Agnieszka Kurant no Brasil

22/fev

A galeria Fortes Vilaça, Vila madalena, São Paulo, SP, exibe a primeira exposição individual no Brasil, da artista polonesa Agnieszka Kurant apresentando uma série de trabalhos que tem como fio condutor o seu interesse por elementos fugazes ou imperceptíveis. Estes elementos norteiam as obras que tem suportes diversos e fazem referências à historia, à ciência e à literatura.

 

A idéia de um “capital fantasma” (Phantom Capital), que dá título à exposição, permeia todos os trabalhos na mostra. Este conceito se refere a uma troca de valores simbólicos, de forças intangíveis ou invisíveis que muitas vezes influenciam nossa sociedade sem que necessariamente tenhamos consciência disto.

 

Na obra “Phantom Library”, a artista produz livros imaginários, títulos que nunca foram escritos, lidos ou publicados mas que aparecem em livros reais de autores como Stanislaw Lem, Roberto Bolaño e Jorge Luis Borges, entre outros. Kurant os apresenta como objetos esculturais para os quais ela comprou números de ISBN e adquiriu códigos de barra dando-lhes assim um status no mundo material.

 

Já “MacGuffin” é uma escultura em forma de tapete que se move misteriosamente. O tapete é uma reprodução de um dos tapetes na sala da conferência de Yalta, onde os líderes mundiais definiram a divisão do mundo no pós guerra. O título da obra é um termo de técnica narrativa que define um objeto ou pessoa cuja importância não se define na trama, de certa forma como um fantasma.

 

Em88,2 mhz”, – o título da obra muda de acordo com a frequência de rádio utilizada na exposição -, um toca-fitas com um rádio transmissor, emite o som de pausas silenciosas extraídas de diferentes discursos políticos, intelectuais ou econômicos. O som é captado por uma antena que o retransmite para um rádio em um terceiro espaço da exposição. A fita com a compilação de silêncios é, por sua vez, a concretização de um trabalho fictício existente no conto de Heinrich Boll “Murke’s collected Silences” , de 1955.

 

A exposição também inclui um mapa-mundi retratando ilhas inexistentes, inventadas por exploradores do passado, impresso com tinta termo sensível que faz a imagem desaparecer conforme o calor. E “Uncertainty Principle”, uma escultura em forma de uma ilha que “magicamente” levita no ar, entre outros trabalhos na mostra, aos poucos revela o universo do desconhecido que alimenta a obra conceitual de Agnieszka.

 

Sobre a artista

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 na Polônia e vive e trabalha em Nova York. Representou seu país natal na Bienal de Veneza em 2010 com um trabalho em colaboração com a arquiteta Aleksandra Wasilkowska. Já participou de exposições individuais e coletivas tais como, CoCA, Torun, PL, 2012; Witte de With, Rotterdam, 2011; Performa Biennial, Nova York, 2009; Athens Biennale, Greece, 2009; Frieze Projects, London 2008, Moscow Biennale, 2007; Tate Modern, London, 2006; Mamco, Geneva, Italy, 2006 and Palais de Tokyo, Paris, 2004; entre outras. Foi artista residente na Location One, Nova York, 2011-2012; Paul Klee Center (Sommerakademie), Bern, 2009; ISCP, New York 2005; e Palais de Tokyo, Paris, 2004. Foi finalista, em 2009, do International Henkel Art Award, MUMOK, Vienna. Sua monografia “Unknown Unknown” foi publicada pela editora Sternberg Press,  2008.

 

Até 23 de março.

Esculturas de Toyota

Diferente de uma exposição tradicional, que mantém os visitantes a certa distância das obras de arte, a mostra “Sim, pode tocar!”, cartaz do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, convida o visitante a entrar em contato com as 18 esculturas de Yutaka Toyota não apenas pela visão, mas também pelo tato e pela audição. O público poderá ouvir a descrição das esculturas feita por um catálogo sonoro gravado em CD. As obras emitirão sons pela aproximação do espectador que, nesse ato, ativará sensores instalados em suas bases.

 

Além disso, o catálogo reproduz 10 obras em baixo relevo, para serem tocadas. O trabalho, desenvolvido principalmente para deficientes visuais, também desperta – através de texturas, formas e sons – os sentidos de quem possui visão normal. Segundo a curadora Cláudia Lopes, “as obras de Toyota são o que são, e são o que somos. Tal qual espelhos, nos incorpora e são por nós incorporados. Um reflete o outro”.

 

Sobre o artista

 

Yutaka Toyota nasceu em 1931 em Tendo, ao norte do Japão. Chegou ao Brasil em 1958 e montou, no bairro da Liberdade, uma pequena fábrica de artesanato e de móveis de charão, ou seja, móveis revestidos com um verniz negro ou vermelho que tem como base a laca. Paralelamente, montou um pequeno ateliê de pintura no qual utilizava tanto o óleo como a laca na realização de sua obra. Em 1961, foi convidado a expor em Buenos Aires, Argentina, na Galeria Velazquez. De volta a São Paulo, Toyota participou de numerosas exposições coletivas e individuais, em salões e galerias realizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro conquistando premiações importantes. Em 1965, mudou-se para a Itália, onde realizou várias individuais.

 

Na década de 1970, Toyota desenvolveu intensa atividade artística, com exposições individuais no Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Japão, e numerosas coletivas no Brasil, Colômbia, Bélgica, Japão e Canadá. Nessa mesma década dedica-se à realização de esculturas monumentais para espaços públicos, no Brasil e no exterior. No Brasil cria e instala esculturas na Praça da Sé, Hotel Maksoud Plaza, Campus da Fundação Armando Alváres Penteado – FAAP, Aeroporto de Brasília, Hotel Mofarrej, Jardim da Luz, contíguo à Pinacoteca do Estado de São Paulo, Conselho Brasileiro Britânico, São Paulo. Em 1991 a APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – conferiu a Yutaka Toyota o prêmio de Melhor Escultor Nacional.

 

Até 17 de março.

Exposição de Verão: 10 anos

19/fev

A Exposição de Verão da Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, chega à 10ª edição, em clima de celebração. O perfil desbravador, com o olhar voltado para o futuro da arte contemporânea brasileira, ganha companhia de um sentimento de reconhecimento. Muitos nomes que passaram pela mostra na última década ganharam projeção no país e no exterior.

 

A curadoria é da crítica de arte Luisa Duarte, contemporânea dessa geração e que acompanhou atentamente seu crescimento. A jovem crítica, em seu diálogo constante com nomes da chamada “Geração 2000″,  como Cinthia Marcelle, Marcius Galan, Laércio Redondo, Pedro Motta, Sara Ramo e Marilá Dardot – que faz a sua estreia – permitiu um trabalho minucioso na escolha das obras.

 

A força motriz do projeto, no entanto, não será deixada de lado. Ao contrário. O processo de busca por novos olhares se materializa em trabalhos de expoentes como Adriano Costa, Clara Ianni, Jimson Vilela e Regina Parra. Nas mãos de Luisa, a missão de integrar isso tudo.

 

“A mão da curadoria é leve, pois já havia um conceito estabelecido. A ideia é promover um diálogo entre esses artistas que alçaram vôos altos e os que começam a trilhar esse caminho. É uma exposição que sempre aponta para o futuro, mas nesta edição vem também atestar o sucesso da iniciativa. Mostrar o passado para reforçar o sucesso do presente, olhando para o futuro”, diz Luisa.

 

Os 10 artistas estão divididos em três categorias: “Representados pela galeria que já fizeram verão”; “Convidados que já fizeram verão, mas não fazem parte do elenco”; e “Artistas novos”. O espírito de diversidade, que já é marca do projeto, estará novamente presente, com trabalhos em técnica de pintura, colagem, fotografias, vídeos e instalações.

 

Uma quarta categoria acabou sendo criada para fazer uma “correção histórica”, como define Juliana Cintra, coordenadora do projeto. Tudo para receber a mineira Marilá Dardot, que participará com os trabalhos “O melhor continua sendo o maior” e “Juventude e Beleza”, obra de 2012, pintura sobre vidro, além de “La Luna Blanda”, também e 2012, tríptico em fotografia, em conjunto com Sara Ramo.

 

Até 22 de março.

Flurin Bisig em São Paulo

 

A KUNSTHALLE, Pinheiros, São Paulo, SP, inicia o projeto LX92 com o artista suíço Flurin Bisig, que apresenta o projeto “The seismographical back”. Seu trabalho é uma pesquisa sistemática que transforma materiais e objetos encontrados na rua em estruturas precariamente equilibradas, geralmente feitas de madeira e papelão e com traços de cores fortes. Ao longo do período de residência do artista na cidade essas estruturas evoluem, criando a obra de arte e alterando o espaço expositivo da galeria.

 

A forma e a história do espaço expositivo, as relações entre artista, curadoria, visitantes, e todas as pessoas envolvidas no processo são elementos que influenciam a realização da obra e o caminho pela qual será desenvolvida. Finalmente, o trabalho será constituído a partir de uma leitura da curva sismográfica gerada por todas essas esferas de relacionamentos, gerando uma instalação para o espaço e um livro de artista. Flurin Bisig poderá ser visto trabalhando no espaço durante todo o período da exposição e a instalação final será apresentada no último dia da mostra (24/02/2013), juntamente com o lançamento da edição do livro do artista.

 

Sobre o artista

 

Flurin Bisig, nasceu em Samedan, Suíça, em 1982, vive e trabalha entre a Alemanha e a Suíça. Estudou na Universität der Künste Berlin e na Hochschule für Gestaltung und Kunst de Lucerna. Entre as exposições que participou estão: Jahresausstellung, no Kunstmuseum Lucerne, 2012; “Werkbeiträge 2011″, na Kunsthalle Lucerne; “Zentralschweizer Kunstszenen”, na Kunstmuseum Lucerne, 2010, todas em Lucerna, Suiça; “Pursue Other Avenues”, no Corner-College, 2012; a individual “Mit dem Rücken zum Publikum”, na Wäscherei, Kunstverein Zurich, 2011, ambas em Zurique; “About Abstraction”, no KTV-Club , 2011; “Wir können auch anders!”, na Bourouina Gallery, 2010, ambas em Berlim; “In the fall of twothousandandten we flowed upstream and had nothing to eat”, na Gallery Suzy Shammah, com Mickael Marchand, 2010, em Milão; e a individual “The first Rendez-Vous”, na Playstation at Gallery Fons Welters, 2010, em Amsterdam.

 

Projeto LX92

 

O projeto “LX92″ consiste em uma série de exposições de artistas estrangeiros na KUNSTHALLE São Paulo, e tem como objetivo criar um diálogo internacional entre a capital paulistana e a Suíça, ampliando a cena artística local para as idéias que estão sendo discutidas naquele país e promovendo os artistas de diversas nacionalidades que nele residem. Da mesma forma, os artistas que realizam suas exposições na KUNSTHALLE São Paulo, têm a chance de experimentar um contato com a cultura brasileira enquanto instalam suas obras, que na maioria das vezes são desenvolvidas para o espaço exclusivamente. O título do projeto é uma referência ao número do vôo direto que liga Zurique a São Paulo.

 

Até 24 de fevereiro

Márcia X no MAM-Rio

14/fev

O MAM-Rio, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Márcia X – Arquivo X”, com cerca de 60 obras da artista emblemática na história da arte brasileira, precursora, visionária e polêmica, que nasceu em 1959 e faleceu em 2005. Com curadoria de Beatriz Lemos, será apresentado um amplo panorama da produção da artista, com trabalhos produzidos entre 1980 e 2005. São instalações, objetos, fotogramas, gravuras, desenhos, registros das performances, documentos em papel – cartas, estudos, relatos escritos à mão, croquis, projetos para trabalhos –, além do acervo fotográfico e de imagens em movimento em diferentes mídias.

 

Este projeto foi contemplado pelo “Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais”, Funarte/MinC, e teve inicio em 2010 com a catalogação do acervo da artista. Ao final da mostra, todos os trabalhos serão doados ao Museu. O projeto inclui, ainda, o lançamento de um livro, um inventário completo das obras da artista, com textos de Beatriz Lemos, Luiz Camillo Osorio, Marcelo Campos, Alex Hamburger e Alexandre Sá, além de todos os textos escritos até hoje sobre a artista. Com design de João Modé, o livro terá cerca de 300 páginas e será acompanhado de um DVD com vídeos sobre a artista.

 

A exposição abrange cinco instalações, 11 fotogramas, 17 desenhos em pastel e caneta, uma pintura em guache, dez objetos e esculturas, quatro vídeos, além do vestuário das performances e todo o arquivo documental da artista. “Arquivo X tem como roteiro o arquivo de documentos de Márcia X – desenhos, anotações, referências para trabalhos, fotografias, recortes de jornais, pré-organizado pela artista ao longo de sua vida, e tendo em vista cada trabalho projetado. Neste processo de pesquisa para maturação da obra, Márcia deixa pistas de suas obsessões, dedicação, foco, método, linha e coerência de pensamento visual ou conceitual, entre períodos e assuntos abordados. E é a partir deste arquivo de memórias que suas obras brotam pelo espaço expositivo”, explica a curadora Beatriz Lemos.

 

A cenografia da exposição foi criada com o objetivo de reproduzir o ateliê da artista, no Catete. Haverá, ainda, um mobiliário feito especialmente para a mostra. Dentre os destaques da exposição estão os registros das performances/instalações “Desenhando com terços”, 2000, na qual Márcia X, de camisola branca, usa terços para realizar desenhos de pênis no chão, e “Ação de Graças”, 2001, onde a artista, também de camisola branca, aparece deitada no chão de uma sala. O chão é um gramado natural, bem verde. Em um dos extremos da sala estão duas bacias de louça contendo um líquido branco perolado. Cada um de seus pés está enfiado na cloaca de um galo. Os galos depenados têm o corpo e as cristas cravejados de pérolas. Os pés e as cabeças dos galos são ornados com pequenas coroas douradas. Estas coroas estão ligadas por correntes douradas a uma coroa fixada na parede. A performance termina com a artista se levantando, molhando os pés no líquido das bacias e depois jogando-o em cima dos galos.

 

Márcia X iniciou sua trajetória na década de 1980, pesquisando a linguagem da performance e do happening, em uma época em que a cena de arte voltava-se para o retorno à pintura, movimento que caracterizou a “Geração 80”. Ao lado do artista Alex Hamburger, com quem realizou diversos trabalhos em colaboração neste período, Márcia X foi uma das poucas artistas do período que trilharam caminhos alternativos à prática da pintura em grandes formatos, “levando sua pesquisa ao amadurecimento nos anos 1990 e início dos 2000, o que possibilitou ser considerada um dos nomes de referência na performance brasileira”. Beatriz Lemos observa que, “devido a sua morte prematura em fevereiro de 2005, sua obra, todavia não recebeu a atenção e análise crítica que a convém, em que seus trabalhos estão documentados apenas em catálogos de exposições coletivas, e em textos críticos publicados em periódicos”. “Desta forma”, salienta a curadora, este projeto, que inclui a publicação de um livro completo sobre a obra da artista, vem cobrir essa lacuna”.

 

Até 14 abril.

Centenário de Tomie Ohtake

07/fev

Tomie Ohtake

A primeira das três exposições, “Tomie Ohtake – Correspondências”, que o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, prepara para comemorar, em 2013, o centenário da artista que lhe dá o nome, estabelece relações de aproximação e contraposição entre a sua produção desde 1956 até 2013 e obras de artistas contemporâneos, de Mira Schendel e Hércules Barsotti a Lia Chaia e Camila Sposati, passando por Cildo Meireles e Nuno Ramos, entre outros.

 

Com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, a mostra aponta intersecções entre os campos de interesse do trabalho pictórico, como a cor, o gesto e a textura. Segundo os curadores, a partir destes núcleos revelam-se temas e sensações inesperados, tanto na obra de Tomie Ohtake, como na de seus interlocutores.
“Partindo do gesto, por exemplo, somos conduzidos pelas linhas curvas das esculturas de aço pintado de branco de Ohtake, que atravessam o espaço e lhe imprimem movimento, as quais se encontram com a linha inefável dos desenhos Waltercio Caldas e a linha espacial composta pelo acúmulo de notas de dinheiro de Jac Leirner”, explicam.

 

Ressalta também a dupla de curadores, que a curvatura do gesto das mãos de Tomie anuncia-se nos indícios da circularidade presentes em suas primeiras telas abstratas produzidas na década de 1950 e culmina no círculo completo e na espiral, formas recorrentes nas últimas três décadas de sua produção. Esse percurso é apresentado em companhia de obras que extravasam o interesse construtivo da forma circular, procurando relações com o corpo do artista e com estratégias de ocupação do espaço, como nas obras de Lia Chaia, Carla Chaim e Cadu.

 

Uma vez que se forma o círculo, discute-se a cor, pele que corporifica toda a produção de Tomie e fundamental aos artistas que são apresentados nesse grupo. “De contrastes improváveis a variáveis que demonstram a profundidade latente em um simples quadro monocromático, exemplos de pinturas dos anos 1970 figuram lado a lado com obras recentes de Tomie e com telas de especial sutileza na produção de artistas como Alfredo Volpi, Paulo Pasta e Dudi Maia Rosa”, destacam os curadores. Segundo eles, em Tomie, a cor é sempre realizada por meio da textura e da materialidade da imagem, que foi deixada a nu em suas “pinturas cegas” do final da década de 1950.

 

Completa o pensamento curatorial a tese de que há uma longa linha de experimentos que desfazem a ilusão da neutralidade do suporte da imagem pictórica, a qual se inicia muito antes das colagens cubistas e possui um momento decisivo nas iniciativas que ousaram liberar-se do verniz em parte de algumas pinturas realizadas no século XIX. “Essa linha de experimentos tem em Tomie uma pesquisadora aplicada, que pode reunir em torno de si figuras tão distintas como Flavio-Shiró, Arcangelo Ianelli, Nuno Ramos, Carlos Fajardo e José Resende”.

 

Em agosto, os estudos de Tomie – desenhos, projetos de esculturas, colagens etc – serão tema da próxima mostra comemorativa de seu centenário em 21 de novembro de 2013. Já no mês em que a artista completa 100 anos, o Instituto inaugura uma grande exposição, “Gesto e Razão Geométrica”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e lança um novo livro sobre a obra pública de Tomie.

 

No mês de fevereiro ainda será inaugurada no dia 23 de fevereiro ( com duração até 23 de março), na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, exposição individual da artista, também com curadoria de Agnaldo Farias, apresentando esculturas recentes e sua nova série de pinturas 2012/2013. “Nossa grande artista apresenta duas sereis inéditas de pinturas monocromáticas, uma demonstração da sua maestria em expandir as cores trabalhando-as em profundidade, criando atmosferas luminosas ou ensombrecidas”, afirma o curador.

 

De 06 de fevereiro a 24 de março.

Fialdini na Raquel Arnaud

30/jan

Um dos principais fotógrafos brasileiros, Romulo Fialdini, nesta sua primeira individual na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, revela a sua poética singular ao apresentar 24 fotografias autorais. A exposição “Pensei que fosse só eu”, reúne imagens selecionadas pela curadora Galciani Neves, que fazem parte de um livro de mesmo nome, que será lançado pela editora Superbacana +, na abertura da exposição, com cerca de 100 fotografias, em preto e branco, concebidas ao longo da extensa carreira do fotógrafo.

 

Para a exposição, a curadora destaca as imagens que evidenciam a singularidade das composições do fotógrafo a partir de seu olhar sobre a arquitetura e os espaços urbanos. Para o livro a curadora pesquisou o arquivo autoral de Romulo Fialdini que contém mais de 8 mil fotos. As obras selecionadas “são recortes de tempo distanciadas do fluxo da vida, como uma pausa ao ritmo do consumo das imagens rápidas atadas aos apelos artificiais”.

 

Depois de 12 anos dedicados ao design, o estúdio Superbacana ampliou a sua atuação ao criar a editora Superbacana +, com a proposta de desenvolver projetos culturais que conjuguem a produção de livros-objeto com exposições das obras publicadas. “Pensei que fosse só eu”, de Romulo Fialdini, é o projeto de estreia da editora, com tiragem inicial de 1500 exemplares, sendo 100 em formato de livros-objeto, em caixa acrílica, numerados, assinados e acompanhados de jogo da memória baseado nas fotos do livro.

 

Sobre o artista

 

Rômulo Fialdini foi fotógrafo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand de 1971 a 1974, onde produziu imagens para catálogos, livros de Pietro Maria Bardi e para o arquivo de documentos de Lina Bo Bardi. Essa experiência repercutiu em sua carreira e até hoje destaca-se como fotógrafo especialista na reprodução de obras de arte. Desde 1975 trabalha como fotógrafo independente, atuando também no campo editorial e de publicidade. Em paralelo, dedica-se à fotografia urbana e de arquitetura, realizando ensaios em preto e banco sobre cidades como Nova Iorque, Chicago e Montevidéu.

 

De 02 de fevereiro a 09 de março.

Geraldo de Barros em Londres

23/jan

A exposição “Geraldo de Barros | What Remains” organizada pela The Photographers’ Gallery, 16-18 Ramilies Street, Londres, Inglaterra, visa prestar uma homenagem ao talento de Geraldo de Barros. A mostra é uma tentativa de “diálogo” entre duas séries fotográficas criadas pelo artista, a saber: “Fotoformas” e “Sobras”. Estas séries pertencem aos anos de 1941 a 1946, e de 1996 a 1998. Artista múltiplo, Geraldo de Barros nasceu em São Paulo em 1923, e sua obra estende-se à pintura e ao design.

 

Pautado pelo experimentalismo em tudo que criou, Geraldo de Barros é reconhecidamente como um dos nomes precursores da fotografia moderna brasileira. Como membro ativo do Clube Bandeirantes, e influenciado por teorias psicanalíticas, acabou criando sua própria identidade visual. Como desbravador usou de técnicas e recursos inesperados para aquele período: ângulos e perspectivas inesperados, que geram formas abstratas. Mas também múltiplas exposições, filtros caseiros, justaposição de luz e sombra, rabiscos e desenhos sobre os negativos. Muitos desses elementos fazem parte de diversas composições na série “Fotoformas”.

 

Já a série “Sobras” localiza-se na parte final de sua vida. Motivado pela criatividade costumeira, o artista resolveu revigorar, através de experimentos, seu arquivo fotográfico e passa a utilizar de colagens feitas a partir de recortes e desenhos sobre negativos antigos, colados em placas de vidro que ganham novos significados através de lapsos, com cortes vazados que revelam fundos vazios.

 

Até 07 de abril.

O design da periferia

22/jan

Depois de realizar exposições sobre as artes popular (2010) e indígena (2011), propulsoras da formação dos respectivos acervos para o Pavilhão das Culturas Brasileiras, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo agora faz o mapeamento de uma produção que também não surge da erudição, mas da capacidade de invenção do povo brasileiro. A mostra “Design da periferia”, no Pavilhão das Culturas, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, com a curadoria de Adélia Borges, é o resultado de pesquisas pelo Brasil por cidades e comunidades que exibem preciosas lições de design.Todas as obras e fotografias apresentadas na exposição integram o acervo do Pavilhão das Culturas Brasileiras

 

Segundo a curadora, por trás da precariedade de vida da maioria dos brasileiros encontram-se soluções geniais, manifestações inequívocas de sabedoria criativa, em artefatos feitos pelo povo para uso em seu cotidiano.

 

Com cenografia do arquiteto Marko Brajovic e produção da Arx Gestão Cultural, a mostra, com objetos, fotografias e vídeos, está dividida em quatro módulos: “Rua” recebe os empreendimentos que ocupam o espaço urbano, os vendedores ambulantes, carroceiros de sucata, anúncios gráficos, modo de expor produtos; “Casa” destaca as invenções domésticas que, nas camadas populares, confundem-se com a área coletiva; “Corpo” identifica a expressão do vestir, do pentear; e “Brincadeiras” que traz engenhosas releituras do tradicional universo infantil.

 

Churrasqueiras feitas de calotas velhas de pneus, postos de trabalho de vendedores ambulantes, móveis e brinquedos elaborados por pessoas simples a partir de materiais e técnicas disponíveis no lugar em que vivem são alguns dos objetos que estão na exposição. Ao lado de peças sem assinaturas, há algumas de “designers-artistas”, como Getúlio Damado, do bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro; José Maurício dos Santos, de Juazeiro do Norte, Ceará; Fernando Rodrigues, da Ilha do Ferro, município de Pão de Açúcar, Alagoas; José Francisco da Cunha Filho, de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco; e Espedito Seleiro, de Nova Olinda, Ceará.

 

Os ensaios fotográficos captam alguns momentos de expressão da criatividade popular. O fotógrafo baiano Adenor Gondim mostra os móveis que eram utilizados nas barracas de festas nas ruas de Salvador, com seus grafismos em composições geométricas. Titus Riedl, fotógrafo e historiador alemão radicado no Crato, no Ceará, apresenta a ambiência urbana utilizada na venda de toda a sorte de produtos no Crato e em Juazeiro do Norte.  Já Fernanda Martins, designer paulistana moradora de Belém, fotografa os letreiros dos barcos de várias cidades amazônicas.

 

De 25 de janeiro a 29 de julho.

Paulo Meira e Carolina Martinez

18/jan

Como é de praxe, a galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta simultaneamente dois artistas. Os escolhidos para a abertura da temporada 2013 são: Paulo Meira e Carolina Martinez.

 

Paulo Meira apresenta sua exposição individual “La cumparsita”, composta de pinturas e um vídeo performance. As pinturas de “La cumparsita” representam diversos personagens, em estilo clássico do gênero “pintura de retrato” (óleo sobre tela em dimensões variadas), em metamorfoses de seres humanos e animais selvagens. O antropomorfismo, nas pinturas de “La cumparsita” decorre inicialmente da exploração exaustiva da própria imagem do homem, num exame cruel de suas possibilidades através da combinação da figura humana com uma infinidade de outros seres.

 

No vídeo “La cumparsita”, um homem dança ao som de “La cumparsita”, tango dos mais conhecidos de Carlos Gardel, tendo como parceria, um compasso de dimensões alteradas (medindo 1,78 metros).

 

A dança, que ocorre em diversos ambientes, sugere uma íntima relação entre o homem e o “seu” objeto técnico (o compasso gigante). De tal intimidade, emerge a perversão própria desta relação, na qual o dançarino, ao compactuar com o compasso, distorce e reloca o destino que o funda: entre as funções de um compasso, destaca-se a leitura de mapas e cartas náuticas para calcular equivalências entre tempo e espaço de deslocamentos. Ora, em “La cumparsita” a dança executada com esse instrumento de precisão, como se vê no vídeo, compactua antes com a arte, pois desafia a ordem de um mesmo e preciso compasso.

 

Carolina Martinez no Anexo

 

Aproveitando-se do formato de cubo branco e da falta de janelas do Anexo, a exposição de “Às avessas”, individual de Carolina Martinez assume uma engenhosa e delicada operação metafórica: trazer o exterior para dentro de uma casa. Deslocando a imagem do cubo como lugar expositivo para a de um cômodo, a artista confunde a nossa percepção sobre o espaço. É um cômodo/casa às avessas. Suas pinturas alegoricamente transformam-se em fachadas ou janelas, não apenas pelo fato do objeto (pintura) possuir um tamanho aproximado de janela mas pelo que ilustra ou exibe: são persianas, beirais, correspondências imagéticas à ideia de exterioridade. Porém ao mesmo tempo em que “exibe”, a obra de Martinez oculta. São janelas que não se abrem ao exterior mas que mimetizam a ideia de um outro lugar. Não há nada para ser visto, apenas imaginação, especulação. Contudo, há um investimento romântico nesse trabalho que nos leva a acreditar que naquele fragmento, em um pedaço metafórico de paisagem, pode estar o todo, e que essa experiência não pode ser desqualificada por uma racionalidade inibidora.

 

A ilusão óptica que habita suas primeiras pinturas – uma suave combinação entre tinta automotiva e verniz sobre madeira – criando uma dualidade entre a ideia de figura e fundo é transferida para esse ambiente instalativo. Estes trabalhos possuem pontos de contato com os Espaços virtuais: Cantos (1967-68) e os Volumes virtuais (1968-69) de Cildo Meireles. Tal como esses últimos, as obras de Martinez são “desenhos” que utilizam três planos para definir uma figura no espaço. Ademais, cada um dos dois artistas a seu modo, realiza a transição do espaço bidimensional para um ambiente escultórico que se assemelha a uma casa. Paira sobre essas obras uma inversão das escalas. No caso de Martinez, o cubo/quarto/cômodo vira casa; o rodapé deixa de lado a sua insignificância e passa a ser o eixo central constituindo perímetros, áreas ou cantos de sólidos assim como ocorre nos Volumes Virtuais; e, finalmente a natureza é reduzida ou ampliada dependendo de como o espectador investe o seu olhar para o território criado pelas linhas econômicas, suaves e delicadas de suas pinturas.

 

A linha que atravessa a exposição – presentificada no rodapé que perde a sua função utilitária e ganha corpo, volume e massa adquirindo por si só um estatuto escultórico – é aquela presente nas obras pictóricas de Martinez. O rodapé que foge ao controle da racionalidade significa a transposição de sua pesquisa pictórica para a tridimensionalidade. Ao mesmo tempo em que a artista constrói um espaço que ao invés de oferecer a paisagem ao espectador encerra-se nele mesmo (estão ali contidos a casa, a paisagem e a arquitetura), tudo na exposição está em movimento. Não são, portanto, imagens ou objetos estacionários, mas em constante trânsito. Figuram paradoxalmente entre a máxima presença e a máxima ausência.

 

O artificial e o real, o inventado e o concreto, o original e a cópia, a imagem e seu referente não “se dividem mais segundo uma dicotomia serena, mas mantêm relações fluidas” (1), que abrem caminho a um pensamento do verossímil. “Às avessas” nos revela que a realidade não é mais exatamente a mesma: ela é duplicada, confrontada, e reforçada pela ficção.

 

(1) Cauquelin, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007, p. 109.

 

De 22 de janeiro a 28 de fevereiro.