Desordem | Baró + Emma Thomas

08/ago

A Baro + Emma Thomas, Barra Funda, São Paulo, SP, apresenta a mostra coletiva “Desordem”.Qual ordem interessa? O que há de organizado e bem instalado em nossas latitudes hoje? Nada parece ter sustentação possível, o equilíbrio dos dias acontece em corda frouxa, a perna trêmula, a visão turva, a vidraça quebrada, a cortina e o varal se debatendo com o vento, um muro que cai, as contas disparatadas, a sinalização desarrumadas, a política nos pregando peça, sempre. Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, dizia Guimarães Rosa. E diria ainda, há quem não arruma por não querer as coisas arranjadas.

 

Pois a desarrumação pode ser uma forma de ordem, já que arrumar pode ser desordenar. Pois basta folhear livro de enciclopédia ou poesia pra perceber que em uma forma semântica expandida, a desordem não é a falta de ordem, mas a negação da ordem. Uma anti-ordem, uma outra forma possível de ordem, não imposta, mas que se estrutura em meio às aparências do desordenado, organicamente, diriam uns. Pois há também a confusão dos olhos do outro, que encontram desordem onde as coisas estão como estão.

 

Em meio a uma crise inédita de representação, quando não mais confiamos ao outro tanto os nossos anseios mais particulares como aqueles mais distribuídos, quando as formas típicas de ordenação parecem não mais funcionar, há que se questionar a própria ordem.

 

Diante da conspiração objetiva da ordem das coisas, percebemos um conspiração difusa, com a qual nos identificamos. Tendemos à desobediência?

 

Pois há a ordem que indica poder, estabelecida por aquele que instaura os valores, as verdades e as regras. A desordem evidência a fragilidade do sistema imposto, demonstra pelo deslocar mínimo que a ordenação é um ponto de vista de uma pessoa e seu grupo de seguidores. A ordem é frágil, a desordem resistência.

 

Então seria viável voltar a acreditar que estaremos nos preparando para sairmos de uma condição de amotinados e pensarmos nas transformações que importam.

 

Artistas participantes: Almandrade | Courtney Smith | David Medalla | Eduardo Stupia | Elena Damiani | Hugo Frasa | Iván Navarro | Ivan Padovani | Jonas Arrabal | Júlia Milward | Lourival Cuquinha | Lucas Bambozzi | Lucas Simões | Moris | Ramon Vieitez Ricardo Alcaide | Susana Bastos | Victor Leguy.

 

Até 25 de agosto.

Catálogo – Destino dos Objetos

18/dez

No próximo sábado, dia 19 de dezembro, às 15 horas, a Fundação Vera Chaves Barcellos lançará o catálogo da exposição “Destino dos Objetos”, na Sala dos Pomares, em Viamão, RS. Ilustrada com imagens da exposição, a publicação bilíngue português|inglês apresenta texto do curador da mostra e uma entrevista inédita com os artistas Patricio Farías e Vera Chaves Barcellos sobre colecionismo.

 

Participam da mostra artistas brasileiros, latino-americanos e europeus: 3NÓS3, Albert Casamada, Almandrade, Amanda Teixeira, Anna Bella Geiger, Antoni Muntadas, Boris Kossoy, Brígida Baltar, Cao Guimarães, Carlos Asp, Carmela Gross, Christo, Daniel Santiago, Elcio Rossini, Ester Grinspum, Evandro Salles, Feggo, Gisela Waetge, Gretta Sarfatty, Hannah Collins, Heloísa Schneiders da Silva, Hudinilson Jr., Jailton Moreira, Jesus R.G. Escobar, Joan Rabascall, Joaquim Branco, Joelson Bugila, Julio Plaza, Klaus Groh, León Ferrari, Lia Menna Barreto, Mara Alvares, Marcel-li Antunez, Marcelo Moscheta, Marco Antônio Filho, Marcos Fioravante, Maria Lúcia Cattani, Mariana Silva da Silva, Marlies Ritter, Mario Ramiro, Mário Rohnelt, Michael Chapman, Nicole Gravier, Nina Moraes, Patricio Farías, Rogério Nazari, Téti Waldraff, Ulises Carrión, Vera Chaves Barcellos e Waltércio Caldas.

Exposição na Fundação Vera Chaves Barcellos

21/ago

A Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, apresenta a mostra “Destino dos Objetos | O

artista como colecionador” e as coleções da FVCB. Impressões, desenhos, fotografias,

gravuras, fotocópias, objetos, esculturas, colagens e vídeos integram a mostra que reúne um

diverso grupo de 50 artistas de várias nacionalidades. Com curadoria de Eduardo Veras,

“Destino dos Objetos” examina como, por diferentes caminhos, os artistas se fazem

colecionadores, ou, pelo menos, como seus trabalhos podem replicar algo do furor

colecionista.

 

Há aqueles que tratam de isolar, recolher e sacralizar peças específicas, peças que

imediatamente perdem sua função original, mesmo que não renunciem às memórias que

carregam. Há também aqueles em que, mais do que a escolha, despontam as noções de

acúmulo, ordenamento e classificação. Entre uns e outros, o artista emerge como o sujeito dos

desejos e das decisões, oferecendo ou adivinhando um destino para os objetos.

 

A exposição remonta ao gérmen da própria Fundação Vera Chaves Barcellos, cuja origem

encontra-se nas coleções de arte formadas pelos artistas Vera Chaves Barcellos e Patricio

Farías ao longo dos anos, antes mesmo da formalização desse importante centro de divulgação

de arte contemporânea.

 

Participam da mostra artistas brasileiros, latino-americanos e europeus: 3NÓS3, Albert

Casamada, Almandrade, Amanda Teixeira, Anna Bella Geiger, Antoni Muntadas, Boris Kossoy,

Brígida Baltar, Cao Guimarães, Carlos Asp, Carmela Gross, Christo, Daniel Santiago, Elcio

Rossini, Ester Grinspum, Evandro Salles, Feggo, Gisela Waetge, Gretta Sarfatty, Hannah Collins,

Heloísa Schneiders da Silva, Hudinilson Jr., Jailton Moreira, Jesus R.G. Escobar, Joan Rabascall,

Joaquim Branco, Joelson Bugila, Julio Plaza, Klaus Groh, León Ferrari, Lia Menna Barreto, Mara

Alvares, Marcel-li Antunez, Marcelo Moscheta, Marco Antônio Filho, Marcos Fioravante, Maria

Lúcia Cattani, Mariana Silva da Silva, Marlies Ritter, Mario Ramiro, Mário Röhnelt, Michael

Chapman, Nicole Gravier, Nina Moraes, Patricio Farías, Rogério Nazari, Téti Waldraff, Ulises

Carrión, Vera Chaves Barcellos e Waltércio Caldas.

 

A exposição contará com uma programação paralela com palestras, conversas com artistas,

além das visitas mediadas e da promoção do Curso de Formação Continuada em Artes – ações

permanentes do Programa Educativo da FVCB, que segue oportunizando vivas experiências

com a arte e estimulando a formação de novos públicos.

 

 

De 22 de agosto a 12 de dezembro.

Baró Galeria realiza retrospectiva de Almandrade

11/ago

A mostra é constituída de diversos suportes utilizados por Almandrade. São trabalhos elaborados dentro de princípios e critérios que vêm direcionando a produção do artista, por mais de quatro décadas.

 

Entre a geometria e o conceito, entre a forma e a palavra, entre o rigor espacial e a poesia. Assim caminha a obra do artista plástico Antonio Luis Morais Andrade, o Almandrade, expoente baiano da arte conceitual e, hoje, um dos grandes nomes das artes visuais brasileiras, com uma produção respeitada nos principais circuitos de arte do país e reconhecida internacionalmente. A partir do dia 22 de agosto, parte dessa produção poderá ser vista na Galeria Baró, Barra Funda, São Paulo, SP, integrando a mostra “Do Poema Visual a Poética do Plano e do Espaço”, sob curadoria de Marc Pottier.

 

Almandrade compromete-se com a pesquisa de linguagens artísticas que envolve artes plásticas, poesia e conceitos. No percurso do artista destaca-se a passagem pelo concretismo, poesia visual, poema / processo e a arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente com a incessante busca de uma linguagem singular, limpa, de vocabulário gráfico sintético. De certa forma, um trabalho que sempre se diferenciou da arte produzida na Bahia.

 

Na Bahia, Almandrade foi solitário no seu engajamento à arte concreta e conceitual. Ainda assim, conquistou o respeito crítico. Suas obras, alvo de pelo menos 30 exposições individuais, já frequentaram pelo menos quatro edições da Bienal de São Paulo e hoje integram importantes coleções particulares e de museus como Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Pinacoteca Municipal de São Paulo, Museu Afro (SP) e Museu Nacional (DF).

 

 

Até 17 de outubro.

Christian Boltanski na Baró : Heartbeats

05/ago

A Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, exibe “ Heartbeats”, primeira exposição do artista

francês Christian Boltanski em uma galeria na América Latina. A mostra, é composta por uma

instalação imersiva que ocupa o térreo do espaço da galeria. A instalação é uma adaptação da

obra “work in progress” Les Archives du Coeur (Os Arquivos do Coração) que, desde 2005, vem

percorrendo diversas instituições de arte coletando batimentos cardíacos de audiências ao

redor do mundo. O trabalho – uma espécie de registro existencial universal, segundo o próprio

artista – vai ganhando forma a medida que esses registros públicos vão sendo adicionados ao

arquivo permanente do artista, instalado na remota ilha japonesa Teshima.

 

Em “Heartbeats”, o processo se inverte: em vez de coletar as batidas dos visitantes, Boltanski

compartilha suas próprias. Por meio de amplificadores, os sons ressoam pelo ambiente

convidando o público para um mergulho no coração do artista. O órgão, comumente associado

ao símbolo da vida, se apresenta aqui como elo comum ao mesmo tempo que compõe a

singularidade de todos os seres. Arquivos e diretórios fazem parte do fascínio do artista desde

os anos 1960. Para Boltanski, eles representam grandes paradoxos: se por um lado são uma

forma potente e preciosa de reconquistar as perdas, por outro são passíveis de limitações e

inverdades. A partir deles, seus trabalhos lançam reflexões acerca da morte, da passagem do

tempo e da luta pela conservação das “pequenas memórias emocionais”. Para ele, essas

últimas confrontam aquelas registradas em livros de história por serem as grandes

colecionadoras das particularidades das experiências humanas.

 

 

Sobre o artista

 

Christian Boltanski nasceu em 1944, em Paris e atualmente vive e trabalha em Malakoff, na

França. Escultor, fotógrafo, pintor e cineasta, é considerado hoje um dos mais consagrados

artistas contemporâneos. O francês foi vencedor de diversos prêmios incluindo o Kaiser Ring,

Goslar, em 2001, o Praemium Imperiale Award pela Japan Art Association, em 2007, e mais

recentemente o Generalitat Valenciana’s International Julio González Prize, este ano.

Participou das principais mostras de arte do mundo como a Documenta (1972, 1977 e 1987) e

a Bienal de Veneza (1980, 1993, 1995 e 2011) e teve grandes retrospectivas e individuais nas

mais renomadas instituições de arte incluindo o Centre Georges Pompidou, em Paris, os

museus de arte contemporânea de Chicago e de Los Angeles, o Park Avenue Armory, em Nova

Iorque e Serpentine e Whitechapel Gallery, em Londres. Boltanski também tem trabalhado

com projetos de teatro incluindo Théâtre du Châtelet, em Paris, e o Ruhr Triennale, na

Alemanha.

 

 

Sobre a galeria

 

A Baró Galeria abriu suas portas em 2010 e desde então se estabeleceu como referência em

arte internacional no circuito brasileiro. Dirigida por Maria Baró (espanhola de nascimento), a

galeria busca aprofundar o diálogo entre artistas, curadores, colecionadores e instituições

culturais através, principalmente, de trabalhos site-specific. Em sua nova fase, a galeria volta

sua atenção para grandes artistas que despontaram entre os anos 1970 e 1980, como o filipino

David Medalla, o mexicano e ex-integrante do grupo Fluxus, Felipe Ehrenberg, o brasileiro

Almandrade, o chinês Song Dong e agora o francês Christian Boltanski.

 

 

Até 12 de setembro.

Na Galeria Roberto Alban

18/jun

Um dos mais importantes artistas de poemas visuais do Brasil, o baiano Almandrade abre exposição na Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, Bahia, com parte representativa da produção do artista, selecionada pelo curador francês Marc Pottier, integrando a mostra “Entre a Palavra e o Conceito”.

 

 

Situado entre a geometria e o conceito, entre a forma e a palavra, entre o rigor espacial e a poesia, assim caminha a obra do artista plástico Antonio Luiz Morais de Andrade, o Almandrade, expoente baiano da arte conceitual e, hoje, um dos grandes nomes das artes visuais brasileiras, com uma produção respeitada nacional e intencionalmente. Com cerca de 40 anos de atividade artística, Almandrade dispensa apresentações. Seu trabalho, iniciado em meio ao vigor criativo que marcou a produção artística da década de 1970, tem um traço muito particular: representa a própria universalidade da arte, alternando-se entre a estética construtivista européia e a arte concreta e experimental (também conhecida como neoconcretismo) que explodiu no Brasil na década de 1950, sustentada por nomes como Amilcar de Castro, Lygia Clark, Ferreira Gullar e Helio Oiticica, entre outros.

 

 

Almandrade teve o mérito reconhecido pelos próprios expoentes do movimento no Rio de Janeiro e São Paulo – Lygia Clark e Helio Oiticica, por exemplo – e conquistou o respeito crítico. Suas obras, alvo de pelo menos 30 exposições individuais, já participaram de quatro edições da Bienal de São Paulo e hoje integram importantes coleções particulares do Brasil e do exterior, além de museus como Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes (RJ),Pinacoteca Municipal de São Paulo, Museu Afro (SP) e Museu Nacional (DF), Museu de Arte do Rio Grande do Sul, entre outros.

 

 

 

Entre a Palavra e o Conceito

 

 

A mostra “Entre a Palavra e o Conceito ”ocupará as três salas expositivas da Roberto Alban Galeria ,onde poderão ser vistos os diversos suportes e linguagens utilizados pelo artista. Poemas visuais, desenhos, pinturas , projetos de instalações ,esculturas, objetos. Alguns desses trabalhos de época são documentos de uma década situada entre o AI-5, de 1968, e a abertura no início dos anos 1980. Na trajetória do artista existe a marca forte de uma produção que se reinventa,flertando com o contemporâneo, com o pensamento e com a estética universal.

 

 

 

De 18 de junho a 18 de julho.

Evento no Parque Lage

28/out

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botâncio, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no espaço das Cavalariças e Capela, no próximo dia 03 de novembro, a exposição “EAV 75.79 – um horizonte de eventos”, que reúne gravuras, objetos, fotografias, cartazes, filmes e documentos que abordam os anos 1975 a 1979, período inaugural da instituição, fundada e dirigida por Rubens Gerchman. A curadoria é de Helio Eichbauer, cenógrafo e colaborador essencial daquela gestão, criador das inovadoras oficinas do Corpo e Pluridimensional, e Marcelo Campos, professor da Escola e coordenador do Memória Lage. “Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição.

 

Marcelo Campos observa que passaram pelas dependências da EAV “artistas, críticos de arte, antropólogos, diretores de teatro, cenógrafos, poetas, músicos”. Aglutinados por Rubens Gerchman, colaboraram com a Escola Helio Eichbauer, Frederico Morais, Lygia Pape, Celeida Tostes, Gastão Manoel Henrique, Roberto Da Matta, Rosa Magalhães. “Além do cinema, a poesia tinha ampla difusão, nos eventos do Verão a 1000, coordenados por Chico Chaves”, lembra o curador. Em shows e noites festivas de lançamentos de “poema-processo” circulavam pelo pátio da piscina da EAV músicos e poetas como Chacal, Neide Sá, Falves Alves (Rio Grande do Norte), Almandrade (Bahia) e Paulo Brusky (Pernambuco), Luiz Melodia, Caetano Veloso e Jards Macalé.

 

“Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição. “Apresentamos uma possível iluminação sobre o sentido de arquivo, de memória. Ao mesmo tempo, todo o restante, o que compõe a escuridão, continua a existir como potência, mas não se deixa ver, por razões que a história brasileira ainda está a revelar”, diz Marcelo Campos

 

A diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, observa que “em 1975, Gerchman assume a direção do então Instituto de Belas-Artes e logo chacoalha sua estrutura. Atualizar o ensino da arte no Brasil está na origem da EAV”. Para Marcio Botner, presidente da Oca Lage, organização social que administra a EAV e a Casa França-Brasil, “pensar a Escola de Artes Visuais do Parque Lage é pensar no Gerchman. Para ter arte tem que ter risco e liberdade. Ele abriu um espaço único de união das artes”.

 

 

Gravuras de 1976

 

A exposição ocupará as Cavalariças do Parque Lage e seu espaço contíguo, a Capela, com cenografia e móveis desenvolvidos por Helio Eichbauer, que criou dois biombos com quatro folhas cada, tendo como face quadros-negros sobre estruturas vazadas. Dispostos em ziguezague, eles exibirão reproduções de fotografias da época feitas por Celso Guimarães. O pensamento que norteava a prática exercida nas oficinas de Eichbauer emolduram os biombos, em frases-proposições como: Espaço topológico, Singularidade. Sincronicidade, A busca do espaço humano, Ritos de passagem, Encantaria.Pajelança, Sociologia da arte, Foto.síntese, Janelas dimensionais, Brasil.Idade, Espaço lúdico, Oficinas   Território tribal, Arte do fogo, Entropia e arte, Terra mater, Intuição e método.

 

Em uma das paredes estarão gravuras feitas em 1976, na EAV, pelos artistas Avatar Moraes (1933-2011), Dionísio Del Santo (1925-1999), Eduardo Sued (1925), Gastão Manoel Henrique (1933), Isabel Pons (1912-2002), Newton Cavalcanti (1930-2006), Roberto Magalhães (1940), Susan L’Engle (1944), e por Rubens Gerchman. Sobre um cubo, estará um trabalho recente e inédito do artista Thomas Jefferson (1978), estudante da EAV.

 

Três bancadas de madeira conterão originais de cartazes, publicações, documentos e fotografias da época pertencentes ao acervo da EAV, descobertas pelo projeto Memória Lage. Para dar ao público a noção do período, do contexto cultural e da abrangência de atividades realizadas pela instituição – que poderiam tanto ser discussões sobre feminismo, exibição de danças afro-brasileiras, sessões de cinema, ou incontáveis eventos de música e arte – esses documentos estão dispostos sob os temas Cultura popular, Cultura negra, Poesia, Cinema, Política cultural, Videoarte, Gravura, Escultura, Pintura, e Atmosfera. No centro do espaço, uma mesa giratória, como um moinho de quatro pás, conterá destaques dos registros dos eventos e atividades.

 

Na Capela, espaço contíguo à Cavalariça, será exibido um vídeo com depoimentos recentes e inéditos de Helio Eichbauer, dos artistas Roberto Magalhães e Xico Chaves, do editor Mário Margutti e do fotógrafo Celso Guimarães, que colaboraram com a gestão de Rubens Gerchman. Com cerca de uma hora de duração, o vídeo foi produzido por duas equipes da EAV – projeto Memória Lage, com entrevistas feitas por Juliana Rego e Thábata Castro, tendo à frente Marcelo Campos e Sandra Caleffi; e integrantes do Núcleo de Arte e Tecnologia, responsáveis pela filmagem e edição, em coordenação de Tina Velho.  Em um primeiro momento as entrevistas foram pensadas como forma de suprir uma lacuna documental do Memória Lage, mas o resultado rico e surpreendente foi determinante para que fosse inserido na exposição.

 

 

Intuição e Método

 

As famosas e criativas práticas realizadas por Helio Eichbauer entre 1975 e 1979 estavam fortemente embasadas em pensadores como Gilles Deleuze (1925-1995), Michel Foucault (1926-1984) e Félix Guattari (1930-1992). Frases como “A arte não reproduz o visível. Torna visível”, de Paul Klee (1879-1940), “Educação não é privilégio”, de Anísio Teixeira (1900-1971), e “Toda percepção é também pensamento. Todo processo de raciocínio é também intituivo. Toda observação é também invenção”, de Rudolf Arnheim (1904- 2007), também são referências para Eichbauer. Dentre as publicações que acompanharam o artista-professor estão “Os estados múltiplos do ser” (1932), de René Guénon (1886- 1951); “Abstração e empatia” de Wilhelm Worringer (1881-1965), “Escultura negra” (1915), de Carl Einstein (1885-1940), e o “Guia prático”, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), que para ele traz “o mundo sonoro da infância”.

 

Lisette Lagnado, no texto que acompanha a exposição, cita a questão proposta por Gerchman em um poema escrito durante a estada do artista em Nova York, entre 1969 e 1971: “como conduzir um programa “não branco, não europeu, não colonial, não geográfico”, e onde fazer circular esta ideia de cultura”? Ela complementa: “Não há terreno mais fértil para tamanha ambição do que uma escola. Mais ainda, uma escola de arte”. A respeito do período inaugural da EAV Parque Lage, Marcio Botner exalta “as gerações de artistas que juntos aprenderam a misturar as artes e voar longe, do Parque Lage para o mundo”.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.

Almandrade na Gustavo Rebello Arte

04/set

Gustavo Rebello Arte, Copacabana Palace, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta ao público carioca poemas visuais, objetos e pinturas do artista baiano Almandrade. Esta exposição é um recorte do trabalho do artista, elaborado a partir dos primórdios da década de 1970, com a preocupação de utilizar o objeto de arte para interrogar a natureza da linguagem e provocar reflexões, sem deixar que conceitos sobreponham ao fazer artístico.

 

Antônio Luiz M. Andrade, o Almandrade, é artista plástico, arquiteto e poeta baiano, de Salvador. Participou de importantes mostras nacionais e internacionais, como a Bienal de São Paulo. É envolvido com a pesquisa de linguagens artísticas, desde 1972, onde ora se envolve com as artes plásticas, ora com a literatura. Escreveu em vários jornais e revistas especializadas sobre arte, arquitetura e urbanismo, ganhou prêmios de cultura e publicou livros de poesias e trabalhos visuais. Seus poemas procuram dar às palavras intensidade plástica, forma. Tem trabalhos espalhados em acervos particulares e públicos no Brasil.

 

Almandrade compromete-se com a pesquisa de linguagens artísticas que envolve vários suportes, inclusive a poesia. No percurso do artista, destaca-se a passagem pelo concretismo e a arte conceitual, nos anos 70, o que contribuiu fortemente com a incessante busca de uma linguagem singular, de vocabulário gráfico sintético. De certa forma, um trabalho que sempre se diferenciou da arte produzida na Bahia.

 

O trabalho de Almandrade, tanto pictórico quanto linguístico, vem se impondo, ao longo de todos esses anos, como solitário, à margem do cenário cultural baiano. Depois dos primeiros ensaios figurativos, no início da década de 70, conquistando uma Menção Honrosa no I Salão Estudantil, em 1972, sua pesquisa plástica se encaminha para as experiências construtivas e a arte conceitual. Como poeta, mantém contato com a poesia concreta e o poema/processo, produzindo uma série de poemas visuais. Com um estudo mais rigoroso do construtivismo e da Arte Conceitual, sua arte se desenvolve entre a geometria e o conceito. Desenhos em preto-e-branco, objetos e projetos de instalações, essencialmente cerebrais, calcados num procedimento primoroso de tratar questões práticas e conceituais, marcam a produção deste artista na segunda metade da década de 70.

 

Que ninguém duvide: a economia de elementos e de dados não se dá por acaso, configura uma opção estética, inteiramente coerente com a tendência a síntese, ao traço essencial, ao quase vestígio. Um nada, cuja gênese reside na totalidade absoluta. Assim também é a sua poesia. Simplificar as formas e geometrizar a vida parece ser a vontade de Almandrade, artista dos mais representativos para a arte contextual da Bahia no momento.

 

Um escultor que trabalha com a cor e com o espaço e um pintor que medita sobre a forma, o traço e a cor no plano da tela. A arte de Almandrade dialoga com certas referências da modernidade, reinventando novas leituras.

 

 

Sobre o artista

 

Almandrade é artista plástico, arquiteto, mestre em desenho urbano, poeta e professor de teoria da arte das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da Bahia e Palacete das Artes. Participou de inúmeras mostras coletivas, Salões e Bienais. Integrou coletivas de poemas visuais, multimeios e projetos de instalações no Brasil e exterior. É um dos criadores do Grupo de Estudos de Linguagem da Bahia que editou a revista “Semiótica”, em 1974. Realizou mais de trinta exposições individuais em Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, entre 1975 e 2014; escreveu em vários jornais e revistas especializadas sobre arte, arquitetura e urbanismo. Ganhou diversos prêmios e publicou livros de poesias e trabalhos visuais. Tem trabalhos em vários acervos particulares e públicos, como: Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), Museu da Cidade (Salvador), Museu Afro (são Paulo), Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Porto Alegre) e Pinacoteca Municipal de São Paulo.

 

 

De 09 de setembro a 11 de outubro.

Bahia, contemporânea Bahia

26/mai

“Bahia, contemporânea Bahia” é o título da coletiva que a  Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador, Bahia, apresenta a com curadoria de Marcelo Campos. Esta exposição marca a iniciativa da galeria em apresentar a produção de arte visuais contemporânea na Bahia. “Esta exposição vem em um momento especial, no qual o nosso estado será o centro da arte no país, a 3ª Bienal da Bahia, com abertura prevista para o dia 29 de maio. Visitei diversos ateliês no estado e selecionei oito deles, independentemente de serem jovens artistas ou mais experientes. Esta exposição me conquistou, pois retrata um universo mais amplo em seus diversos elementos de criação”, observa Marcelo Campos. A diversificação da linguagem é um aspecto relevante na  exposição, com posta por pinturas, desenhos, fotografias, esculturas e instalações.

 

Em “Bahia, contemporânea Bahia”, cada artista selecionado traz suas referências. “Almandrade conviveu com Helio Oiticica e Paulo Brusky, Willyams Martins começou a produzir concomitantemente a eventos como a exposição que lançou pintores da Geração 80, Lara Viana estudou na Inglaterra nos centros acadêmicos que formaram Damien Hirst, Josilton Tom conviveu com os modernistas da terra e com os longos anos do importante Salão da Bahia. Március Kaoru pensa a partir da memória familiar, na produção de um nipo descendente em Salvador, Vinícius S.A. expande a apropriação dos objetos domésticos para as grandes instalações e Fábio Magalhães, cuja pintura ativa dissimula possíveis aderências a imagens baianas. Ao mesmo tempo, temos a surpresa de poder contar com um interesse fotográfico, instalativo e performático de Rosa Bunchaft, que faz da fotografia uma experiência imersiva”, afirma Marcelo Campos.

 

“Uma exposição como esta, sendo realizada em uma galeria comercial, serve também para suprir parte das lacunas institucionais, nas quais os museus exibem propostas tradicionais e as galerias abrem-se para ousadas proposições. A produção da arte contemporânea precisa do apoio de espaços como a do Roberto Alban Galeria de Arte, que abre as portas para a disseminação do potencial dos artistas. Estamos aproveitando este momento de efervescência em arte, no qual os olhos do mundo estarão voltados para a Bahia, entre maio e setembro deste ano, para reafirmar nossa proposta de fortalecimento da arte contemporânea”, explicam Roberto e Cristina Alban, proprietários da Roberto Alban Galeria de Arte.

 

O professor Marcelo Campos também fala sobre outra corrente artística: o modernismo. “Torna-se necessário, também, atualizar e rever o modernismo de longa duração que ainda predomina em grande parte do Brasil. Sim, é a hora de pensarmos o contemporâneo, por mais problemático que seja o termo,  para que possamos recodificar materiais e métodos, poéticas e imagens, abrindo caminho para os que se aventuram”, finaliza Marcelo Campos.

 

 

Artistas participantes:

 

Almandrade – Ousou ao ser o primeiro artista contemporâneo da Bahia. Construiu seu trabalho sem ter uma referência local, a partir da década de 1960. Almandrade é um artista que ativa interesses históricos, desenvolve imensamente a materialidade de procedência comum, banal, para pensar mensagens, palavras que se tornam poemas-visuais. Pertencente à geração que usava a arte como palavra de ordem, Almandrade manteve-se atento aos campos semânticos, para além da visualidade, produzindo situações que são, principalmente, jogos de linguagem.

 

Rosa Bunchaft – Premiada em 2013 com projeto participativo envolvendo uma fotografia artesanal da cidade, durante o 13º Salão Nacional de Artes, realizado na cidade de Itajaí-SC, um dos lugares mais interessantes sobre Arte Contemporânea. Rosa observa não somente o que será fotografado, mas seu entorno. Atualiza a imagem, pensando-a temporalmente. Calcula a ampliação da fotografia com seu próprio corpo. Cria longas exposições para que a fotografia funcione não somente como um clique definitivo, mas como possibilidade de alargamento do tempo, da mudança na paisagem, da alteração da luz. Com o uso do pinhole, Rosa cria uma outra configuração, utilizando-se de lugares de observação, frestas, janelas, bastiões, observatórios para criar imagens em amplas metragens lineares. Assim, recodifica o que antes chamávamos de imagem panorâmica.

 

Lara Viana – Baiana, soteropolitana, mas que exporá pela primeira vez em sua terra natal. Morou em Londres e estudou no Royal College of Art, na capital inglesa. A pintura de Lara Viana observa a tradição como sintoma, como mote a ser citado. Assim, vemos estudos refinados de poses, figuras, paletas que ora encontramos no porcelanato palaciano, ora vivenciamos em pinturas do Rococó. O que era imagem, retrato, torna-se fantasma. Sabemos que “fantasmas” são encarnações da própria ideia nuclear da pintura. Com isso, Lara potencializa com grande originalidade uma experiência imagética, ao mesmo tempo, abstrata e fenomenológica.

 

Josilton Tom – Vencedor em 2012 da XI Bienal do Recôncavo na categoria “Prêmio Aquisição”. Trabalha com esculturas em madeira, usando desde a caixa da feira aos mais nobres altares religiosos e salões da sociedade, a madeira pode criar distintas genealogias. Josilton Tom se mostra interessado em toda a amplitude desta matéria: o cheiro, a nobreza, a viralatice. E, assim, se apropria de madeiras novas, usadas, de demolição ou achadas ao relento. Suas peças trazem efeitos brancusianos, simulando partes do corpo, e esquemas como diagramas. De um simples gesto num arame, Josilton cria linhas, segmentos de reta, nós, encontros, observando extensões que se tridimensionalizam como malhas em desenhos quase biológicos.

 

Vinícius S. A. – A observação da luz é um dos mais recorrentes caminhos que a arte problematizou. Vinícius empenha-se nos exercícios de luz e na seleção de materialidades (terras, poeiras, pedras) para propor situações instalativas. Partindo tanto de fatos religiosos (lágrimas) quanto da violência dos panópticos (câmeras de segurança), Vinícius relaciona objetos de descarte e geringonças. Criam-se máquinas e ações do desejo para se chegar ao núcleo das estruturas, como alguém que se interessa por uma estética interna, subcutânea, epitelial. Realizou a exposição “Lágrimas de São Pedro” que percorreu diversas capitais, incluindo Salvador. Ainda neste mês de maio fará uma viagem para os Estados Unidos para uma exposição.

 

Március Kaoru – Evidencia a potência de um artista dedicado ao fazer. Não aquele que prevê lugares de chegada, repetições. Percebem-se imagens de sua ascendência oriental coadunadas com um ar, um espírito entre os brinquedos populares e os altares orientais, herdados de pai para filho. Em outro sentido, o uso do bambu o possibilita pintar, gravar, decalcar situações como se estivéssemos lidando entre modos milenares e os meros excedentes de uma sociedade pós-industrial.

 

Willyams Martins – Pesquisa as peles da arquitetura. A arquitetura é e será cada vez mais a pele dos lugares. Hoje, tornou-se necessário pensarmos a sustentabilidade, o aproveitamento da luz solar, da água das chuvas. E a arquitetura se faz pele. Willyams pensa, antes, que precisamos preservar a beleza do que está gravado, subversivamente, nos muros da cidade, nos cárceres. Fatos que o conferiram a alcova de “ladrão de grafiti”, já que o artista inventara uma técnica de resinar os muros e retirar as marcas. Pensar o muro e suas inscrições, a pintura como pele, faz de Willyams um artista interessado em preservar a memória, roubando aquilo que já nasce fadado a desaparecer.

 

Fábio Magalhães – A pintura de Fábio Magalhães traz uma sedução evidente: a possibilidade de representação figurativa mais aproximada ao realismo fotográfico. Porém, Fábio subverte esta sedução inicial trazendo relações e referências da história da arte coadunadas com observações sobre práticas cotidianas. Como compreensão de tradições brasileiras, Magalhães funciona como um magarefe, personagem destinado a escarnar animais. Ao mesmo tempo, animais escarnados estão na história da pintura, como o Boi de Rembrandt. As pinturas de Fábio criam, potentemente, distintas filiações. Dos memento mori, Magalhães ironiza a certeza da morte com a sedução de um beijo, mas, antes de tudo, com a perplexidade de um ser perante um lago de narciso.

 

 

Sobre a curadoria

 

Marcelo Campos – Professor Adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Desenvolveu tese de doutorado sobre o conceito de brasilidade na arte contemporânea. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos e catálogos nacionais e internacionais. Curador das exposições: Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, Dragão do Mar, Fortaleza, 2014. Elisa de Magalhães: Nenhuma Ilha, no Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, 2013; Co-Curadoria junto com Paulo Herkenhoff da XVII UNIFOR Plástica, Fortaleza 2013; Crer em fantasmas, coletiva com Daniel Lannes, Fábio Baroli, Fábio Magalhães, Flávio Araújo, Thiago Martins de Melo, Caixa Cultural, Brasília, 2013; de Trajetórias: arte brasileira na Coleção Fundação Edson Queiroz, Espaço cultural UNIFOR, Fortaleza, 2013.

 

 

Sobre a 3ª Bienal da Bahia

 

Após uma lacuna de 46 anos, tempo decorrido desde o fechamento da 2ª Bienal de Artes Plásticas pelo regime militar, o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), junto com a Secretaria de Cultura do Estado (SECULT-BA), lança a 3ª Bienal da Bahia, que acontecerá entre os dias 29 de maio e 07 de setembro de 2014. Com uma programação que se estende por 100 dias, a  Bienal apresenta ao público exposições, ciclos de cinema, performances, atividades educativas e conversas públicas, envolvendo cerca de 150 artistas e 200 obras espalhadas por  Salvador e outras 9 cidades do interior baiano.

 

 

 

De 28 de maio a 12 de julho.