CCBB-Rio – Coleção Ludwig

30/abr

Abrindo as comemorações dos 25 anos do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, a Instituição inaugura uma de suas principais exposições do primeiro semestre de 2014: “Visões na Coleção Ludwig”, que apresenta 64 obras de uma das mais importantes coleções particulares de arte no mundo, a mais importante da Europa.

 

 
Com curadoria de Evgenia Petrova, Joseph Kiblitsky (ambos representantes do Museu Ludwig no Museu Estatal Russo de São Petersburgo) e co-curadoria de Ania Rodríguez, a mostra oferece ao público a chance de ver de perto, obras de diferentes períodos estéticos, assinadas por artistas como Picasso, Andy Warhol, Jean-Michel Basquiat, Roy Lichtenstein, Gerard Richter, Claes Oldenburg, Jasper Johns, Jeff Koons entre outros.

 

As obras são da coleção reunida pelo empresário alemão Peter Ludwig (1925-1996), considerado um dos patronos das artes em seu país. A coleção de Ludwig totaliza aproximadamente 20 mil peças, distribuídas em 12 Museus Ludwig, presentes em países como Alemanha, Suíça, Hungria, Rússia, Áustria e China.

 

“Ao centrar na Coleção Ludwig, a exposição joga luz na figura do colecionador como um agente que intervém na produção cultural, ressaltando assim a sua importância. Pioneiro e com um olhar sempre atento à produção contemporânea, Peter Ludwig foi o primeiro colecionador alemão a visualizar o potencial da pop art e ficou famoso por comprar trabalhos de Roy Lichtenstein e Jasper Johns, que atualmente alcançam valores expressivos por conta da sua relevância artística”, explica Joseph Kiblitsky.

 

Ania Rodríguez ressalta que “por meio dos trabalhos expostos, os visitantes poderão mapear as coordenadas geográficas das viagens que o colecionador fazia por várias partes do mundo em busca de obras de arte, bem como refletir sobre os contextos estéticos que em muitas ocasiões marcaram suas épocas dentro da história da arte”.

 

 

A exposição

 

O percurso da exposição tem início logo na rotunda do CCBB – RJ, onde o espectador se depara com a monumental obra Cabeça de criança (1991), de Gottfried Helnwein – medindo seis metros de altura.

 

As salas do 2º andar ambientam obras de ícones da pop art como Andy Warhol (Retrato de Peter Ludwig, 1980), Roy Lichtenstein (Ruinas, 1965), Tom Wesselmann (Desenho em aço com frutas, flores e Monica, 1986), Claes Oldenburg (Banana-splits e sorvetes em degustação, 1964), Jeff Koons (Querubins, 1991) entre outros. O espaço também acolhe a obra de Pablo Picasso (Cabeças grandes, 1969) que, apesar de não pertencer diretamente ao movimento da arte pop, representa o início do interesse de Peter Ludwig pela arte do seu tempo.

 

A mostra oferece oportunidades únicas aos visitantes como a tela de 1984 (Sem Título) parceria entre Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat, um dos principais nomes da história do graffiti.

 

Outras 28 obras compõem outro segmento da mostra, com destaque para o hiperrealismo, representado pelos trabalhos Tamareiras (Robert Bechtle, 1971), Lanchonete de Unadilla (Ralph Goings, 1977) e pelos 48 retratos de Gerhard Richter (1972). O neoexpressionismo alemão, movimento que resgatou a pintura como meio de expressão a partir da década de 80, também é representado nesta exposição por nomes como Georg Baselitz, Markus Lüpertz e Anselm Kiefer.

 

Os visitantes podem ainda, conhecer obras produzidas em diversos contextos geopolíticos que atraíram o olhar de Peter e Irene Ludwig na medida em que as fronteiras da coleção avançavam. Artistas contemporâneos como o russo Vladimir Yankilevsky (Tríptico Nº 14 Autorretrato, 1987), e o grego Pavlos (Guarda-roupa IV, 1968) são alguns dos nomes expostos neste segmento.

 

 

PETER LUDWIG (1925-1996)

 

 

 

Peter Ludwig estudou história da arte, arqueologia, história e filosofia em Mainz (Alemanha). Em 1951, casou-se com Irene Monheim (filha de um dos alemães mais influentes na indústria do chocolate), com quem compartilhava o interesse pelas artes. Na mesma época tornou-se diretor na empresa Monheim Schokolade, ao mesmo tempo em que começou a se dedicar à sua coleção de arte ao lado da esposa.

 

Tornou-se um nome importante no cenário das artes quando passou a adquirir obras que faziam parte do movimento conhecido como pop art. A partir dos anos 70, suas atividades como colecionador aumentaram ao ponto de adquirir ao menos uma obra por dia. Sua vasta coleção, porém, não decorava apenas a sua casa e escritórios, tendo sido emprestada a vários museus pela Alemanha. Em muitos casos, o empréstimo acabou tornando-se uma doação permanente, fazendo com que muitos espaços passassem a ter o nome de Ludwig, em reconhecimento a sua generosidade.

 

É tido como o primeiro colecionador na Europa a reconhecer o valor da pop art americana, ressaltando desta maneira o seu olhar visionário e pioneiro. Atualmente suas coleções são distribuídas em museus de diversos países.

 

 

 

De 07 de maio a 21 de julho.

Yayoi Kusama chega ao CCBB-RIO

04/out

“Obsessão infinita”, de Yayoi Kusama, cartaz no CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, será a primeira exposição apresentada no país que expressa uma pesquisa profunda do trabalho de uma das artistas mais originais e inventivas do pós-guerra. Produzida, em sua edição brasileira, pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larratt-Smith (curador do Malba – Fundación Constantini, Buenos Aires, Argentina) e de Frances Morris (curadora da retrospectiva de Yayoi Kusama na Tate Modern, Londres). “Obsessão Infinita” oferece um panorama do trabalho dessa excepcional artista japonesa, por meio de aproximadamente 100 obras que cobrem o período de 1949 a 2012, entre as quais pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentação de slides e instalações, entre elas a famosa “Dots Obsession”. “Obsessão infinita” traça a trajetória de Yayoi Kusama do privado ao público, da pintura à performance, do ateliê às ruas.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em Matsumoto, Japão, em 1929, começou a realizar seus trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel nos anos 1940, antes de iniciar sua celebrada  série “Infinity Net” (Rede Infinita), no final dos anos 1950 e no início dos 1960. Essas pinturas originais são caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, aglutinados em padrões rítmicos maiores. Sua mudança para New York, em 1957, foi um divisor de águas para a artista. Foi nessa época que entrou em contato com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenberg e Joseph Cornell. Sua prática de pintura abriu caminho para esculturas delicadas, conhecidas como “Accumulations” (Acumulações) e, em seguida, para performances e happenings que se tornaram selos da subcultura marginal e renderam, para a artista, notoriedade e atenção das principais correntes críticas daquele período.

 

Em 1973 Kusama retornou ao Japão e, desde 1977, vive voluntariamente em uma instituição psiquiátrica. O caráter psicológico singular e pronunciado de seu trabalho sempre foi combinado com uma generosa dose de reinvenção e inovação formal, o que lhe permite dividir sua visão única com um público mais amplo, através do espaço infinitamente espelhado e da repetição obsessiva de pontos que caracteriza sua obra. Em seus trabalhos mais recentes, a artista renovou o contato com seus instintos mais radicais em instalações imersivas e colaborativas – peças que fizeram dela, com justiça, a artista viva mais celebrada do Japão.

 

De 11 de outubro de 2013 a 26 de janeiro de 2014.

Galeria Pilar comemora 2 anos

10/set

A Galeria Pilar, Santa Cecília, São Paulo, SP, comemora seus dois anos de atividades com exposição panorâmica da artista argentina Marta Minujín. A mostra tem curadoria do argentino Rodrigo Alonso e reúne importantes obras da carreira da artista, desde sua produção efêmera e pioneira em instalações de ambiente dos anos 1960 até trabalhos mais recentes, da última década.

 

Na exposição, constam documentações e croquis de performances e instalações históricas, como “Obelisco Acostado”, realizada na Bienal de São Paulo, em 1978; e a ação “Repollos”, realizada em 1977, no MAC-USP. A mostra traz ainda a celebrada série de seis fotografias da ação “O pagamento da Dívida Argentina”, realizada com Andy Warhol, em 1985, em Nova York, desdobramentos dos famosos colchões do anos 1960, além da escultura “Catedral para o Pensamento vazio”.

 

No mesmo período da mostra em São Paulo, a artista recria um de seus mais importantes trabalhos na 9a Bienal do Mercosul 2013, que ocorre entre 13de setembro e 10 de novembro de 2013 em Porto Alegre. Apresentada originalmente em 1966, no Instituto Torcuato de Tella, em Buenos Aires, a obra “Simultaneidad en Simultaneidad”, trata-se de um projeto internacional denominado “Three Countries Happening”, concebido em colaboração com os artistas Allan Kaprow (desde Nova York) e Wolf Vostell (desde Berlim). De Buenos Aires, Minujín usava todos os meios de comunicação (tv, telex e rádio), para criar uma invasão de mídia instantânea.

 

Sobre a artista

 

Marta Minujín é uma figura emblemática na história da autogestão de projetos na Argentina. Incansável “projetista”, Minujín transitou por múltiplas experiências durante sua produção. No início dos anos sessenta, realizava performances de caráter efêmero, como “La destruccíon”, realizada em Paris em 1963. Essa sua primeira obra autodenominada Happening, na qual convocou os artistas Alejandro Otero, Carlos Cruz Diez e Christo, para queimar e destruir seus trabalhos expostos

 

Até 26 de outubro.

 

Inéditos ou quase…

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.