German Lorca na Millan

01/jul

Como aproximar-se da obra de German Lorca, que aos 93 anos e com mais de 70 anos de

atividade, ainda nos surpreende? A exposição “Travessias” na Galeria Millan, Vila Madalena,

São Paulo, SP, em parceria com a FASS galeria, tenta abordar essa e outras questões. São 22

fotografias do artista, produzidas entre 1948 e 2014. “Travessias” apresenta a obra de German

Lorca não apenas como parte da história da fotografia moderna brasileira, mas como o

desenvolvimento de uma linguagem visual coerente e original que se inicia no final dos anos

de 1940 e chega até a segunda década do século XXI.

 

 

Até 25 de Julho.

Três pontos de vista

Apresentando diferentes e complementares linguagens fotográficas, em três pontos de vista igualmente distintos, a exposição “A3″,  Galeria Crivo, Altos de Pinheiros, São Paulo, SP, traz obras dos artistas Choque, Julieta Bacchin e Vivi Bacco.

 

Para o curador responsável, Hélio Moreira Filho, a mostra foi pensada para promover uma discussão acerca do corpo como agente interventor na contemporaneidade. “A escolha dos três artistas passa pela relação de corpo e espaço. Choque traz a questão da intervenção no ambiente urbano, Julieta Bacchin provoca a discussão da poética com a performance, enquanto Vivi Bacco nos revela suas apropriações de ocasiões e lugares vivenciados por ela”, adianta o curador.

 

 

Sobre os artistas

 

Choque é Bacharel em Fotografia pelo Senac-SP. Ganhou evidência internacional com a série Pixação SP (2006-2010), exposta em 13 países, com destaque para a 29ª Bienal Internacional de Artes de São Paulo, o Festival Internacional de Literatura e Cinema Étonnants Voyageurs e o festival Les Recontres d’Arles Photographie, os dois últimos na França. Choque assinou também os stills do aclamado documentário “Pixo”. Ao surgir na década de 80, o fenômeno da arte urbana paulistana veio a se tornar uma das mais polêmicas e agressivas do país, em que Choque atua tanto como testemunha legítima quanto intérprete iconoclasta. Na Galeria Crivo, Choque apresenta um recorte sobre esta série, além de duas obras inéditas que retratam a apropriação do espaço urbano como forma de expressão. As fotos ganham impactantes ampliações de 115cm x 77cm (em sua maioria). Segundo o fotógrafo, seus registros ajudam a desvendar esse codificado universo. “Há muita discussão sobre esse tema. Na mostra, e em todo o meu trabalho, as pessoas podem perceber o quanto tudo isso é onipresente no nosso cotidiano”.

 

Julieta Bacchin apresenta um recorte de seis imagens da série “Photo Poema”, autorretratos fotográficos desenvolvidos a partir da obra literária de Hilda Hilst. Durante uma residência na Casa do Sol (antiga morada da escritora), a artista criou, por meio de fotoperformances, imagens em que a natureza e a figura feminina são protagonistas, remetendo também à pintura pré-rafaelita. Neste trabalho, a artista investiga a possibilidade de transição do universo poético abstrato para a linguagem fotográfica a partir de símbolos e metáforas que cercam a ideia do Corpo na literatura de Hilda. “Uso meu próprio corpo como veículo para a construção das imagens, que são performances capturadas na fotografia. No caso da série Photo Poema, tive controle total da produção. E, além do corpo, existe também meu próprio olhar na composição e edição das imagens”. Referenciando a obra da autora paulista, principalmente sua poesia, Julieta criou uma série de imagens que fazem uma releitura do universo poético de Hilda Hilst, no qual a perda, o desejo e a morte são eixos que atravessam essas seis fotos, uma escrita visual. Todo o material exposto na Galeria Crivo foi produzido entre 2012 e 2014.

 

Vivi Bacco mostra a série inédita “Bento Box”, produzida durante sua recente estada de um mês no Japão. A diversidade das imagens da artista visual paulistana faz alusão às caixas compartimentadas com refeições e diferentes alimentos, parte do cotidiano dos orientais. “Porém, não se trata de um registro de viagem”, salienta Vivi, que é Bacharel em Fotografia pelo Senac, com habilitação em Arte e Cultura. “As fotos prescindem da relação tempo/espaço. São recortes, excertos do meu olhar sobre o que vivenciei nesse período”, diz. Emergem, na estética da fotógrafa, de forma espontânea e aparentemente informal, elementos da natureza, em leituras ora sensuais, ora brutas. Trabalhando com os formatos digital e analógico, ela pesquisou e utilizou papeis japoneses na impressão, como o artesanal Washi. A maior parte do trabalho foi finalizada num dos principais ateliês de impressão de Tóquio.

 

 

De 02 a 30 de julho.

Eduardo Kac em Mallorca

30/jun

“Lagoogleglyph” consiste em um formato gráfico pixelado, fazendo referência a uma cabeça de coelho, inscrito no telhado do Es Baluard Museo de Arte Moderno y Contemporáneo de Palma de Mallorca, Espanha. Foi feita especificamente por Eduardo Kac para o olho de um satélite usado pelo Google. Nesta série, o artista contrata o mesmo satélite usado pelo Google e produz uma fotografia idêntica ao tipo usado pelo Google Earth. “Lagoogleglyph” é visível para qualquer pessoa no planeta via mecanismo de busca geográfica do Google. Este é o segundo “Lagoogleglyph” produzido por Eduardo Kac. A primeira, agora na coleção permanente do MAR-Museu de Arte do Rio, foi apresentado pelo Oi Futuro em 2009. O artista é representado pela Marsiaj Tempo Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.

Del Pero no MARGS

29/jun

 

 

A galeria artefato, Porto Alegre, RS, promove a exposição comemorativa ao seu trigésimo aniversário no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, tendo como artista convidado o pintor Alessandro Del Pero. Nascido na Itália, radicado em Nova York, Alessandro Del Pero encontra-se no Brasil desde o início de junho para a sua primeira exposição individual na América do Sul. Sob curadoria de André Venzon, a seleção de obras será exposta na Pinacoteca do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. (MARGS). Alessandro Del Pero, que possui obras em coleções particulares da América do Norte, Europa e Ásia, veio para participar de um dos eventos que celebra os 30 anos da galeria arte&fato.

 

— Minhas influências vêm de minhas experiências. Quando eu era pequeno, me fascinei pelas obras de Caravaggio. Com o passar do tempo, fui me interessando por outros grandes artistas, como Van Gogh , Picasso e Modigliani, e a partir daí fui construindo minha identidade como artista —  contou o pintor de 36 anos.

 

Alessandro Del Pero, nesta primeira visita ao Brasil, mostra pinturas de grandes dimensões e em sua a agenda inclui um bate-papo com a comunidade artística, de Porto Alegre.

 

 

Até 25 de julho.

 

Efrain Almeida no Paço Imperial

25/jun

Uma pausa em pleno voo é a individual que Efrain Almeida apresenta no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com abertura no dia 02 de julho, sob curadoria do professor-doutor Marcelo Campos. O artista exibe pela primeira vez no Rio de Janeiro, trabalhos em bronze, ao invés da madeira, matéria-prima marcante na sua produção anterior. Agora, a madeira é usada como molde para a fundição em metal. Um conjunto de esculturas em instalação ou isoladas, aquarelas, porcelana e bordado, datados de 2012 a 2015, compõem esta mostra do artista cearense, radicado no Rio de Janeiro, onde não expõe há seis anos.

 

 

 

Uma pausa em pleno voo

 

 

A exposição marca ainda dez anos de encontro de Efrain com o curador Marcelo Campos. “Uma pausa em pleno voo” era o título do texto que Campos escreveu à época. Segundo Efrain, esta pausa é o momento em que o olhar congela um acontecimento frágil, efêmero. Este foi o ponto de partida para esta mostra, que começou a ser planejada há cinco anos: como o artista potencializa o pequeno gesto em algo poético que é a obra.

 

 

A instalação “Uma coisa linda” tem 150 pássaros [galos-de-campina] em bronze policromado [preto, branco e vermelho], distribuídos pelo piso da galeria em grupos de unidades variáveis, formando uma cartografia determinada pelo artista. Cada peça tem sua singularidade. O conjunto rememora a cena do pouso de um bando desses pássaros, que haviam sumido da região, no quintal da casa dos pais de Efrain, no sertão do Ceará. Eles voltaram, assim como o artista, que retorna com frequência à sua cidade natal.

 

 

“10 Hummingbirds”, outra instalação, é composta por dez beija-flores, também em bronze policromado, com tonalidades diferentes, fincados na parede pelo longo bico.

 

 

Os beija-flores aparecem ainda no bordado e nas quatro aquarelas. O bordado é feito sobre duas camadas de organza de seda, compostas de tiras de cores como se fossem camadas de tinta. As aquarelas têm a mesma lógica do bordado, em tons vermelhos e azuis do entardecer.

 

 

Na escultura de um cisne negro, em bronze pintado com tinta acrílica, Efrain foi buscar na memória fabular dos contos de Andersen o simbolismo do cisne que se transforma em princesa. Em “Platano Bordallo”, o artista reproduz em porcelana um segmento de galho com insetos, que fica perpendicular à parede.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem, Ceará, 1964, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre 1986 e 1990, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Museu de Arte Moderna, no RJ.  Começou a expor em 1987, como integrante do XI Salão Carioca de Arte. Daí em diante, tem mostrado seu trabalho em centenas de cidades brasileiras, da Ásia, Europa e dos EUA. Entre as diversas exposições do seu currículo, destaca-se Marcas, retrospectiva sobre seu trabalho realizada em 2007 na Estação Pinacoteca, em São Paulo, e sua participação na Bienal de São Paulo de 2010. Efrain Almeida faz parte do elenco da Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, e da CRG Gallery, Nova York. Sua obra está em importantes coleções públicas, como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM [Recife]; Museu de Arte Contemporânea do Ceará; Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; ASU Art Museu, Universidade do Arizona, EUA; Museum of Modern Art – MoMa [Nova York, EUA] e Toyota Municipal Museum of Art, Japão.

 

 

 

Até 13 de setembro.

​Arquivo urbano

24/jun

A Luste Cultural exibe, no Senac Lapa Faustolo, São Paulo, SP, a mostra Arquivo Urbano: 100 Anos de Fotografia e Moda no Brasil, da editora de moda, artista plástica e designer de joias Jussara Romão, que também assina a curadoria e a expografia. Composta por 120 fotografias e vídeos, a exposição apresenta um panorama dos hábitos e costumes dos brasileiros nos últimos 100 anos, com ênfase na moda feminina cotidiana. Na data da abertura da exposição, a autora ainda participa de uma conversa aberta com o diretor de arte Guilherme Rex e com o jornalista Mário Mendes.

 

 

 

Durante amplo período de pesquisa iconográfica, feita por Goya Cruz, foram resgatadas fotografias – oriundas de álbuns de família, instituições, museus e acervos particulares – que traçam uma análise social e histórica da sociedade brasileira, ao longo dos últimos 100 anos. Além de fotógrafos anônimos, que registraram o dia a dia de suas famílias, a pesquisa inclui imagens de nomes consagrados, como Augusto Malta, Jean Manzon e Marcio Scavone. Com este material e, partindo do pressuposto de que “Tudo o que acontece na sociedade se reflete na forma de vestir”, surgiu o projeto Arquivo Urbano, composto por um livro (lançado em 2013, pela Luste Editores), e pela presente exposição. O livro – que foi finalista do Prêmio Jabuti 2014 na categoria Artes e Fotografia -, traz as imagens, acompanhadas por um texto de autoria de Mario Mendes, e relatam comportamentos difundidos por fontes como cinema, rádio, jornais, revistas e televisão, desvendando o país antes e depois do advento da indústria da moda.

 

 

Ocorridas do início do século XX para o XXI, grandes transformações na sociedade geraram diversas mudanças nos hábitos e costumes da população. “A moda, o lazer, a alimentação: tudo mudou de forma extraordinária”, comenta Jussara Romão.

 

 

A exposição Arquivo Urbano: 100 Anos de Fotografia e Moda no Brasil apresenta uma história do país. Não a história oficial de políticos e homens importantes, mas a vida cotidiana dos brasileiros e sua evolução – um tema de interesse para os mais diversos públicos. A mostra representa, desta forma, um importante registro não apenas para historiadores e estudantes, mas também para o público em geral, uma vez que traz imagens curiosas, que contam a trajetória do Brasil de modo pouco usual.

 

 

 

De 30 de junho a 24 de julho.

Patrícia Francisco na Mamute

22/jun

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Slide”, da artista Patrícia Francisco. A mostra com curadoria de Elaine Tedesco apresenta um conjunto de trabalhos que privilegia o uso do vídeo e da fotografia para desenvolver versões do real. Patrícia Francisco busca no plano das memórias roteiro para suas criações e explora fotomontagens e fotoperformances para criar séries contaminadas pelo cinema, sobre o futuro decadente da humanidade ou questionamentos sobre os problemas ecológicos na atualidade.

 

 

 

Uma só fotografia não basta

 

 

Patrícia Francisco vem privilegiando em sua produção artística o uso do vídeo para desenvolver versões do real. Há alguns anos cria filmes, documentários autorais nos quais o roteiro é delineado a partir do encontro com o plano das memórias. São filmes que abordam histórias de cegos, lembranças de sua avó, histórias de algumas mulheres ou um diário de sua percepção sobre casas abandonadas na cidade de São Paulo. Em 2012 passou a explorar a fotografia em fotomontagens e fotoperformances para  criar séries contaminadas pelo cinema apresentadas em instalações, como nos trabalhos Eu Como Um Canto; Leonardo; Vetores; Dominó; Antes/ Depois e Sinal Vermelho. Essas séries são o pano de fundo para a exposição na Galeria Mamute, nela expõe conjuntos de fotografias que tematizam a paisagem urbana de duas cidades – Rio de Janeiro e São Paulo. A série Leonardo, exposta na primeira sala, tem como referência um filme de outro autor A Vida de Leonardo da Vinci, de Renato Castelani(1). Tais trabalhos são montados a partir de slides diapositivos. Neles as molduras (dos slides) agem como quadros que contém múltiplos fragmentos do repertório de Leonardo da Vinci – plantas, textos, uma escultura com sua imagem em Milão – misturados a apropriação de imagens e fotografias feitas pela artista em diferentes cidades. Nessas fotomontagens, indo da primeira à terceira, a presença das molduras de slides é mobilizadora da abstração que ganha corpo na medida em que avança do fundo ao primeiro plano. Na mesma sala, em contraponto a esse trabalho, está Antes/ Depois – uma sequencia de diferentes obtenções fotográficas do mesmo objeto, feita ao longo de um mês na praia de Botafogo, RJ., associada a um diálogo ficcional sobre o futuro decadente da humanidade. O assunto do diálogo escrito sobre a imagem narra possíveis transformações que o homem pode vir a ter: – Seremos homúnculos? Pergunta a artista. Já a série Sinal Vermelho, exposta na segunda sala, tem como motivo seus questionamentos sobre os problemas ecológicos na atualidade, nela os opostos beleza e poluição são tratados em um acordo gráfico. Cenas do cartão postal carioca justapostas com imagens em close do lixo que orbita aquela paisagem. A palheta de cores, quase um tom sobre tom (marfim, verde e preto), faz referência a quadros de natureza morta e ao filme O Catador e a Catadora, de Agnés Varda(2). Esse conjunto de obras nos dá a ver tempos e enquadramentos condensados constituindo o material para criação de cenas urbanas e sugerem repensar o futuro.

 

 

Elaine Tedesco

(1) La Vita di Leonardo da Vinci , 1972/ Renato Castellani

(2) Les Glaneurs et la Glaneuse, 2000/Agnes Varda.

 

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Mestrado em Artes – ECA/USP, 2008. Orientação Artística com Carlos Fajardo, São Paulo (2005-2007). Graduada em Artes – IA/ UFRGS. Representada pela Galeria Mamute em Porto Alegre-BR. Artista residente “Programa Internacional de Residências Artísticas”, Fundación ‘ACE, Buenos Aires-AR (2014)  Programa”Obras em Construção”, Casa das Caldeiras, São Paulo-BR (2011). Obras em Coleções: Museu de Arte Contemporânea–MAC (Porto Alegre-BR) Fundação Vera Chaves Barcellos – FVB (Porto Alegre–BR); Videothèque Joaquim Pedro de Andrade – Maison du Brésil – Cité Internationale Universitaire (Paris–FR). Principais Exposições Slide (individual), Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS. (junho/2015) De Longe, de Perto, curadoria Angélica de Moraes, Galeria Mamute, Porto Alegre/ RS; Sul-Sur 2014, Espacio de Arte Contemporáneo – EAC, Montevideo, Uruguay ; X Muestra Monográfica de Media Art – Festival Internacional de La Imagen, Manizales, Colombia., 4o Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea (Artista Finalista), Casa de Cultura, Paraty/ RJ;10o Salão de Arte Contemporânea, Marília/ SP; (Prêmio Prata Banco Bradesco); A Inventariante, VIDEOAKT 03 –Bienal Internacional de Vídeo Arte, Barcelona/ES; Entre, curadoria Ana Zavadil, MAC RS, Porto Alegre/RS.

 

 

 

Sobre a curadora

 

 

Doutora em Poéticas Visuais pela UFRGS. Participou da 52ª Bienal de Veneza, 2007 e  2ª e 5ª edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 1999 e 2005. Projetos individuais 2014. Wispering, mostra de vídeos no Directors Lounge, durante Residência artística em Berlim a convite do Instituto Goethe Porto Alegre. Curadoria: 2014. Neblina: a fotografia no acervo do MAC RS. Coordena a mostra de vídeos Audiovisual sem Destino, Porto Alegre, RS. Coletivas: 2014. Branco de Forma. Pinacoteca do Instituto de Artes, Porto Alegre. Manifesto, desejo poder e intervenção,  Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2013. Ninhos e o arquivo agora, Porão do Paço Municipal, Porto Alegre, RS. Fazer e desfazer a Paisagem, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul. 2012 – Transição, Galeria Leme, São Paulo. 2011- Do atelier ao Cubo Branco, MARGS. Museu Sensível, MARGS, Porto Alegre. 2010 – Residência SAM Art Projects, e exposição Parcours Saint-Germain, Paris, França. Coleções Públicas MARGS RS. MAC RS. MAC Paraná. MAM Bahia. Museu de Arte de Brasília. Museo de Arte Latino Americano de Buenos Aires (MALBA). Casa das 11 Janelas. Fundação Vera Chaves Barcelos.

 

 

 

De 26 de junho a 07 de agosto.

A Tradição clássica

A Fundação Eva Klabin, Lagoa (esquina do Corte do Cantagalo, próximo ao Metrô Cantagalo), Rio de Janeiro, RJ, realiza, no próximo dia 27 de junho, às 15h30, o encontro da programação mensal gratuita “A tradição clássica na Fundação Eva Klabin”, que abordará a arte produzida na antiguidade tendo como ponto de partida uma obra do vasto acervo da instituição. O encontro deste mês terá como tema “Classicismo e anticlassicismo”, com palestra de Fernanda Marinho, doutora pela UNICAMP, historiadora da arte no âmbito do Renascimento italiano e suas decorrências iconográficas e historiográficas.

 

 

A iconografia mariana será abordada nesta palestra através dos divergentes contextos artísticos de Flandres e da Itália do século XVI. A partir das madonas associadas aos círculos de Mabuse e Andrea del Sarto, serão analisadas as repercussões da crise político-religiosa do Renascimento e suas decorrências formais anticlássicas.

 

 

A retirada de senha será a partir das 15h, e inscrições prévias podem ser feitas pelo email cultura@evaklabin.org.br. Organização de Marcio Doctors, com patrocínio da Klabin S/A, com Lei Federal de Incentivo à Cultura, do MinC. A entrada é gratuita.

 

 

 

 

Sobre a palestrante

 

 

Fernanda Marinho, doutora pela UNICAMP, é historiadora da arte no âmbito do Renascimento italiano e suas decorrências iconográficas e historiográficas. Trabalhou na Fundação Eva Klabin, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e lecionou no Instituto de Artes da UERJ, no IFCH da UNICAMP e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Atualmente é pós-doutoranda pela UNIFESP e dedica-se às diversas formas de primitivismo durante o início do século XX entre França, Itália e Brasil.

Suzana Queiroga em Portugal

19/jun

A inauguração da exposição “ÁguaAr”, mostra individual da artista brasileira Suzana Queiroga, no Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura (CAAA), em Guimarães, Portugal, abrange diversas áreas como desenho, vídeo, instalação e documentação. A curadoria é de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey. O texto crítico recebeu assinatura de Jacqueline Siano e conta com o apoio de DGArtes/Direcção-Geral das Artes (Portugal), uma realização da eRevista Performatus.

 

 

 

De Suzana Queiroga

 

 

Das fronteiras geográficas que incorporam a presença da água e do ar, Suzana Queiroga depara-se com ambos elementos a partir da observação de diferentes cartografias, presenciadas através dos voos/performances em seu balão de ar quente Velofluxo ou através de outras formas de pesquisar o fluxo, o tempo e a continuidade presentes na paisagem como algo em constante movimento. De cima, vemos camadas complexas sobrepostas que se interconectam. Vemos os sistemas de águas como rios, seus afluentes, os oceanos e mares, as correntes e as marés, os sistemas e mapas de ventos, os mapas de voo, as correntes do ar, as nuvens e ainda os códigos gráficos das cidades e das paisagens em geral. Igualmente, podemos contemplar a relação das cartografias com o próprio corpo, com o sistema sanguíneo e com os demais sistemas de circulação, bem como com os nossos corpos em determinadas localidades, habitando e fluindo em diferentes paisagens. A partir de ÁguaAr de Suzana Queiroga, a paisagem renuncia unicamente a sua colocação como um conceito geográfico para tornar-se uma alegoria complexa e inexaurível da existência humana, relacionando a memória e a materialização da mesma em variáveis suportes artísticos que remetem a ambientes vistos e imaginados.

 

 

 

Apresentação de Suzana Queiroga

 

 

A artista plástica carioca Suzana Queiroga despontou nos anos 80, época em que a exposição “Como vai você, Geração 80?”, apresentada no Rio de Janeiro, em 1984, apresentou a produção de cerca de 100 jovens artistas que modificou significativamente os rumos da arte no Brasil. Queiroga é um dos nomes deste núcleo de artistas juntamente com Daniel Senise, Leda Catunda, Beatriz Milhazes, Delson Uchoa, Nuno Ramos, Cristina Canale, entre tantos outros, que alcançaram representatividade e notoriedade nacional e internacional. Pinturas, desenhos, esculturas, instalações, vídeos, infláveis e intervenções urbanas são as várias expressões as quais Suzana Queiroga se dedica. Artista inquieta e pesquisadora, seu trabalho se destaca pela inteligência com que articula operações improváveis e radicais e no que se desprende das tradições para se lançar em um campo amplo de possibilidades que permite infinitas configurações. Sua obra, como numa verdadeira rede, articula diferentes meios que se entrecruzam formando um todo poético e contemporâneo. No universo complexo de pluralidades da arte contemporânea, Suzana Queiroga nos propõe vislumbrar o próprio pensamento. A artista se interessa por vários campos do conhecimento no que se dedica a pesquisas filosóficas e cientificas e aciona diversos elementos e domínios da cultura ao mesmo tempo. Sua obra posiciona-se diante do mundo não para produzir simples contemplação, mas para possibilitar ao espectador a imersão em um campo sensorial profundo e num espaço mental no qual a obra se relaciona com o ser, o tempo e os reverbera. Sua obra se vincula ao pensamento seminal de Hélio Oiticica e Ligia Clark, artistas brasileiros fundamentais para a expansão dos espaços plásticos em direção a realidade, por acrescentarem as vivencias sensoriais à experiência artística.

 

 

 

Sobre a artista

 

 

Suzana Queiroga reside e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, leciona Pintura e Desenho na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil. A artista já recebeu cerca de 11 premiações nacionais entre elas, o 5º Prêmio Marcantônio Vilaça /Funarte para aquisição de acervos, em 2012; Prêmio Nacional de Arte Contemporânea/ Funarte, em 2005; a Bolsa RIO ARTE, em 1999; e os X e IX Salões Nacional de Artes Plásticas, entre outros. Participou de inúmeras coletivas nacionais e internacionais entre elas: “Matérias do Mundo”, projeto “Arte e Indústria”, com curadoria de Marcus de Lontra Costa, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, MAC /USP, São Paulo, Brasil; exposição “Diálogos da Diversidade”, na galeria Matias Brotas Arte Contemporânea, Vitória, Brasil; participação com vídeos no XXX Fuorifestival, Pesaro, Itália; “Bola na Rede”, curadoria de Fernando Cocchiarale, Funarte/Brasília, Brasília, Brasil; “Nova Escultura Brasileira”, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil; “Mapas Invisíveis”, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, Brasil; “Innensichten-Aussensichten” na Alpha Nova-Kulturwerkstatt & Galerie Futura, Berlim, Alemanha; “Plasticidades”, Palais de Glace, Buenos Aires, Argentina; “Como está você, Geração 80?”, CCBB/RJ, Rio de Janeiro, Brasil; “Ares & Pensares” Esculturas Infláveis, Sesc Belenzinho, São Paulo, Brasil; entre outras. Participou de inúmeras exposições individuais entre elas: “Livro do AR”, projeto “O Grande Campo”, Oi Futuro, curadoria de Alberto Saraiva, Rio de Janeiro, Brasil, 2014; “Prelúdio”, Galeria Siniscalco, Nápolis, Itália, 2014; “Olhos d’Água”, MAC/Niterói, projeto contemplado pelo 5º Prêmio Marcantônio Vilaça/Funarte, com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, Niterói, Brasil, em 2013; “Sobre Ilhas e Nuvens”, Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, Brasil, 2013; “Semeadura de Nuvens”, Artur Fidalgo Galeria, Rio de Janeiro, Brasil, 2013; “O Grande Azul”, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro Brasil, com curadoria de Fernando Cocchiarale, 2012; “Open Studio-Suzana Queiroga”, Akademie der Bildenden Künste Wien, Viena, Áustria, 2012; “Flutuo por Ti”, Anita Schwartz Galeria, Rio de Janeiro, Brasil, 2011; “Velofluxo”, Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro, Brasil, 2009; “Velofluxo”, CCBB/Brasília (Brasil), com curadoria de Fernando Cocchiarale, 2008; “Pintura em Campo Ativado”, curadoria de Viviane Matesco, SESC Teresópolis, Brasil, 2005; “Velatura”, Instalação Inflável, Galeria 90, Rio de Janeiro, Brasil, 2005; “In Between”, Cavalariças do Parque Lage, Rio de Janeiro, 2004; “Tropeços em Paradoxos”, LGC Arte Hoje, Rio de Janeiro, Brasil, 2003; entre outras. E da Bienais 2015, XVIII Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, Portugal; 2014, 4ª Bienal del Fin del Mundo, com curadoria de Massimo Scaringela, Mar del Plata, Argentina. Além de residências artísticas como 2014, artista residente da 4ª Bienal del Fin del Mundo, Espacio Unzué, Mar del Plata, Argentina; 2013, artista residente no Instituto Hilda Hilst, Campinas, Brasil; 2012, artista residente na Akademie der Bildenden Künste Wien, Viena, Áustria. E nas publicações 2013, foi publicado Olhos D’Água/Suzana Queiroga, de Luiz Guilherme Vergara, Rafael Raddi e Paulo Aureliano da Mata, pela Coletiva Projetos Culturais; 2008, foi publicado Velofluxo/Suzana Queiroga, de Fernando Cocchiaralle, pela Editora Metrópolis Produções Culturais; 2008, foi publicado Suzana Queiroga, de Paulo Sérgio Duarte, com entrevistas a Glória Ferreira, pela Editora Contracapa; 2005, foi publicado o livro Suzana Queiroga, de Viviane Matesco, pela Artviva Editora.

 

 

 

De 20 de junho a 09 de agosto.

Geração 80 em Curitiba

18/jun

Entra em exibição na Simões de Assis Galeria de Arte, Curitiba, PR, a exposição “Geração 80: Ousadia & Afirmação”, com curadoria de Marcus Lontra. Artistas de uma geração cuja marca foi a busca da associação do pensar com o fazer serão apresentados na mostra, que traz obras de Barrão, Beatriz Milhazes, Cristina Canale, Daniel Senise, Delson Uchôa, Gonçalo Ivo, Jorge Guinle, Leda Catunda, Leonilson e Luiz Zerbini.

 

 

Em julho de 1984 e 123 artistas de várias partes do país se reuniriam num grande site-specific no prédio do Parque Lage, no Rio de Janeiro. A abertura da exposição foi uma festa que reuniu toda uma geração crescida à sombra de 20 anos de ditadura militar. Na mostra, diversas propostas reunidas pela jovem curadoria de Marcus Lontra, Paulo Roberto Leal e Sandra Mager tendo, como um de seus nortes, a importância da imagem. Intitulada “Como Vai Você, Geração 80?”, a mostra completou 30 anos em 2014 e é, a partir do dia 18 de junho, revisitada por meio de seus principais nomes. Em vez de trazer trabalhos da época da exposição histórica desses artistas, Lontra empreende uma visita à produção mais recente desses que são nomes integrantes da história da arte brasileira. “A mostra reúne obras de décadas variadas e funciona como um caleidoscópio: imagens que se sobrepõem, se movimentam e se alternam na construção de um conjunto íntegro e orgulhoso”, diz o curador.

 

 

 

Geração 80: ousadia & afirmação

“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”

“Comida” – Titãs, hit dos anos 80

 

 

Há pouco mais de trinta anos, cento e vinte e três jovens artistas se reuniram na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro, na emblemática data de 14 de julho, para invadir e ampliar as fronteiras da arte brasileira, na hoje célebre mostra “Como vai você geração 80?”. Eram outros os tempos, repletos de otimismo, e a juventude de então estava certa da necessidade premente de sair às ruas, de ocupar as avenidas e os becos da cidade comemorando a democracia que renascia no Brasil depois de um longo período de trevas. Assim éramos todos, jovens românticos e corajosos, querendo falar de afeto e liberdade, dispostos a construir um novo país e a alimentar uma produção artística que refletisse a pluralidade cultural e étnica do país.

 

 

O Brasil – e em especial o Rio de Janeiro – vivia um momento de ebulição política e cultural. Brizola e Darcy construíam CIEPs, concretizando sonhos de Anísio Teixeira e Paulo Freire. A piscina do parque Lage era a metáfora perfeita para o banho de criatividade que ocupava o casarão de Gabriela Bezanzoni e seus jardins. A curadoria (Paulo Roberto Leal, Sandra Mager e eu) era também jovem e não buscava excessos teóricos que acabam por transformar os artistas em meros ilustradores das geniais teses acadêmicas do teórico de plantão. No texto explicativo da mostra os critérios eram assim explicados: “… durante todo o processo de realização, nós, os curadores, jamais tentamos impor caminhos, forçar a existência de movimentos, de grupos, enfim, comportamentos superados nos quais somente alguns poucos `espertos` se beneficiam. A nós interessa menos o que eles fazem, e mais a liberdade desse fazer. Esse foi o princípio que norteou as nossas funções na coordenadoria da mostra.”

 

 

A total liberdade que permitiu aos artistas a escolha dos lugares onde expor e a correta função da curadoria, colaboraram para o estrondoso sucesso do evento. Em meio a tantos nomes surgiam obras e carreiras que hoje se afirmam na história recente da produção artística do Brasil. A mostra definiu a vocação plural e madura da arte brasileira; permitiu o aparecimento de uma crítica mais comprometida com a inserção da arte no panorama cultural brasileiro, oxigenou o mercado e reavaliou aspectos institucionais. Em sua essência democrática, a geração 80 foi, é e sempre será uma voz a serviço da diversidade. “Gostem ou não, queiram ou não, está tudo aí, todas as cores, todas as formas, quadrados, transparências, matéria, massa pintada, massa humana, suor, aviãozinho, geração serrote, radicais e liberais, transvanguarda, punks e panquecas, pós-modernos e pré-modernos, neo-expressionistas e neocaretas, velhos conhecidos, tímidos, agressivos, apaixonados, despreparados e ejaculadores precoces. Todos, enfim, iguais a qualquer um de vocês. Talvez um pouco mais alegres e corajosos, um pouco mais… Afinal, trata-se de uma nova geração, novas cabeças.”

 

 

Hoje, já na segunda década de um novo milênio, é gratificante constatar que a ousadia desses sempre jovens artistas está presente no cenário da arte contemporânea. Alguns com carreiras internacionais estabelecidas, outros com a certeza de que o tempo caminha ao seu lado, eterno cúmplice da qualidade das obras realmente significativas. A mostra aqui apresentada reafirma a importância de uma história já vivida e de um futuro no qual a liberdade caminhará de mãos dadas com a maturidade e o amplo domínio de seus meios expressivos. Reunir no mesmo espaço físico esse grupo de amigos, permite a curadoria – e ao público principalmente – o reencontro com obras que fazem parte do nosso saber e do nosso sentir. A mostra reúne obras de décadas variadas e funciona como um caleidoscópio: imagens que se sobrepõem, se movimentam e se alternam na construção de um conjunto íntegro e orgulhoso de uma geração que acredita no que faz e que ajuda a compor, cotidianamente, o retrato de sua época, de seu país, de nossos sentimentos e de nossas idéias.

 

Marcus de Lontra Costa – Maio de 2015

 

 

 

Até 01 de agosto.