Dois em Curitiba

25/abr

 

Afirmando seu interesse em estabelecer contatos, propiciar confrontos, catalisar fricções, a SIM Galeria, Curitiba, Paraná, convidou dois artistas de procedências e formação bem distintas – uma alemã e um brasileiro -, para compor uma mesma exposição. Então, com apresentação assinada pelo crítico Agnaldo Farias, apresenta a exposição “25 25S 15W / 52 30N 5 56W”. Sobre o trabalho de ambos, afirma o conhecido crítico:

 

“…Não obstante as sensíveis diferenças entre suas pesquisas, Katinka Pilscheur e Tony Camargo têm em comum o mesmo desajuste em relação à definição do que seja arte. Em ambas obras a dificuldade em localizá-las; o gosto pela inquietude, experimentação e instabilidade como denominador comum.

 

O encontro começa do lado de fora, com a pintura/código de barra realizada por Katinka Pilscheur na cor aproximada daquela que um famoso produtor de esmaltes sintéticos, Colorama, chama de Garota verão. Como todo mundo sabe, códigos de barra representam algo, estão no lugar de um produto qualquer ou ao menos de seu preço. A artista, contudo, coisifica essa metáfora estampando-a na fachada, convidando o transeunte a entrar e decifrar o sentido oculto dessa cifra impressa num vermelho alaranjado aceso, gritantemente vivo. Vã ilusão. No interior da galeria, na porção reservada a sua obra, a artista cria um espaço ultra-complexo: um conjunto de densidade variável de barras verticais finas e roliças, prateadas, apoiadas no chão e no teto. Agrupamentos que chegam a entrincheirar o visitante, transformando sua visita à galeria numa deslocamento vagaroso, cuidando em não esbarrar nas barras que lhes barra os passos, percorrendo de cima a baixo suas peles reflexivas, vendo-se e vendo as outras barras multiplicarem-se.

 

A artista poderá ou não ensanduichar material colorido entre o teto e a extremidade de algumas dessas barras, objetos semelhantes as duas pinturas, uma verde e outra cinza, que ela fixará na parede da sala maior, onde restam somente três ou quatro ou cinco barras, arranjadas assimetricamente, desafiando com sua presença, assim como as pinturas, a estabilidade do ambiente proporcionado pela arquitetura.

 

A sala reservada a Tony Camargo é menor mas suficiente para que ele a preencha com as cores e ações embutidas nos novos trabalhos pertencentes às séries Planopinturas, Fotomódulos eVideomódulos. Mais que vivas, as cores empregadas, aplicadas através de instrumentos próprios a pintura industrial, amplificam-se em razão dos contrastes obtidos; cada tela cria um curioso eclipse, como um sol que, apesar de sua luz potente, evita-se irradiar pelo ambiente.

 

O intercâmbio entre fotografia e pintura proposto pelos Fotomódulos enuncia uma tensão que jamais se resolve, posto que uma linguagem jorra sobre a outra ao mesmo tempo em que se retrai. Pintura e mundo, cores eminentemente artificiais, disponíveis nas paletas oferecidas pelas empresas produtoras de tintas, encontram-se na miríade de objetos que vivem a nossa volta, incluindo cartazes, letreiros, placas, rótulos, roupas e tecidos, até mesmo na intensidade das flores que neste país tropical irrompem com força invulgar. A chegada dos Videomódulos leva o problema a um outro estatuto, posto que a periclitante pose do artista, sempre embuçado de modo a garantir que seu rosto não roube a cena, vai sendo posta em risco pelos embates com o plano de cor com que divide a tela do monitor. Como que atraída pelas cores dos objetos e dos atavios da cena que corre ao lado, o plano colorido disputa espaço com ela, plano retrátil que vai se chocando intermitentemente até desequilibrá-la.

 

Pintura, escultura e instalação; pintura, fotografia, cinema e performance, os dados que compõem as poéticas de Katinka Pilscheur e Tony Camargo reforçam a ideia, cara a esse encontro, da importância de se trabalhar sob o signo da ruptura”.

 

Até 25 de maio.

Exposição de Leda Catunda no Paraná

Leda Catunda

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Centro Cívico, Curitiba, Paraná, inaugurou, na Sala 5, a exposição “Leda Catunda – Pinturas Recentes”. Nesta mostra individual, a conceituada artista  Leda Catunda exibe seus mais recentes trabalhos, num total de 18 obras, executados em tinta acrílica sobre tela e tecido que, segundo a artista, “…remetem à questão da identificação do sujeito com algum tipo de imagem”.
Leda Catunda é uma das mais significativas artistas nacionais da atualidade. Ela fez parte do grupo artístico de forte relevância no Brasil denominado “Geração 80”. Participou de bienais, e importantes exposições nacionais e internacionais. Suas obras constam em importantes coleções particulares, acervos de museus, fundações e centros culturais do país e  do mundo.
O curador da mostra, Jacopo Crivelli Visconti, explica o conceito da exposição: “…os logotipos, as imagens, as cores, os símbolos, os números: todo o repertório visual do esporte aparece nessas obras, cada elemento competindo com os outros, tentando sobrepor-se aos que o rodeiam, até preencher cada centímetro do espaço à disposição”.
De 25 de abril a 28 de julho.

O carretel de Iberê Camargo

27/mar

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura nova exposição, com a duração de um ano, na qual serão exibidas 21 pinturas, 32 gravuras e 4 desenhos de Iberê Camargo. entre 23 de março de 2013 e 23 de março de 2014. A curadoria é de Michael Asbury. Esta exposição apresenta o desenvolvimento da temática do carretel dentro da trajetória pictórica de Iberê Camargo. Sendo esta sua mais prolongada série de trabalhos, a mostra explora sua significação cambiante, da suposta aproximação às vanguardas construtivas do pós Guerra no Brasil, à relação da matéria da tinta ao drama psicológico do gesto.

 

O carretel é o tema mais recorrente na obra de Iberê, aludindo às memórias de sua infância. A exposição Iberê Camargo: o carretel – “meu personagem” exibe um mapeamento da trajetória do artista, mostrando o objeto representado de diversas formas: desde o gênero natureza-morta, inspirado no trabalho de Giorgio Morandi, até as interpretações mais abstratas.

 

A palavra do curador Michael Asbury

 

Ao considerar a significância da temática do carretel na obra de Iberê Camargo, verifica-se o desenrolar de argumentos muitas vezes antagônicos. Se para o artista essa forma tinha características afetivas vindas das suas mais longínquas memórias – seus brinquedos de infância que ele desenterrara do “fundo do rio da vida” –, a crítica, apesar do consenso sobre a posição privilegiada como tema na obra, tem apresentado ao longo dos anos várias hipóteses sobre o que leva o carretel a ter tal importância.

 

Organizados inicialmente em um arranjo frontal rítmico, primeiramente sobre mesas, os primeiros carretéis de Iberê invocam o legado de Morandi. Mais tarde, com o crescente abandono do artifício da perspectiva, apresentam-se cada vez mais próximos à superfície da tela que, à medida que a tinta engrossa, parece os engolir. É a partir desse procedimento que descrições contemporâneas sobre a metamorfose a que Iberê sujeita os carretéis vieram a considerá-los o último estágio do artista a caminho da abstração. Tal procedimento foi visto, no calor da hora, como prova de sua passagem ao informalismo, tendência bastante em voga no final dos anos 50 e início dos 60. Entretanto, a evidência de estudos preparatórios para suas composições, mesmo aquelas de aparência abstrata, nega tal associação, convidando, a partir dos anos 1990, hipóteses que aproximavam o artista das vanguardas construtivas, que, então, ganhavam crescente reconhecimento no incipiente cânone da arte brasileira. Os carretéis levariam o artista, dessa forma, a um processo que considerava o objeto forma autônoma na pintura, em que a memória pessoal vem a ser mera anedota. Há ainda outro posicionamento que considera a maestria da matéria pintada posição singular de um expressionismo levado a seus limites. O artista vem a ser o solitário, sobrecarregado pela dor da vida, melancólico sobre a irreversível perda da inocência que expressa sua condição existencial através de grossas tintas que, agora, se tornam metáforas de uma escorregadia, movediça e pessimista apreensão da vida.

 

Todas essas dimensões críticas privilegiam, no entanto, a pintura sobre os outros meios empregados por Iberê. A atual exposição visa justapor pinturas e gravuras com a intenção de provocar um desequilíbrio à estrutura crítica a qual os Carretéis têm sido submetidos, sugerindo uma ênfase na questão da repetição da forma ao ponto de reconsiderá-la, em toda sua ambiguidade entre o lúdico e o melancólico, signo do próprio ser.

 

De 23 de março de 2013 a 23 de março de 2014.

William Kentridge na FIC

22/mar

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugurou sua primeira exposição temporária de 2013. O artista escolhido foi o sul-africano William Kentridge. A mostra, com curadoria de Lilian Tone e em parceria com Instituto Moreira Salles e Pinacoteca do Estado de São Paulo, ocupa dois andares e o átrio da Fundação. A exposição “William Kentridge: fortuna”, faz uma reflexão sobre a trajetória e contribuição do artista através da escolha de obras que destacam o seu processo de criação pouco convencional, mostrando ao público a variedade e a força da sua atividade multifacetada. Ao todo, serão mostradas 31 esculturas, 32 desenhos, 26 filmes e animações, 115 gravuras e dois vídeo instalações.

 

A partir da série de curtas-metragens “Drawings for Projection”, Kentridge tornou-se conhecido internacionalmente. Iniciado em 1989, esse trabalho é composto por dez filmes e continua sendo desenvolvido pelo artista, que finalizou a filmagem mais recente, “Other Faces”, em 2011. Esta será a primeira vez que os dez vídeos serão mostrados em conjunto, acompanhados por 23 desenhos criados especialmente para a série.

 

A mostra conta também com o vídeo e “flipbook” – livro de artista animado – “De Como não Fui Ministro d’Estado”, feitos para a exposição brasileira. A obra é uma intervenção de Kentridge, que desenhou sobre as páginas de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. A partir do dia 29 de agosto, a mostra será exibida na Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP.

 

Sobre o artista

 

Kentridge nasceu em 1955, em Johannesburgo. Estudou ciências políticas e estudos africanos na Universidade de Johannesburgo antes de entrar na Johannesburg Art Foundation e se voltar para as artes visuais. Durante esse período, dedicou-se intensamente ao teatro, concebendo e atuando em diversas montagens. Seu interesse pelo teatro e pela ópera perpassa toda sua trajetória e indica o caráter dramático e narrativo de sua produção artística, assim como o seu interesse em sintetizar o desenho, a escultura e o filme em uma única linguagem. Após ter influenciado artistas na África do Sul por mais de dez anos, Kentridge ganhou reconhecimento internacional no final dos anos 1990. Desde então, seu trabalho tem sido incluído em exposições e performances em museus, galerias e teatros em todo o mundo, como a mostra Documenta, em Kassel, na Alemanha, 1997, 2003, 2012, a Bienal de Veneza, 1993, 1999, 2005, exposições individuais no MoMA, de Nova York, 1998, 2010, no Museu Albertina, em Viena, 2010, no Jeu de Paume, em Paris, 2011, no Louvre, em Paris, 2010, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, 2005, e performances no Metropolitan Opera, em Nova York, 2010, e no La Scala, em Milão, 2011. Em 2011, Kentridge recebeu o prestigioso Kyoto Prize, em reconhecimento a suas contribuições no campo das artes visuais e da filosofia. Em 2011, foi escolhido como Membro Honorário da American Academy of Arts and Letters e recebeu o título de Doutor Honoris Causa da University of London. Em 2012, apresentou as Charles Eliot Norton Lectures, na Universidade de Harvard, em Cambridge, tornou-se membro da American Philosophical Society, da American Academy of Arts and Sciences, foi nomeado para o Dan David Prize, da Tel Aviv University, e recebeu o título de Commandeur dans l’Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura e Comunicação da França.

 

Até 26 de maio.

Livro e exposição no Recife

11/mar

No catálogo da exposição que realiza em sua galeria no Recife, PE, o marchand Carlos Ranulpho recebe uma saudação do psicanalista e crítico de arte mineiro Carlos Perktold por seus “45 anos com Arte’. Afirma Perktold: “…Nosso marchand Ranulpho, cultivador de beleza e cultura em Recife, começou em 1968, o ano que não terminou, ano tão importante e decisivo politicamente pelo mundo afora. Importante para Recife, que recebeu Ranulpho com abraços e carinhos. Não foi somente a cidade, mas seus bravos e talentosos pintores, a começar por Vicente do Rego Monteiro, brilhante em tudo que fazia e amigo do “lado esquerdo do peito” do marchand”. O conhecido marchand lançou na ocasião o livro “Vicente do Rego Monteiro/Olhar sobre a década de 1960”, de autoria do crítico Jacob Klintowitz.

 

Até 05 de abril

Piza em BH

A galeria Murilo Castro, Sala 1, Savasi, Belo Horizonte, MG, exibe “Tramas”, mostra individual de Arthur Luiz Piza. A exibição causa impacto pelo material empregado: um conjunto de molas, gradis e aramados aparentemente retorcidos. Trata-se do mais recente conjunto de obras criadas pelo artista. A exposição, mostra a capacidade evolutiva de Piza, um dos mais importantes gravadores brasileiros que agora revela algumas esculturas. Piza foi aluno, nos anos 40, de seu primo, Antonio Gomide, com quem estudou desenho e pintura. Piza vive e trabalha em Paris desde 1951, período que marca sua participação na 1ª Bienal Internacional de São Paulo. Em Paris aprendeu técnicas de gravura em metal que mais tarde o conduziram às primeiras experimentações tridimensionais. Em edições seguintes da Bienal, foi contemplado com os prêmios de “Aquisição”, em 1953, e “Melhor Gravador Nacional”, em 1959. Desde então se dedicou a montagem de aquarelas reorganizando os fragmentos geométricos em colagens sobre tela, papel, cobre e madeira. Aos 84 anos, e ainda radicado na França, o artista segue em plena atividade. A mostra “Tramas” exibe esculturas em arame, colagens e gravuras produzidas a partir do ano 2000. Complementando a mostra,  uma série de aquarelas recortadas em pequenos formatos. Em telas de 12 por 8 centímetros, Piza sobrepôs diversos fragmentos. Sua obra pode ser admirada em importantes museus mundo afora como o Museu Albertina, Viena, Áustria; Art Institute of Chicago, Chicago, EUA; Musée National d´Art Moderne, Centre Pompidou, Paris, França; Museum of Modern Art, Nova York, EUA; Victoria and Albert Museum, Londres, Inglaterra e também nos brasileiros MAM-Rio; MAM-SP e Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP. No texto de apresentação da mostra, Jean François Jaeger, diretor da Galerie Jeanne-Boucher, Paris, afirma que “…Aqui o que vemos é o material que se dobra para chegar pá harmonia, que procura a respiração na espessura do entrelaçado e sua flexibilidade e transparência para nos convidar a explorar, segundo as possibilidades de cada um, um espaço mágico. Tudo o que em suas gravuras revelam de energia, fineza, sensualidade, está intacto nesses transes mediúnicos. Em geral pequenos, e como obrigados à modéstia, eles concentram todo tipo de energia, à vezes como efígies que revelam, porque em contração, a monumentalidade da concepção, que autorizaria a metamorfose deles em grande dimensão.”

 

Até 12 de abril

Rubem Grilo em Fortaleza

16/jan

A exposição “Rubem Grilo em duas dimensões”, na Galeria MULTIARTE, Fortaleza, Ceará, apresenta dois momentos do artista. O primeiro abrange o intervalo de 1972 a 1984 – época de formação e amadurecimento – e, o outro, composto por duas séries miniaturas. Todas as obras são xilogravuras, a técnica de impressão gráfica utilizando a madeira gravada como matriz. A exposição é composta de um número significativo de obras: 154 gravuras.

 

As 22 obras em formatos maiores (1972 -1984) permitem uma visão retrospectiva, ao pontuar a trajetória com trabalhos que refletem as mudanças que se sucedem ao longo desse período. As obras realizadas em 1972 e 1973 são peças inéditas. Pertencem ao estágio de iniciação cujas referências absorvem as raízes do Expressionismo e da xilografia popular como dois parâmetros estéticos determinantes nos procedimentos dessa mídia, enraizados na cultura nacional a partir do Modernismo.

 

As xilogravuras em formatos miniaturas apresentam-se em duas séries: “Capilares” e “Objetos Imaturos”. Capitular é a primeira letra, com tratamento decorativo, que aparece nos manuscritos medievais, e, é largamente utilizada na tipografia. A capitular como os demais ornatos tipográficos: vinhetas, frisos, etc., têm vínculos diretos com a xilogravura, que é a técnica utilizada na origem da impressão de textos e imagens. “Objetos Imaturos” são utilitários anômalos, a partir de sapatos, cadeiras, bengalas, copos, tesouras, etc. As obras são desenvolvidas considerando que o humor, inerente na concepção dessas obras, aflora na compreensão do erro. A exposição da Galeria MULTIARTE acontece simultaneamente com outra exposição do artista na Caixa Cultural Fortaleza, o que fortalece sua presença na cidade. A Galeria MULTIARTE, ao optar em mostrar obras pertencentes a outros estágios, soma e complementa o conhecimento deste artista, considerado um dos mais importantes gravadores vivos do país.

 

A exposição estabelece contrapontos: nos formatos das obras, nas fases presentes e  ao se propor complementar. A escala de uma obra induz solucionar questões específicas de ocupação do espaço e sobre a representação temática. Ao sair de um formato maior para um espaço minúsculo surge de imediato a descontinuidade e a necessidade de síntese que podem servir com uma oportunidade de revisão e de escolha. As obras em miniaturas pertencem a esse momento de inventário, de abertura temática, sem hierarquização, em benefício do prazer lúdico e poético.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Pouso Alegre, Minas Gerais, em 1946. Realizou suas primeiras xilogravuras em 1971. Ilustrou diversos jornais de 1973 a 1985, ano em que publicou o livro Grilo xilogravuras (Circo Editorial). Desde então, dedica-se essencialmente à sua obra, tendo realizado cerca de sessenta mostras individuais no Brasil e no exterior, bem como tomado parte de aproximadamente cem e vinte exposições coletivas, entre as quais se destacam as participações na Bienal de São Paulo em 1985 e 1998. Entre os prêmios recebidos, encontram-se o 2º prêmio da Xylon Internacional, Suíça, em 1990, o Golfinho de Ouro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro em 2002 e o Prêmio de Artes Plásticas  Marcantonio Vilaça – Ministério da Cultura Funarte, em 2010, referente à aquisição de 500 obras  para o acervo do MNBA- RJ. Obras suas podem ser vistas nas revistas Graphis e Who’s Who in Art Graphic (Suíça), Novum Gerbrauchs­grafik (Alemanha), Print (Estados Unidos) e Idea (Japão). Foi curador das exposições Pensar gráfico (Paço Imperial, 1998), Mostra Rio Gravura (1999) e Impressões – Panorama da Xilogravura Brasileira (Santander Cultural, 2004). Vive e trabalha no Rio de Janeiro

 

De 16 de janeiro a 08 de fevereiro.

Di Cavalcanti, retrospectiva no MON

29/dez

 

Para continuar com as comemorações de uma década do Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, Paraná, encontra-se em cartaz a exposição “Di Cavalcanti, Brasil e Modernismo”. A mostra é uma retrospectiva de um dos mais expressivos artistas do período modernista da arte brasileira, que retratou o povo e a cultura do nosso país. Aproximadamente 80 obras, divididas entre trabalhos sobre tela, papel, desenhos e aquarelas, estão na mostra e retratam a intimidade e a vertente lírica do pintor e desenhista carioca. O curador Olívio Tavares realizou uma seleção dos trabalhos mais significativos do artista presentes tanto em acervos museológicos do Brasil quanto em coleções particulares.

 

Sobre o artista

 

A carreira artística de Di Cavalcanti se iniciou em 1914, quando aos 13 anos publicou, na Revista FON-FON, no Rio de Janeiro, sua primeira caricatura. Foi morar em São Paulo para estudar Direito e acabou atuando como jornalista no jornal O Estado de São Paulo. Aos 20 anos, começou sua produção como pintor e no mesmo ano fez sua primeira exposição individual. Di Cavalcanti foi também um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.

Morandi no Brasil

13/dez

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, realiza, com o apoio do Museo Morandi, Itália, sua última exposição temporária do ano. Trata-se de exposição restrospectiva  dedicada à obra do pintor e gravador Giorgio Morandi. Com curadoria de Alessia Masi e Lorenza Selleri, “Giorgio Morandi no Brasil” traz para o espaço expositivo da Fundação cerca de 40 pinturas e 15 gravuras organizadas cronologicamente.

 

O conjunto permite a aproximação do público com o processo criativo e produtivo do artista italiano, calcado em questões como a forma, a significação dos objetos, o ritmo das pinturas e a influência da luz na representação pictórica – esta ultima a grande guia da obra de Giorgio Morandi. Quatro obras nunca antes apresentadas em solo brasileiro também compõem a seleção, além da projeção do documentário “La polvere di Morandi”, do cineasta Mario Chemello, sobre a vida do artista.

 

Sobre o artista

 

Giorgio Morandi nasce em 20 de julho de 1890, em Bolonha, cidade onde passa toda sua vida. Nas primeiras pinturas, datadas a partir dos anos 1910, demonstra uma precoce atenção aos impressionistas franceses e, em especial, por Cézanne; logo em seguida, se interessa por Derain, Henri Rousseau, Picasso e Braque. Concentra-se na grande tradição italiana estudando Giotto, Masaccio, Paolo Uccello e Piero della Francesca. Em meados dos anos 10, pinta obras que atestam uma experimentação futurista e, a partir de 1918, atravessa de modo muito pessoal uma breve fase metafísica. Em 1918 entra em contato com a revista e com o grupo “Valores Plásticos”, com quem expõem em Berlim, em 1921. A partir dos anos 20, inicia um percurso pessoal que perseguirá com particular coerência, mas também com resultados sempre novos, dedicando sua pintura a apenas três temas: naturezas mortas, paisagens e flores. Em 1930 obtém a cátedra de gravura na Academia de Belas Artes de Bolonha, cargo que ocupará até 1956. Inicialmente apoiado e admirado por escritores, em 1934 é apontado por Roberto Longhi como “um dos melhores pintores vivos da Itália”, durante aula inaugural na Universidade de Bolonha. Em 1939 recebe o segundo prêmio de pintura durante a III Quadrienal romana.  Em 1943, no auge da guerra, deixa Bolonha e se refugia em Grizzana, onde permanece até 25 de julho de 1944. Nesse período pinta numerosas paisagens. Em 1948, depois de ter exposto ao lado de Carrà e de De Chirico na Bienal de Veneza, recebe da Prefeitura de Veneza o prêmio de pintura.  Em 1953 conquista o I Prêmio de Gravura na II Bienal de Arte de São Paulo, onde expõe 25 águas-fortes. Em 1957, a Bienal de São Paulo lhe confere o Grande Prêmio de Pintura, tendo concorrido com Marc Chagall. Na última década, chega a uma pintura cada vez mais rarefeita. Morre em Bolonha, em 18 de junho de 1964.

 

Até 24 de fevereiro de 2013.

Renato Valle na Dumaresq

Com mais de trinta anos de carreira, foi nos últimos dez anos que Renato Valle desenvolveu projetos em pintura, fotografia, gravura, desenho, objetos e esculturas. Agora, o artista exibe “Escritos sobre pinturas ruins”, primeiro trabalho de Renato Valle realizado, de forma sistemática, fora de uma residência em instituição nessa última década.  Em cartaz na Dumaresq Galeria de Arte, Boa Viagem, Recife, PE, essa produção diversificada foi realizada em residências artísticas com apoio de diversas instituições.

 

Anteriormente a essa pesquisa o desenho foi o foco principal dos trabalhos que Renato Valle realizou. Além disso, produziu algumas dezenas de pinturas em atelier, porém o grande envolvimento com propostas específicas como as séries “Grades de Caminhões”, “Cristos Anônimos” e “DIÁLOGOS”, fez com que muitas dessas telas fossem feitas de maneira esporádica, sem sistematização, surgindo quase sempre como necessidade de exercitar a cor ou por alguma encomenda. O grau de envolvimento de Renato Valle com uma obra ou uma série sempre foi fator decisivo para a qualidade do seu trabalho e a pressão de galeristas e arquitetos para fazer algo que estava distante dos processos desenvolvidos nas suas pesquisas, torna claro que a sua retomada da pintura deveria vir através de um projeto específico.

 

Foi a partir de um dano que ocorreu na última tela encomendada por uma galeria que o artista decidiu fazer uma revisão biográfica do seu trabalho intervindo com escritos sobre telas de vários períodos. Observar o que o leva a não se reconhecer (total ou parcialmente) em determinadas obras, refletir sobre essas questões, escrever sobre essas pinturas sempre considerando tamanho e tipo de letra, cor, teor dos textos e composição, como elementos da própria pintura, preenchendo ou a tela inteira ou determinados espaços de acordo com a problemática específica de cada trabalho, foi o caminho que o artista encontrou para a retomada da sua obra pictórica.

 

Para tanto, contou com o apoio fundamental do FUNCULTURA, da produtora cultural Viviane da Fonte Neves e, mesmo fora das instituições, o artista trabalhou por quase um ano no atelier do amigo e colega Gil Vicente, que cedeu o espaço e acompanhou o processo desde a sua concepção. As quinze telas que serviram de suporte para esta série tinham sido realizadas entre 1981 e 2010 – algumas recolhidas do seu acervo e outras da galeria que as comercializa.

 

Até 31 de janeiro de 2012.