Marino Marini no Brasil

02/abr

A exposição “Marino Marini: do arcaísmo ao fim da forma” abre a programação 2015 da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. Com curadoria de Alberto Salvadori, a entidade gaúcha inaugura a primeira exposição do consagrado artista no Brasil, um nome de projeção internacional.

 

 
Sobre a obra e o artista

 
Do arcaismo ao fim da forma Marino Marini nasce em uma pequena cidade, Pistoia, onde não permanece indiferente às grandes lições giottescas, às de Masaccio e de Pisano e, particularmente, às importantes coleções etrusca e egípcia do museu arqueológico da vizinha Florença. A ligação do artista toscano com a antiguidade faz parte de uma dimensão que pertence ao tempo de seu estudo e de sua formação. As suas esculturas, assim como as egípcias, apresentam-se por assemblage lógica, sem nenhum interesse ilusionístico, introduzindo, assim, outro dado essencial para ler a sua obra: o valor absoluto que ele confere à relação entre arte e arquitetura. Quatro temáticas tiveram particular importância para Marini, três das quais antigas: o retrato, a Pomona e os cavaleiros. A essas deve se somar o tema do circo, com os malabaristas, as bailarinas e os acrobatas. Marino era extremamente fascinado pelo mundo do circo, e a natureza do ofício do malabarista, do palhaço, dos acrobatas intrigava-o. Entreter o público, ser capaz de pertencer a uma tipologia de máscara eterna, tinha tornado esses sujeitos importantes para o seu imaginário. As Pomonas, ao contrário, são a encarnação, segundo Marini, do eterno feminino. A antiga divindade da fertilidade nos é posta como metáfora do nascimento, da plenitude sensual da vida. O cavaleiro e o cavalo estão, desde os anos 30, dentre os temas que mais interessaram a pesquisa de Marino Marini. “As minhas estátuas equestres exprimem o tormento causado pelos eventos deste século. A inquietude do meu cavalo aumenta a cada nova obra. Eu aspiro tornar visível o último estágio da dissolução de um mito, do mito do individualismo heróico e vitorioso do homem de virtudes, dos humanistas”. Convivem história e mito, realidade e fé, testemunhas de que as obras do artista devem ser lidas como passagens que marcam o devir da história. As coisas mudam com o proceder do confronto bélico na Europa, as esculturas se tornam formas seccionadas arquitetonicamente pela grande tragédia. O próprio Marino define as obras do período como arquiteturas de uma enorme tragédia que se liberará, em seguida, no famoso Anjo da cidade, de 1950, que até hoje domina o Canal Grande. A partir dos anos 50 Marini volta a praticar a pintura com maior intensidade. Com cores brilhantes e encorpadas, fechadas em um campo geometrizante que se destaca sobre o fundo plano e com formas sempre mais desagregadas, as obras pictóricas definem, assim como a escultura, uma evidente mudança de chave expressiva. Desenho, gráfica, pintura e escultura vivem em Marini uma simbiose dinâmica, um enredo dificilmente desatável, carregado de tensões e de páthos. O retrato se insere no percurso de Marini como representação dos valores humanos, no qual ele ensaiou o limite mais alto de um criador de formas. A capacidade plástica e a pura invenção são subjugadas à verdade fisionômica do modelo, e os quatro retratos aqui expostos nos colocam diante de tamanha força da representação. O ano de 1950 é decisivo porque o artista decidiu aceitar o convite para ir a Nova York. Em 14 de fevereiro, foi aberta a primeira individual de Marini na cidade americana e iniciou-se um percurso de reconhecimentos internacionais que não mais se encerrou. Estamos na série dos Milagres, eventos ao mesmo tempo terrenos e sobrenaturais, que aludem à morte do homem, ao seu declínio. Dentre as obras presentes nas mostras de 1951 e de 1952, são representadas a dissidência, a ruptura da harmonia entre cavalo e cavaleiro, a ingovernabilidade dos eventos. Tal condição fora de controle constitui o ato final de uma tragédia que encontra no Grito, de 1962, também presente na mostra, sua conclusão. Uma palavra-chave para compreender a escultura de Marino é “tensão”. O artista, mais que sobre o próprio movimento, incide sobre o instante de imobilidade que aparece forçado pela forma na composição e, através do qual, surge o movimento ou a escultura morre. Dentre os oito pequenos bronzes presentes nesta mostra, em Figuras abstratas e Composições, dos anos 60, não é mais perceptível a presença de cavalos e cavaleiros que vivem escondidos nos planos e nos cortes da matéria. Abstração e geometrização não são outra coisa que a ampliação da gama expressiva, da figuração de Marino Marini. Em Uma forma em uma ideia, de 1964, o artista atinge a desagregação e constitui o ato final de uma tragédia interior. Eis então que a série sobre papel Composição, de 1960, e as três grandes têmperas sobre papel – Intensidade (1967), Energias e Vivacidade, ambas de 1968 – colocam-nos de frente a uma pintura íntima e que se esquiva de qualquer construção formal, própria de um artista que não ficou fora de seu tempo. A obra Dois elementos (1971) fecha a narrativa escultural de Marini.

 

 
De 10 de março a 20 de junho.

Cores na SIM galeria

31/mar

A dinâmica SIM galeria, Curitiba, PR, apresenta a exposição individual de pinturas de Rafael Alonso com “Calça de ginástica” e curadoria de Felipe Scovino.

 

 

A palavra do curador

 

Calça de ginástica: ontem e hoje

 

Nesse universo onde se mistura saúde e disciplina com o corpo, o artista expõe de forma crítica o consumo desmensurado da sociedade. Há um certo descarte e rapidez no uso desses tênis, calças e shorts. E essas características de certa forma são deslocadas para uma pincelada rápida e veloz que Alonso aplica sobre as telas. Se a indústria da moda vende seus produtos como algo que reflete um despojamento, um bem-estar consigo mesmo, as pinturas de Alonso convergem para um ponto distante: comportam-se de forma estranha a esse corpo disciplinado. São exageradamente coloridas e em alguns momentos ressaltam ou ampliam marcas ou símbolos que estavam camuflados, entre outros tantos, e que são encontrados em bermudas ou em tênis de corrida multicoloridos.

 

Estas pinturas repousam sobre um terreno em que são estimulados sentidos contraditórios, porque se há uma aversão por conta de um estímulo cromático que causa um certo choque no uso de cores muito díspares em seu conjunto, por outro lado esse mesmo sistema estimula um jogo óptico que possui um acento Pop e afirmo não apenas por uma trama de cores e formas que o aproxima desse universo mas substancialmente pelo caráter corrosivo do Pop e principalmente pelos acentos irônico e, como já dito, debochado.

 

O trabalho de Alonso oxigena o estado da pintura contemporânea, numa cena em que muitas vezes penso estar inchada de “novos” valores, métodos ou estratégias, todos eles, claro, bem questionáveis. Como um cronista contemporâneo, seu trabalho expõe as incongruências da sociedade, experimenta outros campos de atuação para a cor ao mesmo tempo em que não retira a pintura do seu modelo crítico de refletir sobre o seu tempo e lugar.  (Felipe Scovino).

 

 

De 31 de março a 02 de maio.

Moreleida na Mama/Cadela

25/mar

Situada no bairro Santa Teresa, em Belo Horizonte, MG, a  Galeria Mama/Cadela exibe uma mostra especial, com obras nunca expostas do artista plástico Pedro Moraleida. Com curadoria de Adriano Gomide, “Pedro Moraleida: Pinturas e Desenhos”, traz também trabalhos que fazem parte da “Imagine: Brazil”, que  estreiou em Oslo, Noruega, no Astrup Fearnley Museum of Modern Art e já passou pelo Musée d ‘Art Contemporain de Lyon, França. Embora curta, sua carreira artística foi muito intensa deixando um expressivo trabalho entre telas, desenhos, textos e músicas. A exposição conta com 14 obras de grande porte, 40 menores, entre pinturas sobre papel e desenhos.

 

 
A palavra do curador

 
“O Pedro tinha uma pintura em linhas viscerais, com muita criatividade. Em algumas obras os sentimentos afloram mais. Ele retrata temas como religião e sexualidade… Ele também é ligado à história da arte e tem um lado lírico. Pedro vai de um lado a outro e tem desenhos com letras bastante poéticos.”

 
“Estamos escolhendo tudo com o pai dele, o Luiz Bernardes, e também será exibido o vídeo feito por Sávio Leite em 2004 em uma de suas exposições em Belo Horizonte, que mostra bem seu processo criativo.”

 

 

Sobre o artista

 

 
Pedro Moraleida Bernardes nasceu em Belo Horizonte, em 10 de agosto de 1977, e faleceu em 1999. Seu pai, jornalista, e sua mãe, socióloga, deram-lhe uma base cultural na infância e, em 1996, classificou-se em primeiro lugar no vestibular para a Escola de Belas Artes da UFMG.

 
Em sua produção nas artes plásticas aparecem vestígios de seu interesse pelos quadrinhos, tendo realizado, na adolescência, muitas histórias completas, com personagem criativos e irônicos, como a “Escova de Dentes Assassina”, o “Vruum Incandescente”, o “Moraleida” – um híbrido de humano e passarinho, o “Caralho a Quatro” e muitos outros. Seu amor por bichos, grandes companheiros de sua infância, reaparece nas figuras antropomórficas que povoam seus desenhos e pinturas, bem como nos textos de reflexão e nos escritos poéticos.

 
Em sua breve, mas intensa, vida profissional produziu as imagens para os cartazes 1° e 2° Festivais de Cinema Antropológico (1997 e 1998) e entre as exposições coletivas que participou, destacam-se a “X – INTEGRARTE”, no Salão Anual dos Alunos da EBA/UFMG (1997) – exposição comemorativa dos 100 anos da cidade de Belo Horizonte; e “As Lembranças São Outras Distâncias” (1998), no Centro Cultural da UFMG – 10 Anos, comemorativa dos 10 anos de funcionamento do centro.

 
Participou ainda, a partir de 1999, do “Grande Círculo das Pequenas Coisas”, mostra itinerante do curador Marcio Sampaio. Sua exposição “Condoam-se F.D.P.”, em conjunto com Frederico Ernesto, foi considerada como um dos eventos culturais mais importantes da cidade em 1998.

 
Depois de sua morte, a revista Graffiti publicou em pôster seu políptico “Os sete pecados capitais” ou “Eu quero essa mulher assim mesmo”. E a XIII – INTEGRARTE, em 2000, dedicou-lhe uma sala especial com oito de seus trabalhos.

 

 
Até 30 de março.

Um olhar em Brasília

A Galeria Almeida Prado, CLN 405 Bloco C Loja 45, Asa Norte. Brasília, DF, inaugura a exposição “Olhar sobre uma cidade singular”, da artista francesa Virginie Caquot. São mais de 20 fotografias que retratam sua visão, como estrangeira, do cotidiano brasiliense. Para Virginie, além do impacto de morar temporariamente em outro país, sua grande surpresa foi se deparar com uma cidade singular. Como ela mesma diz, não existe nenhum outro lugar no mundo como Brasília. De imediato, a artista sentiu-se esmagada pelo concreto árido e os grandes espaços vazios que compõem o espaço urbano da cidade. A falta de domínio da língua tampouco ajudava. Foi então que, como artista e fotógrafa, Virginie transformou seus registros fotográficos em suas novas palavras e identidade.

 

Através de seu olhar, expressou a saudade de sua antiga moradia, a solidão por estar cercada de pessoas desconhecidas, os contrastes entre os vários lugares onde já morou, a arquitetura angulosa da cidade que se revelava a cada dia, e a surpresa e curiosidade em explorar e viver uma nova cultura. Essa série de fotografias nasceu de uma explosão de sentimentos da artista em busca de equilíbrio e harmonia entre todos os elementos que permeiam um instante fotográfico.

 

Entre cores, luzes e sombras, a artista mescla, em meio à arquitetura moderna de linhas retas ou curvas, registros de desconhecidos vivendo seu cotidiano sem que percebam que estão sendo retratados. Tudo isso para captar um momento único e espontâneo, real e fiel tanto ao seu olhar estrangeiro quanto ao olhar de qualquer um.

 

 

De 26 de março 17 de abril.

Proposta da OMA | Galeria

16/mar

 

Proposta da OMA | Galeria, primeiro espaço dedicado à arte contemporânea localizado no ABC – vem inovando ao proporcionar mostras e projetos que agregam à cultura da região. Confirmando esta premissa, a galeria acaba de lançar o Clube de Colecionadores. Idealizado para financiar projetos de inserção de artes nas grades curriculares de escolas do ABC, por meio do OMA | Educação, os membros participantes do clube são convidados a agirem como se fossem patronos da galeria. Para isso, seis artistas foram convidados a produzirem peças exclusivas, que serão entregues em eventos fechados para membros e convidados ao longo de 2015. “Conseguimos reunir nomes consolidados e que estão em ascensão no mercado. Ou seja, são artistas que possuem obras de relevância no circuito das artes plásticas. Assim, o valor simbólico injetado pelos que participarem do Clube vai ajudar  na ampliação de nossas atividades socioeducativas e eles  vão ganhar seis peças exclusivas. De fato é uma oportunidade única.”, ressalta Thomaz Pacheco, galerista na OMA| Galeria.

 

O investimento para tornar-se um membro do Clube é de R$200 mensais, por 12 meses. O que dá direito a uma peça exclusiva de cada um desses artistas: Daniel Melim, Cristina Suzuki, Guilherme Calegari, Pedro Saci, Andrey Rossi e Ellen Gruber. Além disso, fica garantida a participação exclusiva nos eventos promovidos pelo espaço, desconto em obras, e devido a iniciativa de apoio ao projeto também será feito a divulgação do nome como patrono e membro do Clube de Colecionadores.  “Ressaltamos que a identidade do integrante do Clube de Colecionadores também pode ser mantida em anonimato, caso o participante assim preferir. É uma escolha do membro do clube”, explica.

 

A primeira entrega está agendada para o dia 21 de março. Na data serão entregues as obras de Daniel Melim com a presença do artista.

Reflexões de Eduardo Fonseca

Caracterizado pelas cores e a crítica ácida e bem humorada ao comportamento social, Eduardo Fonseca apresentou seus trabalhos da série “Pára, por favor”, na Galeria de Arte do BDMG Cultural, Belo Horizonte, MG. A exposição, foi selecionada pelo programa de artes plásticas da instituição, Mostras BDMG, utiliza a linguagem metafórica para explorar a liberdade e desacelerar a rotina diária (“Pára, por favor!”) para uma reflexão da realidade do indivíduo na sociedade.

 

Para o artista plástico Eduardo Fonseca, assim que nascemos recebemos uma identificação numérica e, quando morremos, somos encerrados como esse mesmo número. O artista, então, questiona-se: “onde está o poder de decisão de participar ou não disso tudo?”.  Ao nascer, o indivíduo já está inserido em um acomodado processo, no qual se deve adaptar e respeitar. Dessa forma, onde está a liberdade que possuímos?

 

Para retratar este questionamento, o artista utiliza os pássaros em suas pinturas como a personificação de nossos sonhos e uma metáfora à realidade que, possivelmente, jamais será alcançada. O hoje é volátil o suficiente para desatualizar desejos antes de serem conquistados, materiais ou imateriais. Por isso, o título chama atenção do público para que ele se desloque do comodismo no qual vive e passe a enxergar uma liberdade sem estereótipos ou imposta pela sociedade.

 

 

Sobre o artista

 

Eduardo Fonseca é graduado em pintura, pela Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O artista fez mestrado, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Portugal e participou de projetos coletivos e intervenções que renderam à sua carreira exposições no país e no exterior, como Portugal, China e Uruguai.

Mostras paralelas

A galeria  Arte&Fato, Porto Alegre, RS, inaugurou duas exposições individuais paralelas com pinturas dos artistas Ivan Pinheiro Machado e Marco Santaniello.

 

Ivan Pinheiro Machado, estreando no novo espaço da galeria, exibe cenas do cotidiano e quatro novos trabalhos que exploram a natureza em sua forma mais primitiva (nuvens e vegetação ) propondo um novo caminho na carreira marcada quase sempre pela paisagem urbana. Neste conjunto, realizado com grande categoria técnica, destaca-se o tríptico “Floresta Amazônica”.

 

Marco Santaniello é um jovem artista que trocou a Calábria, Itália, pelos EUA, onde realizou sua primeira exposição em 2013. Depois disso expôs em cidades da Itália, Canadá e em breve vai mostrar seu trabalho na Coreia do Sul. Porto Alegre e a sua primeira incursão na America Latina. Utilizando seus conhecimentos em design gráfico, Marco retrata Nova Iorque em uma perspectiva da pop-art.

 

 

Até 07 de abril.

Fórmulas abstratas

Abrindo a temporada de mostras da Sala dos Pomares em 2015, a Fundação Vera Chaves Barcellos apresenta, de 21 de março a 18 de julho 2015, a exposição “Nelson Wiegert I Fórmulas Abstratas”.

 

Com organização e expografia de Vera Chaves Barcellos e do próprio Nelson Wiegert, a exposição individual do artista destaca sua mais recente produção: fotografias de grande formato, em preto e branco, que reproduzem intervenções sobre fórmulas matemáticas, gerando imagens de grande força e rigor. A esse conjunto de trabalhos, o artista denominou de “Fórmulas Abstratas”.

 

A ideia da obra surgiu em uma visita ao Instituto de Mineralogia e Física de Munique no momento em que o artista observou fórmulas deixadas em um quadro negro. O trabalho é uma espécie de acerto de contas do artista com a matemática, campo do conhecimento humano que nunca antes havia despertado seu interesse.

 

A execução da obra revelou ao revelou ao artista um novo método de desenho rápido  sem a utilização do papel. “Por permitir apagar e refazer, o desenho a giz sobre o quadro é um ótimo método de trabalho, ágil e constante. Os desenhos selecionados são fotografados e computadorizados, podendo ser reproduzidos. As reproduções são igualmente selecionadas e, posteriormente, impressas como peças únicas. Com essa breve exposição, espero que este trabalho chegue ao espectador com o mesmo impulso livre que despertou em mim” – diz o artista.

 

A série ocupará toda a galeria do térreo da Sala dos Pomares. Desenhos, fotografias e  colagens que esclarecem sobre o processo de construção da obra de Nelson Wiegert poderão ser vistas pelo público no mezanino. A mostra exibirá trabalhos da coleção do artista e do Acervo da FVCB.

 

A exposição contará com uma programação paralela constituída por palestras com teóricos e visitas mediadas que integram o Programa Educativo da FVCB, que segue apostando no poder socialmente transformador da arte.

 

 

Até 18 de julho.

Rubem Grilo no Recife

A Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Rua da Aurora, Boa Vista), Art.Monta Design e Artepadilla apresentam a exposição “RUBEM GRILO 1985 – 2015″. A mostra, já apresentada nas unidades Rio de Janeiro (2009), Salvador e São Paulo (2010), Brasília (2011) e Fortaleza (2012) da CAIXA Cultural, e em João Pessoa, na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes (2014), chega agora ao Recife, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.

 

A exposição, que tem curadoria do próprio artista, um dos mais importantes xilogravadores brasileiros vivos, é um passeio pelos trabalhos realizados nos últimos 30 anos, com foco na produção realizada desde 2005. Apresenta 172 obras: 127 xilogravuras em diferentes formatos, 6 matrizes e 39 trabalhos realizados com colagens e desenhos.

 

Os desenhos e colagens, realizados entre 2009 a 2015, reúnem importante vertente do trabalho de Rubem Grilo presente na exposição. A mudança de tratamento e de visualidade, bem como o diálogo entre diferentes mídias, estabelecido pela síntese gráfica no pensamento da imagem, motivam o espectador a estabelecer sua própria leitura do universo visual criado pelo artista.

 

 

A palavra do artista

 

Como explica o próprio Rubem Grilo, o componente temporal da mostra reforça a ideia de um processo que inclui a busca de afirmação de identidade e, ao mesmo tempo, transformações em aberto: “Escolhi a xilogravura pelo fato de ela ser simples, direta, quase rudimentar, e me permitir o envolvimento com duas experiências básicas e complementares, o desenho e a gravação. Não se trata de uma escolha nostálgica. Tem a ver com uma visão de mundo, a concentração em mim mesmo, propiciada pela intensidade da prática manual e do olhar, em busca do aprimoramento e autoconhecimento por meio da dilatação da experiência”.

 

 

De 18 de março a 03 de maio.

Mamute com Fernanda Valadares

11/mar

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta a exposição “DEPOIS:”, individual de Fernanda Valadares. A mostra, com curadoria de Gabriela Motta, propõe um encontro de espaços a partir de um percurso horizontal feito pela artista no trecho de mais de 1.000 km e apreendido em uma série de pinturas de encáustica sobre compensado naval e cubos/objetos em chapas de aço com áreas de horizontes oxidados.

 

 

 
Texto da curadora

 
Antes, durante e DEPOIS:

 
A cena que me assalta é a seguinte: a caminho do trabalho, ao cruzar uma ponte sob a chuva, um professor impede uma jovem de se jogar. Depois disso – e do livro que ele acha com a menina – nada será como antes(1). Tenho a sensação de ter encontrado a Fernanda – seguramente não à beira de um abismo – mas em uma dobra importante do seu caminho. Conheci primeiro seu trabalho em encáustica: largos horizontes, delicados, precisos, sutis. Dois dias depois, ela mesma: gesticulando, cabelos amarrados com uma larga faixa, inquieta. Se a urgência e a agitação da artista não estavam na contemplação e no tempo expandido da obra que eu havia visto, estavam no que ela iria me falar.

 
Nesse encontro, as Migrações, com suas respectivas coordenadas geográficas – assim ela nomeia esses trabalhos, indicando o ponto de vista preciso de cada horizonte – ao contrário do que eu pensava, não eram a pauta. Fernanda queria falar de um projeto urgente, ainda próximo à paisagem, ainda tóxico ou árduo em função dos seus suportes, porém um projeto que lhe pedia para mudar violentamente de posição em relação a sua própria produção. Ela estava diante de um risco e não recuou.

 
Na exposição Depois: o que se vê são alguns desses trabalhos em encáustica, alinhados em um único e contínuo horizonte, como se pudessem expandir-se indefinidamente, e cinco cubos em aço corten, em diferentes tamanhos e situações. Em todos esses cubos – um aberto em cruz sobre o chão da galeria, outro absolutamente soldado, dois em vias de se fecharem e outro retorcido após ter sido arremessado de um helicóptero! – Fernanda oxida aqueles mesmos horizontes que encontramos nos trabalhos em encáustica. Encapsular a paisagem em um sólido geométrico – o seu horizonte – e depois arremessar este objeto de um helicóptero é uma atitude radical, um gesto que permite uma vasta gama de interpretações e abordagens. A minha primeira leitura do trabalho – porque tudo é muito recente, a ação, a artista, o vôo – é de que tudo isso está impresso na obra. Ou seja, o aço corten, tão importante na arte contemporânea, a paisagem oxidada cuja referência não é mais o horizonte da natureza mas aquele da sua própria obra anterior, as negociações para carregar o objeto num vôo e depois arremessar esse peso do céu, tudo isso está impregnado no trabalho lhe conferindo densidade.  A expansão indefinida de horizontes na obra de Fernanda está acontecendo no momento presente. E isso envolve a contração literal da paisagem em segredos cúbicos, objetos que encontram o mundo cheios de verdade.   (Gabriela Motta)

 
(1)Trem Noturno para Lisboa. Direção: Bille August, 2013.

 

 
Sobre a artista

 
Fernanda Valadares é Mestre em Poéticas Visuais pelo Programa de Pós-Graduação de Artes Visuais/UFRGS; Bacharel e licenciada pela Faculdade Santa Marcelina/São Paulo. Entre suas exposições individuais estão – À Beira do Vazio. Museu de Arte de Santa Catarina. Curadoria Paula Ramos (2014). O Sétimo Continente. Galeria Zipper São Paulo(Projeto Zip’Up). Curadoria Bruna Fetter (2014). Na Adega Evaporada. Museu de Arte Contemporânea do RS. Curadoria Paula Ramos (2014). Museu de Arte Extemporânea. Goethe Institut/Porto Alegre (2012). Exposições coletivas: De Longe e de Perto. Galeria de Arte Mamute. Porto Alegre. Curadoria Angelica de Moraes (2014). Gatomiacachorrolateegomata. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2014). The War of Art: visions from behind the mind. The Safari, NYC. Curadoria Wyatt Neumann (2014). Poéticas em Devir. Galeria Mamute Porto Alegre/RS.  Curadoria Sandra Rey (2013). Um Novo Horizonte. Galeria Tina Zappoli. Porto Alegre/RS (2013). Contemporâneos Novos/ Diante da Matéria. 20 anos MAC/RS. curadoria Paula Ramos (2012). A artista participou de salões e premiações como o 65º Salão Paranaense, MAC/Curitiba. 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto/ Santo André. 64º Salão de Abril/CE. Fortaleza.Trabalho selecionado para o Acervo Museu de Arte Contemporânea do RS. XIII Concurso de Artes Plásticas Goethe Institut/Porto Alegre. I Concurso Itamaraty de Arte Contemporânea. Ministério das Relações Exteriores. Fernanda Valadares é representada pela Galeria de Arte Mamute/Porto Alegre.

 

 

 
Sobre a curadora

 
É curadora, crítica e pesquisadora em artes visuais. Atualmente desenvolve pesquisa de doutorado sobre o artista Nelson Felix no Programa de Pós Graduação da Escola de Comunicação e Artes da USP. Faz parte do comitê de indicação do Prêmio IP Capital Partners de Arte – PIPA 2015. Em 2014, fez parte da comissão curatorial do prêmio Marcantonio Vilaça CNI-SESI/2014. Integrou, como curadora, a equipe do programa Rumos Itaú Artes Visuais, edição 2011/2013 e edição 2008/2010. Em 2012 desenvolveu projetos com as instituições MAC – USP, MAC Niterói e Fundação Iberê Camargo. Em 2010 foi contemplada com a Bolsa Funarte de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais. De 2008 à 2010, fez parte do grupo de críticos do Centro Cultural São Paulo. Como curadora realizou as exposições CANTOSREV, do artista Nelson Felix (Porto Alegre, 2014), Canto Escuro, do artista Luiz Roque (Porto Alegre, 2014), Um vasto Mundo, da artista Romy Pocztaruk (Curitiba, 2014), A invenção da Roda, da artista Letícia Ramos (Porto Alegre, 2013), as exposições coletivas Fio do Abismo (Belém, 2012); 41a Coletiva de Joinville (Joinville, 2011); Era Uma Vez um Desenho (Porto Alegre, 2010); Convivência Espacial ( Recife e Porto Alegre, 2010); O Corpo das Coisas (Jaraguá do Sul, SC, 2010); Terra de Areia (Florianópolis, 2009); Campo Coletivo (São Paulo, 2008); Linha Poa – Cxs (Caxias do Sul, 2007); entre outras. Integrou o projeto Arte e Identidade Cultural na Indústria, promovido pelo SESI-RS (2007-2008). É autora do livro “Entre olhares e leituras: uma abordagem da Bienal do Mercosul”, publicado pela editora ZOUK. Tem artigos publicados em diversas revistas especializadas e em catálogos sobre arte contemporânea.

 

 

 
A partir de  13 de março com visitação entre 16 de março e 30 de abril.