Seminário presencial

20/mai

 

 

O Museu do Pontal, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, realiza em sua nova sede, o seminário “Modernismos, arte e cultura popular”, com dois encontros presenciais: o primeiro em 21 de maio e o segundo em 11 de junho. As relações entre modernismos e cultura popular brasileira permearão as discussões. O evento busca rever, pensar e entender melhor as conexões que podem ser feitas a partir de um Museu de arte popular em meio às comemorações dos 100 anos da Semana de Arte Moderna (1922-2022).

 

 

“O ato de comemorar implica não só lembrar e memorar algum evento, como também uma oportunidade para repensarmos seus significados, limites e transformações”, afirma Angela Mascelani, diretora do Museu do Pontal junto com Lucas Van de Beuque.

 

 

Entre os convidados estão os historiadores Martha Abreu, Durval Muniz de Albuquerque Júnior, Juliana Pereira, Lurian R. S. Lima; o sociólogo André Botelho, a cientista política Angela de Castro Gomes; os antropólogos Maria Laura Cavalcanti e Vinicius Natal; os curadores e ensaístas Clarissa Diniz e Frederico Coelho, e a historiadora da arte Renata Bittencourt. Alguns temas a serem debatidos são as narrativas dos intelectuais e artistas considerados modernistas em torno da cultura popular; e música popular e modernidade negra.

 

 

Os ingressos para os debates são gratuitos ou contribuição voluntária, e poderão ser adquiridos previamente pela plataforma Sympla.

 

 

Haverá certificado de participação.

Modernismos, Arte e Cultura Popular – Programação

21 de maio de 2022, sábado

10h – Abertura – Lucas Van de Beuque, Angela Mascelani e Martha Abreu

10h30 às 12h – Disputas de memória: por que debater a Semana de Arte Moderna de 1922?

Durval Albuquerque Junior e Angela Castro Gomes

Mediação: Juliana Pereira

14h às 15h30 – Qual o papel da cultura popular e de seus agentes nos rumos do modernismo?

Maria Laura Cavalcanti e Martha Abreu

 

 

 

Outra visão do Brasil do século XIX

19/mai

 

 

Johann Moritz Rugendas, Emil Bauch, Thomas Ender, Friedrich Hagedorn, Eduard Hildebrandt e Augusto Müller são alguns dos artistas e cientistas germânicos que registraram a paisagem humana e natural do país

 

 

Em 1999, o casal Maria Cecília (1922-2014) e Paulo Geyer (1921-2004) doou ao Museu Imperial, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, sua coleção de arte e a casa que a abriga, no bairro carioca do Cosme Velho. Em 2014, a Coleção Geyer foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-se Patrimônio Cultural do Brasil. O conjunto era considerado a maior brasiliana em mãos particulares do país.

 

 

A partir desta coleção preciosa de 4.255 pinturas, gravuras, desenhos, mapas, livros de viagem e objetos, os curadores Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial, e o historiador de arte Rafael Cardoso selecionaram 200 obras, para reconstituir parte da contribuição germânica (alemães, austríacos e suíços) à formação cultural do Brasil do século XIX, completada por peças do acervo do Museu Imperial e itens emprestados da coleção particular de Flávia e  Frank Abubakir. Nasceu, assim, a mostra “O Olhar Germânico na Gênese do Brasil”, em cartaz a partir de sábado, 21 de maio, no Museu Imperial, sob patrocínio da Unipar, através da Lei de Incentivo à Cultura.

 

 

“Ao contrário do que preconiza o senso comum, que costuma enfatizar a relação com a França, a participação de artistas de língua alemã foi intensa e constante ao longo do século XIX. A exposição recupera o legado desses artistas através das obras de Thomas Ender, J.M. Rugendas, barão de Löwenstern, Ferdinand Pettrich, Augusto Müller, Friedrich Hagedorn, Eduard Hildebrandt, Franz Keller, Ernst Papf, Emil Bauch, entre outros, oferecendo uma visão nova e vibrante do Brasil numa época formativa para a ideia da nacionalidade”,  declara a curadoria.

 

 

Cena política internacional

 

 

Foi depois da derrota de Napoleão Bonaparte que o Império Austríaco e o Império Português, então sediado no Rio de Janeiro, começaram a firmar uma aliança estratégica – expressada pelo casamento do príncipe D. Pedro de Alcântara com a arquiduquesa Leopoldina, filha do imperador austríaco Francisco I, em 1817. A comitiva que acompanhou a futura imperatriz em sua vinda ao Brasil incluiu os naturalistas Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, incumbidos pela Academia de Ciências da Baviera de realizarem longa viagem de pesquisa pelo país. Trocas efetivas se ampliaram a partir de então.

 

 

A exposição

 

 

“O Olhar Germânico na Gênese do Brasil” está dividida em núcleos que contemplam os temas: Rio de Janeiro à vista – pinturas de paisagem com temática do RJ; Retratos da vida da corte – retratos de notáveis do Império; Olhar a gente brasileira – obras com figuras anônimas, a maioria aquarelas e desenhos; Imaginar o Brasil – livros e estampas litográficas relacionadas a vistas e viagens pelo país, e O olhar do colecionador, instalação com imagens e objetos da Casa Geyer.

 

 

Rio de Janeiro à vista

 

 

Com a abertura dos portos em 1808, passaram a circular pelo mundo marcos paisagísticos do Rio de Janeiro, como Corcovado, Pão de Açúcar, Igreja da Glória e Morro do Castelo, em pinturas e litografias. Esta internacionalização propiciou trânsito comercial, diplomático, científico e a vinda de artistas, atraídos pela natureza deslumbrante do novo país. Muitos vinham de países de língua alemã. Neste núcleo está a contribuição destes artistas à formação de uma iconografia da cidade. A onipresença da escravidão não escapou à atenção dos pintores.

 

 

Retratos da vida da corte

 

 

A concessão de títulos nobiliárquicos e honrarias servia para confirmar o status social e econômico. Os contemplados iam da família imperial a súditos anônimos e duques, marqueses, condes, viscondes, barões, comendadores e dignatário de ordens imperiais. Neste segmento estão retratos pintados de notáveis. Eles exerceram a função de dar visibilidade à posição social do retratado. O mercado local se tornou atraente para artistas estrangeiros especializados em retratos. E eles vieram para o Brasil.

 

 

Olhar a gente brasileira

 

 

Os artistas do século XIX registraram o cotidiano de uma sociedade ainda afundada nas relações perversas com a escravidão. A massa escravizada, presente na paisagem humana, está retratada nos trabalhos deste núcleo. A estranheza do cenário aos olhos dos artistas estrangeiros os moveu a chamar a atenção do mundo para a situação dos escravos, que a sociedade fingia ignorar.

 

 

Imaginar o Brasil

 

 

A circulação internacional de livros, estampas, panoramas e álbuns de vistas deste segmento evidenciou a contraposição entre uma Europa civilizada e o suposto exotismo do resto do mundo. O imaginário que se formou da natureza tropical, selvagem e indomável, passou a confrontar uma ideia de domesticidade e civilidade como marcas de pertencimento cultural. O olhar estrangeiro oferecia uma lente para os brasileiros que quisessem enxergar a imensidão do Brasil.

 

 

O olhar do colecionador

 

 

Maria Cecilia e Paulo Geyer passaram quatro décadas a coletar, em casas de leilões mundo afora, pinturas, gravuras, desenhos, mapas, livros de viagem e objetos de arte para criar a Coleção Geyer.  A doação integral do conjunto e da casa que o abriga a uma instituição pública (Museu Imperial) é um exemplo de caráter social e merece ser sempre festejada. Esta sala se dedica a invocar o espírito do casal de filantropos e recordar um ambiente da casa em que viveram durante tantos anos no Rio de Janeiro.

 

 

Homenagem a Petrópolis

 

 

Completam a mostra objetos produzidos por artistas germânicos radicados em Petrópolis, como as esculturas de madeira de Carlos Spangenberg –  suas bengalas eram apreciadas por D. Pedro II. Copos e pesos de papel de vidro e cristal lapidados por Henrique e Guilherme Sieber, eram os souvenirs mais procurados pelos que visitavam Petrópolis. As peças destes artistas e mais as pinturas de Karl Ernest Papf e de Friedrich Hagedorn, pertencentes à coleção do Museu Imperial, estarão lado a lado com itens da Coleção Geyer, como paisagens da cidade serrana e seus arredores. É uma homenagem da curadoria a Petrópolis, tão afetada pelas chuvas recentes.

 

 

Patrocínio

 

 

“O Olhar Germânico na Gênese do Brasil” tem patrocínio, através da Lei de Incentivo Fiscal, da Unipar, hoje fabricante de cloro, soda e PVC, cuja origem, a Refinaria União, foi fundada por Alberto Soares de Sampaio, pai de Maria Cecília Geyer, como refinaria de petróleo. Seu genro Paulo Geyer se tornou sócio de Alberto neste negócio. Após a morte de Geyer em 2004, seu neto Frank Geyer Abubakir entrou para o conselho da empresa, representando os herdeiros. Em 2008, Frank se tornou chairman e atualmente é presidente do conselho da Unipar.

 

 

O centenário de Krajcberg

 

 

Para celebrar o centenário de nascimento de Frans Krajcberg (1921-2017), o Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (MuBE), Jardim Europa, São Paulo, SP,  abriu uma exposição histórica e antológica com cerca de 160 obras do artista. A exposição, gratuita e com curadoria de Diego Matos, fica em cartaz até o dia 31 de julho.

 

 

A mostra “Frans Krajcberg: por uma Arquitetura da Natureza” é feita em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural da Bahia (IPAC) e contará com obras vindas de lugares como o Sítio Natura, em Nova Viçosa (BA), onde o artista realizou grande parte de sua produção. Também compõem a exposição obras de coleções privadas e de museus.

 

 

Nascido na Polônia, Krajcberg se naturalizou brasileiro e foi escultor, pintor, gravador e fotógrafo. Seu trabalho é muito centrado na exploração de elementos da natureza e no ativismo ecológico, associando arte e defesa do meio ambiente: suas esculturas, por exemplo, se caracterizam pelo uso de troncos e raízes carbonizadas recolhidas em desmatamentos e queimadas.

 

 

A exposição vai marcar o início dos trabalhos de preservação, conservação e divulgação do acervo e do Sítio Natura, onde ele vivia, e que foram doados pelo artista ao governo da Bahia. “Nossa equipe passou 16 dias em Nova Viçosa colaborando com a equipe do IPAC na realização dos trabalhos de catalogação e recuperação das obras de Krajcberg e do Sítio Natura. Foram mais de 40 pessoas envolvidas, muitas da própria região, nesse grande esforço coletivo pela preservação deste importante acervo”, disse Flavia Velloso, presidente do MuBE.

 

 

Krajcberg já foi tema do programa Expedições, da TV Brasil, que pode ser visto na internet. Em um trecho do programa, o artista definiu seu trabalho como um grito da natureza. “A minha vida é essa: gritar cada vez mais alto contra esse barbarismo que o homem pratica”, disse.

 

 

Fonte: Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo

 

A obra original de Artur Lescher

12/mai

 

 

O Farol Santander Porto Alegre, centro de cultura, empreendedorismo e lazer da capital gaúcha, exibe a exposição inédita “Observatório”, do artista visual paulistano Artur Lescher. Trata-se da primeira grande mostra individual de Lescher em Porto Alegre e apresenta, com 28 obras, uma retrospectiva de sua carreira. Observatório fica em cartaz no icônico edifício porto alegrense até 24 de julho. Das obras expostas, sete foram desenvolvidas especialmente para a exposição no Farol Santander.
Artur Lescher se destaca pelas obras tridimensionais e materiais inusitados para a construção de suas esculturas. O artista já teve grandes exposições individuais e coletivas em países como Estados Unidos, França, Alemanha, Argentina e Uruguai. Aos 25 anos já marcava presença na Bienal de São Paulo em 1987, desenvolvendo poética escultórica baseada nas observações e experimentações dos ambientes expositivos.

 

 

“É com grande alegria que o Farol Santander acolhe a exposição Observatório, de Artur Lescher. Um dos artistas com trajetória mais destacada e consistente do país, Lescher relaciona arte, design e arquitetura em uma obra instigante e poética. Através de projetos que trazem grandes nomes da arte brasileira para interagir com o icônico edifício que abriga a sede do Farol Santander Porto Alegre, fortalecemos nossa missão de estimular a cultura, aproximar pessoas e despertar a criatividade de um público que vêm se revelando cada vez mais exigente, dinâmico e plural.”; afirma Patricia Audi, vice-presidente do Santander Brasil.

 

 

Logo na entrada da exposição que ocupará as galerias localizadas no mezanino do edifício, os visitantes se deparam com a instalação “Pivô” (2014), uma grande estrutura suspensa desenvolvida em materiais como latão e cabo de aço, medindo seis metros e pesando trezentos quilos, que simula o funcionamento de um pêndulo.
A exposição segue com uma série de esculturas produzidas por Lescher entre os anos de 1998 e 2022. Uma delas, intitulada “Sputinik” (2021), contém três peças que formam uma esfera de madeira com 25 centímetros de diâmetro, suspensa no ar por três hastes finas de metal dourado, que se movem pela sala na diagonal, também provocando um efeito pendular.

 

 

Além de “Sputinik”, são totalmente inéditas e desenvolvidas para sua primeira grande exposição individual em Porto Alegre as obras Finial # 07, 08, 09 e 10, Rio Leethê #19 e Observatório. Destaca-se ainda a obra “Escada” (1998), que já passou por diversos museus e exposições. A escultura mede 24,5 cm x 265 cm e foi desenvolvida em aço inoxidável. Outras séries de trabalhos com elementos como pêndulos, linhas, granito, madeiras e feltro de lã completam o circuito expositivo, explorando o conceito dos corpos que riscam o espaço, deixando rastros retilíneos e leves. Ao mesmo tempo em que o trabalho de Lescher está atrelado fortemente aos processos industriais, atingindo requinte e rigor extremos, sua produção vai além e não tem por fim único à forma. Essa contradição abre espaço para o mito e a imaginação, ingredientes essenciais para a construção de seu “Observatório”.

 

Exposição Enciclopédia Negra no MAR

 

 

A mostra “Enciclopédia Negra”, que esteve em cartaz na Pinacoteca de São Paulo, chegou ao Museu de Arte do Rio (MAR). Para a mostra no MAR, seis artistas foram convidados para retratar personagens como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Tia Ciata, Manuel Congo e João da Goméia. A exposição Coleção MAR + Enciclopédia Negra torna pública obras realizadas por artistas contemporâneos para retratar personagens que tiveram suas imagens e histórias de vida apagadas ou nunca registradas. A mostra procura rever e criar uma reparação histórica para conferir possibilidade de retratos a personalidades negras, já que antes do século XIX, apenas os nobres eram retratados. Já negras e negros, foram registrados, muitas vezes, em condições anônimas e em cenas como carregando mercadorias na cabeça.

 

 

O projeto Enciclopédia Negra, dos consultores e curadores Flávio Gomes, Lilia Schwarcz e Jaime Lauriano, trouxe o trabalho de 36 artistas contemporâneos que reproduziram retratos dos biografados e interromperam a invisibilidade que existia até hoje na vida dessas pessoas que ficaram com os rostos apagados pela falta de registros visuais na história. O trabalho resultou também num livro também que reuniu biografias de mais de 550 personalidades negras, em 416 verbetes individuais e coletivos, publicado em março de 2021 pela Companhia das Letras.

 

 

“O público vai conhecer a história de quase 200 personalidades negras porque as obras estão acompanhadas de pequenas biografias e ter contato com um catálogo sensacional de artistas negros, negras e negris. É uma oportunidade de ver o trabalho de jovens artistas, que têm feito uma arte figurativa, política, ativista e belíssima de grande qualidade e reconhecimento nacional e internacional. Essa é uma exposição em que o público irá de encontro a uma nova forma de se ver, estar e experimentar esse Brasil numa visão mais inclusiva e mais plural porque ela enfrenta de maneira direta uma política de apagamento das populações negras”, ressalta a consultora e curadora Lilia Schwarcz.

 

 

13 novos retratos

 

 

Na exposição “Coleção MAR + Enciclopédia Negra”, das 250 obras de artes expostas, 13 são novos retratos, criados por 6 artistas contemporâneos, convidados pelo MAR. Essas obras vão entrar para a coleção do museu após a mostra. Os artistas são Márcia Falcão, Larissa de Souza, Yhuri Cruz, Bastardo, Jade Maria Zimbra e Rafael Bqueer, que fizeram retratos de personalidades como Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Tia Ciata, Manuel Congo, Mãe Aninha de Xangô e João da Goméia. Os curadores do MAR Marcelo Campos e Amanda Bonan também criaram um diálogo, sobretudo, com a coleção africana e afro-brasileira do Museu de Arte do Rio.

 

 

“A exposição é constituída de retratos de personalidades negras da história como políticos, artistas, sambistas, advogados e engenheiros, que foram historicamente importantes, mas que não tiveram seus retratos produzidos. Esses registros, em sua maioria, são ficções, porque você não conhece as imagens dessas pessoas e cada artista criou seus recursos para trazer esse corpo que nunca foi visto até esse momento histórico de ser retratado”, comenta o curador chefe do MAR, Marcelo Campos.

 

 

A “Coleção MAR + Enciclopédia Negra” é a sexta exposição inaugurada neste ano pelo Museu de Arte do Rio, uma parceria com a Pinacoteca de São Paulo, restabelecendo nova conexão com outros museus.

 

 

“Recentemente inauguramos a exposição “Yorùbáiano” na Pinacoteca e agora chegou a vez do MAR receber a Enciclopédia Negra. A parceria com a Pinacoteca de São Paulo é um marco importantíssimo na relação e no desenvolvimento de exposições que conquistam cada vez mais audiência e que por terem perspectivas universais são representativas tanto da realidade do Rio quanto de São Paulo.”, ressalta Raphael Callou, diretor da Organização dos Estados Ibero Americanos (OEI), instituição gestora do MAR.

 

 

Até 03 de julho.

Fonte: ArtRio

 

 

Exposição no Memorial Getúlio Vargas

 

 

No mês em que, no Brasil, é relembrada a abolição da escravatura, os artistas André Vargas e Pedro Carneiro, com participação do DJ Mam, ocupam o Memorial Municipal Getúlio Vargas, na Glória, Rio de Janeiro, com a exposição “Água Banta”, em que propõem uma reflexão que parte do passado colonial e as relações diaspóricas com a água, elemento fundamental à vida, e com múltiplas funções – banhar, lavar, limpar, beber, cozer, purificar, mandingar, benzer. A curadoria é de Shannon Botelho, que reuniu quatro trabalhos de cada artista. A trilha sonora da exposição tem uma playlist criada por DJ Mam, que também pode ser acessada no Spotify.

 

 

O curador Shannon Botelho observa que “…se o corpo humano é composto anatomicamente por água, constituímos fisicamente a história liquefeita, a dor da travessia, o sal e o suor do passado. De certo modo, poderíamos dizer que a água que nos benze e alimenta nos trouxe até aqui, constituindo e significando as nossas existências tão plurais. É curioso pensar, que a exposição acontece fisicamente abaixo de um grande espelho d’água, desativado, dentre outros motivos, a pedido dos moradores do bairro para que a população em situação de rua não faça uso dele para sua higiene pessoal. Um corte muito preciso é estabelecido de imediato: a relação da cidade com o direito à água e sua utilização”.

 

 

A exposição propõe um tempo de reflexão continuado, promovendo simbolicamente a limpeza das mentes e corações, dos conceitos e das construções simbólicas. Nos quatro trabalhos de Pedro Carneiro, o destaque é a videoinstalação, que ocupa com sal grosso um lugar central na exposição, em que a água é tratada como restauradora da vida, e não apenas como fonte de energia. Um “corpo-entre” o passado e o futuro. Estará também em exibição a pintura de Pedro Carneiro, realizada sob direção do multiartista DJ Mam, em parceria com os artistas Tarciov, Batmam Zavareze e o tcheco Jan Kálab, feita para a capa do single “Oloxá, a Cura”, remix para a música de Luedji Luna e Ministereo Público Soundsystem. Os quatro trabalhos de André Vargas constroem no espaço do Memorial Getúlio Vargas um horizonte possível quando se está abaixo do nível do mar. Integrando os meios expressivos contemporâneos, a exposição tem uma trilha sonora, com a playlist exclusiva “Água Banta”, produzida por DJ Mam, disponível também no Spotify.

 

 

A exposição ficará em cartaz até 19 de junho e tem apoio da Galeria Movimento e da Sotaque Carregado Artes.

 

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Anna Maria Maiolino – psssiiiuuu…

10/mai

 

 

 

Mostra antológica traz vida-obra de uma das mais relevantes artistas contemporâneas. A exposição inédita de Anna Maria Maiolino – inaugurada no mês em que a artista completa 80 anos – ocupa, com cerca de 300 obras, todas as três grandes salas do andar superior do Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, espaço só antes dedicado às individuais de Yayoi Kusama e Louise Bourgeois. O curador Paulo Miyada esteve nos últimos três anos ao lado de Anna Maria Maiolino para juntos desenharem a exposição, construída a partir de muitas horas de conversa que resultaram, além de um ensaio aprofundado do curador sobre a produção da artista, em maquetes que dispõem meticulosamente cada obra selecionada.

A mostra antológica, uma vez que traz momentos, obras e acontecimentos significativos na “vida-obra” da artista, como ela mesma nomeou, traz pinturas, desenhos, xilogravuras, esculturas, fotografias, filmes, vídeos, peças de áudio e instalações.  Segundo Paulo Miyada, Anna Maria Maiolino – psssiiiuuu… (onomatopeia que pode ser assobio, chamado, flerte, pedido de silêncio, segredo, sinal) foi concebida como uma espiral que circula entre todas as fases e suportes da carreira da artista. A analogia com a espiral se refere à maneira de voltar e ir adiante ao invés de seguir uma cronologia linear. “Vai-se adiante para se reencontrar o princípio, consome-se energia para devolver as coisas ao que sempre foram”, destaca o curador.

 

Até 24 de julho.

 

A obra de Francis Pelichek revisitada

 

 

Será inaugurada no  próximo sábado, dia 14 de maio, às 11h, na Pinacoteca Aldo Locatelli da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, RS, a exposição “Francis Pelichek – Um boêmio moderno em Porto Alegre”.

A exposição apresenta um pouco da vida e da obra desse pequeno-grande artista, que chegou ao estado em 1922, onde viveu até seu falecimento precoce, em 1937. São aproximadamente 60 obras de acervos públicos e particulares, que oferecerão a oportunidade tanto de conhecer um pouco mais da produção de Francis Pelichek, como de pensar acerca do cenário artístico em Porto Alegre ao longo das décadas de 1920 e 1930. A curadoria é de Paula Ramos e Ana Luiza Koehler que desenvolve, no âmbito de seu doutorado, pesquisa sobre o artista.

 

 

Ecoart no Farol Santander

09/mai

 

 

Uma exposição que propõe uma viagem pelos principais biomas brasileiros e alerta para a preservação ambiental é a mostra imersiva “ECOARt” que será apresentada no Farol Santander Porto Alegre e na Plataforma ZYX, com imagens da Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. Os principais biomas brasileiros – Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga – serão apresentados na instalação “ECOARt”, que será inaugurada no dia 10 de maio, simultaneamente no Farol Santander Porto Alegre e na Plataforma ZYX (www.zyx.solutions). Idealizada pelo artista multimídia Ricardo Nauenberg, utilizando tecnologia de última geração, a exposição é composta por uma grande instalação imersiva, que mostra a beleza dos biomas brasileiros e alerta para a importância da preservação ambiental.

 

“Acredito que a melhor forma de se sensibilizar o público em uma mensagem pró-preservação é pela beleza e não pela destruição… Um passeio imersivo pela diversidade  da natureza, com suas paisagens espetaculares, e alertando que se providências e cuidados não forem tomadas, essas ‘joias’ irão desaparecer, é um alerta bastante forte feito de forma positiva e lúdica”, ressalta Ricardo Nauenberg. A instalação é composta por totens monumentais, em formato cilíndrico, com tamanhos que chegam a 8 metros de diâmetro por 6 metros de altura, onde serão projetados filmes de cada bioma, feitos a partir da animação de imagens de importantes fotógrafos, como Araquém Alcântara (Amazônia e Pantanal), Cássio Vasconcellos (Mata Atlântica), Tadeu Vilani (Pampas) e André Dib (Cerrado e a Caatinga). Completando a experiência imersiva, o público poderá caminhar por estes espaços, andando sobre um chão coberto de folhas secas, sentido os barulhos, texturas e cheiros.

 

Na exposição, QR codes levarão o público à plataforma ZYX, com textos e vídeos sobre cada bioma, com narração e comentários do biólogo Gustavo Martineli, Doutor em Ecologia pela University of St.Andrews, Reino Unido. A mostra também poderá ser vista através da plataforma ZYX, de forma 3D, ampliando a experiência e tornando-a acessível a pessoas em qualquer parte do mundo, ecoando a mensagem de preservação de forma universal. A instalação, diferentemente de outras, acontece em “dois ecossistemas”, de igual peso e importância: a física, construída dentro do Farol Santander, e a digital, na plataforma ZYX, que aprofunda o tema e transforma a instalação em um projeto sem fronteiras, uma vez que pode ser integralmente visitado em qualquer local do Brasil ou do planeta. As iniciativas são complementares. Dentro da plataforma ZYX o conteúdo é veiculado dentro de um canal sobre sustentabilidade, também chamado ECOARt

 

www.midiarte.net

 

(https://www.zyx.solutions/cópia-canais-zyx-3), onde o conteúdo ficará disponível permanentemente, e que colecionará novos conteúdos ao longo do tempo. O nome da exposição faz uma analogia entre as palavras eco (ecossistema) e arte, que, juntas, formam a palavra ecoar, passando uma ideia de preservação ambiental através da arte, ecoando uma mensagem de preservação do planeta.

 

 

Sobre o idealizador

 

Ricardo Nauenberg é artista multimídia, com atuações no cinema, videoarte, instalações e fotografia, tendo começado na pintura, estudando com Ivan Serpa no Centro de Arte Bruno Tausz. A partir da técnica de colagens onde precisava achar ou produzir imagens para inserção nas pinturas, aconteceu o primeiro contato com a fotografia. Aos 13 anos foi estagiar no famoso Estúdio Plug, de Antônio Guerreiro e David Zingg, onde se aproximou da fotografia de moda e publicidade. Três anos mais tarde, montou um estúdio próprio trabalhando para as principais revistas do mercado, como Vogue, jornais, como O Globo, e agências de publicidade, com fortes influências de um grafismo minimalista, coerentes com sua formação na pintura de arte.

 

Ex-diretor da Rede Globo, onde trabalhou inicialmente como Diretor de Arte e posteriormente como Diretor de Programas por 12 anos, seus trabalhos lhe renderam prêmios internacionais nos Festivais de Nova York e no Projeto Leonardo em Milão.

 

No mesmo período fundou sua produtora, a Indústria Imaginária, com a qual produziu e dirigiu filmes longas-metragens, séries de TV, documentários, além de ter desenhado exposições de arte e publicado livros de fotografia.

 

Apesar do cinema e da televisão serem suas principais atividades, desenvolve trabalhos com fotografia com o projeto “Entre Terra”, que resultou em uma exposição individual no Centro Cultural dos Correios e um livro de arte. Em 2020, concluiu “Superfícies”, um ensaio sobre o deserto do Arizona e Utah. As instalações são também uma forma de sua expressão, onde a montagem é sempre a criação de uma escultura para apresentar conteúdos fortes muitas vezes homenageando a expressão de  outros artistas… ECOARt é um exemplo desse conceito.

 

 

Até 24 de julho.

 

Conversa com Xadalu

 

 

Seguindo a parceria com a Fundação Iberê Camargo, o artista visual Xadalu Tupã Jekupé e o curador de arte Cauê Alves se reúnem, aqui no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, para conversar com o público sobre a exposição “Antes que se apague: territórios flutuantes”, que estará em cartaz na Fundação Iberê a partir do dia 14 de maio. A mostra aborda a questão do apagamento da cultura indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas. Restaram algumas poucas escritas em livros históricos. Das 19 obras, 14 foram produzidas para a exposição. A atividade é gratuita e acontece nesta quinta, às 19h, em formato híbrido, online pelos canais no Youtube de ambas as instituições e presencial no Instituto Ling. Com vagas limitadas no presencial, a distribuição de senhas iniciará uma hora antes da atividade.