Série de obras de Alexandre Nitzche Cysne

08/ago

 

 

A galeria carioca Cavalo apresenta no espaço CAMA São Paulo, SP, a exposição “Golfo Místico”, primeira individual em São Paulo de Alexandre Nitzsche Cysne. O jovem artista, baseado em Niterói, exibe uma série inédita de obras escultóricas e instalativas oriundas de objetos coletados em antiquários, depósitos carnavalescos e feiras de rua de áreas periféricas do Rio de Janeiro como Acari e Madureira, e áreas centrais como São Cristovão e Santo Cristo.

 

Golfo Místico, na tradição teatral italiana, é como se denomina o espaço reservado aos músicos entre a plateia e o palco – também conhecido em português como fosso de orquestra. Essa cavidade para a trilha sonora das peças, situada em meio à apreensão do público e a ação dramática, serve como fonte de inspiração para as construções de Nitzsche Cysne. Em seu trabalho, elementos do realismo fantástico e da mitologia clássica se misturam à artefatos banais, como no caso de “Valsa tropeço lambe as penas”, uma escultura em que uma bailarina em miniatura rodopia sobre um guarda-chuva/mostruário de bijuterias que perfura o busto de uma armadura masculina. Como numa versão apoteótica de uma caixinha de música de família, a obra é uma das que demonstram o interesse do artista na interseção entre ficção e memória afetiva.

 

Alexandre faz de suas expedições em depósitos e em “xepas” de feiras e mercados sua principal rotina de trabalho. Essa fascinação pelo colecionismo e acumulação se reflete também em sua relação com o vestuário, como acontece na obra de artistas “profetas” tal como Arthur Bispo do Rosário. Inspirado também no escultor francês Etienne-Martin, o artista exibe no espaço CAMA uma peça intitulada “Manto do fim dos tempos”, além de outras obras indumentárias.

 

Através de uma perspectiva arqueológica e um profundo interesse em universos esquecidos, “Golfo Místico” é uma apresentação que valoriza e exalta narrativas ocultas, que primordialmente foram atiradas pela platéia para acessar o palco, mas que acabaram por restar no fosso, descartadas e despercebidas. A exposição fica em cartaz até o dia 10 de setembro.

 

 

A Amazônia de Renata Padovan

 

 

Em exposição na CASNOVA, Jardim Paulista, São Paulo, SP, Renata Padovan nos revela o caminho à frente ao traçar as ameaças que circundam a floresta Amazônica. A mostra “Para Saber Aonde Está Pisando” conta com uma instalação que narra o cenário da represa hidrelétrica de Balbina no estado do Amazonas. E originando o título da mostra, temos a obra em tapete que mapeia as diversas áreas da floresta.

 

Em pura lã e bordado à mão pelas artesãs da Casa Caiada, esse trabalho nasceu de uma pesquisa que busca uma melhor compreensão do panorama ambiental. Aqui, a área da Pan Amazônia é dividida em cinco categorias: as áreas preservadas (em verde), as desmatadas (em vermelho), aquelas consideradas terras indígenas (ocre) e as áreas reservadas para a extração do petróleo (em cinza). As áreas na cor cru são as “não destinadas”; aquelas que costumam ser loteadas ilegalmente e estão mais suscetíveis à grilagem de terra. O tapete aponta para uma disputa ininterrupta entre preservação e exploração, mantendo a poética que é a trama do título.

 

Sobre e artista

 

Renata Padovan nasceu em São Paulo, onde vive e trabalha. É graduada em Comunicação Social pela FAAP, ganhou a bolsa Virtuose em 2001 para mestrado na Chelsea College of Art and Design, Londres. Participou de diversos programas internacionais como artista residente, entre eles Banff Centre for the Arts, Canadá; Nagasawa Art Park, Japão, Braziers international arists workshop, Inglaterra e NES, Skagaströnd, Islândia. Entre as exposições individuais: Galeria Baró, Galeria Eduardo H. Fernandes, Galeria Thomas Cohn, Centro Cultural São Paulo, Galeria Millan, Galeria Valu Oria, Museu Brasileiro da Escultura em São Paulo, e no Rio de Janeiro no Espaço Cultural dos Correios, Paço Imperial e Museu do Açude. Seu trabalho tem sido mostrado em exposições coletivas e festivais internacionais.

 

O verão de 1945 na Itália

 

 

Exposição fotográfica que traz ao Brasil uma seleção de 45 imagens do Arquivo Patellani conservado no Museu de Fotografia Contemporânea de Cinisello Balsamo – Milão, “Fotografia | O verão de 1945 na Itália: a viagem de Lina Bo nas fotografias de Federico Patellani Maeci” tem curadoria de Francesco Perrotta-Bosch. Em cartaz até 10 de agosto no Giardino dell’Istituto Italiano di Cultura, Higienópolis, São Paulo, SP.

 

As fotos retratam a viagem realizada por Federico Patellani, entre julho e setembro de 1945, pelas cidades italianas de Milão, Marzabotto, Florença, Buonconvento, Radicofani, Acquapendente, Viterbo, Cassino, Valmontone e Roma. Neste percurso Patellani esteve com dois jovens arquitetos, Lina Bo e Carlo Pagani, com o intuito de registrar as condições de moradia na Itália deste período. Federico Patellani (1911-1999) é considerado o precursor do fotojornalismo na Itália e exponente da fotografia neorrealista. Graças a seu olhar de viés sócio antropológico produziu incontáveis séries que documentaram fatos importantes e personalidades do século XX.

Novas obras de Ana Linnemann

05/ago

 

 

A Gentil Carioca | São Paulo, Higienópolis, convida para este sábado, 06 de agosto, das 14h às 19h – com visitação até 17 de setembro – para a abertura de “Anotações sobre a prática e outras considerações”, de Ana Linnemann.

 

A mostra finaliza uma trilogia protagonizada pelas relações internas de produção da artista e apresenta trabalhos anteriores e novas obras desenvolvidas em meio à pandemia da Covid-19 e ao desmonte dos últimos anos. Em um movimento de olhar para fora, uma leitura mais atenta a questões políticas e sociais se incorpora a trabalhos em que a artista pensa relações de igualdade, situações de rebatimento e polarização, o acaso e a sua falta, o inesperado e decorrências.

 

Vida e obra de Lorenzato em livro

 

 

A vida e a obra do artista mineiro Lorenzato estarão no centro do encontro que acontece na livraria Megafauna, Edifício Copan, Avenida Ipiranga, 200, loja 53, República, São Paulo, SP, no dia 06 de agosto (sábado), às 11h, por ocasião do lançamento de “Lorenzato”. Organizador do livro, o curador Rodrigo Moura conversa com o crítico Tiago Mesquita e a artista Patricia Leite, e na sequência autografa os exemplares.

 

Durante muitos anos limitada a um círculo pequeno de admiradores, a obra de Lorenzato vem conquistando novos públicos e consolidando seu lugar entre os artistas modernos brasileiros. As pinturas de Lorenzato remontam a sua origem na classe trabalhadora, condição que o levou a conjugar as ambições artísticas à necessidade de sustentar a família com o trabalho na construção civil, podendo se dedicar inteiramente à arte somente com mais de 50 anos.

 

LORENZATO – Rodrigo Moura – Ubu Editora

 

Obra bilíngue que reúne os principais trabalhos do pintor mineiro Amadeo Luciano Lorenzato que produziu um corpo de obra estimado entre 3 mil e 5 mil pinturas com temas e iconografias os mais diversos, que refletem sua biografia e sua relação com a paisagem de Belo Horizonte, MG, seu entorno e sua urbanização. Suas obras conhecidas datam dos anos 1940, quando ele volta ao Brasil depois de ter passado quase trinta anos

 

a Europa, a 1995, ano de sua morte. O artista só pôde se dedicar inteiramente à arte com mais de cinquenta anos, quando se aposenta devido a um acidente de trabalho. Seu ofício como pintor-decorador lhe inspirou a criação de uma técnica pictórica original, que se valia de instrumentos adaptados da decoração de paredes. Com o auxílio de um pente, ele raspava a tinta sobre a superfície repetidas vezes, criando uma fusão de cores com texturas e promovendo uma sensação de movimento. Costumava manipular as tintas a partir de pigmentos minerais encontrados no mercado, e frequentemente as aplicava sobre uma camada de alvaiade que contribuía para intensificar a vibração das cores. A fabricação dos suportes pictóricos, parte importante de sua economia de meios, o levava a reaproveitar pedaços de chapas de madeira e embalagens, às vezes recobertas com tecido ou papel, costurados ou colados à mão. Os formatos eram quase sempre pequenos ou médios – no máximo um metro no lado maior -, denotando certo sentido de domesticidade. Seus quadros têm aspecto áspero: são opacos, táteis e sensoriais. Durante muitos anos limitada a um círculo pequeno de admiradores, sobretudo de artistas e marchands de sua cidade natal, a obra de Lorenzato vem conquistando novas audiências nos últimos vinte anos por meio de exposições, sobretudo em galerias profissionais, que culminaram numa série de apresentações internacionais em 2019. Essa reapreciação consolidou seu lugar entre os artistas modernos brasileiros, contribuindo para a ampliação do cânone. Assim como outros artistas chamados preconceituosamente de primitivos ou ingênuos, Lorenzato recorreu a fontes populares, reprocessando-as com referências eruditas dentro de uma perspectiva não hierárquica. Sua obra deve, pois, ser compreendida como parte da modernidade tardia brasileira.

 

“Lorenzato” é uma publicação da Ubu e está disponível nas principais livrarias.

320 Páginas – Formato 17.5 × 25 × 2.8 cm – R$179,00

 

Sobre o autor e palestrantes

 

Rodrigo Moura é curador, editor e crítico de arte. Trabalhou em instituições brasileiras, como o Museu de Arte da Pampulha, o Instituto Inhotim e o MASP. Desde 2019, é curador-chefe no Museo del Barrio, em Nova York.

 

Tiago Mesquita é crítico de arte e professor de história da arte. Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo, é autor de livros como Imagem útil, imagem inútil e Cassio Michalany: como anda a cor.

 

Patricia Leite é artista, com bacharelado em Desenho e Gravura pela UFMG. Participou do Núcleo Experimental de Arte, dirigido por Amilcar de Castro, e foi professora de pintura no Curso Livre da Escola Guignard. Tem obras nas coleções de instituições como o Museu de Arte da Pampulha e a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

 

*Diante do aumento dos casos de Covid, a Megafauna recomenda aos frequentadores da loja o uso de máscara.

 

 

Conversa com Adriana Lerner

 

 

A artista Adriana Lerner falará sobre sua trajetória e suas mais recentes criações no dia 06 de agosto, às 17h na samba arte contemporânea, Shopping Fashion Mall – São Conrado, Rio de Janeiro, RJ.

 

Com o intuito de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, a galeria samba, convida para uma conversa gratuita e aberta ao público. Adriana Lerner, que se divide entre Miami e o Rio de Janeiro, falará sobre suas criações, como o xale “Dominó”, e a luminária “Any Time”, em exibição na galeria.

 

Depois de 30 anos de uma carreira de sucesso no mundo corporativo, a artista decidiu se dedicar às suas paixões: a arte e o design. E o sucesso veio rápido! Os cashmeres de sua marca Arrivals Gate logo se tornaram objetos de desejo e suas obras, no limiar entre arte e design, participaram de exposições no Brasil e no exterior. O xale “Dominó”, produzido no ano passado para o projeto “O Pequeno Colecionador”, no qual importantes artistas criam obras de arte para crianças de todas as idades, e a luminária “Any Time”, inédita, produzida este ano, feita em caixa de acrílico com cashmere puro. São como nuvens iluminadas que mudam de cores, dez diferentes, sempre nas tonalidades do nascer e do pôr do sol. O xale “Dominó” é produzido em cashmere de alta qualidade, feito à mão em Kathmandu, no Nepal. A estampa é do tradicional jogo de mesa e cada xale contém uma numeração diferente, formando uma peça do jogo. Para estimular a brincadeira, o projeto “O Pequeno Colecionador” sugere que se poste uma foto nas redes sociais com a hashtag #DOMINO para que os pares se encontrem. Além da brincadeira, o xale é super versátil: “Pode botar na parede, no sofá ou sair com a arte de casa para passear”, diz a Adriana Lerner, que criou um chaveiro para guardar o xale dentro, embalagem exclusiva e parte integrante da obra. Além das duas obras, na vitrine da galeria, flutuando no espaço, a artista apresentará a instalação inédita “Conexão” com cashmeres de cores variadas.

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, Adriana Lerner se mudou para os Estados Unidos há vinte três anos. Durante esse tempo, viajou o mundo e teve a oportunidade de vivenciar culturas diferentes, o que a ajudou a desenvolver um olhar especial para o exótico e o único. Em 2015, fundou a Arrivals Gate com a missão de usar sua criatividade para abrir fronteiras e trazer objetos artesanais para a vida contemporânea. Em 2018, em parceria com um fotógrafo, lançou a série “Urban Flow”, que utiliza peças rejeitadas pela fábrica de cashmere para criar arte em fotografia. Com a artista Anna Bella Geiger, lançou duas séries de múltiplos em cashmere na Art Rio 2021 e em 2022 com Artur Lescher, durante a semana da SP Arte.

 

Sobre a galeria

 

A samba arte contemporânea, fundada em 2015 por Arnaldo Bortolon e Cali Cohen, é um espaço que privilegia o diálogo contínuo entre artistas renomados e emergentes de diferentes gerações e regiões brasileiras. Com seu variado acervo em exposição permanente, apresenta de forma singular as obras desses artistas, que colocados lado a lado, nos oferecem inúmeras possibilidades de apresentação e percepção, independentemente de escala, suporte e técnica. A galeria possui dois espaços expositivos, sua ocupação se alterna entre as exposições de acervo, as individuais dos artistas representados e as de projetos curatoriais particulares. A galeria se propõe também a ser um espaço de pesquisa, experimentação e educação através de ações relacionadas. Atua em cooperação com projetos de integração da arte com o entorno, extrapolando o espaço expositivo e aproximando as obras dos artistas do público circulante. A galeria trabalha com obras de Antônio Bandeira, Antônio Dias, Anna Maria Maiolino, Ascânio MMM, Bruna Amaro, Erinaldo Cirino, Diogo Santos, Eduardo Sued, Fernando Mello Brum, Franz Weissmann, Ione Saldanha, José Rezende, Jota Testi, Manfredo de Souzanetto, Roberval Borges, Rubem Ludolf, Thiago Haidar, Washington da Selva, entre outros.

 

Sinfonia das Pedras 3

03/ago

 

 

A Confraria das Pedras organiza mais uma edição da mostra coletiva intitulada “Sinfonia das Pedras”, a realizar-se no Espaços Cultural Correios, localizado no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul, Praça da Alfândega, Porto Alegre, RS. Participam desta edição 29 artistas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, perfazendo cerca de 54 esculturas em pedra, nas mais variadas linguagens, indo da Abstração à Figura Humana.

 

A Confraria das Pedras foi criada em outubro de 2017, pelo escultor José Kanan, a partir de um grupo de escultores da Serra e de Porto Alegre (oriundos do Atelier Livre), com o objetivo de congregar e divulgar os trabalhos dos escultores, principiantes e profissionais, que se dedicam ao ofício da escultura em pedra (mármore, granito, basalto, pedra sabão, sodalita, quartzo e outras). Em 2017, houve a primeira mostra coletiva da Confraria, na Casa de Pedra de Canela, em 2018, na Fundação Sport Clube Internacional, e em 2019 e 2021, no Espaço Cultural Correios, onde novamente ocorrerá a mostra. A curadoria de “Sinfonia das Pedras 3″ é do professor de escultura do Atelier Livre, José Francisco Alves.

 

Artista participantes

 

Adriano Mayer, Alceo Luiz da Costa, Alfi Vivern, Ana Álvares Tita, Ana Andueza, Daniele Almiron, Edemir Wandescheer, Elisa Troglio, Frederico Krahe, Gotto, Hidalgo Adams, Jorge Schroder, José Carlos Albuquerque, José Kanan, Leo Mathias, Lúcio Spier, Guto Rubin, Mario Cladera, Marta Santos, Milton Caselani, Paulo Aguinsky, Ricardo Aguiar (fotos), Ricardo Blauth, Ricardo Giuliani, Rogério Maduré, Rose Paim, Sobral, Sol Stangler, Sônia Seibel.

 

Dudi Maia Rosa na Galeria Millan

 

 

Em “Tudo de Novo”, a nova exposição individual de Dudi Maia Rosa na Galeria Millan, Pinheiros, São Paulo, SP, três anos após a mostra “Lírica”, em 2019, apresenta – de 06 de agosto a 03 de setembro –  um vasto recorte da produção do artista, mesclando obras recentes de sua produção com trabalhos mais antigos, sob a curadoria de Victor Gorgulho.

 

Através de uma abordagem não hierarquizante, são apresentados cerca de quarenta trabalhos inéditos, dentre suas conhecidas obras em resina poliéster pigmentada – técnica sobre a qual o artista debruça-se há décadas, ocupando papel central em sua prática – e trabalhos em pequenos formatos onde a resina funde-se a outros materiais diversos: pedaços de vidro, alumínio, latão, plástico e mesmo a pequenos objetos. Muitas vezes encobertos por sutis camadas de cor, seja pelo uso pontual da tinta à óleo, acrílica ou pelo emprego de carvão ou grafite, são peças que resultam em delicadas assemblages bidimensionais, cujas composições pautadas por ruídos visuais contrastam com as propriedades cromáticas e de luminosidade dos trabalhos em maior escala.

 

Ainda que a mistura destes dois grupos de trabalhos sugira, a princípio, relações dicotômicas entre luz e sombra, cor e escuridão, polidez e fratura, a exibição das obras em pequenos grupos e composições pensadas minuciosamente pelo artista junto ao curador, aprofundam e complexificam tais fricções entre eles. Deste modo, trabalhos do artista realizados em uma ampla janela temporal – desde uma pequena obra datada de 1993 até um robusto conjunto de trabalhos feito nos últimos três anos, aproximadamente – ganham novas camadas semânticas a partir de insuspeitadas relações tanto de afinidade quanto de oposição: seja de ordem formal, cromática, material ou de outras naturezas ainda por serem reveladas.

 

“Tudo de Novo”, frase escrita por Maia Rosa em um dos pequenos trabalhos de resina e fibra de vidro, remete, assim, à natureza irrevogável do labor artístico próprio do ateliê, da vivência diária do estúdio onde nascem e concretizam-se as ideias artísticas; bem-sucedidas ou falhas. É celebrada aqui, portanto, tal resiliência intrínseca ao trôpego fazer artístico, nas mais diversas práticas e produções, mundo afora.

 

Dudi Maia Rosa sabe – qualquer artista sabe – que é preciso encarar o ateliê, dia após dia, atravessando-os em seus questionamentos e dúvidas que teimam em povoar a espessa nebulosidade dos pensamentos de cada um. É preciso adentrar, sem medo, as noites infindas de criação, de inspiração e de impasse, surpresas e falhas, gozo e insatisfação. É preciso mesmo fazer tudo de novo, sabemos: adentrar o espaço expositivo, fitar mais uma vez sua própria obra (sua própria vida, afinal?) para então recriá-la, reconfigurá-la, como quem limpa os próprios olhos em busca de enxergar novamente a vida pela primeira vez. Lavada, nua, assombrosa. Tudo de novo, uma vez mais e outra ainda além, assim por diante.

 

Sobre o artista

 

Dudi Maia Rosa nasceu em 1946, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, iniciou suas primeiras investigações pictóricas com materiais translúcidos, como a resina poliéster pigmentada em fibra de vidro, em 1984. Também se tornou conhecido por conceber trabalhos com volumes e relevos que retêm a luz dentro de si. Suas obras possuem uma certa espacialidade que acaba por sugerir imagens que se dão sem profundidade, puramente na superfície, mas que são, ao mesmo tempo, profundas em si mesmas, se parecem ora com quadros, ora com telas de projeção, ora com vitrais, algumas com relevos de muranos, objetos que insinuam possuir acontecimentos tridimensionais de cores e formas internos. Os trabalhos de Dudi são ocasiões de corporeidade, de presença física, cujas imagens (essas entidades abstratas, que circulam livremente, que não possuem nem tempo e nem lugar) devem responder ao aqui e agora. Apresentou em 1978 sua primeira exposição individual no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, SP. Desde então, realizou diversas exposições individuais em importantes espaços dentre os quais na André Millan Galeria (1993) e Galeria Millan, São Paulo, SP (2009, 2012, 2016 e 2019), Centro Cultural Maria Antônia, São Paulo, SP (2002 e 2013), Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP (2013), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2008), entre outros. Dentre as exibições coletivas destacam-se: “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, Santander Cultural, Porto Alegre, RS, “Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”, Oca, São Paulo, SP (2017), “Auroras – Pequenas Pinturas”, São Paulo, SP (2016), “Uma coleção particular – Arte contemporânea no acervo da Pinacoteca”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP (2015), 10ª Bienal do Mercosul, “Mensagens de Uma Nova América”, Porto Alegre, RS (2015), “Brasiliana: Moderna Contemporânea”, Museu de Arte de São Paulo, SP (2006), 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2005), “Mostra do Redescobrimento: Brasil 500 Anos”, no Pavilhão da Bienal de São Paulo, SP (2000), Bienal de Johanesburgo, África do Sul (1995), Bienal Internacional de São Paulo (1987 e 1994) e Panorama da Arte Atual Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP (1973, 1986, 1989 e 1993). Possui obras em diversas coleções, incluindo a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, SP,  Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, SP, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP, Coleção de Arte da Cidade, São Paulo, SP, Coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP, Coleção Itaú, São Paulo, SP, “Coleção Metrópolis de Arte Contemporânea”, Stedelijk Museum, Amsterdan, Holanda, entre outras

 

 

Exposição de Bruno Cançado

02/ago

 

 
A Central Galeria, República, São Paulo, SP, apresenta até 19 de setembro a exposição “A menor distância” de Bruno Cançado. Em sua  segunda exposição individual na galeria, o artista de Belo Horizonte apresenta trabalhos tridimensionais inéditos em que emprega materiais diversos como terra de cupinzeiro, cimento, resina, adobe, concreto, madeira, aço e bronze. A mostra é acompanhada de um texto crítico assinado por Agnaldo Farias.

 

O trabalho de Bruno Cançado intersecciona arquitetura, ecologia e epistemologia. Baseando-se no conhecimento empírico de construir – seja da arquitetura vernacular ou da construção em escala industrial -, sua obra culmina em uma mistura de temporalidades e elementos, que vão do natural ao manufaturado, do artesanal ao erudito. “Bruno aventura-se pela cidade em busca do que não sabe, mas que reconhece tão logo encontra, seja algo realizado pelo exercício puro da inteligência quando açulada pela necessidade de improviso, pela carência de recursos, seja pelo encontro de coisas que atuam como gatilho da sua capacidade de estabelecer conexões entre coisas díspares”, observa Agnaldo Farias. “O artista interessa-se por suas serventias, pelos destinos que justificaram suas presenças no mundo, pelos sentidos que lhes foram e são atribuídos no decorrer do tempo.”

 

Sobre o artista

 

Bruno Cançado nasceu em Belo Horizonte em 1981. Mestre em Artes Visuais pela Cornell University (Ithaca, EUA, 2019), graduou-se em Artes Plásticas pela UEMG (2010) e em Comunicação Social pela PUC Minas (2003). Participou de diversas residências, como Lighthouse Works (Fishers Island, EUA, 2019), Fine Arts Work Center (Provincetown, EUA, 2014-2015) e Fundação Bienal de Cerveira (Portugal, 2014), entre outras. Entre suas exposições, destacam-se as individuais em: CCBB-BH (Belo Horizonte, 2021), Central Galeria (São Paulo, 2017), AM Galeria (Belo Horizonte, 2016) e Hudson D. Walker Gallery (Provincetown, 2015), entre outras. Seu trabalho integra as coleções do MAC Niterói e do Museu de Arte do Rio.

 

Surrealismo na Tate Modern

01/ago

 

 

O surrealismo não é apenas um movimento, mas um estilo de vida que subverte a realidade e é justamente isso que a exposição “Surrealism Beyond Borders” (Surrealismo Além das Fronteiras) na Tate Modern, Londres, enfatiza.

 

A exposição reúne os grandes mestres do movimento surgido em Paris na década de 1920. Desta vez, a Tate Modern, não só apresenta os grandes expoentes do surrealismo, mas também lança luz sobre o movimento em geral e mostra como, pouco a pouco, ele se espalhou pelo mundo.

 

Para isso, a equipe curatorial do famoso espaço cultural pesquisou por um período de seis anos o máximo possível sobre o surrealismo em todas as partes do mundo. O resultado obtido pelos especialistas foi espetacular porque descobriram um tipo inesperado de ecossistema surreal que não havia sido detectado.

 

A exposição mostra, de forma super bem executada e em infinitas obras que foram feitas por um grande número de artistas que viveram em Buenos Aires, Cairo, Tóquio, Rio de Janeiro (como prova a participação de Tarsila do Amaral) e Cidade do México, que o surrealismo é radical e anti-sistema.

 

Os trabalhos de Picasso, Max Ernst, Dali e Yayoi Kusama certamente são os grandes destaques mas há espaço para algumas grandes (e desconhecidas) pérolas nesse movimento artístico. A centelha do surrealismo foi acesa em Paris no início da década de 20, mas ao longo de 60 anos espalhou-se literalmente por todo o mundo. Para o Brasil é vital o destaque da obra de Tarsila do Amaral nesta exibição.

 

“Surrealismo além das fronteiras” estará aberta ao público até 29 de agosto.