Adriana Varejão na Gagosian/LA

06/set

“O barroco sempre conecta dois extremos, como a luz e a sombra, em um corpo, uma pintura. História fora contra um corpo selvagem dentro, cultivado e não cultivado, cozido e não cozido, ganância e expressionismo, racionalismo e irracionalismo, frio e quente.”

 

 

Adriana Varejão

 

A Gagosian, Los Angeles, apresenta “Interiores”, exposição individual de Adriana Varejão, uma das artistas contemporâneos mais renomadas do Brasil. Um projeto colateral do Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, esta é a primeira exposição da West Coast de Adriana Varejão e inclui importantes empréstimos do Brasil e da Europa em uma pesquisa selecionada dos últimos vinte anos.

 

Empreendendo o pluralismo cheio da identidade brasileira e as diversas implicações do intercâmbio social, cultural e estético, as formas artísticas sem precedentes de Varejão – que englobam pintura, escultura e instalação de vídeo – alcançam o tempo e o lugar, expondo a natureza multivalente da história, da memória, e representação cultural.

 

Em “Interiores”, o drama espacial do barroco assume muitas formas: do disfarce das geometrias legais do Minimalismo; à incerteza que interrompe a lógica perfeita da superfície pintada; às ruínas da arquitetura euclidiana, grossas de carne, sangue e gordura. Nas pinturas da sauna, Varejão inventa câmaras revestidas em grades monocromáticas intricadas e pintadas, lembrando as grades perspectivas subjacentes às obras-primas renascentistas, bem como as geometrias do reino digital moderno. Em O iluminado (The Shining) (2009), o amarelo vibra em todo o espectro de cores, sua energia brilhante é sublinhada por variações de tonalidade aparentemente infinitas. Os espaços abstraídos retratados nessas pinturas são ao mesmo tempo familiares e estranhos, recordando casas de banho, piscinas, matadouros e hospitais – lugares de rotina e lazer, vida e morte. Feixes de luz de uma fonte indetectável; sem saídas visíveis, os ambientes aparecem como labirintos psicologicamente carregados, limiares sedutores para o olhar do espectador. Na pintura singular intimamente dimensionada, The Guest (2004), pools de sangue em azulejos brancos, um traço forense do corpo e sua vulnerabilidade.

 

Parede com incisões á la Fontana (2000) mostra uma parede de azulejos azul claro, cortada verticalmente, como as telas de Lucio Fontana. No entanto, em vez de revelar vazios, a tela de Varejão sangra com seus cortes profundos, criando uma equivalência com o corpo humano, recorrendo à tradição barroca de pintar carne lívida. Para Varejão, a carne é uma ferramenta simbólica, infundindo o comum com um erotismo inerente para agitar a atração e a repulsão. Senta-se embaixo e entre as superfícies de azulejos de suas ruínas de charque, esculturas de paredes e pisos cujos títulos se referem a locais reais em Portugal, Brasil e Itália. Em Rome Meat Ruin (2016), seções de azulejos amarelo pálido, azul e branco se encontram ao longo de um fragmento de canto reto e alto, apenas para entrar em eretas em massas de vísceras vermelhas profundas. E em Açougue Song (2000), os pedaços de carne estão amarrados na tela, inteiramente revestidos com um efeito monocromático branco crepitante inspirado nas morfologias da cerâmica cintilante da dinastia Song.

 

Estas fraturas de superfície tornam-se mais profundas, chegando à geologia, nas pinturas de Azulejão (“big tile”) de Varejão, feitas pela aplicação de uma espessa camada de gesso viscoso em tela e permitindo secar naturalmente durante um longo período de tempo. Em curso desde a primeira iteração em 1988, as pinturas baseiam-se na tradicional praça, azulejos vitrificados (azulejos) que foram a forma de decoração mais utilizada na arte nacional portuguesa desde a Idade Média. Absorvendo influências de artesãos mouros, pintura renascentista italiana, porcelana chinesa e decoração holandesa, o azulejo é uma metáfora para a mistura de culturas, seja pela força ou pelo desejo. Anteriormente, Varejão organizou suas pinturas em vastas grades, ecoando o uso tradicional do azulejo na arquitetura, mas com interrupções visíveis nos esquemas narrativos; ou criou grandes obras individuais cujas imagens – seja um padrão geométrico, um florescimento sinuoso ou um motivo figurativo – se movam para a abstração. Os monocromos mais recentes – cada uma variação de porcelana “branca” – com suas superfícies abertas, são tão sísmicas quanto sublimes.

 

Durante o Horário Padrão do Pacífico: LA / LA, Transbarroco, a única instalação de vídeo multi-canal de Varejão até à data, também estará em exibição pela primeira vez nos EUA, após apresentações recentes no Brasil, Portugal e Itália. Este trabalho convincente, filmado no local no Brasil, capta em varrendo, leva detalhes específicos dos notáveis ​​interiores de igrejas barrocas que relacionam a história de intercâmbio cultural e assimilação, sublinhado por um intercalamento de colagem de som ambiente com recitações de escritos-chave sobre a identidade brasileira.

 

 

Até 25 de outubro.

Paula Rego & Adriana Varejão

31/ago

A portuguesa Paula Rego e brasileira Adriana Varejão exibem lado a lado – a partir de 02 de setembro – uma seleção de trabalhos na Carpintaria, Jardim Botânico, espaço experimental da Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro cuja vocação é promover exercícios amplos de pensamento, estimulando o diálogo entre diferentes autores, formas de expressão ou linguagem. Trata-se de um encontro singular que, como num dueto, permitirá ao público identificar sintonias e singularidades, iluminando ainda mais suas poéticas, seja pelo reconhecimento de afinidades seja pela revelação de contrastes.

 

Mesmo pertencendo a gerações e continentes distintos, em muitos momentos as duas parecem habitar o mesmo terreno. Visitam com frequência temas da História ou do universo ficcional que revolvem as camadas mais aparentes e desenterram aquilo que há de perverso ou oculto nos mitos e narrativas que usam como ponto de partida. No caso de Paula Rego essa relação com o campo da ficção é ainda mais evidente. Consagrada como a mais importante pintora portuguesa da atualidade e também como um dos grandes nomes da arte inglesa (onde atua desde que se mudou para Londres no início dos anos 1950), ela trabalha sempre em séries, construídas a partir de narrativas de outros autores. Narrativas que ela reconta à sua maneira, recria na forma de uma grande cena teatral, recaindo sempre no lado perverso da história. No caso desta exposição – sua primeira mostra no Rio de Janeiro , os trabalhos selecionados (quatro telas e um grande móbile) se debruçam sobre dois textos: “Primo Basílio”, de Eça de Queiroz, e “Bastardia”, de Hélia Correia.

 

A relação de Adriana Varejão com o texto é mais sutil, metafórica. Muitas vezes seu interesse é documental, mais próximo da antropologia e da literatura histórica do que da ficção, alimentando-se mais de imagens – as quais recontextualiza criticamente – do que de literatura. Para esta exposição Adriana traz um conjunto de seis obras, pertencentes a duas séries, uma em que dialoga com o trabalho do ceramista português Bordalo Pinheiro e a outra, mais recente, em formato de folhas secas, que só foi mostrada anteriormente, e de forma parcial, em Hong Kong, e que se debruçam sobre temas ousados como o sexo e a amamentação. Essas pinturas retomam uma tradição chinesa de pintura sobre folhas naturais e mesclam diferentes elementos recorrentes na obra de Adriana como o recurso à cerâmica e seu craquelamento, bem como a utilização de um leque amplo de referências, visuais, históricas e simbólicas, recontextualizadas criticamente em ricas paródias.

 

São raras no Brasil as exposições que colocam frente a frente apenas dois artistas. E com histórias de vida tão distintas. Neste caso, tudo teve início com a grande retrospectiva da obra de Paula Rego que aconteceu na Pinacoteca (São Paulo, 2011). Desde então a galerista Márcia Fortes idealizava juntar as duas artistas. O encontro foi concretizado em outubro do ano passado, em Londres. E dali brotou naturalmente a ideia da mostra. A seleção de trabalhos foi quase natural, enfatizando a produção mais recente da artista luso-inglesa.

 

Dentre as obras selecionadas destaca-se um grande móbile, no qual sereias assustadoras parecem fazer uma dança macabra em torno do visitante, e que deve abrir a exposição, juntamente com uma pintura de Adriana de cunho bastante escultórico, na qual se vê uma eclosão de elementos marítimos, com caranguejos e lagostas como que a pular no espaço. “É um diálogo corporificado, explosivo”, define Márcia Fortes. “Em vários momentos as duas parecem duelar com o mundo”, acrescenta.

 

“Eu me coloco totalmente como aprendiz. Acho a Paula uma mestra”, afirma Adriana. E acrescenta: “É muito difícil responder à obra de uma pessoa que você admira tanto”. Esta é uma das razões para a escolha de trabalhos já existentes, em busca dos pontos de contatos entre os trabalhos, como a curiosidade, o fascínio por vezes perverso sobre o papel da mulher no jogo íntimo ou social, ou a forte característica ornamental e a exploração de contrastes típicas da tradição barroca, tão cara às duas artistas. Caberá, no entanto, ao visitante buscar por si mesmo os pontos de aproximação e distanciamento. “É um estudo em aberto e é bacana que o público possa complementar essa leitura”, afirma a galerista.

 

De 02 de setembro a 04 de novembro.

 

CIGA – Calendário de arte

21/ago

 

Em setembro, o Rio de Janeiro terá uma agenda de arte agitada. Nos dias que antecedem a ArtRio, está confirmada a quarta edição do CIGA – Circuito Integrado das Galerias de Arte. Entre 11 e 12 de setembro, as principais galerias cariocas terão programação e horários especiais com abertura de exposições, visitas guiadas, conversas com artistas e performances, entre outras atividades.

 

O CIGA tem entre seus objetivos estimular a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

“A ideia de ter o CIGA na mesma semana da ArtRio é justamente ampliar esse calendário especial de arte. A cidade inteira terá programação voltada para as artes e isso será uma excelente oportunidade para todo o público, com uma opção diversificada de agenda, locais e temas. As galerias, assim como os museus, são muito importantes para o contato do público com a arte e com os artistas. As pessoas têm que incluir esses endereços em seus roteiros de aprendizado e lazer”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

A organização terá um serviço de vans gratuito percorrendo todas as galerias. Na segunda-feira a van sairá às 17hs30min da galeria Mul.ti.plo Espaço e Arte e na terça-feira às 17hs30min do Espaço Saracura.

 
PROGRAMAÇÃO DO CIGA

 

11 de setembro – Segunda-feira

Bairros: Leblon, Ipanema e Copacabana

Horário: a partir das 17hs

Leblon – 17hs

 

Multiplo Espaço Arte
Rua Dias Ferreira 417, sala 206

Exposição individual “Estados de Imagem”, de Waltércio Caldas

Ipanema – a partir das 17hs30min

 

Cassia Bomeny Galeria
Rua Garcia D´Ávila 196

Conversa com o artista Antônio Manuel, que terá individual exposta na galeria

 

C. Galeria
Rua Visconde de Pirajá 580

Abertura da exposição “Espúrios”, de Bruno Melo e Felipe Fernandes

 

Martha Pagy Escritório de Arte
Rua Visconde de Pirajá 351, 14 andar Instituto Plajap

Vernissage e visita guiada a exposição “ Paisagens possíveis”, com a presença dos artistas Ivani Pedrosa, Jaqueline Voljta, Marcelo Jácome e Pedro Gandra

 

Galeria Marcelo Guarnieri
Rua Teixeira de Melo 31, lojas C/D

Exposição individual da artista Amelia Toledo
Copacabana – a partir das 19hs30min

 

Marcia Barrozo do Amaral Galeria de Arte
Avenida Atlântica 4240 / Shopping Cassino Atlântico

Mostra dos trabalhos do Ronaldo do Rego Macedo e bate papo com Cesar Bartolomeu

 

Movimento Arte Contemporânea
Avenida Atlântica 4240 / Shopping Cassino Atlântico

Perfomance e conversa com o artista Xico Chaves/SoloTransição

 

Patricia Costa Galeria de Arte
Avenida Atlântica 4240 / Shopping Cassino Atlântico

Exposição da artista Claudia Portos, com curadoria do Luis Ernesto e Bruno Miguel

 

Galeria Inox
Avenida Atlântica 4240 / Shopping Cassino Atlântico

Exposição Oscar Niemeyer

 
12 de setembro – Terça-feira

Bairros: Saúde, Botafogo, Gávea e Jardim Botânico

Horário: a partir das 17hs

Saúde – 17hs

 

Espaço Saracura
Rua Sacadura Cabral 219

Conversa com gestores do espaço e com o artista Alan Sieber

Botafogo – a partir das 18hs

 

Cavalo
Rua Sorocaba 51

Visita guiada a exposição “Luz Partida”, de Felipe Cohen

Gávea – a partir das 19hs

 

Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares 30

Visita guiada à exposição “Grito e Paisagem”, de Nuno Ramos

 

Mercedes Viegas Arte Contemporânea
Rua João Borges 86

Visita guiada a exposição “Quase Plano”, do artista Luiz d’Orey

 

Galeria da Gávea,
Rua Marquês de São Vicente 432

Inauguração do novo espaço da galeria e abertura da exposição de Luis Braga

 

Jardim Botânico – a partir das 20hs

Carpintaria
Rua Jardim Botânico 971

Exposição de Adriana Varejão e Paula Rego

 

 
Sobre a ArtRio

 

Em 2017, a ArtRio estreia em novo endereço: a Marina da Glória. O evento, que acontece de 13 a 17 de setembro, vai reunir importante galerias brasileiras e internacionais. Chegando a sua 7ª edição, a feira tem entre suas metas ser um dos principais eventos mundiais de negócios no segmento da arte.

 

A ArtRio pode ser considerada uma grande plataforma de arte contemplando, além da feira internacional, ações diferenciadas e diversificadas com foco em difundir o conceito de arte no país, solidificar o mercado, estimular e possibilitar o crescimento de um novo público oferecendo acesso à cultura.

Para ver o Brasil

14/jun

A Oca, Parque do Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP, exibe a exposição “Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos”. O evento celebra os 30 anos de atividades do Itaú Cultural e exibe cerca de oitocentas peças de um acervo de 15 mil obras do Banco Itaú. A mostra tem curadoria de Paulo Herkenhoff, em colaboração com Thais Rivitti e Leno Veras, e ocupa os 10 mil metros quadrados do espaço.

 

Entre as obras expostas, estão a tela “Povoado numa planície arborizada”, do pintor holandês Frans Post, e raridades como os mapas do século XVII: “Jodocus Hondius: AmericaSeptentrionalis”, “Henricus Hondius: Accuratissima Brasiliae Tabula”.

 

As peças foram organizadas em vinte núcleos espalhados pelos quatro andares do edifício, projetado por  Oscar Niemeyer. Cada piso tem uma organização temática por período: no térreo estão “São Paulo” e “De memória e matéria”; no subsolo “Da numismática à cibernética”; no primeiro andar, “Expressão e racionalidade”; e no segundo andar, “Uma invenção simbólica do Brasil: África e barroco”.

 

Entre as atrações está uma escultura de mais de cinco metros de altura, de Ascânio MMM, reconstruída para a ocasião. Obras antigas estão lado a lado com peças modernistas e contemporâneos, de artistas como Brecheret, Maria Martins, Hélio Oiticica, Portinari, Adriana Varejão, Gilvan Samico, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Vera Chaves Barcellos, Berna Reale, Siron Franco, Emanoel Araújo, Jaime Lauriano, Paulo Bruscky, Montez Magno, Ayrson Heráclito e Eder Oliveira dentre outros.

 

 

Até 13 de agosto.

O Útero do Mundo

05/set

O MAM, Parque do Ibirapuera, SP, retrata corpos indomáveis e histéricos na exposição “O útero do mundo”. A curadora Veronica Stigger selecionou cerca de 280 obras de 120 artistas contemporâneos em que o corpo aparece como lugar de expressão de um impulso desvairado e que se apresenta transformado, fragmentado, deformado, sem contorno ou definição. São pinturas, desenhos, fotografias, esculturas, gravuras, vídeos e performances do acervo do museu.

 

As obras, pertencentes ao acervo do MAM, mostram a indomabilidade e as metamorfoses do corpo. Com curadoria da escritora e crítica de arte Veronica Stigger, as produções selecionadas – num universo de mais de cinco mil trabalhos da coleção do museu – revelam um corpo que não respeita a anatomia e liberto de amarras biológicas e sociais. Baseada na proposição dos surrealistas de compreender a histeria como uma forma de expressão artística, a apurada seleção da curadora faz um elogio à loucura, ilustrando esse “corpo indomável” que, embora reprimido pela humanidade, manifesta-se no descontrole, na histeria e na impulsividade.

 

Para organizar a mostra, a curadora recorreu a três conceitos extraídos da obra da escritora Clarice Lispector que servem como fios condutores que separam os trabalhos nos núcleos “Grito ancestral”, “Montagem humana” e “Vida primária”. Segundo VeronicaStigger, a autora naturalizada brasileira retomou com brilho o elogio ao impulso histérico. “Clarice organizou um pensamento simultâneo da forma artística e do corpo humano como lugares de êxtase e de saída das ideias convencionais, tanto da arte quanto da própria humanidade”, afirma. São exibidas, conjuntamente, obras de artistas celebrados como Lívio Abramo, Farnese de Andrade, Claudia Andujar, Flávio de Carvalho, Sandra Cinto, Antonio Dias, Hudinilson Jr., Almir Mavignier, Cildo Meireles, Vik Muniz, Mira Schendel, Tunga, Adriana Varejão e muitos outros, além de duas performances de autoria de Laura Lima.

 

 

Grito Ancestral

 

Abrindo a mostra, “Grito ancestral” contém obras que representam uma série de gritos. “É como se esse som, anterior à fala e à linguagem articulada, atravessasse os tempos e rompesse com as próprias imagens”, explica a curadora. “O grito se contrapõe à ponderação e pode ser visto como indício de loucura. Gritar é, em certa medida, libertar-se das frágeis barreiras que delimitam aquilo a que convencionamos chamar de “cultura” em oposição à “natureza” e ao que há de selvagem e indomável em nós”, afirma. Nessa área estão expostos três autorretratos da série “Demônios”, espelhos e máscaras celestiais, de Arthur Omar, artista com trabalhos que demonstram estados alterados de percepção e de exaltação. Também fazem parte a fotografia “O último grito”, de Klaus Mitteldorf; a colagem “Medusa marinara”, de Vik Muniz; fotos de performances de Rodrigo Braga; a gravura “Mulher”, de Lívio Abramo; além de imagens em preto e branco de Otto Stupakoff. Com a série “Aaaa…”, a artista Mira Schendel apresenta uma escrita que não constitui palavras ou frases e em que se percebe a desarticulação da linguagem e uma volta ao estado mais bruto e inaugural.

 

 

Montagem humana

 

Neste nicho são apresentados corpos fragmentados, transformados, deformados e indefinidos, o que prova a indomabilidade do mesmo. Na exposição é percebido como o traço se convulsiona nas obras intituladas “Mulheres”, de Flávio de Carvalho, nos desenhos de Ivald Granato e nas produções de Tunga, Samson Flexor e Giselda Leirner. Nas fotografias, é a falta de foco que borra o contorno da figura nas imagens de Eduardo Ruegg, EdouardFraipont e Edgard de Souza. Com o uso da radiologia, é possível verificar o interior do corpo humano nas obras de Almir Mavignier e Daniel Senise. Destacam-se ainda as fotografias feitas por Márcia Xavier, um desenho de Cildo Meireles e as produções que misturam imagens, couro e madeira de Keila Alaver que representam, literalmente, corpos transformados e fragmentados.

 

 

Vida Primária

 

Este nicho dá vez às formas de vida mais elementares, como fungos, flores e folhagens. “Este tipo de vida desestabiliza a percepção que temos da própria vida porque, de certa maneira, deteriora as coisas do mundo “civilizado”, explana VeronicaStigger. Isso é ilustrado na série “Imagens infectas”, de Dora Longo Bahia, em que um álbum de família é alterado pela ação de fungos. Em “Vivos e isolados”, Mônica Rubinho usa papéis propositalmente fungados em placas de vidro para promover a geração desta espécie. No vídeo “Danäe nos jardins de Górgona” ou “Saudades da Pangeia”, Thiago Rocha Pitta propõe uma leitura mitológica da vida primária. Ainda são exibidas partes do corpo como o coração feito de bronze, de autoria de José Leonilson, e a foto “Umbigo da minha mãe”, de Vilma Slomp. A vagina, porta de entrada e de saída do útero, é mostrada em diversos trabalhos como nas gravuras de Rosana Monnerat e de Alex Flemming, nas fotografias da série “Vulvas”, de Paula Trope e no desenho “Miss Brasil 1965”, de Farnese de Andrade.

 

 

 

Sobre a curadora

 

Veronica Stigger é escritora, crítica de arte e professora universitária. Possui doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela USP e pós-doutorados pela Universitàdegli Studi di Roma “La Sapienza”, pelo MAC-USP e pelo Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. É professora das pós-graduações em Fotografia e em História da Arte na FAAP, além de coordenadora do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC). Foi curadora de Maria Martins: metamorfoses no MAM São Paulo (2013) e ganhou o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e o Prêmio Maria Eugênia Franco, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) de melhor curadoria. Com Eduardo Sterzi, curou “Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro”, fotógrafo, no SESC Ipiranga. Entre as publicações, estão Os anões (SP: Cosac Naify, 2010), Delírio de Damasco (SC: Cultura e Barbárie, 2012) e Opisanieświata (SP: Cosac Naify, 2013).

 

 

De 05 de setembro a 18 de dezembro.

Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Rememorando Tunga

10/jun

O artista brasileiro Tunga – o primeiro artista contemporâneo a expor suas obras no Louvre, em Paris – morreu aos 64 anos. Tributos vindos do mundo das artes lamentaram a perda do artista, que trabalhou com escultura, performance e vídeo, nunca se esquivando do caráter muitas vezes surreal de suas obras.

 

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Adriana Varejão o classificou como “um artista visceral, um alquimista”, enquanto Waltercio Caldas afirmou que o Brasil perdeu um de seus maiores artistas. O curador Hans-Ulrich Obrist postou uma imagem de tributo no Instagram, enquanto a diretora da Frieze, Victoria Siddall, escreveu no Twitter: “Triste ao saber da morte de Tunga, artista brasileiro que tinha apenas 64 anos e continuava fazendo um grande trabalho”.

 

Tunga, nascido Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão em Palmares, PE, é um dos artistas contemporâneos mais conhecidos do Brasil. Ele representou o país na Documenta 10, em 1997, e estava entre os quatro artistas que representaram o Brasil na Bienal de Veneza de 2001. Sua instalação “A La Lumière des Deux Mondes”, de 2005, foi a primeira exibição de um artista contemporâneo no Louvre.

 

Sua instalação “Eu, Você e a Lua” será um dos destaques da Unlimited, na Art Basel 2016, que acontece agora, entre 13 e 19 de junho.

Fonte: Touchearte

 

Adriana Varejão em NY

01/abr

A partir de abril, a galeria nova iorquina Lehmann Maupin vai apresentar sua sexta exposição individual da artista brasileira Adriana Varejão. A exposição traz obras de suas duas séries mais recentes: “Kindred Spirits”, formada por 29 retratos da artista usando pinturas de rosto e ornamentações de tribos nativas mescladas com intervenções de artistas minimalistas e contemporâneos; e “Mimbres”, obras que fazem referência à cultura visual dos povos Mimbres, que habitavam o sudoeste americano no século 11. Juntos, estes trabalhos corroboram o interesse de longa data de Adriana Varejão pelos efeitos do colonialismo sobre a estética de identidade.

 

Esta exposição vem como uma continuação da individual da artista em 2015 no Dallas Contemporary, onde a artista voltou-se para a história da arte em busca de inspiração. Agora, reunindo obras destas duas séries, Adriana Varejão mostra como a abordagem dos povos nativos americanos sobre linhas, cores e formas influenciaram a arte do século 20, especialmente o Minimalismo. Ambos os corpos de trabalho tecem historias de tradições artísticas distintas para enfatizar a evolução constante e a troca de influências que moldam a cultura e a identidade.

 

Adriana Varejão e Pedro Alonzo recebem os visitantes na galeria no dia 22 de abril, a partir das 17hs, para um bate-papo com entrada gratuita e aberto ao público em geral. A exposição permanece até 19 de junho. Em seguida, o trabalho de Adriana Varejão terá um destaque especial durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. A reprodução de sua obra “Celacanto produz maremoto”, que lembra azulejos portugueses e está exposta em Inhotim, MG, vai revestir a fachada do Estádio Aquático, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.

 

Fonte: Touch of class

Trajetória da Fortes Vilaça

25/jan

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Tertúlia, exposição que reúne trabalhos das mulheres artistas que integram e/ou integraram a trajetória da galeria ao longo de seus 15 anos de atuação. Obras recentes e históricas mesclam-se com documentos de arquivo – entre reportagens, fotos e postais -, a partir de uma seleção afetiva do inventário da galeria.

 

 

Em um momento em que se discute avidamente sobre a representatividade feminina na cultura, é importante celebrar o protagonismo exercido pelas mulheres na história da arte brasileira. Trata-se de uma tradição que conta com várias artistas de renome, cujas obras reverberam até hoje na cena artística, nacional e internacionalmente: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Maria Martins, Lygia Clark, Mira Schendel, entre muitas outras. Da mesma forma, é impossível deixar de citar as inúmeras profissionais da área, que se firmaram como importantes curadoras, galeristas e acadêmicas. A história das mulheres da Galeria Fortes Vilaça abarca essas conquistas históricas e ao mesmo tempo mantém seu legado na arte contemporânea.

 

 

A exposição foi concebida pela própria equipe e apresenta obras de Adriana Varejão, Agnieszka Kurant, Alejandra Icaza, Beatriz Milhazes, Erika Verzutti, Jac Leirner, Janaina Tschäpe, Leda Catunda, Lucia Laguna, Marina Rheingantz, Marine Hugonnier, Rivane Neuenschwander, Sara Ramo, Tamar Guimarães, Valeska Soares, Tamar Guimarães, entre outras.

“Tertúlia” é um substantivo feminino que significa reunião/agrupamento de amigos ou familiares e também palestras literárias e condensa a intensão da escolha das obras e tema da exposição.

 

 

 

De 28 de janeiro até 27 de fevereiro.

 

Abre Alas

28/dez

Tradicional promoção da galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Abre alas” ganha a edição número 12 e divulga os artistas contemplados. Novos nomes da novíssima geração de arte contemporânea como Alice Ricci, Aline Motta, André Burian, Dani Spadotto, Diogo Miranda, Dudu Quintanilha, Florencia Calazza, Gokula Stopel, Grupo Indigestão, Guilherme Ginane, Janaína Miranda, Jardineiro André Feliciano, Leandro Machado, Luisa Brandelli, Malvina Sammarone, Renato Custodio, Simone Cupello, Tchelo, Victor Matina e Yornel Martinez.

 

Querido Público Gentil,

 

Nós, da comissão de seleção do ABRE ALAS 12 | 2016, agradecemos a todos aqueles que se inscreveram. Foram quinhentas e cinquenta inscrições, número recorde para a exposição. Não nos era permitido selecionar todos, pois o edital contempla apenas vinte propostas e há o limite físico da galeria, tornando a escolha uma tarefa muito difícil.

 

Somos três pessoas com experiências profissionais distintas, que trabalharam juntas para chegar a uma decisão conjunta. Olhamos tudo com atenção e carinho, analisamos a proposta feita para a exposição e as obras do portfólio, e o eventual desequilíbrio entre ambos acarretou que artistas com produção consistente não fossem escolhidos para a mostra.

 

Esta seleção é resultado de um dos recortes possíveis, onde, infelizmente, não conseguimos incluir todos os trabalhos que gostaríamos. Portanto, agradecemos mais uma vez por sua inscrição e desejamos que ninguém sinta que desconsideramos o material enviado.

 

Foi um prazer entrar em contato com a atual produção de diversos artistas do Brasil e de outros países, e esperamos revê-los em breve.

 

 

Adriana Varejão
André Sheik
Paula Borghi

 

 

 

Abertura : 29 de janeiro de 2016.