Vinte e cinco anos de atividades

09/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.

 

 

Contaminações e convergências espontâneas

05/mai

NONADA ZN, abriga a mostra coletiva “fragmento I: vento pórtico”, com os artistas Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima, sob curadoria de Clarissa Diniz, com aproximadamente 32 trabalhos entre esculturas, instalações, gravuras, vídeos e objetos, muitos inéditos, uma rara exposição de processo, a partir do dia 06 de maio e permanecrá em cartaz até 11 de junho. O projeto idealizado pela curadora, dividido em duas etapas, surge do desejo de reavivar um centro de produção na Penha, Rio de Janeiro, RJ, e reativar sua vocação criadora que, no passado, era preenchido por muitos saberes, memórias e trabalho.

Em seu primeiro movimento – “fragmento I: vento pórtico” – a curadora ocupou os espaços desde o mês de março, com os artistas em atividades criativas desenvolvendo seus experimentos e poéticas, “realizando investigações site specific e partilhando seus saberes e desejos num processo coletivo de criação, crítica e interlocução”, como relata Clarissa Diniz. As pesquisas in loco, focadas em torno dos imaginários, políticas e formas do vento, do movimento, do vazio, do oco e do avesso. Nesse primeiro instante, tem-se uma singular ocasião de acesso de obras geradas a partir dessa imersão mas também ser apresentado a resultados que Iah Bahia, Loren Minzú e Siwaju Lima produziram através as contaminações e convergências espontâneas advindas da convivência entre si e com o espaço e suas histórias e a forma como foram compartilhadas.

A costura de artistas ímpares em uma mesma pesquisa apresentou-se como uma promessa onde os resultados impossibilitaram qualquer antevisão. Iah Bahia desenvolve obras com variadas formas e materialidades em artes experimentais, processuais e abstracionais. Possui sua prática-pesquisa a partir de observações e experimentações interdisciplinares conjunta a matéria-tecido, matéria-lixo e de outros elementos substanciais coletados no território urbano. Destaca as tensões do espaço habitado, e convoca o rearranjo dos efeitos do ecocídio em uma nova visualidade no mundo, como o conhecemos. Loren Minzú, em sua prática, investiga a produção de imagens ligadas a noções temporais, espaciais e corporais, com base em ficções acerca dos sistemas perceptivos e comunicativos em relações interespecíficas. Interessado nos processos fenomenológicos que compõem o mundo visível e sensível, o artista observa e joga com a luminosidade e a escuridão que emanam de corpos terráqueos e cósmicos, para compor cenas audiovisuais, instalações e esculturas com vegetais, minerais, elementos matéricos e artefatos. Por outro lado, Siwaju Lima investiga a relação do tempo com diferentes ecologias por meio do reaproveitamento de peças de ferro doadas ou encontradas. Seus trabalhos estabelecem uma relação íntima e direta com a escultura fundida, e as possíveis relações entre a matéria e os símbolos que incorpora, entre o objeto e seu entorno, entre corpo escultórico e o espaço, e entre a obra e nossos corpos, sempre numa dimensão temporal em espiral e em expansão.

Em um segundo momento, “Fragmentos II”, tem como fio condutor as ideias de armadilha, defesa, feitiço, armadura. Aglutinadas em “Fragmentos I e II”, as pesquisas de Siwaju, Iah e Loren harmonizam um estimulante cenário da produção recente da arte brasileira que atua com materiais como o papel, o ferro, a madeira e a cerâmica.

 

A palavra da curadoria

“Não estamos diante de projetos estéticos extrativistas no seio dos quais as matérias são instrumentalizadas como recursos a serem apropriados por mãos e gestos autoritários. Ao contrário, Vento Pórtico desdobra-se em exercícios poéticos cuja ética implica em dobrar, acariciar, oxidar ou tocar materialidades como a corpos cúmplices com os quais compartilhamos segredos, saberes, desejos e pragas”.

 

Sobre os artistas

Iah Bahia (1993 São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ). É formada no curso técnico em Design de Moda e, recentemente, ingressou em Artes Visuais-Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ (RJ). Em 2020, participou do programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 2022 participou da residência formativa Elã, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

Loren Minzú (1999, São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense, passou por instituições como Casa do Povo, (SP) e Parque Lage, (RJ) – onde compôs a turma de Formação e Deformação (2021). Em 2022, foi residente no programa Elã, do Galpão Bela Maré, (RJ). Nas exposições, destacam-se Rebu, no Parque Lage, (RJ), em 2021, Raio a Raio, organizada pelo Solar dos Abacaxis no pilotis do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2022), De montanhas submarinas o fogo faz ilhas, na Pivô (SP) em colaboração com a Kadist (2022) e In the Skeleton of The Stars, no Institut für Auslandsbeziehungen, (Stuttgart, Alemanha), em 2023. Também participou de mostras audiovisuais no Cine Bijou, (SP), Centro Petrobras de Cinema, (Niteroi, RJ) e na Cinemateca Nacional Dominicana (Santo Domingo).

 

Siwaju Lima (1997 São Paulo, SP) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é artista do ateliê de escultura da EAV Parque Lage (RJ), do Programa Formação e Deformação, e da Escola Livre de Artes do Galpão Bela Maré (RJ). Entre as exposições coletivas que participou em 2022, destacam-se Arte como trabalho, no Museu da História e da Cultura Negra, Idolatrada salve! Salve! (RJ), na Fábrica Bhering, Olha geral, no Instituto de artes da UERJ (RJ), e Ecologias do bem-viver, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

 

Jarbas Lopes e curadoria de Catherine Bompuis

04/mai

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Lua/Luta”, próxima exposição individual de Jarbas Lopes, com curadoria de Catherine Bompuis. A abertura acontece no próximo sábado, 06 de maio, das 17h às 22h.

 

A palavra da curadora

“O projeto Lua versus Luta abre um espaço de experimentação, jogo e risco que não impõe limites. Arte e vida aqui estão entrelaçadas e tudo parece ser construído caminhando, conversando, brincando, respirando: um processo de criação contínua. A pulsão de vida dirige as ações que se desenvolvem numa constante improvisação, ramificação e recusa de qualquer determinação que possa congelar a obra numa única direção. Performance, maquetes, esculturas, pinturas elásticas, projetos utópicos e desenhos parecem ser concebidos em um mesmo movimento onde o corpo ocupa o lugar central. Mais do que cada objeto tomado separadamente, são as relações tecidas entre os objetos e as ações, entre o individual e o social, que dão sentido à obra. Um ato de desafio que reafirma o direito à vida e a força do ato artístico. […] A vontade de transcender os limites clama por um outro mundo possível. […] Trata-se, portanto, de reinscrever simbolicamente o desejo e a consciência no corpo: Lua/Luta”

 

Conversa com Anna Braga no Paço Imperial

No dia 12 de maio, às 15h, a artista multimídia Anna Braga fará uma conversa com o público na exposição “Submersões”, em cartaz no Paço Imperial,  até o dia 21 deste mês. Há 20 anos sem fazer uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro, a artista falará sobre os trabalhos que apresenta na mostra panorâmica, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Na exposição são apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, que trazem temas como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Os trabalhos, que ocupam três salões do Paço Imperial, em uma área total de mais de 300 m², pertencem a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea de Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

O uso primoroso das cores

03/mai

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou exposição de Renato Rios, artista brasiliense, nascido em 1989. A mostra “Cruzeiros” reúne cerca de 35 telas recentes e inéditas, com ensaio crítico de Marco Antônio Vieira. É a primeira exposição no Rio do artista, que atualmente vive em São Paulo. A mostra permanecerá em cartaz até 23 de junho.

O nome da exposição, “Cruzeiros” parte do conjunto inédito de pinturas a óleo, sobre tela ou papel. Nelas, estão algumas das marcas registradas do artista. A primeira é o uso primoroso da cor, a partir de jogos de contraste de excepcional equilíbrio e força. “Para Renato, o entendimento da pintura como acontecimento e fenômeno se dá por meio da cor. A cor dele é alquímica, onírica, alada. É uma cor que nos seduz, captura e hipnotiza. A cor na obra dele é ao mesmo tempo segredo e código, num convite para a abertura de sentidos”, diz Marco Antônio Vieira, Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB. Outro diferencial da obra do artista é a sua habilidade em atuar nas mais diferentes escalas, mantendo a potência do trabalho – uma qualidade de raros artistas. A exposição traz obras com dimensões diversificadas.

Segundo Marco Antônio Vieira, um dos trunfos do trabalho de Renato Rios, também representado no nome da exposição, é a sua capacidade de fazer o cruzamento entre o figurativo e o abstrato por meio da cor. “Renato entende essa tensão a partir de uma lógica complementar, muito mais relacional do que antagônica. Sua poética deve algo ao modernismo, mas ao mesmo tempo o atualiza, acenando para o futuro”, diz ele.

Nas telas em exposição na Mul.ti.plo podemos vislumbrar frestas, portas se abrindo, portais, estrelas, linhas que se cruzam…”Através do arranjo, da composição, do motivo, da cor, eu trabalho a pintura de forma que ela possa criar uma espécie de cruzamento entre esse mundo ordinário com outro mundo, mais ligado às ideias, à sensibilidade, ao encantamento. Eu acredito que essas pinturas são frestas que convidam as pessoas a olhar um mundo dentro desse mundo. “Cruzeiros” é o lugar onde se cruzam dois caminhos. Cada pintura que está ali é uma oportunidade para que se adentre em alguns mistérios”, conta o artista brasiliense de 34 anos, que expõe pela primeira vez na capital carioca.

 

Sobre o artista

Nascido em Brasília, DF, em 1989, cursou bacharelado em Artes Plásticas na Universidade de Brasília (UnB), entre 2008 e 2013. Vive e trabalha em São Paulo, SP desde 2016. Sua pesquisa investiga a intuição simbólica, buscando integrar os campos da representação e da consciência mítica acerca das relações natureza/espírito/mundo. Buscando evidenciar aspectos do misterioso idioma das cores, Renato Rios revela alguns frutos de seu produtivo diálogo com o pintor Paulo Pasta – um dos grandes coloristas da arte brasileira, do qual é assistente há sete anos. Em suas pinturas, orquestra fortes e sensíveis tensões entre áreas de cor, que mudam de atitude de acordo com a vizinhança, num magnético contraste de equilíbrio e força que parece querer direcionar o espectador para um lugar espiritual ou metafísico: do mundo das formas para o mundo das ideias, do mundo dos corpos para o mundo do Espírito, apontando seu trabalho para uma espécie de manutenção de um tempo e espaço originários, arcaicos.

 

Sobre a curadoria

Marco Antônio Vieira é Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB, atua desde 2007 como curador independente. Assinou curadorias e respondeu pelo acompanhamento de artistas para a Casa Fiat de Cultura (BH) e o Paço das Artes (SP). Desde 2019, trabalha junto a espaços dedicados à experimentação artística e curatorial no Centro-Oeste, como, A Pilastra e DeCurators, no Distrito Federal, e Rumos, em Goiânia. Desde agosto de 2022, é professor colaborador do Programa de Licenciatura em Artes Visuais, na área de Teoria e História das Artes Visuais, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PaExposição de arte contemporânea.

 

Mostra panorâmica de Jaime Lauriano

25/abr

 

O Museu de Arte do Rio (MAR) e Nara Roesler convidam para uma visita prévia à exposição “Aqui é o fim do mundo”, uma panorâmica da trajetória de quinze anos do artista Jaime Lauriano, no Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Será no dia 27 de abril, às 18h, com a presença do artista e do curador Marcelo Campos. Em seguida, será oferecido um coquetel no mirante do MAR. A exposição abre ao público no dia seguinte, 28 de abril.

 

Jaime Lauriano (1985, São Paulo) é um dos expoentes do novo momento da arte brasileira, que repensa a história oficial do Brasil. Ele tem participado de importantes antologias a respeito, e já integrou oito exposições no MAR, uma delas como um dos curadores, junto com Flávio Gomes e Lilia Scwarcz.  É dele o calçamento em pedras portuguesas na entrada do Museu, em que estão gravados os nomes das doze regiões da África que forneceram, por meio de seqüestros e outras ações violentas, a mão de obra escravizada levada ao Brasil. “Aqui é o fim do mundo” reúne mais de 40 trabalhos, produzidos entre 2008 e 2023. Cinco obras foram comissionadas especialmente para esta exposição, e são: as pinturas “Invasão da cidade do Rio de Janeiro” (2023); “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião” (2023); as instalações “Afirmação do valor do homem brasileiro” (2023), e “Experiência concreta #9 (roda dos prazeres)” (2023), com bacias de ágata e desinfetante, e o vídeo “Justiça e barbárie #2″ (2023). A exposição integra a programação de dez anos do MAR.

Outros trabalhos nunca mostrados antes são “E se o apedrejado fosse você? #3″ (2021), desenho feito com pemba branca (giz usado em rituais de umbanda) e lápis dermatográfico sobre algodão; e o conjunto das três obras “Bandeirantes #1″ (2019), “Bandeirantes #2″ (2019) e “Bandeirantes #3″(2022), miniaturas de 20cm de monumentos em homenagem aos bandeirantes, fundidas em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas brasileiras, sobre base construída de taipa de pilão.

As obras de “Aqui é o fim do mundo” estão distribuídas em cinco núcleos: Experiência concreta, Colonização, Afirmação do valor do homem brasileiro, Recanto e Justiça e barbárie.

 

Boneca de papel no Paço Imperial

18/abr

 

A exposição individual de Maria Fernanda Lucena permanecerá exposta no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  até 20 de maio, quando a artista apresenta “Boneca de papel”, sua nova série de trabalhos. As obras exibidas começaram a ser pensadas através de práticas comuns à artista, o recorte e a colagem, fazeres que ela considera lúdicos por rememorarem modos de brincar, além de gestos costumeiros ao universo da moda, um dos pilares da sua produção. Frequentadora da feira de antiguidades da Praça XV, no Centro do Rio de Janeiro, garimpa fotografias 3×4 e, partindo delas, elabora imagens sobrepostas. Sutura os rostos desconhecidos com figurinos de artistas da cultura pop e de suas referências musicais.

As pinturas de tinta a óleo sobre papelão são sustentadas por molduras em escala humana, medindo 1,80 metros de altura. O ornamento de madeira, que geralmente delimita, se transforma em parte integrante dos trabalhos, utilizado como um anteparo que divide e compartimenta, mas também possibilita frestas, além de impulsionar a construção de ambientes vazios e ecos, em uma narrativa labiríntica.

“Lucena cria um jogo de identidades. Há em suas pinturas humor e uma certa nostalgia, fruto das memórias que escolheu revolver. Suas figuras ganham corpo no modo que criou para exibi-las, são passantes, mas nos entregam algo”, ressalta Bruna Araújo, que responde pela curadoria da exibição.

 

Sobre a artista

Maria Fernanda Lucena nasceu em 1968 no Rio de Janeiro. Depois de estudar e trabalhar com indumentária e design de moda, ingressou na EAV- Parque Lage – frequentando diversos cursos onde passa a se dedicar ao desenho e à pintura. Suas exposições individuais foram curadas por Efrain Almeida, na C. galeria, e na galeria Sem título, e por Cesar Kiraly “A intimidade é uma escolha”, na galeria de Arte Ibeu, em 2017, no ano anterior foi vencedora do prêmio “Novíssimos”. Em projetos coletivos expôs a convite dos curadores Brígida Baltar, Isabel Portella e Marcelo Campos. Integra coleções particulares e o acervo do Mar – Museu de Arte do Rio.

 

O atelier de Santo

 

No dia 22 de abril, sábado, o artista paulistano Santo abre sua primeira exposição-solo no Rio de Janeiro. Será no Parque das Ruínas, Santa Teresa. Ocupação com mais de 60 obras tem curadoria de Denise Terra e reproduz o atelier do artista, com visitação até 21 de maio.

“Toda vez que eu me coloco entre o pincel e a tela, uma força me toma. Te convido a ser junto. Te encontro no topo. Das ruínas. De Nós”.

Com esta declaração-manifesto de Santo, já é possível conceber a energia que permeia a exibição que leva seu próprio nome. Com a intenção de transportar o público para dentro de seu atelier, serão reproduzidos alguns de seus processos criativos – dos materiais aos “astrais”. A exposição faz um recorte da fase artística inicial à atual, e divide-se em duas partes: galeria e ruínas. Na galeria, o público terá acesso ao espaço vivido em um atelier, com obras concentradas em uma parede de 14 metros, todas sem molduras. Já as ruínas propõem um diálogo silencioso com a alma do artista. As obras e o espaço se entrelaçam,formando um ambiente imersivo. As pinturas possuem dimensões que vão de 70 centímetros a 10 metros de altura. Duas delas, as de maiores proporções, foram criadas ao vivo em performance realizada dentro da própria instituição, especialmente para esta ocasião. Somente uma obra terá moldura, customizada pela Metara.

Certa vez, SANTO chegou a dizer que a Arte representa o lugar mais legítimo e sem limites de ser o divino-humano nesse plano. E assim será nesta mostra. “Quando entrei no Parque, me arrepiei. Soube desde então que ocupar a galeria e as paredes das ruínas, com tudo de mim, seria de fato o maior, mais exigente e mais belo desafio até aqui”, afirma.

A curadoria assinada por Denise Terra, responsável por parte de seu escritório independente de arte e também agente dos projetos e trabalhos do artista. “Santo expressa força e provoca ativação do sentir de forma não linear: quebra regras, desconforta e transgride a razão. A exibição propõe uma autorização de ser, viver e se expressar a partir do livre e desconhecido de cada um”, diz.

 

Sobre o artista

Autodidata, Santo nasceu e vive em São Paulo. Santo pintou sua primeira tela em 28 de maio de 2018 e, desde então, ganhou espaço em grandes coleções particulares no Brasil e no exterior, além de metaverso (nfts). Suas obras não se prendem a métodos, formas, molduras, plataformas. Muito pelo contrário. Do papel á madeira, tecido, lona, papelão e materiais de descarte, foram produzidas mais de 600 pinturas até hoje. Elas desvelam figuras fortes em traços livres e combinações improváveis de cores, que provocam a sensação de estar diante de algo que escapa à razão. Como uma afronta, uma transgressão. Um convite ao coração.

 

Sobre a curadoria

Denise Terra se formou como artista visual na EAV/Parque Lage, onde foi aluna de grandes artistas, e na Scholl of Art, Londres. Iniciou sua carreira como escultora logo em seguida, se debruçando sobre a pintura. Convidada por campanhas publicitárias internacionais, dedicou-se, durante 10 anos, junto com a pintura, à direção de arte e também como colorista. Atualmente além de realizar trabalhos autorais, é cofundadora do escritório de arte Santo, onde é agente do artista Santo e responsável pela gestão de projetos e da carreira do artista.

 

 

Artista selecionada

17/abr

 

Jeane Terra, artista representada por Anita Schwartz Galeria de Arte, do Rio de Janeiro, foi a artista selecionada na SP-Arte pelo EFG Latin America Art Award, em associação com ArtNexus e colaboração de Fernando Oliva, professor e curador do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), junto com Celia Sredni de Birbragher, diretora e editora da ArtNexus. Os dois trabalhos de Jeane Terra exibidos no estande de Anita Schwartz Galeria de Arte na SP-Arte – “Virtuoso” (2022) e “Margem” (2022) – são feitos em sua técnica singular, patenteada, de pintura seca feita em montagem de 1cm x 1cm em pele de tinta sobre tela, com tamanhos de 143cm x 100 cm e 141,5cm x 100 cm, respectivamente.

O EFG Latin America Art Award – com o desenvolvimento estratégico da Liaisons Corporation – é anual, e foi criado para apoiar a produção de artistas latino-americano e promover as feiras regionais entre colecionadores em todo o mundo. O prêmio tem um corpo de jurados para escolher artistas nas feiras SP Arte, em São Paulo; PArC, em Lima; arteBA, em Buenos Aires; Ch.ACO, em Santiago do Chile e ArtBo, Bogotá. Em sua décima-terceira edição, o prêmio anunciará na feira Pinta Miami (06 a 10 de dezembro), durante a semana da Art Basel, o artista vencedor, que terá uma obra adquirida pelo EFG Capital, que tem sua coleção sediada em Miami.

Jeane Terra conta que recebeu “com imensa alegria esta nomeação ao EFG Latin America ArtAward, na SP-Arte”. “Este tipo de prêmio fomenta o artista, o nosso meio, nossa pesquisa. É importante e necessário, e eu estou imensamente agradecida e feliz pelo olhar dessas pessoas sobre meu trabalho, para a história que quero contar através da minha arte. São muitos anos de dedicação a ouvir e colher histórias de outras pessoas, de lugares, em cima de uma pesquisa alquímica de materiais. Este prêmio vem pra mim como uma resposta muito importante, como artista, e pra minha pesquisa. Me dá força para seguir em frente, me encoraja ainda mais”, disse a artista.

Anita Schwartz comemorou o fato de Jeane Terra ter sido “escolhida entre tantos artistas na SP-Arte”.  “Foi um reconhecimento de grande importância para a pesquisa de Jeane, que desenvolveu uma técnica muito particular como suporte para suas obras, e que vem ao longo dos anos abordando as conseqüências das ações dos homens contra a natureza. Representar Jeane Terra e o seu trabalho é um orgulho para a galeria, e a sua estreia na SPArte não poderia ser melhor”, destacou a galerista.

 

Sérvulo Esmeraldo no CCBB Rio

 

Chama-se “Linha e Luz”, a exposição retrospectiva do ilustrador, gravurista, pintor e escultor cearense Sérvulo Esmeraldo (1929-2017), um dos mais completos artistas brasileiros, atual cartaz do CCBB, Rio.

Reconhecido no Brasil e no exterior – viveu por longos anos durante a Ditadura militar em Paris – , Sérvulo Esmeraldo tinha domínio de várias técnicas, do entalhe à xilogravura, passando pela utilização de tecnologias aplicadas na geração de efeitos cinéticos, óticos e eletromagnéticos. Apesar da pluralidade técnica, sua obra possui uma coerência interna, baseada em elementos simples e em um tratamento sintético das formas. A curadoria é de Marcus Lontra e Dodora Guimarães.

Até 26 de junho.