Olhares femininos

23/nov

As fotógrafas Ana Araújo, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Márcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto inauguraram a exposição “Se me vejo, me veem”, na Galeria eg2o, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro, RJ. A mostra propõe uma discussão sobre a violência contra a mulher, sendo que cada artista aborda o tema em suas diversas manifestações, gerando como resultado um quadro multifacetado de denúncias, esclarecimentos e sensibilizações.

 

Profissionais atuantes e respeitadas, mulheres atentas ao dia-a-dia. Cidadãs responsáveis. Com o lema “olhares de mulheres sobre uma questão de mulheres”, as nove fotógrafas se reúnem para aliar arte à luta contra uma triste realidade: o Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de ocorrências de crimes contra a mulher. São agressões físicas, morais, sexuais e psicológicas, sustentadas pelas relações desiguais entre os gêneros. Desigualdade entranhada em nossa sociedade desde a sua formação, e no inconsciente da maioria dos brasileiros. Neste sentido, “Se me vejo, me veem” busca apresentar trabalhos que dialogam com o tema proposto, em um ambiente de liberdade na curadoria e expografia de cada trabalho das fotógrafas, as quais terão uma área individual e específica para mostrar e “denunciar” os aspectos deste assunto. Os suportes são diversificados, mas a imagem, crua e real, é a protagonista.

 

Ana Araújo retrata “Marias Marcadas pela Violência em Recife”. Sua cidade natal, onde reside e trabalha até o presente, segundo o mapa da violência 2012, é a sexta colocada no ranking de feminicídios do Brasil: “Aqui em Pernambuco irei documentar as mulheres sobreviventes, que ficaram marcadas física e emocionalmente por essa terrível cultura de violência contra a mulher”, define a artista.

 

“Para Onde Ir?”, de Eliária Andrade, mostra uma mulher que vive no abrigo Casa de Marta e Maria, espaço que oferece acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social, vindas das mais variadas situações de violência vivenciadas nas famílias e nas ruas, com histórico de abandono e maus tratos.

 

“Autoimagem” foi o tema escolhido por Evelyn Ruman, que em registros de um caso da vida real, aplica uma metodologia de intervenção social, por meio da fotografia que desenvolve há 27 anos. “A interferência artística do fotografado em seu próprio retrato amplia a percepção de sua identidade e estimula a recuperação da autoestima”, explica a autora.

 

Luciana Whitaker, com “Cesarianas Desnecessárias”, busca provocar uma reflexão sobre o polêmico assunto. Em sua opinião: “Procedimento feito sem necessidade, apenas com objetivos comerciais, coloca em risco a vida da mulher e do bebê”. Neste ensaio, as cicatrizes contam a história.

 

Luludi Melo, em “Maternidade – Mulheres com Deficiência”, discute a violência “duplamente qualificada” que sofre a mulher portadora de necessidades especiais.

 

Um pequeno recorte do projeto nacional que desenvolveu em parceria com o Museu da Pessoa para o projeto ViraVida – uma iniciativa do SESI na recuperação de crianças e adolescentes em situação de risco –, “Meninas e Adolescentes” é o aspecto levantado por Márcia Zoet. De acordo com a fotógrafa: “o quadro mostra a fragilidade da vitima, que sofreu durante 10 anos abuso paterno”. Um tema autoexplicativo é a escolha da fotógrafa Marlene Bergamo – “BANG BANG”. Imagens fortes que são retratos de fatos diários, hoje corriqueiros mas não menos cruéis, onde a morte é a ocorrência final. “Parto humanizado…?” é a discussão proposta por Mônica Zarattini, com destaque para a situação de uma mulher que, encaminhada para um hospital universitário na hora do parto, é submetida a procedimentos e recebe medicamentos desnecessários (como uma cobaia dos alunos).

 

Nair Benedicto participa com o vídeo “Não quero ser a próxima”, uma realização conjunta do Grupo Maria Bonita com a Agência F.4, sendo as integrantes Cecília Simonetti, Lais Tapajós, Nair Benedicto, Silvia Cavasin e Vera Simonetti. Produzido em 1985, versa sobre mulheres espancadas ou assassinadas pelos maridos ou companheiros. As fotografias são das entrevistadas e dos eventos públicos sobre o assunto, resultado das pesquisas em jornais e revistas.

 

 

Citando palavras das participantes do projeto Se me vejo, me veem: “Qualquer iniciativa que esclareça e contribua para que mulheres vítimas de violência reconheçam sua situação e percam a vergonha de pedir ajuda é válida, assim como para que a sociedade esteja alerta e consciente da seriedade da questão”.

 

 

Até 06 de janeiro de 2016.

Talentos da Fotografia

A mostra “Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil” estará em exibição em Brasília, DF, na Caixa Cultural Galerias Piccola I e II, SBS – Quadra 04, Lotes 3/4 – Asa Sul. São cinquenta trabalhos de dez consagrados artistas brasileiros, com curadoria da historiadora Vanda Klabin e coordenação e idealização de Afonso Costa. A mostra apresenta visões fotográficas variadas, com linguagens e processos de criação únicos que se utilizam de momentos políticos, da mutabilidade da natureza e até do próprio corpo como experimento.

 

“As obras apresentadas servem como um interessante panorama de visualização da produção da fotografia contemporânea nacional. A ideia da curadoria é tirar partido deste frescor em uma mostra que reúne as obras mais próximas ao espírito inquieto desses artistas, cada um na sua dimensão particular, sempre em incessante processo criativo. Eles repensam, rediscutem e reinventam a extraordinária tradição fotográfica por meio de um pensamento plástico atual, com desenvoltura artesanal, intelectual e imaginativa inéditas até aqui”, explica a curadora. Essas peculiaridades podem ser conferidas nos trabalhos expostos dos artistas brasileiros Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga e Yuri Firmeza.

 

Paulo Nazareth, por exemplo, apresenta a série Notícias da América, resultado de suas peregrinações a pé e de carona pelo continente americano, onde imagens e acontecimentos mostram as diversas realidades sociais. Na série “Rosa Púrpura”, Berna Reale, que está representando o Brasil na Bienal Internacional de Veneza, contou com a participação de 50 jovens de Belém para discutir a questão da violência contra a mulher.

 

Com um trabalho mais político, Gustavo Speridião apresenta a série Movimento – Ayotzinapa Vive!, em que registra manifestações e atritos em regiões urbanas do México e do Rio de Janeiro. A violência, o desencanto e a condição da miséria humana estão presentes na impactante série Brasil, de Matheus Rocha Pitta. O artista mistura carnes vermelhas em um processo mimético com as areias escaldantes de Brasília.

 

A partir de imagens produzidas em São Paulo e no Chile, Luiza Baldan cria contrapontos para os espaços solitários, onde a sensação de vazio, aliada ao silêncio, circula livremente em cenários ora intimistas, ora urbanos.

A parceria entre o homem e a natureza está presente nas fotos de Rodrigo Braga, que cria um documento visual perturbador. Yuri Firmeza registra as ruínas da cidade histórica de Alcântara, primeira capital do Maranhão, construída no século XIX na esperança de hospedar o imperador D. Pedro II. Atualmente o lugar tem um centro espacial, instalado pela Força Aérea Brasileira. O artista aproveita a paisagem para mostrar o tempo sedimentado, não linear, não cronológico. A série Ruínas propõe o pensamento crítico à lógica de crescimento das metrópoles.

 

Já os artistas Alexandre Mury, Arthur Scovino e Raphael Couto utilizam o próprio corpo para suas práticas artísticas. Erotismo, rituais e mitologias estão presentes na série “Nhanderudson” – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, de Scovino. Alexandre Mury representa os quatro elementos naturais – ar, água, fogo e terra – a partir de seu próprio corpo. Enquanto para Raphael Couto, as ações de metamorfose do corpo se dão no detalhe, no fragmento. Ele parte de uma sensibilidade corporal e acrescenta reflexão sobre a linguagem plástica.

 

 

De 25 de novembro a janeiro de 2016.

Duas mostras individuais

19/nov

A Galeria Lume, Jardim Europa, São Paulo, SP, exibe, simultaneamente, as individuais “Areia Movediça”, de Talita Hoffmann, e “Eu Não Estou Aqui”, de ZNort, ambas com curadoria de Paulo Kassab Jr. Em “Areia Movediça”, Talita Hoffmann apresenta uma série com pinturas relacionadas a espaços em obra, construções, áreas abandonadas ou em constante transformação, mesclando desenhos arquitetônicos, cores e estruturas com elementos do design gráfico urbano. Por sua vez, ZNort utiliza técnicas e suportes variados, em trabalhos que abordam temas inerentes ao ser humano e ao “ser artista”, levantando questões como ser ou não ser algo, pertencer ou não a algum lugar, ter ou não ter valores – como status e reconhecimento.

 

Em sua individual, Talita Hoffmann estabelece uma relação entre a constante mudança dos espaços urbanos – de terrenos baldios a novas construções, além de áreas abandonadas – com o imaginário da areia movediça que, em sua opinião, tem sempre um aspecto cômico e fantasioso, elementos presentes em sua obra. Com influências que passam pelas cores e traços da arte naïf, até o design gráfico e a fotografia urbana, a artista se utiliza de estilo e técnica recorrentes em seu portfólio, porém, desta vez, não se nota a presença de personagens, focando exclusivamente nos detalhes arquitetônicos. Nas pinturas da exposição, podem ser observadas referências às técnicas de colagem e desenho, as quais fazem parte do processo criativo de Talita: “Geralmente parto de fotografias de espaços urbanos (…). A elas, junto outras imagens de catálogos, pedaços de publicidade, ou desenhos que vou coletando. Para esta série em especial, utilizei várias fotos do Google Maps, inclusive com as falhas em glitch’”.

 

Com inspiração filosófica, ZNort propõe uma reflexão aprofundada sobre devaneios existenciais. Em sua própria definição: “‘Eu Não Estou Aqui’ é uma forma de brincar com o aspecto místico que o artista exerce sobre o espectador. E quando digo “eu não estou aqui”, nego minha própria presença na obra. Eu não sou, eu não estou, eu não valho…”. Neste sentido, ZNort exibe obras em que busca utilizar materiais que dialoguem com cada conceito, em técnicas já dominadas pelo artista – como esculturas em madeira e parafina, e bordados -, bem como novos experimentos, a exemplo da substituição de bronze por concreto. Em algumas peças, ZNort pinta o concreto em cor de bronze, ressignificando um material considerado barato, ao lhe conferir uma aparência nobre. Citando uma peça da mostra, “Eu Valho um Milhão de Dólares” nos remete ao trabalho de Damien Hirst com borboletas reais, mas, aqui, utilizando borboletas de plástico, no intuito de apontar um contraponto ao preciosismo de sua referência.

 

Com estas exibições individuais de Talita Hoffmann e ZNort, a Galeria Lume marca o encerramento de seu calendário de exposições em 2015. A coordenação é de  Felipe Hegg e Victoria Zuffo

 

 

De 26 de novembro a 20 de janeiro de 2016.

Na Galeria Fortes Vilaça

17/nov

Paralelamente à exposição “Interior Design” de Simon Evans – que inaugura amanhã, 18/nov às 19h, na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São paulo, SP, será apresentado o curta-metragem “Cutaways” da artista polonesa Agnieszka Kurant no segundo andar da galeria. Assim como a exposição de Evans, o filme será exibido até o dia 22/dezembro.

 

 

Realizado em parceria com o premiado editor de cinema Walter Murch de “Apocalypse Now” e “O Poderoso Chefão”, o trabalho de Kurant traz à tela o universo invisível de personagens que, apesar de concebidos e filmados para certas produções cinematográficas, foram completamente excluídos na edição final. Em seu filme, a artista escolhe três desses coadjuvantes omitidos para lhes dar sobrevida, extraídos de obras cultuadas de Kubrick, Tarantino e Sarafian. Entre os atores que aceitaram reprisar seus papéis, está a atriz Charlotte Rampling.

 

 

“Cutaways” retrata o encontro de personagens de produções distintas, como se tivessem ganhado vida autônoma e passassem a compartilhar o mesmo limbo narrativo. O enredo toma como base os roteiros originais de cada filme, aproveitando inclusive algumas das falas. Três atores aceitaram reprisar seus papéis depois de anos da trama original: Charlotte Rampling como a caronista de Vanishing Point (de Richard C. Sarafian, 1971, lançado no Brasil como Corrida contra o Destino); Abe Vigoda como o advogado e melhor amigo do protagonista em The Conversation (de Francis Ford Coppola, 1974, lançado no Brasil como A Conversação); e Dick Miller como o dono do ferro-velho de Pulp Fiction (de Quentin Tarantino, 1994).

 

 

Uma sequência de nomes hollywoodianos encerra a projeção, informando que vários outros atores também interpretaram personagens fantasmas em suas carreiras. A tipografia de cada nome é baseada naquela usada nos cartazes de seus respectivos filmes, como se a artista propusesse um jogo de descobrir de quais títulos eles foram excluídos.

 

 

 

Sobre Agnieszka Kurant

 

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 em Lodz, na Polônia, e atualmente vive e trabalha em Nova York. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: exformation, Sculpture Center (Nova York, 2013) e Stroom den Haag (Haia, Holanda, 2013); 88.2 MHz, Objectif Exhibitions (Antuérpia, Bélgica, 2012), Theory of Everything, Museum of Modern Art (Varsóvia, Polônia, 2012). Já participou da diversas mostras importantes como a Bienal Performa de Nova York (2013 e 2009), Bienal de Arquitetura de Veneza (2010), Bienal de Bucareste (2008), Bienal de Moscou (2007), além de diversas outras coletivas em instituições como Guggenheim (Nova York, 2015), MoMA PS1 (Long Island, 2013), Witte de With (Roterdã, 2011), Tate Modern (Londres, 2006), Palais de Tokyo (Paris, 2004), entre outros.

 

 

 

Até 22 de dezembro.

Oi Futuro Ipanema apresenta

O Oi Futuro Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 21 de novembro, a exposição “Encontros Carbônicos 2015 – Futuro em disputa”, com 25 trabalhos dos artistas Andrea Hvistendahl, Cinthia Marcelle, Daniel Steegmann Mangrané, Tiago Mata Machado, Maíra das Neves & Pedro Victor Brandão, Marina Fraga, Pedro Urano, Milton Machado, Paulo Paes, Simone Cortezão e Rodrigo Amarante, este último também músico e compositor. Em dezembro, nos dias 12 e 13, a galeria receberá sessões interativas da obra “Our Move”, da artista sueca Andrea Hvistendahl, um jogo de tabuleiro em que os participantes organizam um mapeamento de agentes, relações de poder e territórios a partir de assuntos importantes para a sociedade. Cada peça posicionada no tabuleiro exige que se estabeleça um consenso entre os participantes e esta negociação é o próprio jogo.

 

Também em dezembro, de 18 a 20, será realizado um ciclo de conversas públicas sobre o futuro com os artistas Milton Machado, Louise Ganz e Ines Linke, o climatologista Alexandre Araújo Costa, o filósofo Rodrigo Nunes, a arquiteta Margareth Pereira, a professora Ivana Bentes, a curadora e crítica Daniela Labra, entre outros pesquisadores. Os curadores e organizadores de “Encontros Carbônicos” são Marina Fraga e Pedro Urano, artistas e editores da revista online de arte e ciência “Carbono”.

 

“A exposição reunirá obras inéditas e outras que serão revisitadas dentro de um novo contexto. Mais do que um culto ao novo, o que nos interessa é colocar obras, ideias e autores em relação”, afirmam os curadores Marina Fraga e Pedro Urano. Eles acrescentam que os encontros de dezembro buscam discutir “perspectivas sobre o futuro, e as formas de disputá-lo no presente, investigando eixos como previsões/provisões, utopia/distopia, construção/destruição, projeto/arbitrariedade, na direção da imaginação de novos modos de existência”.

 

O projeto é patrocinado pela Oi, Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura, Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro. Com apoio cultural do Oi Futuro.

 

 

Artistas e obras da exposição

 

Da artista Cinthia Marcelle, estarão na exposição os vídeos “Leitmotiv”(2011) e “O Século”(2011, 9’37”), realizado em parceria com Tiago Mata Machado. No primeiro, uma área vazia é recoberta, em alguns instantes, por correntes de água vindas de todos os lados. No segundo, vemos uma rua, e, a seguir, objetos voam de uma extremidade à outra, sem que se veja quem os arremessa. O mesmo passa a ocorrer do outro lado da tela, até que toda a paisagem, antes vazia, está coberta de entulho e fumaça.

 

Do artista Daniel Steegmann Mangrané serão apresentadas doze fotografias da série “Novos Estudos” (2013), sobre o aumento do desmatamento, e a instalação sonora “Surucuá, Teque‐teque, Arara” (2013), onde são escutados sons gravados na mata atlântica brasileira, que são serão interrompidos abruptamente, deixando o ouvinte com o som do espaço expositivo.

 

Da dupla Maíra das Neves & Pedro Victor Brandão será apresentada a escultura “Gigante minerador”(2014), uma máquina de mineração de criptomoedas, parte integrante da estrutura financeira criada pelos artistas, onde o fundo gerado pela máquina éutilizado por determinada comunidade para investir em projetos comuns. Também da dupla de artistas estará a série de fotografias “Formação da Supercélula”(2014), uma sequência fotográfica 3D em três partes: uma narrativa visual sobre a  invocação, a ação e os rastros de Thurisaz – o gigante do raio, da ruptura e da revolução – em um bosque, e ainda o vídeo“þ(thorn)”(2014), que será exibido no Teatro do Oi Futuro Ipanema.

 

Marina Fraga e Pedro Urano mostrarão a escultura “Tempo-fóssil” (Ampulheta de Betume), de 2015, uma ampulheta feita artesanalmente de vidro e madeira, e com betume no seu interior. Nela, a viscosidade do betume, resíduo final do petróleo, aponta para outra escala de tempo. Pedro Urano também apresentaráum díptico de 2015, “Sem título”, com duas fotografias justapostas que revelam o interior de um túnel. Em uma delas não há um fim visível. Na outra, épossível enxergar uma pequena abertura.

 

Do artista Milton Machado estarão duas fotografias (1990) das esculturas “Módulo de Destruição na Posição Alfa” e “Nômade”, que registram essas peças instaladas e expostas no Museo Civico Gibellina, na Sicília, Itália, em 1990. As esculturas partem de personagens conceituais da série “História do Futuro”, narrativa que trata de um sistema de pontes gigantescas de modo a reconstituir, artificial e progressivamente, a Pangeia, o continente único separado por cataclismos no período Cambriano. Seráexibido também o livro “História do Futuro”(2012), que reúne o processo do trabalho ilustrado com esboços, desenhos, textos, e imagens de instalações e exposições desenvolvidas pelo artista desde 1978. Com textos do autor, da psicanalista e crítica de arte Tania Rivera e do historiador da arte Guilherme Bueno, o livro apresenta um mundo imaginário e seus habitantes, personagens conceituais.

 

Do artista Paulo Paes estará a obra “Fisália Virgem” (2015) uma escultura composta por objetos de plástico descartados pelo consumo urbano e materiais naturais, que aguarda sua imersão no mar para, ao interagir com o meio, atrair e fixar vida marinha e assim consolidar um local com alta atividade biológica.

 

O músico e compositor Rodrigo Amarante expõe o filme musical “Mon Nom” (2015), realizado em animação, em que apresenta dois personagens caminhando por paisagens desérticas feitas a partir de colagens do artista. O vídeo é parte de uma série de filmes musicais do álbum “Cavalo”, criados e dirigidos por Rodrigo, em colaboração com outros artistas.

 

A artista Simone Cortezão produziu o vídeo “Subsolos” (2015) e apresenta uma versão inédita para a exposição, em que mostra o crescimento de uma cava de mineração que, cotidianamente, leva embora toda uma montanha atéoutros continentes.

 

 

Jogo interativo

 

No dias 12 e 13 de dezembro, o público será convidado a participar de sessões do jogo de tabuleiro interativo “Our Move (OM)”, 2011, conduzido pela sua criadora, a artista sueca Andrea Hvistendahl, na galeria Oi Futuro em Ipanema. O consenso entre os participantes é um aspecto fundamental do jogo: todos devem concordar sobre o posicionamento de cada peça. O objetivo do jogo é instaurar este processo de fomento de diálogos. Os participantes determinam um assunto, um lugar e contexto – um problema que envolve pessoas ou uma situação real. A partir das discussões, os jogadores definem os grupos de agentes envolvidos na situação e dispõem no tabuleiro as peças – feitas em acrílico colorido – que têm significados como: conhecimento, medo, violência, muros, pontes de comunicação, dinheiro, status, entre outros. As peças foram projetadas para gerar diferentes associações visuais e permitem um mapeamento das relações entre os grupos envolvidos no assunto debatido. “A obra ‘Our Move’ promove um mapeamento visual e material de situações complexas. Ao fomentar o diálogo e a construção de consensos, o jogo se revela um instrumento precioso para a disputa do futuro.”, observam os curadores. “Jogar o “Our Move” é, em geral, transformador: ele tensiona pré-conceitos, explicitando premissas tácitas econvidando cada participante a ouvir o outro, na direção não da mera tolerância, mas do desenvolvimento de uma espécie de ‘xenofilia’, para usar um conceito desenvolvido pelo artista dinamarquês Olafur Eliasson, ou seja, de um amor pela diferença, o oposto da xenofobia. O jogo revela um mundo aberto à fricção.”.

 

CONVERSAS ABERTAS – PROGRAMAÇÃO

DIA 18 DE DEZEMBRO, ÀS 19H

Imaginar o futuro

 

Daniela Labra – Curadora de artes visuais e crítica de arte, doutora em História e Crítica da Arte pela PPGAV EBA/UFRJ. Pesquisadora pós-doutoranda na ECO/UFRJ com o projeto ‘Depois do Futuro: Ruínas e reinvenções da Modernidade nas artes contemporâneas’.

Rodrigo Nunes –Filósofo –Doutor pelo Goldsmiths College (University of London) em Filosofia Moderna, Filosofia Continental Contemporânea, Metafísica e Filosofia Política, Filosofia e a Questão Ambiental.

Alexandre Araújo – Climatologista. Bacharel em Física pela Universidade Federal do Ceará (1992), Mestre em Física pela Universidade Federal do Ceará(1995), Doutor em Ciências Atmosféricas pela Colorado State University (2000), com Pós-Doutorados pela Universidade Federal do Ceará(2000-2001) e pela Universidade de Yale (2004-2005).

 

 

DIA 19 DE DEZEMBRO, ÀS 19H

Utopia/ distopia: construção e destruição, projeto e arbitrariedade

 

Margareth Pereira – Arquiteta, com graduação em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-UFRJ (1978), graduação em Urbanismo pela Universitéde Paris VIII (1979), DEA em Etudes Urbaines (1984) e Doutorado (1988) pela Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales (1984). Realizou seu pos-doutorado na França (no Institut d’Urbanisme de Paris e na Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales) e na Inglaterra (Centre for Urban History da University of Leicester) em 2004.

Milton Machado – Artista, professor de história da arte da EBA/UFRJ, arquiteto-urbanista, formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ). É Mestre em planejamento urbano e regional pela UFRJ (1985) e Doutor em artes visuais pelo Goldsmiths College University of London (2000).Terceiro palestrante a confirmar

 

DIA 20 DE DEZEMBRO, ÀS 19H

Outros modos de existência

 

Ivana Bentes – Professora da Escola de Comunicação da UFRJ. Pesquisadora em Comunicação, cultura e política com mestrado e doutorado pela UFRJ. Atual Secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.É curadora na área de arte e mídia, cinema, audiovisual.Thislandyourland – dupla de artistas. Desenvolvem trabalhos em diversas mídias que relacionam arte, natureza e cidade. Em seu projeto “Thislandyourland”, trabalham questões em torno dos usos e do acesso à terra e realizam imagens que possibilitam pensar outros modos de vida.

 

Louise Ganz é artista visual, arquiteta, professora naEscola Guignard – UEMG e doutoranda na EBA-UFRJ.

 

Ines Link é artista visual, cenógrafa, professora da Universidade Federal de São João del Rei (MG) e doutora pela EBA-UFMG.

 

Paulo Petersen – Engenheiro agrônomo. Coordenadorexecutivoda AS-PTA- Agricultura Familiar e Agroecologia e vice-presidente da Associação Brasileira de Agroecologia. Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa e Mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural pela Universidade Internacional de Andaluzia. Integra o Fórum Permanente de Agroecologia da Embrapa e a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, órgão vinculado à Secretaria Geral da Presidência da República. Atua como editor da revista Agriculturas: experiência sem agroecologia e é membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Agroecologia e da Agroecology and Sustainable Food Systems.

 

 

CARBONO – REVISTA ONLINE DE ARTE E CIÊNCIA

 

Fruto da vontade de reunir pesquisas, práticas e perspectivas interdisciplinares sobre o mundo, a revista online Carbono foi criada em 2012, já tendo produzido oito edições. No ano passado, seus editores, os artistas Marina Fraga e Pedro Urano, quiseram materializar os diálogos promovidos pela revista, e daísurgiu o projeto Encontros Carbônicos, pensado para realizar, junto ao público, esta experiência transdisciplinar. Nessa direção, “deslocamos a discussão do ambiente acadêmico para uma exposição de arte”, afirmam. “Obras de arte nos afetam sensorial e intelectualmente, muitas vezes instaurando uma realidade que diverge da racionalidade em que estamos acostumados a localizar o pensamento. Abre-se, então, uma fresta para novas idéias”.

 

 

De 20 de novembro a 20 de dezembro.

Janeiro.

EAV Parque Lage/ livro 40 anos

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage promove dia 18 de novembro de 2015, às 19h, o lançamento do livro “O que é uma escola livre?” (Oca Lage e Editora Cobogó, 2015), uma compilação de mais de cem depoimentos escritos especialmente a convite da diretora da instituição, Lisette Lagnado. A publicação reúne mais de cem depoimentos de artistas, críticos, poetas, pensadores, professores, estudantes, curadores e dirigentes de instituições no Brasil e no exterior, que responderam à pergunta: “O que é uma escola livre?” Na noite de lançamento haverá leitura de trechos do livro, projeções no Palacete de imagens históricas, a cargo da artista Tina Velho e seus alunos do Núcleo de Arte e Tecnologia da EAV, em sincronia com obra sonora de Franz Manata e Saulo Laudares.  

 

“Como celebrar os quarenta anos de uma das instituições mais cultuadas da cidade por seu compromisso com a redemocratização do país e a emergência de novos valores?”, indaga Lisette Lagnado no texto de apresentação. “Este modesto livro se propõe a interrogar o futuro de uma escola de arte consagrada por uns e outros como ‘lugar anárquico’ ou espaço para trocas, ‘jardim da oposição’ e invenção de percursos, espaço mítico de experiência e formação de plateias”, explica. “Longe de pretender ser exaustivo, procurou-se dar voz às múltiplas e contraditórias expectativas em torno da missão de uma escola de arte no século 21”. Lisette Lagnado conta que os depoimentos poderiam ter até trezentas palavras, serem “uma única frase, ou ainda virem na forma de uma imagem”. “A publicação contemplou professores fundadores e atuais, ex-diretores, ex-alunos e estudantes em vias de formação, além de artistas e figuras públicas que tenham passado pela EAV ou se dediquem à difusão da arte e da cultura”, destaca.

 

Marcio Botner, presidente da Oca Lage, organização social que administra a Escola, instituição pertencente à Secretaria Estadual de Cultura, diz que a EAV Parque Lage “é o Taj Mahal da cultura”. “Foi um presente de amor de Henrique Lage para sua mulher, a cantora lírica Gabriella Besanzoni”, e que seria “importante conhecermos o passado e entendermos o presente para darmos um salto para o futuro. Isto é que é liberdade!”. Para a elaboração do livro, Lisette Lagnado coordenou uma comissão editorial integrada por Fernando Cocchiarale, Helio Eichbauer e Roberto Conduru (que formam a Comissão de Ensino da Escola), Marcio Botner, e Marcelo Campos, coordenador do Memória Lage, projeto selecionado pelo Edital Petrobras 2012, que reuniu, catalogou e digitalizou cinco mil documentos do acervo da EAV Parque Lage. “O que é uma escola livre?” integra uma série de atividades em torno das comemorações dos 40 anos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

 

 

Sobre a EAV Parque Lage

 

Fundada em 1975 pelo artista  Rubens Gerchman (1942-2008), que a dirigiu até 1979, a EAV Parque Lage é uma referência no país pela liberdade criativa e seu caráter pluridisciplinar, e também está intimamente ligada à cidade do Rio de Janeiro, por suas atividades artísticas e culturais. Foi cenário de emblemáticos filmes do Cinema Novo, como “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha, e “Macunaíma” (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, e ainda de “O homem do Rio” (1964), de Philippe de Broca, com Jean-Paul Belmondo e Ariane Mnouchkine. A Escola de Artes Visuais do Parque Lage ocupa uma área de cerca de 175 mil metros quadrados, à beira da Floresta da Tijuca, e aos pés do Corcovado, e tanto sua área verde, com variedade de espécies da Mata Atlântica, como seu conjunto arquitetônico, são tombados como patrimônio paisagístico, ambiental e cultural pelo IPHAN. Seu Palacete-sede foi construído em 1924 pelo empresário Henrique Lage para sua mulher, a cantora lírica Gabriella Besanzoni (Roma, 1888-1962), e o casal se notabilizou pelas festas e saraus que ofereciam à sociedade da época.

 

 

Sobre a Cpobog

 

Criada em 2008, a Editora Cobogó é especializada na publicação de livros sobre arte e cultura contemporâneas. Entre os diversos títulos lançados estão livros de Andy Warhol (A filosofia de Andy Warhol  e Popismo), Hans Ulrich Obrist (Hans Ulrich Obrist – Entrevistas vols. 1 a 6, Caminhos da Curadoria); Ariane Mnouchkine (A arte do presente);  John Cage (De segunda a um ano);  Merce Cunningham (O dançarino e a dança), além das coleções Dramaturgia, com importantes textos do teatro contemporâneo brasileiro e internacional, e O Livro do Disco, que mergulha no universo de álbuns emblemáticos da história da música brasileira e internacional. Em artes visuais, o catálogo da editora inclui as monografias bilíngues dos artistas brasileiros contemporâneos Adriana Varejão, Erika Verzutti, Nuno Ramos, Efrain Almeida, Rivane Neuenschwander, Paulo Nazareth, Laura Lima, Rodrigo Andrade, Luiz Braga, Alexandre da Cunha e Paulo Monteiro, entre outros. Além disso, também foram publicados os panoramas Pintura Brasileira séc. XXI, Desdobramentos da Pintura Brasileira séc. XXI, Fotografia na Arte Brasileira séc. XXI e Outras Fotografias na Arte Brasileira séc. XXI.

 

O hobby em Fernando Ribeiro

10/nov

A Galeria Mônica Filgueiras, Jardins, São Paulo, SP, expõe “Meu Hobby na Arte”, do artista plástico Fernando Ribeiro, com curadoria de Marcello Hirsch e Felipe Giaffone. Autointitulado um “piloto frustrado”, o artista recria nas telas alguns modelos de carros que gostaria de ter pilotado, utilizando a mesma técnica de outros trabalhos para buscar resultados inéditos.

 

Em uma tentativa de unir a arte que domina com uma paixão pessoal, Fernando Ribeiro apresenta sua nova série de pinturas, as quais abordam o universo automobilístico. Pintados em tinta acrílica sobre papel algodão, alguns modelos icônicos de carros são reproduzidos nas obras inéditas do artista. “Busquei colocar minha visão nas tonalidades, mas mantive a base das cores, ressalvando o critério iconográfico de cada modelo de carro”, comenta. Neste sentido, citando alguns dos trabalhos que perfazem a mostra, Fernando recria a famosa McLaren de Ayrton Senna, que tinha como patrocinadora uma grande marca de cigarros; o Porsche esportivo que carregava a logomarca do famoso vermute italiano; o lendário modelo de corridas Elf-Tyrrell, entre muitos outros.

 

Em “Meu Hobby na Arte”, Fernando Ribeiro constrói uma relação cronológica e histórica com o automobilismo, por meio de suas pinturas realistas, e fala sobre uma paixão que nunca havia sido abordada em sua obra. Imagens tradicionais, familiares principalmente aos aficionados pelo tema, porém impressas com a visão do artista, “(…) em ângulos distorcidos, grandes oculares de minha ótica”, como define o próprio.

 

 

De 12 a 28 de novembro.

Mauricio Nahas no Museu Afro Brasil

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, acesso pelo porão 3, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “D​o Pó da Terra”,​ com 50 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo Mauricio Nahas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A mostra, que tem curadoria de Diógenes Moura, faz parte de um projeto que envolve o lançamento de um livro de fotografias e de um longa documentário, todos produzidos com um mesmo objetivo: revelar quem são e como vivem os artistas da região, em sua maioria mulheres.

 

O projeto “D​o Pó́ da Terra”,​ idealizado pelo produtor e agente fotográfico Fernando Machado, tem como objetivo lançar um novo olhar – mais verdadeiro e sensível – sobre a produção artística em cerâmica e argila dos moradores da região conhecida por sua realidade miserável. Desemprego, seca, altas taxas de mortalidade, alcoolismo, violência e o solo condenado pela monocultura do eucalipto fizeram com que o Vale do Jequitinhonha recebesse o apelido de Vale da Miséria.

 

No ano que o Museu Afro Brasil comemora 11 anos de história, seu Diretor Curador, Emanoel Araujo comenta: “Por certo a sensibilidade de Mauricio Nahas foi tocada pelas paisagens do magnífico rio Jequitinhonha e por sua gente – rostos, mãos de barro batido, sofrimento, muito sol e nuvens cortando a dureza desse mesmo sol que anuncia um céu estrelado para amenizar a noite desse lugar sagrado e profético, o palco da criação desses magníficos artistas” e complementa: “São homens e mulheres, doces criaturas do sertão, livres nas suas imaginações como o pó da terra. Vive toda essa gente a criar outras gentes, outras formas, outras cenas que muitas vezes se tornam realidade, que transcendem a realidade da própria vida, uma espécie de sonho que se realiza das mãos cheias de barro fazendo nascer as fantasias idealizadas.”

 

Em 2013, Fernando Machado e Mauricio Nahas decidiram percorrer o Vale para documentar em um filme a vida em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. “O Vale é como uma joia rara, valiosa, que precisava ser vista, preservada e entendida como tal”, conta Fernando Machado. Foram 3.300 quilômetros rodados em sete cidades: Santana do Araçuaí́, Caraí, Minas Novas, Itinga, Coqueiro do Campo, Itaobim e Ladainha. Lá encontraram mulheres fortes, chefes de família, que convivem com alcoolismo, pobreza, falta de perspectiva e abandono dos companheiros que muitas vezes migram por conta do desemprego. Mulheres que através do trabalho artesanal encontraram a chance de sustento para a família. É o caso de dona Zezinha (Maria José Gomes da Silva), uma das artesãs mais prestigiadas da região, que já́ teve seus trabalhos expostos na sede da ONU, em Nova York, em 2013. Outra personagem marcante – e uma das pioneiras entre as artistas do Vale – é dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha), criadora das famosas noivas de cerâmica que hoje caracterizam a arte local. Ela começou o trabalho com a argila quando criança, incentivada pelo desejo de ter uma boneca e por ver sua mãe e sua avó fazerem panelas e potes.

 

“Os artesãos do Vale do Jequitinhonha (também naïfs) se apropriam de um instante para em seguida imortalizá-lo em suas obras: o barro, a química da água, a percepção de tudo o que está entre as mãos, a vida/corpo como um filtro. Uma espécie de espelho íntimo onde estão representados os desejos e as esperanças de ir do ontem e do hoje ao muito além. Trata-se de um ato de perpetuação. Da construção de um mundo que surge do interior profundo” explica o curador, Diógenes Moura.

 

As imagens do documentário, que será́ lançado no primeiro semestre de 2016 e que tem produção da Notorious Films e direção de Mauricio Nahas, f​oram captadas em 2013. Já as fotografias que estão no livro e na exposição foram produzidas no começo de 2015 em uma segunda viagem ao Vale, com o objetivo de fotografar as paisagens e personagens mais marcantes. O livro “D​o Pó da Terra” (Edições Notorious Films/208 páginas) tem imagens de Mauricio Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanoel Araújo e Fernando Machado, e será́ lançado no mesmo dia da abertura da mostra.

 

 

De 12 de novembro a 03 de janeiro de 2016.

 

No studio 512

O Studio 512, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Por acaso…”, exposição individual de fotos dos anos 70 assinadas por Chico Mascarenhas. Inicia sua carreira de fotógrafo em 1970 como free lancer da revista Manchete em Portugal e, a partir de 1971, integra a equipe da sucursal da revista em Paris, até 1975. Neste ano cobre a Revolução dos Cravos para a agência Sipa Press. De volta ao Rio em 1976, trabalha novamente como fotógrafo free lancer para diversas publicações, dedicando-se também à fotografia de Arquitetura. Em 1981, deixa a fotografia profissional e funda o restaurante Guimas. A curadoria é de Milton Guran.

 

 

Dias 12, 13 e 14 de novembro.

Reconhecimento de Padrões

A  BOSSA Gallery, Design District, Miami, Florida, USA, abre “Pattern Recognition”, exposição individual do artista multimídia Fernando Velázquez. O artoista apresenta nove trabalhos autorais com uma instalação, dois vídeos, um objeto de luz e cinco imagens fotográficas com interferências digitais. Velásquez demonstra que as novas tecnologias, antes restritas aos laboratórios de informática, uma vez que conquistam o espaço exterior, necessitam de estruturas novas de pensamento e ação.

 

“Pattern Recognition”, obra principal da mostra que domina o espaço expositivo da galeria, é um instalação interativa de Fernando Velázquez, em 12 canais de vídeo, que possibilita escapar das limitações da memória. Em doze cenas que preenchem o campo de visão, temos uma experiência de imersão, de sequestro dos sentidos. Ao movimentar-se pelo espaço o publico modifica o vídeo que é transmitido nas telas através do sensor Kinect.

 

As imagens base, em sincronismo oscilante, são captadas por um drone, que estende o olhar por ângulos sedutores em uma floresta. Captadas a partir da parte mais elevada, simulando uma câmera de segurança vigiando a floresta, as imagens são modificadas pela presença do público que, ao passar em frente aos monitores, fazem aparecer um vídeo em fast motion com imagens de natureza em tempo acelerado. Ou seja: temos o contraponto do tempo cronológico da natureza, ou natural, versus o tempo acelerado da ação humana atuando junto ao meio ambiente. Versão semelhante da obra foi apresentada pelo artista em exposição no Rio de Janeiro em 2015.

 

Para Lucas Bambozzi, “ o que vemos é um sistema de visão. Temos um enigma, que não precisa ser decifrado, mas percebido, observado”. O trabalho de Fernando Velázquez, para estar completo, além de solicitar, necessita da participação do espectador. A coordenação é de Liliana Beltran.

 

 

De 09 de novembro a 14 de dezembro.

Encontro com o artista – 19 de Novembro, às 18hs.