Exibição de Adriana Varejão em N Y, Lisboa e Atenas.

17/mar

Artista explora interação entre natureza e cultura com novas obras.

A artista plástica Adriana Varejão desembarcará com suas exposições em Nova York, Lisboa e Atenas a partir do mês de março, expandindo ainda mais o seu trabalho após quase quatro décadas. As três mostras, que se conectam, também se expandem em diferentes aspectos do trabalho da artista carioca. No Hispanic Society Museum & Library (HSM&L) de Nova Iorque, por exemplo, Varejão explora a interação entre natureza e cultura com novas obras da série Pratos e uma escultura pública; já no Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em Lisboa, a artista estabelece um diálogo com o trabalho de Paula Rego, abordando temas como violência e memória; enquanto na galeria Gagosian, em Atenas, ela investiga tradições de cerâmica, da turca a de Maragogipinho, na Bahia, relacionando sua produção contemporânea a essas tradições, que diz estar cada vez mais imersa na pesquisa sobre cerâmica, azulejos e barroco.

De 27 de março a 22 de junho, a exposição Don’t Forget: We Come From the Tropics marca a primeira individual da artista em um museu nova-iorquino, com as pinturas tridimensionais da série Pratos, entre inéditas e recentes, bem como uma grande instalação comissionada na entrada da Hispanic Society. As obras resultam das pesquisas de Varejão sobre a Amazônia e propõem uma releitura crítica do cruzamento entre natureza e cultura, além de fazer referências a tradições cerâmicas de diversas partes do mundo.

Em Lisboa, em Portugal, de 10 de abril a 22 de setembro, a exposição Entre os Vossos Dentes traz um diálogo da trajetória artística de Varejão com a da renomada portuguesa Paula Rego, no Centro de Arte Moderna Gulbenkian. Distribuída ao longo de 13 galerias temáticas, a exposição, com quase cem obras, encontra pontos de convergência surpreendentes entre os trabalhos de cada uma delas, abordando temas como violência, erotismo, apagamento e memória. Com curadoria da própria artista carioca em parceria com Helena de Freitas e Victor Gorgulho, a mostra tem expografia da cenógrafa, dramaturga e cineasta Daniela Thomas.

Encerrando a sequência de exposições, Adriana Varejão realiza sua primeira individual na galeria Gagosian de Atenas, de 15 de maio a 14 de junho. A exposição reúne obras inéditas da artista em diálogo com peças de diversas tradições cerâmicas, que cruzam tempos e geografias. A mostra será dividida em quatro núcleos: o primeiro se relaciona com vasos da Grécia, o segundo com vasos de Maragogipinho, na Bahia, conhecido como o maior pólo ceramista da América Latina, com cerca de 150 olarias. Adriana visitou a cidade para investigar a produção local, cujas peças são caracterizadas pela pintura floral em tabatinga branca sobre a cerâmica avermelhada. O terceiro núcleo está relacionado com a cerâmica chinesa da dinastia Song, incluindo um incensário raro que ela pegou emprestado com o museu Benaki. O quarto traz uma relação com tradição de Iznik, da Turquia, destacando os azuis vibrantes, um traço marcante desses trabalhos. Na exposição, Varejão propõe uma reinterpretação da cerâmica como maneira de conectar o passado e o presente, resgatando os significados históricos e culturais dessa produção artística.

A complexidade da Arte Brasileira.

02/dez

O MAM Rio reabriu ao público dia primeiro de dezembro com a mostra “Uma história da arte brasileira”, que foi vista pelos Chefes de Estado e líderes presentes no G20. Como legado do evento ao museu e à cidade, o Bloco Escola será entregue reformado, e é lá que a exposição está sendo remontada.

O icônico prédio do Bloco Escola, com seus característicos cobogós, foi o primeiro espaço do museu quando inaugurado, em 27 de janeiro de 1958. O bloco que passaria a alojar as futuras exibições só foi inaugurado em outubro de 1967, ou seja, nove anos depois de inaugurado o primeiro edifício.

Em 1959, lá aconteceram os primeiros cursos do Atelier de Gravura. Dentre as exposições ali realizadas, destacam-se algumas que marcaram não apenas a história do museu, mas também da própria História da Arte Moderna no Brasil, como a “Exposição Neoconcreta” (1959); as mostras “Opinião 65″ e “Opinião 66″ (realizadas respectivamente em 1965 e 1966); e a “Nova Objetividade Brasileira” (1967).

As obras realizadas pela prefeitura incluem, além da limpeza dos cobogós, a regularização das muretas da laje, que ganhou novas pedras em granito, a impermeabilização de pisos e jardineiras, a execução de infraestrutura elétrica; reformas em pisos, paredes e teto de salas internas e o restauro da sala onde era o antigo depósito de filmes no Bloco Escola, além do restauro do chafariz, ali em frente.

Com curadoria de Pablo Lafuente e Raquel Barreto, a exposição reúne aproximadamente 65 obras, incluindo pinturas, esculturas e fotografias, de nomes consagrados como Tarsila do Amaral, Cildo Meireles, Lygia Clark, Adriana Varejão, Di Cavalcanti e Tomie Ohtake. O objetivo é explorar a diversidade e a complexidade da Arte Brasileira ao longo de mais de um século.

Vale conferir a nova mostra (desenvolvida a partir do acervo do MAM Rio) e as novas instalações do prédio.

Os anos 1980 no CCBBRio.

01/out

O CCBB RJ inaugura a exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil”, um panorama da década de 1980 no Brasil.

A exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil” será inaugurada no dia 02 de outubro como parte das comemorações pelos 35 anos do CCBB RJ. Com Raphael Fonseca como curador-chefe e Amanda Tavares e Tálisson Melo como curadores-adjuntos, a mostra, inédita, apresentará cerca de 300 obras de mais de 200 artistas de todas as regiões do país, mostrando um amplo panorama das artes brasileiras na década de 1980. Completam a mostra elementos da cultura visual da época, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos icônicos, ampliando a reflexão sobre o período. “Fullgás”, assim como a música de Marina Lima, deseja que o público tenha contato com uma geração que depositou muito de sua energia existencial não apenas no fazer arte, mas também em novos projetos de país e cidadania. Uma geração que, nesse percurso, foi da intensidade à consciência da efemeridade das coisas, da vida”, afirmam os curadores.

A exposição ocupará todas as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ, além da rotunda, e será dividida em cinco núcleos conceituais cujos nomes são músicas da década de 1980: “Que país é este”(1987), “Beat acelerado”(1985),”Diversões eletrônicas”(1980), “Pássaros na garganta”(1982) e “O tempo não para” (1988). Na rotunda do CCBB haverá uma instalação com balões do artista paraense radicado no Rio de Janeiro Paulo Paes.  A mostra aborda o período de forma ampla, entendendo que seus questionamentos e impulsos começaram e terminaram fora do marco temporal de dez anos que tradicionalmente constitui uma década. Desta forma, a exposição abrange o período entre 1978 e 1993, tendo como marcos o final do Ato Institucional 5 e o ano posterior ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. “Consideramos para a base de reflexões este arco de quinze anos e todas as suas mudanças estruturais e culturais para pensarmos o Brasil: do fim da ditadura militar ao retorno a uma democracia que, logo na sequência, lidará com o trauma de um impeachment”, contam os curadores, que selecionaram para a exposição obras de artistas cujas trajetórias começaram neste período.

Nas artes visuais, a Geração 80 ficou marcada pela icônica mostra “Como vai você, Geração 80?”, realizada no Parque Lage, em 1984. A exposição no CCBB entende a importância deste evento, trazendo, inclusive, algumas obras que estiveram na mostra, mas ampliando a reflexão. “Queremos mostrar que diversos artistas de fora do eixo Rio-São Paulo também estavam produzindo na época e que outras coisas também aconteceram no mesmo período histórico, como, por exemplo, o “Videobrasil”, realizado um ano antes, que destacava a produção de jovens videoartistas do país”, ressaltam os curadores. Desta forma, “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil” terá nomes de destaque, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leonilson, Luiz Zerbini, Leda Catunda, entre outros, mas também nomes importantes de todas as regiões do país, como Jorge dos Anjos (MG), Kassia Borges (GO), Sérgio Lucena (PB), Vitória Basaia (MT), Raul Cruz (PR), entre outros.  Para realizar esta ampla pesquisa, a exposição contou, além dos curadores, com um grupo de consultores de diversos estados brasileiros.

Até 27 de janeiro de 2025.

Galatea na ArtRio 2024Até 29 de setembro | Marina da Glória |Stand [Booth] B7

26/set

O estande da Galatea, São Paulo e Salvador, na ArtRio 2024, Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma seleção de obras que reflete o seu programa. Trazendo desde jovens artistas que emergem na cena atual, passando por artistas representados pela galeria, além de nome fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, o estande coloca em contato trabalhos relacionados a diferentes vertentes de destaque na arte do século XX, como o construtivismo geométrico, a abstração informal, a arte têxtil e artistas da chamada arte popular. A partir de correspondências intergeracionais que se estabelecem ora através de recursos formais, ora através dos temas abordados nas obras, o estande se organiza em quatro núcleos: paisagens e vegetações; abstrações orgânicas; abstrações geométricas; e volumes e tramas.

Os artistas apresentados são: Adriana Varejão, Allan Weber, Athos Bulcão, Bruno Novelli, Camila Leite, Carolina Cordeiro, Danielle Cavalier, Décio Vieira, Ernesto Neto, Frans Krajcberg, Gabriela Melzer, Gabriella Marinho, Galeno, Genaro de Carvalho, Grauben do Monte Lima, Heloísa Juaçaba, Hércules Barsotti, Israel Pedrosa, Jaider Esbell, José Antônio da Silva, Katie van Scherpenberg, Lygia Pape, Marilia Kranz, Mira Schendel, Mucki Botkay, Norberto Nicola, Paulo Roberto Leal, Rivane Neuenschwander, Rubem Ludolf, Sergio Camargo, Tunga e Ubi Bava.

Galatea na ArtRio 2024.

19/set

O estande da Galatea na ArtRio 2024, Rio de Janeiro, RJ, – entre os dias 25 – 29 de setembro | Marina da Glória, Stand B7 – apresenta uma seleção de obras que reflete o seu programa. Trazendo desde jovens artistas que emergem na cena atual, passando por artistas representados pela galeria, além de nome fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, o estande coloca em contato trabalhos relacionados a diferentes vertentes de destaque na arte do século XX, como o construtivismo geométrico, a abstração informal, a arte têxtil e artistas da chamada arte popular. A partir de correspondências intergeracionais que se estabelecem ora através de recursos formais, ora através dos temas abordados nas obras, o estande se organiza em quatro núcleos: paisagens e vegetações; abstrações orgânicas; abstrações geométricas; e volumes e tramas.

Os artistas apresentados são: Adriana Varejão, Allan Weber, Athos Bulcão, Bruno Novelli, Camila Leite, Carolina Cordeiro, Danielle Cavalier, Décio Vieira, Ernesto Neto, Frans Krajcberg, Gabriela Melzer, Gabriella Marinho, Galeno, Genaro de Carvalho, Grauben do Monte Lima, Heloísa Juaçaba, Hércules Barsotti, Israel Pedrosa, Jaider Esbell, José Antônio da Silva, Katie van Scherpenberg, Lygia Pape, Marilia Kranz, Mira Schendel, Mucki Botkay, Norberto Nicola, Paulo Roberto Leal, Rivane Neuenschwander, Rubem Ludolf, Sergio Camargo, Tunga e Ubi Bava.

Panorama sobre a década de 1980.

10/set

 

Com nome inspirado na música dos irmãos Marina Lima e Antônio Cícero, a exposição “Fullgás – artes visuais e anos 1980 no Brasil” vai ser inaugurada em 02 de outubro, no CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Marina Lima autorizou o uso do título como também amou a homenagem dos curadores Raphael Fonseca, Amanda Tavares e Tálisson Melo, já que a música está completando 40 anos em 2024. “Fullgás”, assim como a música de Marina Lima, “…deseja que o público tenha contato com uma geração que depositou muito de sua energia existencial no fazer arte assim como em novos projetos de país e cidadania – uma geração que, nesse percurso, foi da intensidade à consciência da efemeridade das coisas, da vida”, dizem os curadores.

São mais ou menos 300 obras de artistas, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Daniel Senise, Leda Catunda e Leonilson, e também de outros, de todas as regiões do país, como Jorge dos Anjos (MG), Kassia Borges (GO), Sérgio Lucena (PB), Vitória Basaia (MT), Raul Cruz (PR), apresentando um amplo panorama sobre a década de 1980. Além dos quadros, a mostra incluirá elementos da cultura visual da época, como revistas, panfletos, capas de discos e objetos.

A “Geração 80″ ficou marcada com a mostra “Como vai você, Geração 80?”, no Parque Lage, em 1984. “Queremos mostrar que diversos artistas de fora do Rio e São Paulo também estavam produzindo na época e que outras coisas também aconteceram no mesmo período histórico, como, por exemplo, o “Videobrasil”, um ano antes, que destacava a produção de jovens videoartistas do país”, completam os curadores.

Inauguração de uma plataforma tranversal

13/dez

O Arte Clube Jacarandá e a Lagoa Aventuras convidam para a abertura, no dia 16 de dezembro, às 11h, para a exposição “Corpo Botânico”, com curadoria do artista Vicente de Mello, que inaugura a sede do Arte Clube Jacarandá no Parque da Catacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, RJ. 

Na ocasião, será apresentado o projeto arquitetônico de Zanini de Zanine e Pedro Coimbra, para a construção em 2024 da sede do Arte Clube Jacarandá para os próximos 25 anos, em parceria com a Lagoa Aventuras, concessionária do Parque da Catacumba desde 2009. O Arte Clube Jacarandá é uma plataforma transversal para exposições, reflexões e publicações, que congrega artistas visuais diversos, criado em 2014, sob a sombra da mangueira do ateliê de Carlos Vergara.

Até a construção da sede permanente no local, o Arte Clube Jacarandá ocupará com exposições temporárias o Pavilhão Victor Brecheret. Os artistas com obras em “Corpo Botânico” são: Aderbal Ashogun, Adriana Varejão, Afonso Tostes, Ana Bia Silva, Ana Kemper, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Arjan Martins, Ayla Tavares, Barrão, Beth Jobim, Brígida Baltar, Cabelo, Carlos Vergara, Dayse Xavier, Deborah Engel, Denilson Baniwa, Everardo Miranda, Fernanda Gomes, Fessal, Gabriela Machado, Getúlio Damado, Herbert De Paz, Jacques Jesion, Joelington Rios, José Bechara, Luiz Zerbini, Luiza Macedo, Lynn Court, Mãe Celina de Xangô, Manauara Clandestina, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Mariana Manhães, Moara Tupinambá, Mulambö, Nathan Braga, Opavivará, Oskar Metsavaht, Paulo Vivacqua, Rafael Adorján, Raul Mourão, Rosana Palazyan, Siri, Tadáskía, Victor Arruda, Vitória Taborda, Waltercio Caldas e Xadalu Tupã Jekupé.

 

Coleção Andrea e José Olympio Pereira

10/out

Um recorte surpreendente da coleção Andrea e José Olympio Pereira, uma das mais importantes do mundo, tomará o espaço expositivo do Palácio Anchieta a partir de 17 de outubro. A mostra, com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, traz obras que têm a natureza como potência criativa, em diálogo com o registro dos povos originários, afrodescendentes e da dita tradição popular. Sob o arguto olhar da curadora Vanda Klabin, a exposição “De onde surgem os sonhos | Coleção Andrea e José Olympio Pereira” oferece um excelente momento de reflexão sobre os rumos da arte que trabalha as raízes mais fundas da ancestralidade brasileira. Mostra inédita de arte contemporânea, da coleção Andrea e José Olympio Pereira, no Palácio Anchieta, em Vitória (ES). Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, a exposição é a terceira lançada este ano pelo Museu Vale, como parte de suas ações extramuros, e marca os 25 anos de trajetória da instituição.

“De onde surgem os sonhos” tem título inspirado na obra de mesmo nome do artista macuxi Jaider Esbell, ativista dos direitos indígenas, falecido em dezembro de 2021. A mostra conta com 72 obras, de 50 artistas, da que é considerada uma das maiores coleções de arte contemporânea do Brasil e está entre as 200 maiores do mundo. Nesta seleção dividida em sete salas, obras de artistas como Adriana Varejão, Cildo Meirelles, Ana Maria Maiolino, Cláudia Andujar, Franz Krajcberg, Waltercio Caldas e José Damasceno, por exemplo, dialogam com os trabalhos dos artistas mais recentes.

Sobre a Coleção Andrea e José Olympio Pereira

Famosa no mundo inteiro, a coleção de Andrea e José Olympio Pereira tem foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual e reúne algo em torno de 2,5 mil obras. Em 2018, o casal inaugurou o Galpão da Lapa, antigo armazém de café do século XIX, e o converteu em um espaço expositivo que recebe, a cada dois anos, um curador diferente para criar novas exposições a partir das obras de sua coleção. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade”, explica Andrea. “Conseguimos entender melhor o artista desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como se fosse um livro cuja história seria impossível de ser compreendida só com uma página”, compara.

De 17 de outubro de 2023 a 28 de janeiro de 2024.

A grande celebração

28/set

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, completou 20 anos com grande celebração. Uma das mais importantes galerias de arte contemporânea brasileiras, A Gentil Carioca, com forte presença e reconhecimento nacional e internacional, traduz o jeito carioca de ser. Marcando a data, foi inaugurada a grande exposição coletiva “Forrobodó”, – em cartaz até 21 de outubro -, com curadoria de Ulisses Carrilho, que celebra o potencial político, poético, estético e erótico das ruas. A mostra ocupa os dois casarões dos anos 1920 onde funciona a sede carioca da galeria, com obras de cerca de 60 artistas, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Lenora de Barros, Denilson Baniwa, entre outros, que, de diversas formas, possuem uma relação com a galeria.

Pioneira em vários aspectos, A Gentil Carioca fez história ao longo dos anos, sendo a primeira galeria brasileira fundada por artistas plásticos – Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima. Além disso, a galeria, que hoje também tem Elsa Ravazzolo Botner como sócia, está localizada fora do circuito tradicional de galerias, no Saara, maior centro de comércio popular da cidade. Com uma programação diferenciada e agregadora, há dois anos também possui um espaço em São Paulo.

“A Gentil já nasce misturada para captar e difundir a diversidade da arte no Brasil e no mundo. Tem como maior objetivo fazer-se um lugar para pensar, produzir, experimentar e celebrar a arte. Nossos endereços são lugares de concentração e difusão da voz de diferentes artistas e ideias”, afirmam os sócios Márcio Botner, Ernesto Neto, Laura Lima e Elsa Ravazzolo Botner.

A grande celebração

Os 20 anos da galeria marcados pela inauguração da exposição “Forrobodó”, foi uma grande celebração, com performances de diversos artistas, como Vivian Caccuri, Novíssimo Edgar e Cabelo, entre outros, além da obra do artista Yhuri Cruz, na “Parede Gentil”, projeto no qual um artista é convidado a realizar uma obra especial na parede externa da galeria. Além disso, ainda houve o tradicional bolo de aniversário surpresa, criado pelos artistas Edimilson Nunes e Marcos Cardoso: “Os desfiles carnavalescos no Brasil e suas configurações locais da América Latina têm como origem as procissões. Esta performance do bolo é uma espécie de procissão onde o sagrado é alimento para o corpo. Ação familiar e fraternal em que a alegria é alegoria de um feliz aniversário”.

Com curadoria de Ulisses Carrilho, a exposição “Forrobodó” apresenta obras em diferentes técnicas, como pintura, fotografia, escultura, instalação, vídeo e videoinstalação, de cerca de 60 artistas, de diferentes gerações, entre obras icônicas e inéditas, produzidas desde 1967 – como o “B47 Bólide Caixa 22″, de Hélio Oiticica – até os dias atuais.

A palavra do curador

Cruzaremos trabalhos de diversos artistas, a partir de consonâncias e ecos, buscando uma apresentação de maneira a ocupar os espaços da galeria em diferentes ritmos, densidades, atmosferas, cores e estratégias – como dramaturgias distintas de uma mesma obra. O nome “Forrobodó” vem da opereta de costumes composta por Chiquinha Gonzaga. “A grande inspiração para a exposição foi a personalidade da galeria, que tem uma certa institucionalidade, com projetos públicos, aliada a uma experimentabilidade, com vernissages nada óbvios para um circuito de arte contemporânea”, conta Ulisses Carrilho.

Ocupando todos os espaços da galeria, as obras encontram-se agrupadas por ideias, sem divisão de núcleos. No primeiro prédio, há uma sala que aponta para o comércio popular, para a estética das ruas, em referência ao local onde a galeria está localizada. Neste mesmo prédio, na parte da piscina, “…uma alusão aos mares, que nos fazem chegar até os mercados, lugar de trânsito e troca”, explica o curador. Neste espaço, por exemplo, estará a pintura “Sem título” (2023), de Arjan Martins, que sugere um grande mar, além de obras onde as alegorias do popular podem ser festejadas. No segundo prédio, a inspiração do curador foi o escritor Dante Alighieri, sugerindo uma ideia de inferno, purgatório e paraíso em cada um dos três andares. “O inferno é a porta para a rua, a encruzilhada, onde estarão, por exemplo, a bandeira avermelhada de Antonio Dias e a pintura de Antonio Manuel, além das formas orgânicas de Maria Nepomuceno e trabalhos de Aleta Valente sobre os motéis da Avenida Brasil”, conta. No segundo andar, está uma ideia do purgatório de Dante, e, nesta sala, vemos a paisagem, a linha do horizonte, com muita liberdade poética. “É um espaço em que esta paisagem torna-se não apenas o comércio popular, mas o deserto do Saara e as praias cariocas”, diz o curador. No último andar, uma alusão não exatamente ao paraíso, mas aos céus, com obras focadas na abstração geométrica, na liberdade do sentido e na potência da forma, com trabalhos escultóricos de Ernesto Neto, Fernanda Gomes e Ana Linnemann, por exemplo. “São trabalhos que operam numa zona de sutileza, que apostam na abstração e precisam de um certo silêncio para acontecer. Atmosferas distintas, que parte deste forrobodó, deste todo, para de alguma maneira ir se acomodando”, afirma Carrilho.

Artistas participantes

Adriana Varejão, Agrade Camíz, Aleta Valente, Ana Linnemann, Anna Bella Geiger, Antonio Dias, Antonio Manuel, Arjan Martins, Bob N., Botner e Pedro, Cabelo, Cildo Meireles, Claudia Hersz, Denilson Baniwa, Fernanda Gomes, Guga Ferraz, Hélio Oiticica, Neville D´Almeida, João Modé, José Bento, Lenora de Barros, Lourival Cuquinha, Luiz Zerbini, Marcela Cantuária, Marcos Chaves, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, Novíssimo Edgar, O Bastardo, Paulo Bruscky, Rafael Alonso, Rodrigo Torres, Sallisa Rosa, Vinicius Gerheim, Vivian Caccuri, entre outros.

Outras programações

Ainda como parte dos 20 anos, a galeria está com outros projetos, tais como: a exposição “Moqueca de Maridos”, de Denilson Baniwa, na Gentil Carioca São Paulo, que reúne uma nova série de obras do artista que trazem o imaginário de quadros clássicos e uma iconografia colonial num gesto antropofágico. Ainda na sede da galeria em São Paulo, serão apresentadas exposições dos artistas Rose Afefé, Yanaki Herrera e Newton Santanna. Além disso, A Gentil Carioca também participou da ArtRio.

Sobre A Gentil Carioca

Fundada em 06 de setembro de 2003, a Gentil Carioca está localizada em dois sobrados dos anos 1920, unidos por uma encruzilhada, na região conhecida como Saara, no centro histórico do Rio de Janeiro. Em 2021, expandiu sua essência com um novo espaço expositivo na Zona Central de São Paulo. Ao longo dos anos realizou diversas exposições de sucesso, entre as quais pode-se destacar: “Balé Literal” (2019), de Laura Lima, “Chão de Estrelas” (2015), de José Bento, “Parede Gentil Nº05 – Cidade Dormitório” (2007), de Guga Ferraz, e “Gentileza” (2005), de Renata Lucas. Além disso, também realizou diversos projetos, que, devido ao grande sucesso, permanecem na programação da galeria, tais como: Abre Alas, um dos mais conhecidos projetos da galeria, que acontece desde 2005, inaugurando o calendário de exposições, com o intuito de abrir espaço para jovens artistas, e que, atualmente, tem a participação de artistas do mundo todo; Parede Gentil, que desde 2005 recebe convidados para realizar obras especiais na parede externa da galeria, já tendo recebido nomes como Anna Bella Geiger, Paulo Bruscky, Marcos Chaves, Lenora de Barros, Neville D’Almeida, entre muitos outros; Camisa Educação, desenvolvido desde 2005, o projeto convida artistas a criarem camisas que incorporem a palavra “educação” às suas criações e Alalaô, idealizado pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Marcos Wagner, teve início no verão de 2010, onde a cada edição um artista era convidado para realizar uma obra de arte, intervenção ou performance na praia do Arpoador, RJ, mostrando que a praia também pode ser um espaço para a cultura.

Siamo Foresta

29/jun

 

Quinze artistas brasileiros participam de mostra internacional concebida pela Fondation Cartier na Triennale Milano.

Até o dia 29 de outubro, a Triennale Milano e a Fondation Cartier pour l’Art Contemporain apresentam a exposição “Siamo Foresta”. Com curadoria do antropólogo francês Bruce Albert e do diretor artístico da Fondation, Hervé Chandès, a mostra reúne 27 artistas de diferentes países. Desses, 15 brasileiros, entre os quais nove são indígenas: Adriana Varejão, Aida Harika (Yanomami), Alex Cerveny, André Taniki (Yanomami), Bruno Novelli, Cleiber Bane (Huni Kuin), Edmar Tokorino (Yanomami), Ehuana Yaira (Yanomami), Jaider Esbell (Makuxi), Joseca Mokahesi (Yanomami), Luiz Zerbini, Morzaniel Ɨramari (Yanomami), Roseane Yariana (Yanomami), Santídio Pereira e Solange Pessoa.

Para sublinhar as conexões emocionais, afinidades estilísticas e conceituais entre as obras, os artistas estão idealmente conectados entre si também por meio das soluções cenográficas de Zerbini, que concebeu um projeto expositivo que abarca todos os trabalhos e permite que a floresta, com seus elementos e ritmo vital, entre nas salas da Triennale Milano.

Mais de 70% das obras pertencem acervo da Cartier pour l’Art Contemporain e contam, em especial, a história de sua relação com artistas de algumas comunidades indígenas da América do Sul. O encontro com esses mundos estéticos e metafísicos, indígenas e não, foi a ocasião para dar vida a novos projetos artísticos, obras inéditas e colaborações.

“Siamo Foresta apresenta um diálogo inédito entre pensadores e defensores da floresta, artistas indígenas e não indígenas que se inspiram em uma visão estética e política comuns da floresta como um multiverso igualitário de povos vivos, humanos e não humanos, e, como tal, oferece uma alegoria vibrante de um mundo possível além do nosso antropocentrismo. Desde suas origens, a tradição ocidental dividiu e hierarquizou os seres vivos segundo uma escala de valores da qual o ser humano é o ápice. Essa supremacia do humano distanciou progressivamente a humanidade do resto do mundo vivo, abrindo caminho para todos os abusos de que resultam a destruição da biodiversidade e a catástrofe climática contemporânea. A filosofia das sociedades indígenas americanas, por outro lado, acredita que seres humanos e não humanos – animais e plantas – embora se diferenciem pela aparência de seus corpos, estão profundamente unidos por uma mesma sensibilidade e intencionalidade”, explica Bruce Albert, antropólogo francês que trabalha há quase 50 anos com os Yanomami.

Para sublinhar as conexões emocionais, as afinidades estilísticas e conceituais entre as obras selecionadas, os artistas estão idealmente conectados entre si também por meio das soluções cenográficas orquestradas por Luiz Zerbini. De fato, o artista concebeu um projeto expositivo contínuo que abarca todas as obras e permite que a floresta, com seus elementos e ritmo vital, entre nas salas da Triennale Milano.

Por um lado, a floresta já não é um espaço alheio à cidade e à cultura, mas o lugar onde se celebra o encontro de culturas: Siamo Foresta é um grito de reivindicação de artistas que pensam a unidade do planeta através da ideia de floresta. Por outro lado, é por meio da arte que diferentes culturas podem dialogar e se transformar: a exposição relata as influências que as populações nativas da Amazônia e de outras regiões exerceram sobre as culturas visuais não nativas. O espaço expositivo torna-se o local onde as artes mostram o caminho para repensar o planeta e o seu futuro de forma diferente.

Siamo Foresta é enriquecido por uma publicação dedicada, contendo a documentação iconográfica do percurso expositivo, e por um guia com atividades exploratórias para crianças que exploram os conteúdos das obras, a par de um conjunto de workshops nas salas expositivas.

Os artistas em exibição

Adriana Varejão (Brasil), Aida Harika (Yanomami, Brasil), Alex Cerveny (Brasil), André Taniki (Yanomami, Brasil), Angélica Klassen (Nivaklé, Paraguai), Bruno Novelli (Brasil), Brus Rubio Churay (Murui-Bora, Peru), Cai Guo-Qiang (China), Cleiber Bane (Huni Kuin, Brasil), Efacio Álvarez (Nivaklé, Paraguai), Edmar Tokorino (Yanomami, Brasil), Ehuana Yaira (Yanomami, Brasil), Esteban Klassen (Nivaklé, Paraguai), Fabrice Hyber (França), Fernando Allen (Paraguai), Floriberta Fermín (Nivaklé, Paraguai), Fredi Casco (Paraguai), Jaider Esbell (Makuxi, Brasil), Johanna Calle (Colômbia), Joseca Mokahesi (Yanomami, Brasil), Luiz Zerbini (Brasil), Morzaniel Ɨramari (Yanomami, Brasil), Sheroanawe Hakihiiwe (Yanomami, Venezuela), Roseane Yariana (Yanomami, Brasil), Santídio Pereira (Brasil), Solange Pessoa (Brasil) e Virgil Ortiz (Cochiti Pueblo, Novo México, Estados Unidos).