Noções de gênero

07/fev

A exposição “Almofadinhas”, na galeria GTO, Sesc Palladium, Centro, Belo Horizonte, MG, abriga três jovens artistas contemporâneos. Aexibição nasceu do encontro de três artistas homens (Fábio Carvalho, RJ, Rick Rodrigues, ES e Rodrigo Mogiz, MG) de gerações diferentes e localidades e estados de origem também distintos,que se dedicam a trabalhos no território do sensível e do delicado, tendo o bordado – mesmo que não exclusivamente – como um dos meios de suas produções artísticas.

 

A curadoria é de Ricardo Resende, especialmente convidado para se juntar aos “Almofadinhas”. Resende, que foi diretor geral do Centro Cultural São Paulo, atualmente está no Museu do Bispo do Rosário no Rio de Janeiro, além de já ter realizado inúmeras e importantes curadorias e ter passado por outras instituições como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP;Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM-SP; Funarte; e Centro Dragão do Mar, em Fortaleza, CE. Trabalhou também com o “Projeto Leonilson”, que como Bispo do Rosário é outro expoente e importante artista ligado às questões do bordado na arte contemporânea brasileira.

 

Os três artistas se apresentam pela primeira vez juntos depois de muitas conversas à distância, por meio das redes sociais, sobre as afinidades conceituais e imagéticas de suas obras e como poderiam fazer algo coletivamente. A partir daí nasce o termo “Almofadinhas”, por meio da descoberta de um texto que relata a origem da expressão, que comumente ficou conhecida para designar pejorativamente homens ricos, sofisticados e muito bem vestidos. Ocorreu em 1919, no auge da Primeira República, em Petrópolis, RJ,uma reunião de “rapazes elegantes e efeminados” para definir quem era o melhor na arte de bordar e pintar almofadas trazidas da Europa especialmente para a ocasião. Tal episódio criou tanto alvoroço que acabou sendo criado este termo para designar, talvez com um certo grau de “revolta”, o ócio e ousadia desses rapazes.

 

Os “Almofadinhas” deixaram para trás a praxe que determinava que os homens trajassem roupas escuras, ostentassem barbas e bigodes espessos, destacando sua virilidade, competência e um espírito de liderança nato, optando por roupas mais leves e de cores mais claras, personificando um novo homem do pós‐guerra, em harmonia com um crescente sentimento de “viver a vida intensamente” daquele período.

 

É a partir daí que nasce em Fabio Carvalho, Rick Rodrigues e Rodrigo Mogiz o conceito “Almofadinhas” ou como melhor eles definem, a entidade “Almofadinhas”, que parte desta (ainda) surpresa de se ver homens que bordam, mas que se pesquisarmos mais a fundo, descobriremos que muitos homens estão ligados a esta atividade, que acabou sendo associada em nossa cultura ocidental patriarcal, ao trabalho artesanal feminino e doméstico. Dessa forma os três artistas provocam a tradição, trazendo o bordado uma vez mais para o campo da arte contemporânea, ampliando as discussões sobre questões de gênero, afetividade e sexualidade.

 

Os artistas apresentam cerca de 15 conjuntos de obras de diferentes momentos de suas trajetórias, além de trabalhos inéditos feitos especialmente para o projeto, que vão desde almofadas bordadas a trabalhos suspensos e de parede onde o têxtil está sempre presente em diversos formatos, apresentando figuras masculinas, pássaros, flores, armas de fogo, dentre outras iconografias.

 

No período final da exposição estão previstos o lançamento do catálogo da exposição “Almofadinhas”, com um bate papo com os artistas e o curador, no dia 22 de março, às 19hs, além de uma oficina de bordado só com homens, no dia 24 de março, a partir de 15hs.

 

 

De 16 de fevereiro até 26 de março.

Cícero Dias em Brasília

06/fev

O Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília, SCES Trecho 2, Lote 22 – Asa Sul, DF,apresenta a exposição “Cícero Dias – Um Percurso Poético”. A mostra tem curadoria de Denise Mattar e curadoria honorária de Sylvia Dias, filha do artista, e produção da Companhia das Licenças em parceria com a Base7 Projetos Culturais. Trata-se do conjunto da obra de Cícero Dias, contextualizando sua história e evidenciando sua relação com poetas e intelectuais brasileiros e sua participação no circuito de arte europeu. Assim a mostra, além das obras, apresenta cartas, textos e fotos de Manuel Bandeira, Gilberto Freyre, Murilo Mendes, José Lins do Rego, Mário Pedrosa, Pierre Restany, Paul Éluard, Roland Penrose, Pablo Picasso, Alexander Calder, entre outros. Em 1938, o pintor pernambucano Cícero Dias foi definido como um “selvagem esplendidamente civilizado” pelo então crítico de arte francês André Salmon, que parafraseava um poema de Verlaine para Rimbaud. A definição, realizada após a primeira mostra do artista em Paris, serviu perfeitamente para descrever sua trajetória nas artes.

 

 

A mostra

 

A exposição traz um panorama de toda produção do artista, dividida em três grandes núcleos que delineiam seu percurso poético. São eles: Brasil, Europa e Monsieur Dias – Uma vida em Paris – cada um deles, por sua vez, dividido em novos segmentos, cuja leitura não deve ser realizada de modo estanque, mas entrecruzada e simultaneamente.

 

 

Brasil

 

A mostra é aberta pelo subnúcleo “Entre Sonhos e Desejos”, que traz um conjunto de 30 aquarelas produzidas entre 1925 e 1933, todas bastante diversas do que era produzido na época. São trabalhos que emocionam pela peculiaridade, sendo ao mesmo tempo líricos, agressivos, caóticos, sensuais e poéticos.O núcleo é encerrado com a sequência “E o Mundo começava no Recife…”, que traz um conjunto de obras que fizeram um contraponto às lembranças rurais, mostrando as recordações urbanas do jovem Cícero no Recife. As casas coloniais debruçadas para o mar, os sobrados e seus interiores, os jardins com casais românticos, e as alcovas – com amores mais carnais. A mudança da aquarela para o óleo interferiu na dinâmica da produção do artista, tornando-a mais narrativa, mais estática e mais bem construída. Ele produziu obras excepcionais, entre elas Sonoridade da Gamboa do Carmo e Gamboa do Carmo no Recife.

 

 

Europa

 

O núcleo é anunciado pelo segmento “Entre a Guerra e o Amor”, que reúne majoritariamente reproduções de fotos, cartas, documentos, além de desenhos e aquarelas, de pequeno formato, realizadas por Dias durante a II Guerra Mundial, em condições precárias. São testemunhos das suas vivências no conflito, e também de seu amor por Raymonde, que se tornaria sua mulher.Perseguido pela ditadura de Vargas, Dias chegou a Paris em 1937 e logo integrou-se à cidade, cujo ambiente artístico era marcado pela forte presença dos surrealistas e muito mais aberto do que o Brasil à arte instintiva e à negação da razão. Poucos meses após a sua chegada, o artista apresentou uma exposição na Galerie Jeanne Castel, com obras trazidas do Brasil e outras já pintadas em Paris. Sua recepção foi um sucesso de público, de crítica e de vendas.“Cícero Dias, mestre de uma paleta mais nuançada que abundante, ansioso pela fantasia das cores, deseja também, como um poeta, expressar a natureza de sua terra natal. Em todos os elementos, confirma tudo aquilo que o folclore nacional despertou em sua obra. Podemos dizer que é selvagem? Talvez. Mas, então, se o admitirmos, seremos forçados a considerar esse ‘selvagem esplendidamente civilizado’, de que Rimbaud nos fala. Cícero Dias não irá decepcionar os sonhadores que não desejam tirar os pés do chão. Os surrealistas encontrarão alguém para conversar”, afirmou na ocasião o crítico André Salmon.Perseguido em Paris, Dias seguiu para a capital portuguesa, onde sua obra sofreu uma mudança radical. Seu trabalho tornou-se eufórico e selvagem, exorcizando os fantasmas da guerra ainda não terminada. Este momento de sua produção define osegmento “Lisboa – Novos Ares”.“Nesse período Cícero Dias parece saltar sobre nós, ele nos sacode em telas que fariam inveja aos ‘fauves’, pela audácia e pela novidade das buscas cromáticas, dos traços ousados e dos temas irreverentes, irônicos e provocativos. Títulos ambíguos completam as obras: Mamoeiro ou dançarino?, Galo ou Abacaxi? Ele simplifica o desenho, usa pinceladas brutas, cores inusitadas e estridentes, e tonalidades intensas e brilhantes. Tudo grita e desafia!”, destaca a curadora.
Ainda na Europa, Dias deu início à sua despedida da figuração, em um trabalho que ficou conhecido como fase vegetal, retratada na exposição pelo subnúcleo “A Caminho da Abstração”. O artista criou múltiplas imagens superpostas a partir da vegetação, incorporando novos elementos plásticos e borrando fronteiras entre figuração e abstração.Dias passou então a trabalhar com formas curvas e sensíveis, abrindo o caminho para a abstração plena, pintando telas rigorosamente geométricas e tornando-se o primeiro artista brasileiro a trabalhar com essa vertente. Sua produção deste período está reunida no segmento “Geometria Sensível”.Em 1948, Cícero veio para o Brasil para executar uma série de pinturas murais abstratas, consideradas as primeiras da América Latina. O trabalho foi realizado na sede da Secretaria de Finanças do Estado de Pernambuco, em Recife, e mais uma vez, causou intensa polêmica.

 

 

Monsieur Dias – Uma vida em Paris

 

O núcleo Monsieur Dias, como é conhecido Cícero Dias na França, abre com o segmento “Abstração Plena”, conjunto de obras nas quais o artista abandona as curvas e as cores suaves. Longe do Concretismo e da proposta de supressão da subjetividade, o abstracionismo de Dias entretanto, é vibrante, quente e luminoso, mais próximo de Kandinsky. Na Europa, seu trabalho foi acolhido com entusiasmo, ele passou a integrar o Grupo Espace e a expor na importante galeria Denise René.Avesso a escolas e fiel a si próprio, Cícero Dias desenvolveu nos anos 1960, paralelamente à sua pesquisa geométrica, uma série chamada “Entropias”, nas quais deixava a cor escorrer, misturar-se, e esvair-se. A série, que dá nome a mais um dos subnúcleos da mostra, é apresentada por um pequeno grupo de obras na exposição.“Menos do que tachismo, ou abstracionismo informal, a pesquisa parece um despudorado mergulho nas possibilidades do uso da tinta; sem retas, sem linhas marcadas, sem nenhum esquema formal a cumprir – o fascínio da liberdade, do deixar-se ir”, afirma a Denise Mattar. “Não por acaso ele as chamava de entropias, uma medida de desordem das partículas em um sistema físico, o movimento natural que leva todas as coisas de volta à terra: o carro abandonado que vira ferrugem, o gelo que se dissolve na água, os mortos que retornam ao pó”, completa.A exposição é encerrada por um conjunto de sete obras produzidas pelo artista na década de 1960, quando retornou à figuração, trazendo de volta um imaginário lírico. Os trabalhos de “Nostalgia” remetem às lembranças de sua juventude no Recife. As telas “Seresta” e “Nostalgia” compõem este segmento e são algumas das mais importantes desse período.
Cícero Dias – Um percurso poético traz ainda alguns subnúcleos complementares: “Memórias – Cícero e seus amigos” e “Teatro”. Por fim, o segmento voltado para o teatro trará originais de alguns dos figurinos realizados por Dias para importantes espetáculos, tal como o balé Maracatu de Chico Rei, de Francisco Mignone, em 1933; e o balé Jurupari, de Villa-Lobos, em 1934.

 

 

De 08 de fevereiro a 03 de abril.

Debate na Bahia

O tema “Artes Visuais”será debatido na próxima edição de “A sopa de Maria”, na próxima terça-feira, dia 07, às 17hs, na parte externa do Palacete das Artes, Rua da Graça, 289, Graça, Salvador, BA,compondo a programação gratuita do projeto “Tropicália: Régua e Compasso”. Neste encontro haverá um bate-papo sobre as Artes Visuais no período em que a cidade de Salvador vivia a efervescência cultural dos anos 1960, antes da cristalização do movimento musical no eixo Rio-São Paulo. Participarão compartilhando suas vivências e experiências: Renato da Silveira, artista plástico e gráfico, professor da UFBA e doutor em Antropologia pela École dês Hautes Études em Sciences Sociales de Paris; Paulo Dourado, diretor teatral, com trajetória como professor na Escola de Teatro da UFBA e membro da Associação Amigos de Smetak; a galerista Solange Bernabó, Sossó, filha e curadora das obras do artista Carybé; e Carla Zollinger, doutora Arquiteta pela Escola Técnica Superior D’Arquitectura de Barcelona, Universitat Politècnica de Catalunya ETSAB-UPC.

 

 
A sopa

 

Além do bate-papo descontraído, “A Sopa de Maria” oferece para o público uma sopa, que nesta edição será feita pela chefe Andréa Nascimento. Ela foi a fundadora da primeira creperia da cidade de Salvador e vivenciou importantes experiências formativas, com destaque para workshops com o chef Alex Atala e imersão gastronômica pelo Novo México. Ao longo dos anos, acumulou prêmios. Atua há 22 anos na área de food service.
Exposição

 

Além das outras ações do projeto, o público poderá conferir,na Sala Contemporânea Mario Cravo Jr, uma exposição com peças de artistas da música, dança, e artes visuais em evidência nos anos 1960, como Lina Bo Bardi, Walter Smetack, Yanka Rudzka, Carybé, Juarez Paraíso, Lênio Braga, Jenner Augusto, Pierre Verger, além de fotos dos acervos de Lia e Silvio Robatto, recentemente doados ao Centro de Memória da Bahia.

 

O “Tropicália: Régua e Compasso” foi idealizado por Fernanda Tourinho, diretora da FUNCEB e a exposição montada no Palacete das Artes tem curadoria de Murilo Ribeiro, diretor do espaço administrado pelo IPAC.O projeto foi realizado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, FUNCEB, em parceria com o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural, IPAC, – ao qual pertence o Palacete das Artes -, e com a Fundação Pedro Calmon, FPC, entidades vinculadas à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, Secult BA. A ação desta terça-feira, foi desenvolvida pela Coordenação de Artes Visuais/Dirart da Funceb.

 
Programação até março: terças, quartas e quintas-feiras sempre a partir das 17hs.

 

– A Sopa de Maria: Terças-feiras, 7 e 14/02, 14 e 28/03

 

– Uma Ideia na Cabeça:Quarta-feiras, até 30/03

 

– Essa Noite se Improvisa: Quintas-feiras, 9/02, 23 e 28/3

 

– Seminário e Lançamento de revista: dias 29/30/03

Em Salvador

27/jan

O Instituto Cervantes de Salvador, Bahia, apresenta na Galeria Massarda, no Palacete das Artes, no bairro da Graça, a videoinstalação “Doze Pinturas Negras”. Trata-se de um projeto audiovisual do artista ÁngelHaro, que promove uma dramatização de doze das “Pinturas Negras” do renomado pintor espanhol Francisco de Goya.

 

Francisco de Goya representa um marco na história da pintura. Como pintor da Corte Real Espanhola, criou trabalhos excepcionais que influenciaram diretamente o movimento Impressionista. Suas “Pinturas Negras”, no entanto, vão além no que diz respeito à técnica e à temática. Além de marcarem o início do Surrealismo e Expressionismo do século XX, expõem o clima sociopolítico da Espanha de então ao explorar a psiquê e os conflitos internos e externos do país. Em sua obra, Goya revelou fatos que não faziam parte do discurso oficial espanhol, descobrindo, assim, novo uso para sua arte: a pintura como forma de denúncia.

 

As “Pinturas Negras” desafiaram o regime político da época e, ao sobreviverem à Inquisição e se tornarem patrimônio cultural contemporâneo, simbolizaram um grito que não é facilmente silenciado. Nascidos da condição isolada do artista em sua Quinta delSordo, nos arredores de Madri, os conflitos internos de Goya não eram independentes da circunstâncias políticas que o cercavam. Com o fim do Iluminismo e a volta do regime Absolutista, sua loucura é, também, a loucura de seu tempo. Justamente por estar no limite da própria sanidade, Goya pode retratar os horrores do regime de Fernando VII através da representação de seu próprio horror.

 

Cinquenta anos após a partida de Goya para a França, em 1874, o barão Emile d’Erlanger, novo proprietário da Quinta delSordo, comissionou o francês Jean Laurent para fotografar os murais que adornavam várias das salas da propriedade. Essas fotografias, cujos negativos em vidro originais estão atualmente sob os cuidados do IPCE (Instituto do Patrimônio Cultural da Espanha), serviram de guia para transferir os trabalhos para a tela, possibilitando, assim, a restauração posteriormente feita por Salvador Martínez Cubells. Strappo, o processo de separação adotado por Cubells, é uma técnica agressiva que não garante a efetiva transferência de tinta e requer extensivo trabalho nas imagens. Isso significa que as obras que vemos hoje no Museu do Prado não são exatamente aquelas que Goya pintou nas paredes da Quinta delSordo, pelo menos no que diz respeito à sua qualidade plástica.

 

O artista multimídia ÁngelHaro partiu das fotografias de Laurent para reinterpretar as “Pinturas Negras”, criando uma análise do gesto e do impulso físico presente nas obras. Em cada peça audiovisual, o artista alude aos diversos métodos pictóricos empregados por Goya e traduz sua gestualidade em vários registros de movimento, luz, figurino e maquiagem. Todas as cenas foram captadas em alta resolução com câmeras HD 4k utilizando sistema de chromakey. A imagem de fundo criada por Haro é inserida na pós-produção e, por final, as tonalidades são corrigidas digitalmente para equilibrar a gama de cores.

 

O tratamento da iluminação respeita o compromisso de Goya com a subjetividade em cada um de seus trabalhos. Assim, uma iluminação dramática é combinada com efeitos de luz pintados em alguns dos personagens, como em “Saturno devorando um filho”. Além disso, os figurinos são baseados na gestualidade de cada cena. Dos trapos de “BruxasSabá” ou as deformidades de “Saturno devorando um filho” ao realismo de “Leocadia” e a volatilidade de “Visão fantástica”.

 

 

Sobre o artista

 
ÁngelHaro nasceu em Valência, Espanha, em 1958, e passou a infância em Paris até mudar-se com sua família para Murcia, onde estudou engenharia. Atua não só como artista visual, mas também como diretor artístico de teatro, cenógrafo, diretor de cinema e artista gráfico. Sua primeira mostra individual aconteceu em Murcia no ano de 1979. Já realizou exposições nas principais cidades da Espanha, e também em Chicago, Nova York, Paris e países como África do Sul, República Dominicana, Lituânia e Bélgica. Dentre suas principais exposições estão: Estrelladel Norte, na Iglesiadel Salvador del Convento de Verónicas, em Murcia, Espanha, 2015; La Tregua, na Tabacalera, Madri, Espanha, 2014; WaysofanUnruly Man, na Res Gallery, em Johannesburgo, África do Sul, 2012; Suitemelancolie, na Galerie Lina Davidov, Paris, França, 2011; Belfegor, no Museo de Bellas Artes de Murcia, Espanha, 2009; e OnPaper, na HaimChanin Fine Arts, Nova York, EUA.

 

 

Até 05 de março.

Lotus Lobo na Manoel Macedo

09/dez

Encontra-se em cartaz na Manoel Macedo Arte, Carlos Prates, Belo Horizonte, MG, a exposição “Constellação”, individual de Lotus Lobo. Compõem a exposição, trabalhos das décadas de 1960/70, além da produção recente da artista, que também responde pela curadoria. O critico de arte Rodrigo Moura, assina o texto de apresentação.

 

 

O conteúdo da mostra “Constellação”

 

Em exposição exemplares de “Maculaturas” – flandres e cartão – da década de 1970, e o fac-simile (versão impressa em fine art) da obra “Transformação / Mutação / Transformação/ Mutação”, de 1968.  Seguem obras da série recente de litografias “da Estamparia Litográfica” (2016) – impressões em caixas de papelão, papel cartão, papéis de embrulho. Nesta série as impressões foram orientadas pelo processo das Maculaturas dos anos 70, mas agora as sobreposições de formas/imagens de embalagens e rótulos da litografia industrial são direcionadas pela artista, mas sempre com intermédio de situações do acaso. São referências da Memória da litografia industrial sedimentadas em camadas sobre suportes diversos por vezes embalagens de produtos atuais. Junto às obras serão exibidos fragmentos de sua vasta coleção da litografia industrial (matrizes de zinco, impressões em papel, etc.).

 

Outro destaque é a criação de uma bobina com aproximadamente 15 metros de impressões. Confeccionada especialmente para mostra a bobina se compõe por impressões de imagens provenientes de matrizes de zinco com imagens do registro de cores de rótulos da Estamparia Juiz de Fora. Instalada sobre uma mesa a bobina poderá ser manuseada pelo espectador.

 

Após ter dedicado mais de 40 anos à linguagem litográfica, Lotus Lobo trabalha, atualmente, para a criação de um Centro de Memória da Litografia Industrial de Minas Gerais para disponibilizar o acesso a sua coleção particular de matrizes da litografia de rótulos industriais adquiridos em sua trajetória de pesquisa

 

 

Até 07 de janeiro de 2017.

Roberto Alban Galeria exibe esculturas

01/dez

A simplicidade das formas e o intuitivo processo de produção baseado no reaproveitamento da madeira são marcas fortes do trabalho de Josilton Tonm mas também a essência de sua exposição individual próximo cartaz da Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA. A mostra recebeu o título de “A Gangorra Rasteira e o Caracol de Clarysse”, reúne cerca de 30 peças e instiga o público a pensar sobre a beleza e a leveza escondidas atrás de formas e texturas que incorporam o espaço.

 

O conceito é tudo. E são conceitos diversos e sobrepostos, às vezes ambíguos, que se desprendem de cada peça produzida por Josilton Tonm, cujo trabalho foi iniciado em meio ao vigor criativo que marcou a produção dos artistas baianos na década de 1970, e que apresenta características próprias, baseadas na inventividade e no perfeccionismo no trato da madeira e de outros materiais que acabam também incorporados a sua obra escultórica.

 

“Ele é, sobretudo, um criador de conceitos, de experiências visuais e sensoriais dos mais complexos tipos e com uso dos mais inesperados materiais. Visitar a obra deste artista é deparar-se com uma capacidade infindável de criar, recriar e transcender. A vastidão de seu trabalho deve pouco às suas mais de três décadas de criação e muito às peculiaridades qualitativas daquilo que cria e como cria”, escreve o artista Eduardo Boaventura.

 

As obras de Josilton Tonm, selecionadas para essa exposição, marcam a sua produção de esculturas em madeira ou, como ele prefere dizer, “relevos para parede onde proliferam formas geométricas”. Destaque para os dois conjuntos que intitulam a mostra. “A Gangorra Rasteira”, é literalmente uma gangorra que pende do teto, trazendo um conceito de balanço e tridimensionalidade, com sua função lúdica e “com a interação com o público, que poderá contorná-la”. O segundo conjunto, denominado “Caracol de Clarysse”, agrega sete obras que trazem outra modo de narrativa criada pelo artista.

 

Em toda a sua trajetória, Josilton Tonm procura não limitar a compreensão de sua obra a um determinado conceito ou escola. “Estou sempre experimentando; é essa a essência do meu trabalho”, diz o artista, que iniciou a produção em sua cidade natal, Alagoinhas, já trabalhando madeiras de diversas qualidades, tons, texturas e estados de conservação. Nos anos 1980, passou a incorporar outros materiais (como a pedra), mas sem nunca descuidar de um acabamento primoroso, realizando obras de extremo refinamento e beleza.

 
A obra de Josilton Tonm emerge num universo que é o seu próprio encantamento com os materiais da natureza. Cortar, furar, polir são os seus “verbos” de trabalho, sempre atendendo às demandas que o acaso lhe disponibiliza. Assim é que uma velha porta abandonada pode dar origem a uma escultura tridimensional. Treliças de madeira, brinquedos quebrados, caixotes achados na rua têm o mesmo destino. “Outro dia jogaram fora dois elefantes de madeira. Peguei na hora e construí esse trabalho”, diz, entre divertido e orgulhoso, apontando para uma escultura em seu atelier.

 

 

Sobre o artista

 

Autodidata, Josilton Tonm já participou de inúmeras exposições coletivas e de três edições da Bienal do Recôncavo, promovida pelo Centro Cultural Dannemann, em São Felix, BA. Na última, em 2012, sua obra recebeu o Prêmio Aquisição, passando a integrar o acervo da instituição. Participou ainda da Exposição Proposta MAM, Salvador/1980; do Encontro de Artistas Plásticos do Nordeste, Salvador/1981; do IX Salão Nacional de Artes Plásticas, Recife/1986. Realizou diversas mostras individuais em Salvador e outras cidades.

 

 
De 06 de dezembro a 07 de janeiro de 2017.

Duas exposições em Salvador

17/nov

O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, Salvador, BA, abre nesta sexta-feira, dia 18 de novembro, às 18 horas, a programação do “Zumbido no Muncab”. Os primeiros eventos são as exposições “Imagens da Ancestralidade em Tramas da Pele”, de autoria da artista Aislane Nobre, e “Salão de Doações”, que reúne obras doadas ao museu por artistas baianos, incluindo nomes como Emanoel Araújo, Juarez Paraiso, Cesar Romero, Justino Marinho, J. Cunha, Graça Ramos e Mário Vasconcelos.

 

A oficina “Tramas da Pele”, a partir do dia 22 de novembro, dá continuidade à programação do “Zumbido no Muncab”. A oficina, conduzida por artista Aislane Nobre, investiga e busca refletir sobre a cor da pele e suas relações  com as limitações das cores comercializadas no mercado artístico nacional. O show de Paulinho da Viola vem a seguir, no dia 25. Será um espetáculo exclusivo idealizado pelo artista, com participação de 17 músicos, para angariar recursos visando a finalização do processo de construção do Muncab.

 

 A programação ainda contará com uma Mesa de Conversa, no dia 30 de novembro, tendo como temática “Os desafios da educação e as ações afirmativas”, e o lançamento, no dia 07 de dezembro, do projeto “Nós, Transatlânticos”, idealizado pelo diretor teatral e professor Paulo Dourado, com a curadoria de José Carlos Capinam (presidente da AMAFRO – Associação de Amigos da Cultura Afro-Brasileira), Jaime Sodré (professor e PhD em História da Cultura Negra) e João Jorge Rodrigues (presidente do Olodum). A proposta do projeto é criar um site sobre o legado africano no Brasil e na Bahia, porto dos primeiros navios negreiros desembarcados no país e foco de uma cultura que se constituiu e se fortaleceu ao longo da história.

Eva Soban em Joinville

09/nov

O Museu de Arte de Joinville, SC, inaugura a exposição “Por um Fio” da artista visual Eva Soban, onde diversas obras tentam retratar a realidade cruel a qual devemos nos atentar e buscar meios para alterá-la. Em um cenário global onde o mote principal são conflitos, guerras, terrorismo, refugiados, bombardeios, ataque e contra-ataque, ganância, e pouco ou quase nenhum comprometimento com o mundo ou com o próximo, a artista opta por dar ao seu público uma possibilidade de reconstruí-lo ludicamente, através de sua instalação.

Essa obra, em construção, busca evidenciar a importância da participação de cada um nesse momento. “Estamos acostumados a apontar dedos, ao passo que não fazemos nada para contribuir com a construção de um mundo melhor”, diz Eva. Quando finalizada, “Por um Fio” será um registro da urgência da sociedade enxergar seu poder em um momento de transformação.

 

Suspenso por um cabo de aço, no centro do espaço expositivo, um globo em estrutura de ferro,com os continentes delineados com fios em uma tela plástica, representa a peça central da exposição. Diversos materiais têxteis serão disponibilizados, permitindo ao público uma interação completa e participação ativa na “construção de um novo mundo”. “O convite é que o público possa interagir com a obra, costurando, bordando ou tecendo um novo mundo, um mundo sem fronteiras”, explica Eva Soban. Complementando o cenário, fios, fibras diversas, tecidos e demais materiais, serão posicionados de forma a ficarem pendentes do teto ao chão, como uma cortina de possibilidades.

 

O momento atual é de grandes acontecimentos, mas também de reflexão, superação e reconstrução. É possível notar uma sensação de despertar coletivo, com mais pessoas indo para as ruas protestar, defender seus direitos, seu espaço na sociedade, pessoas que entendem e aceitam as diferenças. “Estamos ligados por um fio; um fio frágil e quebradiço, mas esse fio ainda traz esperança. Pois é através de momentos como esses que as mudanças ocorrem”, declara Eva Soban. “POR UM FIO” é um convite ao espectador, para que ele pare, reflita e ajude a reconstruir o mundo.

 

 

Sobre a artista

 

Graduada em sociologia e política, com cursos livres em fotografia e artes plásticas, Eva Soban tem 40 anos de experiência e vivência com arte, utilizando em seu trabalho fios, fibras, plásticos e tecidos, que ela transforma em obra com formas e texturas exclusivas. Entre as principais exposições internacionais, estão a Bienal Internacional de Arte Têxtil – 2011 – Museo Diego Rivera – México; o “Projeto Empezar”- 2010 -Barcelona – Espanha; “A View of Today’s Brazilian Textile Art”. Museu Rudentarn, 1995 – Copenhagen – Dinamarca. No Brasil, participou da SP-Arte 21016, Mostra Internacional de Arte Contemporânea – 2011- Paraty; “100 Designers do Brasil“- 1999 e “500 Anos de Design no Brasil” – 2001, ambas na Pinacoteca do Estado – SP; Exposição de Arte Lúdica MASP – 1979 – SP; 1ª, 2ª e 3ª Trienal de Tapeçaria no Museu de Arte Moderna MAM –1976, 1979, 1982 – SP. Em junho de 2015 expôs “Floresta Negra”, no Museu de Arte de Joiville. Em 2016, exibiu “Floresta Negra II” no Museu Afro Brasil, SP e da coletiva “Artistas da Tapeçaria Moderna II”, Galeria Passado Composto, SP. O manuseio com as fibras lhe garante um grande conhecimento da linguagem.

 

 

De 10 de novembro a 29 de janeiro de 2017.

 

Mosaicografia 2016

08/nov

Começa nesta quarta, 09 de novembro, em curtíssima temporada, a exposição “Mosaicografia 2016″, somente até dia 20 de novembro no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre, RS, um evento internacional. Como a exposição é ao ar livre ela estará aberta 24 horas.
É a oportunidade de ver uma exposição de 400 fotografias, distribuídas em 20 painéis de dez metros cada um, com imagens que tiveram como proposta temática a Preservação. Ao todo são 166 fotógrafos selecionados e outros 24 convidados, do Brasil e do exterior. Profissionais reconhecidos em todo o mundo e artistas iniciantes juntos num grande mosaico exposto num local onde mais de 200 mil pessoas transitam diariamente.
Organização, produção executiva e curadoria de Gilberto Perin e Marcos Monteiro. A Mosaicografia tem patrocínio da TimacAgro e apoio institucional da Aliança Francesa de Porto Alegre e Prefeitura de Porto Alegre. Apoio da Virada Sustentável. Realização do Ministério da Cultura, através da Lei de Incentivo à Cultura, e Governo Federal.

 
Até 20 de novembro.

 

Gaudí no Brasil

25/out

O Museu de Arte de Santa Catarina, Masc, Florianópolis, tornou-se a primeira cidade do país a receber a exposição “Gaudí, Barcelona 1900”, do arquiteto catalão Antoni Gaudí. A exposição conta com patrocínio da Arteris, com apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e da Fundação Catarinense de Cultura (FCC).

 

 

Curadores destacam processos construtivos dos projetos de Gaudí

 

Os curadores da exposição, Raimon Ramis e Pepe Serra Villalba, destacam os processos construtivos dos projetos de Gaudí por meio de modelos tridimensionais que ressaltam detalhes de sua arquitetura. No design, móveis e objetos, que vão de maçanetas de metal a peças em cerâmica e madeira, mostram como a criação artesanal conseguiu fundamentar a indústria. O conjunto das obras reunidas do consagrado arquiteto catalão testemunha a invenção de uma original geometria, calculada a partir da observação e estudo dos movimentos da natureza. Com este princípio racionalista protagonizado pelo orgânico, Gaudí instaura uma estética moderna única que marcou definitivamente a cidade de Barcelona.

 

Para ilustrar ainda mais a potência de um período em que a capital da Catalunha surge como projeto moderno de cidade, os curadores selecionaram 26 trabalhos entre objetos e elementos decorativos concebidos pelos chamados ensembliers(artesãos de alto nível), além de 16 pinturas. São artistas contemporâneos a Gaudí, que desenvolveram suas obras conforme os preceitos do modernismo catalão. Entre eles destacam-se os pintores Ramón Casas e Santiago Rusiñol, e ensembliers como Gaspar Homar ou Joan Busquets, que decoraram e mobiliaram as casas da burguesia catalã do período.

 

Trata-se da mesma burguesia que colaborou para a inovação e processo de integração entre urbanismo, arquitetura, arte, design e indústria, atuando como mecenas dessa importante geração de artistas e artesãos que configuraram um dos movimentos mais férteis e representativos da cultura catalã. “Um momento em que foram construídos os fundamentos culturais da Catalunha atual, em que o processo industrial, o lado íntimo, o momento, o acaso, a mecanização, entre outros, vão ganhando espaço, e a atividade artística vai se abrindo a novas propostas”, explicam os curadores. Neste panorama, sugere ainda a dupla, a obra de Gaudí condensa o debate técnico, estético, ideológico e social da virada do século.

 

A exposição “Gaudí, Barcelona 1900” reúne 71 obras do mestre catalão, sendo 46 maquetes (quatro delas em escalas monumentais) e 25 peças entre objetos e mobiliário. Completam a mostra mais 42 trabalhos de outros artistas e artesãos de Barcelona, produzidos nos anos 1900. Os trabalhos expostos procedem do Museu Nacional de Arte da Catalunha, Museu do Templo Expiatório da Sagrada Família e da Fundação Catalunya-La Pedrera, Gaudí.

 

 

 

Até 30 de outubro.