escuro, parecem ser formados por uma fuligem, parece a fuligem que sobra como resto de um incêndio.”

Artistas participantes do 16º FestFoto

Alessandro Celante (Jundiaí, Brasil) – FURYO Utopias Possíveis; Ana Sabiá (Florianópolis, Brasil) – Caligrafias; Andrea Bernardelli (São Paulo, Brasil) – ENTANGLEMENT; Caio Clímaco (Rio de Janeiro) – Ara’puka peró – Armadilha de branco; Creusa Muñoz (Argentina) – La piel de la terra; Daniela Pinheiro (Brasília, Brasil); Flávio Edreira (Goiania, Brasil) – I Forget to remember; José Diniz (Rio de Janeiro, Brasil) – O Pau-Brasil; Luciana Brito (Salvador) – Interrogação; Marc Lathuilliere (França) – Musée national (National Museum); Marisi Bilini (Frederico Westphalen) – A mãe morta; Reisla Oliveira (Belo Horizonte, Brasil) – Embrenhar-se no incolor; Ricardo Ravanello (Santa Maria, Brasil) – Retratos da tragédia; Virna Santolia (Rio de Janeiro, Brasil) – Capilaridade; Alexandre Berner (Petrópolis); Ana Leal (São Paulo); Angela Plas (Porto Alegre); Juliana Freitas (Santana do Livramento); Mari Gemma (Cuiabá, Brasil).

A Fundação Iberê tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo GPS, Grupo IESA, CMPC, Savarauto Perto, Ventos do Sul, DLL Group, Lojas Pompéia e DLL Financial Solutions Partner; apoio da Renner, Dell Technologies, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, e realização do Ministério da Cultura/ Governo Federal

No dia da abertura, a entrada é gratuita, Fundação Iberê Camargo. rio Guaíba, patrocínio do Grupo Gerdau, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo GPS, Grupo IESA, CMPC, Savarauto Perto, Ventos do Sul, DLL Group, Lojas Pompéia e DLL Financial Solutions Partner, apoio da Renner, Dell Technologies, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, e realização do Ministério da Cultura/ Governo Federal, mais uma edição do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, boate Kiss, 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho anularam o júri que havia condenado, os sócios da boate Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos, o auxiliar de palco Luciano Bonilha Leão, Artistas participantes do 16º FestFoto, Alessandro Celante, FURYO Utopias Possíveis, Ana Sabiá, Andrea Bernardelli, Caio Clímaco, Ara’puka peró, Creusa Muñoz, Argentina, La piel de la terra, Daniela Pinheiro, Flávio Edreira, José Diniz, Luciana Brito, Marc Lathuilliere, França, Musée national, National Museum, Marisi Bilini, Reisla Oliveira, Ricardo Ravanello, Virna Santolia, Alexandre Berner, Ana Leal, Angela Plas, Juliana Freitas, Mari Gemma.

A arte de Chico da Silva

18/jul

Sob o título de “Chico da Silva e a Escola do Pirambu” acontece na Pinacoteca do Ceará, a maior mostra já realizada sobre o artista em Fortaleza.

Em parceria com a Pinacoteca de São Paulo, a mostra reúne 148 obras entre pinturas e desenhos, além do filme em super-8 da performance “Homens Trabalhando”, digitalizado e com cores recuperadas pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará.

A exposição destaca a Escola do Pirambu, um ateliê coletivo na casa de Chico da Silva, onde ele apresentava aos jovens da vizinhança sobre o ofício da pintura a partir do universo fabulado de suas criaturas.

A exposição no Ceará tem curadoria de Thierry Freitas e Flávia Muluc. Com obras de acervos como o do Governo do Ceará, do Museu de Arte da UFC (Mauc) e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio), além de coleções particulares de várias partes do país, a mostra é ampliada com trabalhos das décadas de 1970 e 1980 assinados por Chico da Silva e um vaso de flores pintado pelo artista.

Sobre o artista

Nascido no Acre entre 1910 e 1922 (a data é incerta), Chico da Silva vem para o Ceará ainda na infância e constrói sua trajetória artística no Pirambu, bairro da periferia costeira de Fortaleza onde morou até falecer, em 1985. Das pinturas com carvão e cacos de telha nos muros da Praia Formosa, até a composição do ateliê coletivo com jovens da comunidade em que vivia, o imaginário fantástico do pintor que criava seres míticos da fauna e da flora é a marca de sua obra, reconhecida com a menção honrosa na Bienal de Veneza de 1966. Por volta de 1963, ele incorpora novos elementos, figuras, tamanhos e formatos nas obras, que crescem em dimensão e passam a ter a colaboração direta de artistas como Babá (Sebastião Lima da Silva), Chica da Silva (Francisca Silva) – sua filha -, Claudionor (José Claudionor Nogueira), Ivan (Ivan José de Assis) e Garcia (José dos Santos Gomes), único integrante ainda vivo.

Sobre o filme

O filme “Homens Trabalhando” é o registro da obra-performance de mesmo nome, produzida pelo Grupo de Estudos “Chico da Silva e a Escola do Pirambu”, formado por Gilberto Brito, Hélio Rôla e David Silberstein. O trabalho – selecionado para o Salão de Abril de 1977 – foi registrado em fotografia e em filme super-8 por Marcus Vale e João Vale. A película original passou por higienização, recuperação de cores e digitalização em 2k pelo Museu da Imagem e do Som do Ceará em 2023 para a exposição na Pinacoteca do Ceará. A obra audiovisual foi doada pelo artista Hélio Rôla para o acervo do MIS-CE

Evento cerâmico no Instituto Ling

17/jul

A “Oficina de Cerâmica: Fūrin – Sino de Vento”, com o ateliê Tori No Su será aberta no Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS, sábado, 22 de julho.

Sobre este evento

Nesta oficina, você irá aprender a modelar um sino de vento em cerâmica com os ceramistas Kazue Morita e Denny Chang, do ateliê Tori No Su, de Porto Alegre. O ateliê oferece aulas de torno e oficinas de modelagem manual e tem sua produção de utilitários inspirada na cerâmica do leste asiático. A dupla compartilha mais sobre a história e os significados do fūrin, com referências para estimular a criatividade em cada projeto.

Fūrin, o sino de vento, é um objeto muito conhecido no oriente. Embora sua origem esteja ligada à China, foi no Japão que ganhou popularidade. Em meio ao calor do verão japonês, os sinos de vento anunciam a brisa que ameniza a temperatura e, acredita-se, ainda oferecem proteção aos lares, afastando os maus espíritos e atraindo felicidade e sorte. Durante a oficina vamos trabalhar na construção de todas as partes de um fūrin:

. cúpula

. duas pequenas esculturas

. pintura em uma tira de papel, que fica na extremidade do sino

Para a modelagem dos sinos e seus acessórios, vamos trabalhar a técnica do belisco (pinch), aprendendo a abrir a argila, sentindo sua textura, umidade e espessura à medida que a peça for construída. Também vamos trabalhar o acabamento das peças, aprendendo a tirar o excesso de argila, criar texturas e grafismos a partir de diferentes tipos de ferramentas e materiais. Os alunos não precisam de experiência prévia. Só precisarão respeitar o elemento tempo: após a modelagem, os sinos seguirão para o processo de secagem e queima, sendo entregues aos alunos 45 dias após a atividade.

As vagas são limitadas e os materiais estão inclusos no valor de matrícula. Classificação indicativa: a partir de 14 anos.

Com quem vamos aprender

A cerâmica Tori No Su (鳥の巣), palavra de origem japonesa que significa ninho de pássaro, tem como maior inspiração esse universo imenso, com diferentes elementos e formas de vida, que é a natureza. “Nosso pássaro (tori) é o artesão, a figura que nos inspira na modelagem das peças e nos mostra que, com um galho de cada vez, vamos modelando nossa cerâmica e deixando impressa a marca do fazer manual”. Todas as etapas do processo de produção são feitas por Kazue Morita e Denny Chang, e “…ficamos muito felizes em poder criar objetos manuais que farão parte da vida de outras pessoas”, afirmam os artistas.

Fotografias de Miguel Rio Branco

12/jul

A Paulo Darzé Galeria, no Corredor da Vitória, em Salvador, BA, inaugurou a mostra “Beware of Darkness”, com fotografias de Miguel Rio Branco, um dos mais destacados fotógrafos brasileiros no cenário contemporâneo.

Fotógrafo, diretor de fotografia e pintor, Miguel Rio Branco começou sua carreira profissional em 1964, com uma exposição de pinturas em Berna, Suíça. Entre as principais instituições em que expôs estão o Museu Georges Pompidou, em Paris, e o MASP, em São Paulo. Ele é autor do livro de fotografias “Salvador da Bahia”, editado em 1985.

Sua obra figura entre as principais coleções de arte, dentre as quais as de Gilberto Chateaubriand, no Rio de Janeiro, Stedjelik Museum, em Amsterdam, Museum of Photographic Arts, em San Diego, e a de David Rockefeller, em Nova York.

Entre os prêmios de Fotografia de Miguel Rio Branco estão o Grande Prêmio da Primeira Trienal de Fotografia do MAM de São Paulo (1980) e o Prix Kodak de la Critique Photographique, Paris (1982), Bolsa de Artes da Fundação Vitae, em 1994, e Prêmio Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte – Funarte, em 1995.

As fotografias de Miguel Rio Branco ficarão expostas na Galeria 1, no andar térreo da Paulo Darzé Galeria. A exposição tem entrada gratuita e ficará aberta ao público até o dia 12 de agosto.

Exposição prorrogada

29/jun

A exposição “Haverá consequências” foi prorrogada até 22 de julho devido ao grande fluxo de visitantes e contatos para agendamentos. Uma boa oportunidade e para visitar a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS. Trata-se da primeira mostra com curadoria da professora e pesquisadora Bruna Fetter à frente da Direção Cultural da FVCB, função assumida em abril de 2022.

Realizada integralmente a partir do Acervo da instituição, “Haverá consequências” representa um exercício de encontros e aproximações que se materializam por meio de rastros e vestígios da memória, reverberando no presente e nos desdobramentos futuros. As obras presentes na mostra – seja em termos temáticos, materiais ou mesmo formais – são compreendidas simultaneamente como imagem-índice-percurso, o que possibilita diferentes leituras, relações e caminhos. Fazem parte da seleção apresentada trabalhos em fotografia, vídeo, gravura, pintura, objeto, arte postal, serigrafia e livro de artista.

Nas palavras da curadora, Bruna Fetter: “Ao partir da noção de rastro e vestígio, Haverá consequências busca tecer fios que atravessam nossas compreensões de passado-presente-futuro, causa e consequência. Na mostra encontraremos imagens e objetos que são resíduos de pensamentos e ações ocorridas no passado, mas que pela sua condição de obra de arte tornam-se testemunhos perenes a nos acessar em diferentes contextos e tempos. Reunindo um grupo de obras da coleção da FVCB, a exposição resulta de uma imersão minha neste Acervo, e também de um trabalho muito próximo a todas as equipes da instituição, inaugurando meu trabalho como diretora cultural da Fundação.”

A mostra, reúne mais de 60 obras de 57 artistas do Brasil e do exterior.

Artistas participantes

Begoña Egurbide | Bill Viola | Brígida Baltar | Cao Guimarães | Carla Borba | Carlos Krauz | Christian Cravo | Cinthia Marcelle | Claudia Hamerski | Claudio Goulart | Clovis Dariano | Darío Villalba | Dennis Oppenheim | Dirnei Prates | Elaine Tedesco | Elcio Rossini | Eliane Prolik | Ethiene Nachtigall | Fabiano Rodrigues | Fernanda Gomes | Frantz | Geraldo de Barros | Guilherme Dable | Heloisa Schneiders da Silva | Hudinilson Jr. | Ío (Laura Cattani e Munir Klamt) | Jaume Plensa | Joan Fontcuberta | João Castilho | Lluís Capçada | Luanda | Lucia Koch | Mara Alvares | Marco Antonio Filho | Margarita Andreu | Mariana Silva da Silva | Mario Ramiro | Marlies Ritter | Michael Chapman | Nelson Wiegert | Nick Rands | Patricio Farías | Paulo Nazareth | Perejaume | Regina Vater | Rosângela Rennó | Roselane Pessoa | Sarah Bliss | Sascha Weidner | Sol Casal | Susy Gómez | Telmo Lanes | Tuane Eggers | Vera Chaves Barcellos | Wanda Pimentel | Yuri Firmeza

Visitação

De segunda a sexta-feira e aos sábados, mediante agendamento prévio, até 22/07/23

Contatos: educativo.fvcb@gmail.com | (51) 98229 3031

Local: Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos – Av. Senador Salgado Filho, 8450, parada 54, Viamão/RS (ponto de referência: ao lado do pórtico do Condomínio Buena Vista) – Entrada franca.

Intervenção artística de Marcos da Matta

15/jun

O Instituto Ling, bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS, recebe o artista visual baiano Marcos da Matta para realizar uma intervenção artística em uma das paredes do centro cultural. Até 16 de junho o público poderá acompanhar gratuitamente a criação da nova obra, observando as escolhas, os gestos e os movimentos do artista. Após a finalização, o trabalho ficará exposto para visitação até o dia 19 de agosto, com entrada franca. A atividade faz parte do projeto LING apresenta, que este ano conta com a curadoria de Bitu Cassundé, pesquisador e atual Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato/CE). Após a finalização do trabalho, Marcos da Matta comentará a experiência e o resultado em bate-papo com o público e o curador no sábado, 17 de junho, às 11h, em frente à obra. Faça a sua inscrição sem custo.

Beiradas – a margem como centro

A ideia, ou imagem, do que entendemos sobre o Nordeste brasileiro se configura, em muito, pelo olhar do outro, pelo engessamento clichê, preconceituoso, racista, que alimenta narrativas ultrapassadas e solidifica um imaginário colonizado. Mas são muitos os “Nordestes” que se reinventam e se firmam como possibilidades de reconstrução, afinação e reorganização dessas centralidades. Pensar o centro hoje é, principalmente, subverter a ordem e observá-lo a partir das beiradas. Dentro de um mesmo território ecoam diferentes posições, contraposições e reposicionamentos; o corpo, como um agente importante dessas transformações, reorganiza diferentes paisagens por meio dos deslocamentos, das diásporas internas e do desejo. A dialética entre o Corpo e o Território também é atravessada por questões políticas, sociais e culturais, que, a partir do lugar da subjetivação, reorganizam, fabulam e ficcionalizam outras composições desse mesmo território. As beiras, as margens, as bordas, as extremidades se reconfiguram como importantes centros, que elaboram novas perspectivas sobre o Nordeste brasileiro – outras paisagens, outras maneiras de observar um mesmo ponto, de acessar as memórias, a ancestralidade e os mestres e mestras da cultura popular. Estão também na linguagem e na oralidade importantes mecanismos de ativação desses distintos territórios. A curadoria desta edição evidencia um recorte de artistas que possuem a margem como centro, seja numa perspectiva geográfica ou poética.

Bitu Cassundé/Curador

Sobre o artista

Marcos da Matta (Conceição do Almeida, BA, 1989). Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, é integrante do grupo Práticas Desobedientes, programa de formação para jovens artistas com foco em aprendizagem coletiva e pedagogias libertárias. Suas obras têm influência do cotidiano vivido na cultura do Recôncavo, suas religiões, trabalhos informais e em como essas questões compõem tanto sua identidade como as identidades dos outros sujeitos. Vive e trabalha em Cachoeira, cidade do recôncavo da Bahia.

Sobre o curador

Bitu Cassundé (Várzea Alegre, CE, 1974). É Gerente de Patrimônio e Memória do Centro Cultural do Cariri (Crato, CE), foi curador do Museu de Arte Contemporânea do Ceará de 2013 a 2020 e coordenou o Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema da Artes de 2013 a 2018. Também integrou a equipe curatorial do projeto À Nordeste, no SESC 24 de Maio, em São Paulo (2019), juntamente com Clarissa Diniz e Marcelo Campos; participou da equipe curatorial do Programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural de São Paulo (2008 a 2010); e dirigiu o Museu Murillo La Greca, em Recife (2009 a 2011). Em 2015, participou da 5ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, da equipe curatorial do 19º Festival Videobrasil e do Projeto Arte Pará. Com Clarissa Diniz, formou a coleção contemporânea do Centro Cultural Banco do Nordeste, vinculado ao projeto Metrô de Superfície. Em 2022, foi curador da exposição Antonio Bandeira: Amar se Aprende Amando, na Pinacoteca do Estado do Ceará. Suas últimas pesquisas se dedicam a investigar as relações de trânsito entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil, com ênfase nos ciclos econômicos, nos fluxos migratórios e nas conexões entre vida, desejo e arte. Questões relacionadas à subjetividade, confissão, intimidade e biografia também integram suas pesquisas. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado em Artes na UFPA e vive entre Crato e Belém.

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.