O Círculo e seus Significados

09/jul

 

 

Ecila Huste apresenta nova exposição, a partir de 15 de julho, na Sala Redonda do terceiro andar do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Ao receber o convite para expor nesta sala, a artista, que é representada pela Duetto Arts New York, resolveu criar um site specific, um painel feito de tiras de tecido de várias cores, previamente grafitadas e trançadas, formando uma pintura com relevo que vai abraçar o diâmetro do espaço e tem cerca de vinte metros de comprimento.

 

 

“É muito instigante criar uma obra para uma sala circular”, diz Ecila, “pois o círculo é uma forma geométrica muito bonita e, além de representar a unidade, é também símbolo de perfeição, inteireza, completude, a totalidade, o infinito.  Essa forma sempre existiu na natureza e está presente no miolo de uma flor, nos ninhos dos pássaros, em algumas espécies de frutos, na concha de um caracol, na íris dos olhos e também em cada movimento cíclico, como as estações do ano e o movimento do sol e da lua”.

 

 

Ecila Huste vem desenvolvendo há vários anos um trabalho de pintura que ela chama de entrelaçamento – de cores, de formas, de fios, de gestos e de percursos.  Dentro deste conceito da não separação, que é milenar, tudo no universo está interligado, formando uma unidade.

 

 

A palavra do curador Ruy Sampaio

 

 

Sabem todos que, nas culturas orientais, as mandalas apontam para a perfeição, seja na tese do Eterno Retorno, do Vedanta, seja na diluição dos pares de opostos, que levaria ao sartori, dos budistas. Portanto, não é somente a bem achada maneira de vencer o desafio de um espaço circular pré-existente que leva Ecila Huste a conformar a ele esses relevos que agora o preenchem – a opção pelo círculo aqui diz mais. Ela o faz sob uma exigência estética irretocável, mas atenta a um rico feixe de significados que, histórica e antropologicamente, perpassam aquela metáfora milenar. E aqui transparece a Ecila também psicóloga de profissão. Ao vir da pintura plana para o universo tridimensional do relevo a artista guarda todos os valores de um desenho limpo e refinado que um dos seus mestres – ninguém menos que Aluisio Carvão – um dia chamou de precioso. Por entre suas tramas as cores amorosamente se enlaçam como aquelas do poema de Drummond, na continuidade fluente de um cromatismo único que já dantes nos seduzia em suas telas.  Deliberadamente os fios que enfeixam os diversos momentos dessa pintura tão integradamente objetual permanecem aparentes como se a artista os quisesse um testemunho da elaborada manualidade de sua artesania.

 

 

O processo de criação 

 

 

A princípio, Ecila Huste começou trabalhando com guache. Depois veio a aquarela, mais tarde a tinta acrílica, técnica mais explorada ultimamente. Ecila sempre foi atraída pelos grandes espaços, o que acabou influenciando o tamanho das telas, que foi pouco a pouco aumentando, até chegar a uma obra de dez metros de comprimento por um metro e sessenta de largura. Em sua pintura as cores e formas se entrelaçam o tempo todo, como uma teia, por toda a extensão de suas obras. O trabalho final é quase sempre exuberante em cor e tem um grau de movimentação incessante.

 

 

Sobre a artista

 

 

Artista visual carioca, Ecila Huste atua no campo das artes plásticas desde 1981. Sua formação artística passa pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Museu de Arte Moderna (MAM) e Centro de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para individuais realizadas no Centro Cultural Correios (2018), Casa de Cultura Laura Alvim (RJ-2003), Museu Nacional de Belas Artes (RJ-1997), Centro Cultural Candido Mendes (RJ-1994), Centro Cultural CEMIG (MG-1994), Universidade Federal de Viçosa (MG-1994), Museu do Telefone (RJ-1993), Palácio Barriga Verde (SC-1993), Sala Miguel Bakun (PR-1992) e Espaço Cultural Petrobrás (RJ-1985). Ecila Huste é artista da Duetto Arts New York e faz parte do coletivo Zagut no Rio de Janeiro. Trabalha com pintura, fotos, objetos e gravura digital. A artista trabalha e reside no Rio de Janeiro.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Comemoração

22/jun

 

 

 

A galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura dia 23 de junho, a exposição “Modo Contínuo”, em comemoração aos seus três anos de atividades.

 

A mostra apresenta uma seleção de 35 obras inéditas e emblemáticas – em vídeo, pintura, escultura, fotografia, objeto, e instalação – dos artistas Claudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Isabela Sá Roriz, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Pedro Carneiro, PV Dias, Roberta Carvalho e Virgínia Di Lauro, representados pela galeria.

 

 

A exposição permancerá em cartaz até 27 de agosto.

 

 

A visitação é por agendamento prévio, pelos telefones+55 21 3496-6821 e +55 21 99842-1323 (WhatsApp).

 

 

MON realiza exposição do premiado artista Schwanke 

21/jun

 

 

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, Paraná, apresenta a exposição “Schwanke, uma Poética Labiríntica”, uma retrospectiva de Luiz Henrique Schwanke (1951-1992), desde a década de 1970 até as últimas produções, num total de mais de 150 obras, sendo boa parte inédita. A curadoria é de Maria José Justino.

 

 

“Ao realizar a exposição, que é inédita e foi idealizada especialmente para o espaço do Olho, o MON reverencia esse artista pesquisador tão importante que, com seu trabalho, explorou magistralmente as mais diversas linguagens, o que faz com que sua obra permaneça tão atual”, afirma a diretora-presidente do Museu, Juliana Vosnika. “Ao visitar a mostra, o público terá a oportunidade de encontrar um conjunto de obras múltiplas que permitem não apenas contemplar, mas que instigam”, comenta.

 

 

“Trata-se de uma retrospectiva de toda a produção de Schwanke desde 1976, percorrendo experiências múltiplas. Mais de 70% das obras apresentadas são inéditas, pertencentes ao acervo da família e de colecionadores”, explica Juliana.

 

 

A superintendente-geral de Cultura do Paraná, Luciana Casagrande Pereira, destaca a onipresença do artista no cenário das artes entre as décadas de 1970 e 1990. “Com a exposição em seu mais icônico espaço expositivo, o MON reconhece a importância desse profícuo e premiado artista, que viveu alguns anos em Curitiba, cidade que certamente o inspirou”, afirma Luciana.

 

 

O premiado artista tem em sua obra a singularidade de permitir diferentes abordagens e se estender por variadas formas, o que inclui desenhos, pinturas, livros, objetos, esculturas e instalações, num conjunto complexo e surpreendente.

 

 

“A obra de Schwanke é um campo de inquietação e desassossego e se constitui em um verdadeiro labirinto”, diz a curadora Maria José Justino. “Entrar em sua obra é um convite a percorrer caminhos que oferecem diversas linguagens e, quando acreditamos encontrar a saída, não passa de novas sendas para outras rotas, outras paragens e novos sentidos”, afirma.

 

 

A exposição “Schwanke, uma Poética Labiríntica”, realizada pelo MON, conta com o apoio do Instituto Luiz Henrique Schwanke.

 

 

Palatnik em BH

18/jun

 “Palatnik e a Arte Cinética: uma perspectiva histórica”
Os curadores da exposição “Abraham Palatnik – A reinvenção da pintura”, Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, e o historiador da arte, Michael Asbury, conversaram sobre o início do panorama da arte cinética no Brasil e, em particular, a trajetória de Abraham Palatnik.
O artista foi um dos pioneiros desse movimento no mundo, aliando conhecimentos matemáticos, como geometria e física, à criação artística. Palatnik tem papel central na discussão sobre o abstracionismo no Brasil. Ele conjuga o uso de motores mecânicos e lâmpadas com um ritmo de cores e volumes que fazem com que sua obra seja singular. O campo da arte cinética ganhou novas abordagens com o trabalho desse artista, quando ele passou a fazer uso de materiais pouco associados à pintura.
A contribuição de Abraham Palatnik na passagem da arte moderna à contemporânea, suas inovações no campo do design e como se deu sua recepção no exterior, são pontos que foram abordados no webinar que aconteceu no canal do YouTube do Banco do Brasil. Para assistir basta acessar o link :  https://www.youtube.com/bancodobrasil.
PATROCÍNIO: Banco do Brasil
REALIZAÇÃO: Art Unlimited
COMUNICAÇÃO: Alves Madeira

Leda Catunda na Paulo Darzé

25/mai

 

 

“Outono” é a mais nova exposição de trabalhos inéditos, de Leda Catunda na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia com temporada até o final de junho. Mostra presencial e virtual reúne trabalhos criados entre 2020 e 2021. Para o artista e professor da Escola de Belas Artes da UFBA, Ricardo Bezerra, no texto escrito especialmente para o livro-catálogo, “…a exposição Outono deve nos motivar a refletir sobre a construção do nosso olhar, procurar anular nossa referência para que possamos olhar as coisas como se fossem a primeira vez. Devemos buscar em nós aqueles “olhos de criança” que Henri Matisse nos convidou a olhar a vida para, quem sabe, construir uma nova imagem do mesmo mundo que supomos ser conhecido por nós. Toda arte é uma criação, um fazer surgir algo nunca visto. As obras dessa exposição nascem de um grande desprendimento, uma maturidade artística e uma liberdade invejável. Como liberdade, não é satisfatoriamente explicável, porque deixa de ser liberdade quando explicada”.

Dois na Capa e Contracapa

 

A Anexo LONA, Centro, São Paulo, SP, recebe (de 29 de maio a 28 de julho) exposição, com curadoria e conceito de Marcio Harum – “CAPA e CONTRACAPA” – cuja sugestão de unicidade, é “2”. O espaço abre as mostras simultâneas dos artistas Fabio Menino e Viviane Teixeira que exaltam o pictorialismo, cada um à sua maneira, utilizando-se da técnica de representação artística mais antiga do mundo: a pintura. O conceito expositivo pensado por Marcio Harum subverte paradigmas uma vez que o conteúdo é sempre buscado no miolo e não nas capas e contracapas.

“As duas exposições individuais simultâneas (…..) irrompem no espaço como som, com dois lados dissonantes, mas complementares. A proposição surge movida pela inspiração gráfica do ato de se criar uma incerta e possível ligação tátil; como frente e verso de um álbum musical, em que pinturas exibidas nas paredes são as próprias gravações sonoras” explica o curador.

CAPA, com a artista plástica carioca Viviane Teixeira, permite um passeio por seu universo pictórico ficcional, onde uma corte fantasiosa possui figuras femininas como soberanas. Referências históricas da Família Real Brasileira, games, contos dos irmãos Grimm, as cartas de baralho, os jogos de tabuleiro, o jogo de xadrez, músicas, músicos, livros e artistas como Philip Guston, Paula Rego, Louise Bourgeois, Pia Fries, Laura Lima, Cristina Canale, etc., permeiam os questionamentos que gestam a obra. “Tais questões estão vinculadas às escolhas cromáticas contundentes, aos objetos associados ao desenho e às formas híbridas e fluidas que remetem a cenas e personagens arquetípicos saídos dos contos de fadas e que travam intensos duelos e diálogos”, diz Viviane Teixeira.

“A produção da artista vem sendo publicamente acompanhada mais de perto desde sua participação no edital Programa de Exposições do CCSP em 2015, e de lá pra cá tem marcado em suas obras de pintura uma vívida sucessão de alter egos e avatares anacrônicos, estando fixados em uma mise-­‐en-­‐scène bastante singular de cenários e figurinos voltados aos jogos, rituais, hábitos e costumes de outrora”, diz Marcio Harum.

Em “CONTRACAPA”, o artista paulistano Fabio Menino apresenta telas figurativas com forte apelo realista onde as cores e formas definidas de objetos do cotidiano, ou não, mas conhecidos e quase comuns, produzidos em escala industrial, mas agora vistos por suas funções, significados e potencias pictóricas. As escolhas não são aleatórias. Os objetos representados por Fabio Menino possuem um ponto de convergência. Como explica o artista: “são suas funções: de proteção, segurança ou mesmo como ferramenta; executando um papel que um coro sozinho não pode realizar”.

“Há entre o conjunto de telas do artista uma menção a ‘99,00’ -­‐  se tal cifra é sobre o preço da carne, o valor de materiais artísticos ou um mal-­‐entendido visual qualquer,na realidade não importa. Com a seleção exposta de pinturas, a indagação que fica acerca do vínculo identitário com o mundo físico das imagens de Fabio Menino traduz-­‐se por ser pura ficção, ou não”, elucida Marcio Harum.

Sobre o curador

Marcio Harum vive em São Paulo. Trabalha na interseção entre curadoria, programas públicos e educação. Coordenou o programa “CCBB – Arte e Educação” no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, entre 2018 e 2020. Foi curador de artes visuais do Centro Cultural São Paulo entre 2012 a 2016 e dirigiu o programa “experiências dialógicas” no Centro Cultural de España, São Paulo, entre 2009 a 2011. Tem participado de comissões julgadoras dos mais diversos editais de artes visuais do país. Vem realizando cursos, interlocuções, laboratórios e acompanhamentos artísticos em diversos formatos on-line. Integra o comitê curatorial da 1ª Bienal de Arte Contemporânea SACO no Chile.

Sobre os artistas

Fabio Menino vive e trabalha em São Paulo. Bacharelando em Arte e Design na Universidade Federal de Juiz de Fora-MG. Possui cursos de apoio e aperfeiçoamento em artes plásticas – Arte no Brasil, Relatos Alternativos | Tadeu Chiarelli; Arte Contemporânea | Pedro França; Conversa Circular | Leda Catunda (Instituto Tomie Ohtake, SP); Arte Contemporânea: História | Mirtes Marins, entre muitos, além de atuar como assistente direto de artistas como Stephan Doitschinoff, Paulo Nimer PJ e Hildebrando de Castro. Em sua trajetória artística, participou de mostras coletivas em galerias e instituições, tais como Cartografias , Instituto de Artes e Design, UFJF , Juiz de Fora-MG, SAV – Salão de Artes Visuais de Vinhedo, Vinhedo-SP, 15º Salão Nacional de Arte de Jataí, Museu de Arte Contemporânea de Jataí – Jataí-GO, Prêmio aquisitivo – 45º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Santo André-SP, 26º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande, Praia Grande-SP, 44º SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional – Contemporâneo – MARP, Ribeirão Preto, SP, Mostra de Arte da Juventude-MAJ – SESC Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Sauna Mística – Galeria AM – São Paulo, SP, Casa Carioca – MAR | Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ.

Viviane Teixeira vive e trabalha no Rio de Janeiro. Bacharel em Pintura pela EBA, UFRJ (2003) e cursou EAV do Parque Lage, RJ (2004-12). Foi selecionada para as exposições individuais: The Queen seated inside her Castle – A Rainha Suplente, Capítulo II, CCSP/SP (2015-16) e The Queen seated inside her Castle – A Sala do Trono, Paço Imperial, RJ (2016) e para as coletivas: Arte Londrina 7 (2019), 14° Salão de Artes de Itajaí, SC (2018), 18° Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, Panoramas do Sul, Sesc Pompéia, SP (2013-14), 4° Salão dos artistas sem galeria, Zipper Galeria e Casa da Xiclet, SP (2013), 36° SARP, Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo, SP (2011), 17° Salão UNAMA de Pequenos Formatos, Galeria de Arte Graça Landeira, Belém, PA (2011), Abre Alas 5, Galeria A Gentil Carioca, Barracão Maravilha, RJ (2009), Artistas selecionados na Universidarte XIV, Intervenção no Museu da República, RJ (2007), Novíssimos 2007, Galeria de Arte IBEU, RJ e Selecionados Universidarte XIV, Casa França-Brasil, RJ (2006) além de participar de outras exposições em galerias e centros culturais no Brasil ao longo desses anos, como a individual As múltiplas faces da Rainha, na Galeria Movimento,RJ (2017).

Projeto “INTERAÇÕES 3”

13/mai

 

 

 

O projeto “INTERAÇÕES 3” chega à sede da LONA Galeria, Barra Funda, São Paulo, SP, com quatro forças artísticas do movimento e permanecerá em cartaz entre 15 de maio  e 24 de julho. São 15 trabalhos de Daniel Mello, Gustavo Aragoni, Lucas Quintas e Sueli Espicalquis. Em uma seleção que inclui pinturas, desenhos e objetos, onde “o universo abstrato norteia o trabalho destes quatro artistas e o movimento é a linha condutora do processo. Os trabalhos deste grupo têm uma pulsação que é capaz de fazer o visitante ser engolido pelas composições”, explica Duilio Ferronato, coordenador do projeto.

 

 

A pintura abstrata de Daniel Mello explora a relação e ressonâncias produzidas entre contrastes de cores, formas e texturas. Inspirado pela pluralidade de formas da arquitetura e pelas marcas de ocupação e transgressão humana, como o vandalismo e a pichação, utiliza diferentes mídias em conjunto, como tinta óleo, acrílica e spray sobre tela, papel e madeiras de descarte. A composição da pintura acontece em camadas onde a obra é resultado de um jogo de construção e desconstrução de formas. Já, Gustavo Aragoni possui um processo de criação que se desenvolve a partir de um encontro, de uma relação de forças entre o seu corpo e o corpo dos materiais disponíveis. Não há um plano totalmente pré-determinado, a criação surge de um caos, de uma tensão, de um fluxo de movimentos que se dá em função do contexto de espaço e tempo.

 

 

Lucas Quintas desenvolve trabalhos em diferentes mídias como desenhos, pinturas, esculturas e instalações. Sua pesquisa gira em torno dos materiais, onde explora questões como continuidade, tensão, leveza, rigidez e equilíbrio. Procura subverter seu uso, tentando controlar o incontrolável e transmitir de forma natural. Por meio de fenômenos óticos seus trabalhos são produzidos nas retinas dos espectadores. Com Sueli Espicalquis, construção e apagamento são presentes no processo de trabalho, com sobreposição de camadas, tendo interesse em vincular a cor à materialidade de tinta a óleo, com variações dadas pela mistura de cera de abelha e solventes.  As imagens resultantes da justaposição de cores, numa geometria apropriada e formas orgânicas, remetem a paisagens vistas através de mapas digitais.

 

 

Reunidos pela primeira vez em um mesmo espaço expositivo, os próprios criadores dão sua visão de como seus trabalhos conversam entre si. Daniel Mello “Apresento uma série de pinturas/desenhos abstratos (….) sempre flertando com as potências que nascem das relações e contrastes entre cores, formas e símbolos”, define Daniel Mello. As pinturas de Sueli Espicalquis “a guache e óleo sobre tela, com formas orgânicas e/ou de uma geometria apropriada, com ênfase na cor e fatura pictórica, dada pela mistura de solventes à espessa tinta a óleo, sobrepondo camadas de tinta, de forma que construção e apagamento de imagens convivem; assim, suponho haver interação (diálogo), entre essa e a produção dos artistas”. Para Gustavo Aragoni, “Meus trabalhos falam de gestualidade, de materialidade, de desenho e sobretudo, de processualidades. Acredito que estes sejam elementos comuns à prática dos artistas que participam da exposição e nesse sentido é possível se criar uma relação entre os trabalhos, que juntos podem produzir um efeito estético diverso, mas conceitualmente aproximados”. Por outro lado, Lucas Quintas explica: “Meu trabalho possui algumas interações, mas acredito que a com o espectador seja a mais relevante, pois através da sua movimentação ele se torna o fio condutor de novas descobertas de cores, e imagens, sendo a transformação da cor no tempo e espaço.”

 

 

Projeto INTERAÇÕES

 

 

Por falta de imunidade, foram excluídas as possibilidades de encontros. A simples perspectiva de interação sugere contaminação.” As relações dos últimos 2 anos entre os artistas da Lona Galeria têm se mostrado fecundas e incomuns. O grupo vem mantendo constante contato, trocando ideias e analisando ações mútuas. O contato artístico é tanto antropofágico como apropriador; basta um olhar e a transformação já principia. Artistas se contaminam de propósito com ideias, imagens e conversas. Não há lugar para barreiras. Os processos artísticos interessam tanto quanto o resultado e, as provocações constantes que surgem de todas as partes, sejam na área criativa ou comercial, nos mantém em alerta constante”, explica o coordenador Duílio Ferronato.

 

 

Com “INTERAÇÕES”, pretendem discutir os processos e alcançar uma nova etapa de amadurecimento artístico, institucional e comercial. “Os 2 primeiros anos nos mostraram diversas possibilidades, que firmamos nossa convicção de que incentivar o processo artístico é o que nos deixa animados para os próximos lances.” LONA Galeria

 

 

Registro: Fayga Ostrower  

29/mar

 

O MAM Rio como as demais entidades culturais do Rio de Janeiro encontra-se com suas atividades paralisadas. Registre-se a inauguração da mostra panorâmica “Fayga Ostrower: formações do avesso”, ocorrida em 20 de março. Com cerca de 60 trabalhos – entre gravuras, aquarelas, desenhos, tecidos e jóias – a exposição explora a pluralidade da produção da artista. O conjunto possibilita um estudo apurado sobre o abstracionismo informal na arte brasileira e o uso das cores na técnica da gravura.

A atuação de Fayga como teórica e educadora também é destacada. A artista conduziu o curso de composição e análise crítica no MAM Rio, onde lecionou entre 1953 e 1969; escreveu diversos livros e artigos sobre criatividade, processo de criação e arte. Trechos de seus textos, publicações e arquivo documental são apresentados no espaço expositivo, estabelecendo correlações entre a prática em educação e sua criação artística.

A curadoria da exposição “Fayga Ostrower: formações do avesso” é um projeto conjunto da equipe curatorial do museu, com Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente, e da gerência de Educação e Participação, com Gilson Plano, Daniel Bruno e Shion Lucas. Saiba mais em www.mam.rio

Sobre a artista

Nascida em Lodz, Polônia, em 1920, Fayga Ostrower emigrou para o Brasil em 1934. Estudou artes gráficas na FGV, foi bolsista da Fullbright em Nova York e recebeu numerosos prêmios, inclusive das bienais de São Paulo e de Veneza. Fayga experimentou quase todas as mídias gráficas, incluindo a estamparia. Foi professora no MAM Rio, entre 1953 e 1969; no Spellman College, em Atlanta, nos EUA; na Slade School da Universidade de Londres; em cursos de pós-graduação em várias universidades brasileiras; e lecionou para operários e em centros comunitários. Fayga foi também uma importante pensadora do abstracionismo informal brasileiro e autora de ensaios e livros. A artista faleceu no Rio de Janeiro em 2001. Obras suas integram coleções de museus no Brasil e no exterior.

Gonçalo Ivo em Curitiba

09/fev

 

 

 

Esta exposição inaugural do novo espaço da Simões de Assis em Curitiba, foi concebida por Gonçalo Ivo nos ateliês de Nova York e Bethany, sendo a quarta mostra individual que o artista realiza na galeria.

 

Sobre o artista

 

 

Gonçalo Ivo nasceu no Rio de Janeiro em 1958. Reside e trabalha entre Paris, Madri, Nova York e seu ateliê no sítio São João, localizado nas montanhas de Teresópolis, RJ. Conviveu desde a infância com poetas, artistas plásticos, críticos literários e músicos. Acompanhou seus pais, a professora Maria Leda e o poeta Lêdo Ivo, em várias visitas aos ateliês de Lygia Clark, Ione Saldanha, Maria Leontina, Abelardo Zaluar e Iberê Camargo, de quem recebeu as primeiras lições de desenho e pintura. No círculo familiar conviveu com os escritores Gilberto Freyre, Marques Rebelo, Álvaro Lins e principalmente o poeta e embaixador João Cabral de Melo Neto, que se hospedava no sítio da família quando vinha de férias ao Brasil, tendo sido seu primeiro colecionador. Toda essa experiência humanística proporcionada por seus pais repercutiu de maneira profunda na personalidade deste artista inquieto e de manifestação precoce. Arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal Fluminense, Gonçalo Ivo estudou em 1976 com Aluísio Carvão e Sérgio Campos Melo no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde posteriormente lecionou de 1983 a 1986. Em 1984 participou da antológica exposição “Como vai você, Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, sendo o primeiro artista de sua geração a expor individualmente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1994. Sua obra foi exposta em museus brasileiros e internacionais, entre eles, Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Museu de Arte Moderna e Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Jan van der Togt, na Holanda, Museum of Geometric and MADI Art, em Dallas, Grand Palais, em Paris, e ainda em prestigiadas galerias nacionais e internacionais, entre elas, Galeria Materna Y Herencia, em Madri, Venice Design, em Veneza, Galerie Flak e Galerie Boulakia em Paris, Dan Galeria, em São Paulo, Anita Schwartz Galeria, no Rio de Janeiro e Simões de Assis, em Curitiba e São Paulo. Sobre sua obra foram publicados livros com textos de relevantes críticos como Roberto Pontual, Frederico Morais, Fernando Cocchiarale e Felipe Scovino no Brasil, Lionello Puppi na Itália, Martín López-Vega na Espanha, Gilbert Lascault, Lydia Harambourg e Marcelin Pleynet na França, e Steven Alexander nos Estados Unidos. Em 2019, a convite da instituição norte-americana Residency Unlimited, voltada à arte contemporânea, passou temporada em Nova York. Em 2020, a convite da Albers Foundation – Josef and Anni Albers, Bethany, Connecticut, EUA – fez residência artística, onde ocupou ao longo de vários meses o Clark Studio. Esta exposição que inaugura o novo espaço da Simões de Assis em Curitiba, em fevereiro de 2021, foi concebida nos ateliês de Nova York e Bethany, sendo a quarta mostra individual que o artista realiza na galeria. Sua obra figura em galerias, coleções particulares e públicas no Brasil e no exterior, entre elas, Union de Banques Suisses; Deutsche Bank; Banco J P Morgan; Bank Boston; Museum of Geometric and MADI Art, Dallas, Texas, EUA; Museum of Latin American Art, Long Beach, California, EUA; Museu de Arte Contemporânea de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Coleção João Sattamini, Niterói; Coleção Marcantonio Vilaça; MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Universidade do Ceará, Fundação Edson Queiroz, Fortaleza; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Instituto Itaú Cultural, São Paulo; Instituto Moreira Salles, São Paulo; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba.

 

 

Até 02 de Setembro.

 

Oficina Molina –  Palatnik

05/fev

 

Em cartaz até dia 27 de março no Sesc Avenida Paulista, São Paulo, SP, a exposição Oficina Molina – Palatnik propõe um diálogo entre as obras de Abraham Palatnik (1928-2020) e Mestre Molina (1917-1998), dois artistas brasileiros que se conectam pela atração pelo movimento e engenhosidade. Com curadoria da equipe do Sesc-SP, a mostra evidencia semelhanças e diferenças entre os trabalhos destes dois inventores, como afirma Danilo Santos de Miranda: “Representantes de vertentes artísticas tidas, de um lado, como popular e, de outro, como erudita, tanto Molina como Palatnik ocupam papel de destaque no Acervo Sesc de Arte”. Para o diretor regional do Sesc-SP, “se há patentes dessemelhanças entre seus processos de criação, percebe-se, todavia, que os dois artistas mobilizaram seus repertórios e universos culturais em prol de singulares sínteses moto-construtivas”.

Seguindo os cuidados e protocolos por conta da pandemia de Covid-19, a mostra pode ser visitada com agendamento pelo site do Sesc. Lizandra Magalhães e Fabiana Delboni, assistentes da Gerência de Artes Visuais do Sesc-SP foram as responsáveis pela montagem de “Oficina – Palatnik.

Fonte: Arte!Brasileiros